4
A Visita
Estou muito feliz de estarem gostando da fic meninas!Sim, eu “matei” o Tom, mais tarde o motivo será explicado. Ah, e Klaus Schäfer é o pai do Gusti, ele vai entrar na fic agora. Vou deixar uma foto do vilarejo onde Louise morava, tem até as montanhas no fundo, no outro lado delas...boa leitura!
____________________________________________________________________________________________
Faltava uma semana para Louise completar seis anos. Para ela, pouca coisa mudara. Os dias continuam cada vez mais frios, e cada vez menos pessoas se arriscavam a sair. O pai dela trabalhava todos os dias, e ela mal o via. Dedicava as manhãs a escutar as histórias da mãe, e ir às aulas. Mas logo ficou tão frio que foram suspensas. As crianças tomaram conta das ruas, jogando neve umas nas outras, e correndo.
Danielle ia brincar com a amiga pelo menos uma vez na semana. Sua mãe, Mary ajudava Amélya nas costuras, enquanto as meninas fingiam ser mães com suas bonecas de pano.
-O que acha que a sua mãe vai te dar de presente? - Danielle cochichou.
-Não sei, mas vi ela fazendo uma boneca linda, e bem grande. Era toda rosa, com trança.
-Tomara! Ou um urso...
-Sim. Mas vou esperar, falta poucos dias. O que está vendo?
-Aquele homem outra vez. - Danielle olhava para Klaus Schäfer, que caminhava ao lado de um menino, que parecia ser a miniatura dele.
-Sim, o Senhor Schäfer e o filho dele. Se chama Gustav.
-Nossa! Você sabe tanta coisa dele assim?
-Ele é meu amigo. Bom, pelo menos ele disse isso.
-Meu pai disse que ele é um homem muito visionário. E quer o fim da guerra e a igualdade entre os povos. Mas tem muitos inimigos por querer isso.
-Mas...não é bom que a guerra acabe?
-Em termos. Se nós perdermos, as coisas não vão ficar boas. Foi ele que conseguiu que os Trümper morassem desse lado das montanhas, pra provar que podemos viver juntos sem guerra. Mas claro, ele teria mais êxito se Bill fosse mais comportado.
-Mas os outros é que provocam ele! Não vêem como ele sofre por ter perdido o irmão!
Danielle pôs a mão na boca para conter o riso.
-Você gosta dele!
-Gosto nada!
-Se não gostasse não o defenderia tanto.
-Danielle!
As duas se levantaram e começaram a correr pelo quintal, jogando neve uma na outra. Tomaram o rumo da rua, continuando a correr. Só pararam quando Danielle bateu...em Georg Listing.
-Ora, ora ora! Vejam só quem é! As duas amigas inseparáveis... - ele estava acompanhado de um grupo de oito garotos. As meninas perceberam assustadas que eles estavam com pedras nas mãos.
-O, o que vão fazer com isso? - Disse Danielle, assustada.
-Melhor mostrarmos. Meninos...- e dois deles travaram os braços de cada uma nas costas e as forçaram a andar rua acima.
Poucos passos depois, estavam na frente da casa dos Trümper.
-É por isso que estamos aqui. - Ele apontou para a casa – para colocar certas pessoas em seu devido lugar! Eles não são como nós, não devem estar aqui. E podem chamar o Schäfer quantas vezes quiserem. - Ele fez impulso com uma grande pedra na mão – eu começo.
-NÃO! - Disse Louise, que se livrou do menino que a segurava, e agarrou o braço de Listing.
-O que pensa que está fazendo?!
-Você não tem o direito de tirar alguém daqui. - Ela tentou colocar fúria na voz.
-Quem é você para me dizer o que fazer? Eu mal escuto a sua voz! - Listing arrancou risos dos companheiros.
-O que estão fazendo aqui?! - Uma voz de dentro da casa disse. Era Gordon Trümper. - Ponham-se daqui pra fora, já!
Os meninos saíram correndo. Somente Listing teve coragem de encará-lo antes de dar às costas
-Está se virando para o lado negro da luta, pequena Louise. - Disse – Tome cuidado, muito cuidado.
As duas meninas permaneceram paradas, sem saber o que fazer. Simone, Klaus, Gustav e Bill saíram para fora. Simone foi a primeira a ir até elas.
-Vocês...nos defenderam? - As duas fizeram sim com a cabeça. Simone deu o sorriso mais lindo que já haviam visto. - Muito obrigada, minhas meninas. Por favor, entrem.
A voz dela era convidativa. Mesmo assim, Danielle preferiu voltar. Mas Louise ficou.
-Porque não foi embora, criança? - Ela afagou o seu rosto. Louise estremeceu ao sentir um contato tão gélido.
-Devia? - Seu costumeiro fio de voz saiu. Ela voltou a se encantar com outro sorriso de Simone.
-De forma alguma. Bill! - O filho foi até ela, com um olhar curioso. - Por favor querido, vá até a casa de Louise e avise a mãe dela que a convidei para um chá. E estendo o convite.
-Sim, mãe. - Ele saiu, parecendo se divertir com a expressão da menina.
Simone a conduziu para dentro da casa.
Lá dentro, uma enorme lareira de mármore negro com veios azuis estava acesa. As cortinas eram de um pesado veludo azul marinho. Vários entalhes que pareciam rostos de anjos em mármore branco e ouro pendiam dos cantos. Vários quadros, