ai que dó de postar isso.... sério mesmo.... D:
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Capítulo 18 Onde diabos estaria meu tênis branco com azul? Eu já havia procurado a casa toda, e nada dele. Estaquei defronte a cama, respirando profundamente; acho que o nervosismo tomou conta de mim. Enquanto eu tentava controlar meus batimentos cardíacos, Bill surgiu no batente da porta, rindo da minha ansiedade.
- Se continuar assim, você vai parar num hospital, e não num restaurante com a Samantha. – Cruzou os braços.
- Você viu meu tênis? – ignorei seu comentário.
- Qual deles, maninho? – rimos.
- O branco com azul... – apertei o maxilar.
- Por um acaso, ele está bem ali – apontou para a porta aberta do quarda-roupas. Segui com os olhos seu movimento, achando o tênis na primeira prateleira do móvel que se estende por toda a parede lateral do meu quarto.
- Erm... – fiquei completamente sem reação diante do olhar afiado e da sobrancelha arqueada de meu irmão.
- Você não pode estar tão nervoso assim porque vai se encontrar com a mulher que você... – parou de falar ao reparar meu olhar nada agradável -... Com a Samantha. O Tom que eu conheço não se intimida com uma simples presença feminina, ainda mais de uma que ele já está acostumado e...
- Tudo bem Bill, cale a boca! – fiz sinal que ele parasse com a mão.
Ele continuou olhando para mim, num pedido silencioso para que eu contasse o que havia de errado comigo. Eu achava besteira, mas isso estava me incomodando; precisava compartilhar com alguém, e ninguém melhor que a metade de mim.
Respirei fundo, tentando não parecer um idiota completo.
- É que eu quero contar para ela que nós vamos nos mudar... Mas eu não sei como fazer isso... E não ria de mim – pedi, encarando-o.
- Esse seu nervosismo é normal, Tom. – acercou-se de mim.
- Óbvio que não é! – gritei. Bill olhou-me severamente, e minha reação foi cair na cama, cobrindo o rosto com as mãos.
- Tom, pare de ir contra o que você sente. – me aconselhou.
- Eu não estou indo contra nada, está louco?! – empertiguei-me, de modo ficar sentado na cama.
- Claro que não – rolou os olhos.
- Ok, Bill! Pare de imaginar coisas e tente me ajudar de verdade.
- É isso que eu estou fazendo. Mas você não aceita, você é um teimoso. – fechou a cara.
- É só que... Ah, quer saber? Deixa pra lá! – levantei-me rapidamente, indo pegar meu tênis e calçando-o logo em seguida, enquanto Bill continuava parado olhando para mim. – Vai ficar ai feito um fantasma?! – reclamei.
- Um teimoso! Um burguês egoísta! Um Zé ninguém! – saiu batendo a porta.
- Vai se ferrar! – gritei o mais alto que pude.
Como ele bate a minha porta? Mirei meu reflexo no espelho, tentando me acalmar. Passei meu melhor perfume e resolvi ir logo, antes que eu voltasse a ficar ansioso demais.
Fitei a mulher sentada no banco do carona de meu carro com o canto dos olhos, tentando decifrar o que se passava naquela cabecinha estranha e ardilosa.
Samantha estava tão linda... Vestindo calças escuras, uma bota praticamente sem salto, e um casaco preto tão comprido que mais parecia um sobretudo. Com os cabelos longos e castanhos soltos, era a imagem da tentação.
Às vezes nossos olhares se cruzavam, porém nenhuma palavra ali era dita. Eu tentava me concentrar na estrada, entretanto, apenas sentia vontade de parar o carro no acostamento e sentir a textura de seus lábios com os meus.
Estávamos a caminho de um restaurante pouquíssimo freqüentado, especialmente pela sua localidade, que era bem distante da cidade. Assim poderíamos conversar a vontade, sem paparazzi algum para nos atrapalhar.
O difícil agora seria conversar, já que o silêncio nos dominou a partir do momento em que entramos no automóvel.
- Acho que você vai gostar do lugar – tentei quebrar o gelo.
- Ahm... Não faz diferença – respondeu sem nem ao menos olhar na minha direção.
Abri a boca duas vezes, porém palavra alguma saiu. Resolvi parar de forçar algo. Afinal, até agora forçar as coisas não estavam trazendo boas coisas para mim. Muito pelo contrário, só estavam levando Samantha para mais longe de mim, e eu não queria que isso continuasse acontecendo. Eu queria, eu precisava dela muito perto.
Sorri ao avistar luzes a alguns metros de distância, deveria ser o restaurante.
- Aperte o cinto – avisei, antes de aumentar a velocidade.
- Uma corridinha não me assusta – Samantha rolou os olhos. – E que bom que estamos chegando – completou, já se preparando para sair.
Parei o carro perto da entrada, e logo um manobrista aproximou-se de nós.
- Cuide bem do meu bebe – pedi ao passar as chaves do meu Audi para o funcionário sorridente, que acenou positivamente com a cabeça.
Acerquei-me de Samantha, segurando suas costas com minha mão direita.
- Posso ajudá-lo, senhor? – a recepcionista perguntou.
- Claro. Fiz uma reserva no nome de Tom Kaulitz... – esperei sua reação com os olhos apertados; ela sorriu, e logo buscou meu nome na lista.
Enquanto ela provavelmente procurava minha reserva, fiz meu primeiro contato visual com aquele local. Reparei na simplicidade e aconchego do ambiente, nada muito luxuoso, porém de impecável bom gosto.
Reparei nas poucas pessoas que comiam tranqüilas, e por alguns segundos cheguei a invejar todo esse anonimato. Mas eu não podia reclamar, eu tinha a vida que sempre quis, e agora tinha que arcar com as conseqüências. Estava rezando para que a tranqüilidade reinasse comigo até o fim dessa noite, não gostaria de ter fotos minhas e novos boatos em todos os jornais no dia seguinte.
- Aqui, sim, certamente... Sua mesa é no segundo andar, senhor... Sigam esse moço e ele os levará até seu lugar. – apontou para um rapaz ao nosso lado, sorridente como todos pareciam ali.
- Obrigado. – agradeci, logo seguindo o rapaz que mais parecia um pingüim naqueles trajes.
Subimos um pequeno lance de escadas, indo para numa ala mais vazia ainda.
- Sua mesa é a do canto, senhor. – O funcionário nos orientou. Agradeci com um meneio de cabeça, sentando-me no lugar indicado.
Fiquei deslumbrado com a vista maravilhosa daquele lugar. A parede ao nosso lado era completamente de vidro, o que nos permitia ver o enorme jardim e as grandiosas montanhas ao longe.
Mirei Samantha de esguelha, e pude perceber que ela também estava extasiada.
- Gostou, ahn? – sorri de canto.
- Não posso mentir... – respondeu, tentando sorrir.
A mesma sensação de que havia algo errado que tive quando cheguei a sua casa voltou, e num reflexo apertei os olhos. Samantha reparou, pois me encarou com mais atenção.
- O que foi? – perguntou.
- Eu que pergunto... – vi-a empertigar-se, como se estivesse com medo do que eu iria falar. – Reparei que você está meio... Estranha, hoje. – resolvi comentar logo.
- Estranha como? – arqueou uma sobrancelha.
- Estranha do tipo ausente. Você nunca fica tão quieta. Sempre fala algo, nem que seja um insulto, mas fala... E sua expressão... Tem algo diferente nela...
- Você está é louco. A única coisa acontecendo aqui é que eu fui obrigada a vir com você. – fechou as mãos sobre a mesa.
- Hã?! O q... – fui interrompido pelo garçom, que veio pedindo se nós desejávamos alguma coisa.
Como eu não fazia idéia do que comer, pedi qualquer coisa que fosse vegetariana. Samantha olhou estranho para mim, mas acabou dizendo a mesma coisa. Nós estávamos tão deslocados que naquele momento só tive vontade de comer logo e sair dali. Não ir embora, mas ir para qualquer outro lugar mais movimentado, onde nós não precisássemos conversar com nosso silêncio.
E assim nós terminamos nosso jantar, que apesar da comida deliciosa, do ambiente calmo e da paisagem deslumbrante, foi um verdadeiro tormento.
No fundo eu sabia que essa animosidade se devia ao fato de Samantha ter alguma coisa errada; afinal, nós brigamos desde que nos conhecemos, mas sempre nos divertimos juntos. Eu só queria descobrir o que havia acontecido. Provavelmente algo ocorreu durante a tarde, pois até eu ir embora ela estava normal.
Sacudi a cabeça, como se pudesse dissipar a confusão em minha mente. Pensar tanto estava me deixando saturado.
- Vamos? – ao ouvir meu convite para ir embora, o semblante de Samantha iluminou-se; como se ela estivesse esperando que eu falasse isso há horas.
- Claro. – remexeu-se de uma maneira ansiosa na cadeira.
Chamei o garçom para pagar a conta, e mal terminei o ato, Samantha levantou-se de uma maneira graciosa e pôs-se a andar até as escadas. Apressei o passo para estar ao seu lado, imaginando se a noite foi tão desagradável assim para que ela estivesse com tanta pressa.
Na entrada, tivemos que esperar alguns minutos até que o manobrista trouxesse meu carro. Era algo bobo, mas eu morria de ciúmes de ver meu bebe sendo dirigido por outra pessoa. Tentei esconder minha frustração infantil, porém acho que Samantha percebeu, pois começou a rir discretamente enquanto me observava de esguelha.
- Qual a graça? – fiz bico.
- Você. É sempre você. – a maneira com que ela disse isso fez com que cada pelo do meu corpo se arrepiasse.
Camuflei meu embaraço para pegar as chaves do meu Audi das mãos do manobrista, e depois de um ‘obrigado’ só por educação, entrei com certa pressa no automóvel.
- E então, você não vai dizer que quer ir para casa né?! – indaguei, enquanto dava partida.
Samantha fitou-me intensamente, como se pensasse em outras possibilidades para aquela noite.
- O que você sugere? – replicou com outra pergunta.
‘Que tal você, com seu corpo perfeito coberto por uma lingerie vermelha totalmente sensual, deitada na minha cama?’Sorri de uma maneira safada, logo mordendo o lábio inferior.
Samantha pareceu não ter percebido meu devaneio, pois ainda me observava esperando uma resposta. Ou melhor, uma sugestão.
- O que você acha de uma boate? – balancei a cabeça, limpando os pensamentos.
- Não... Muito barulho. Hoje não estou com cabeça para agitação.
- E nem para pouca agitação, porque você estava morrendo de tédio durante o jantar... – comentei.
- Claro que não! – Samantha pareceu surpresa com minha observação. Franzi o cenho; resolvi diminuir a velocidade para poder olhar para ela. Percebendo que eu estava confuso, ela tentou explicar: - Eu estou bem. Sério. E o jantar foi ótimo... Só... Não estou muito feliz... Eu... Recebi uma notícia... E não devia estar falando nada disso. Esquece. – sua feição mudou magicamente de confusa para irritada.
- Um bar, então?
- Parece ser bom... – respondeu olhando nos meus olhos, mas logo virou o rosto para fitar a estrada.
Havia algo estranho em seu olhar. Havia... Dor.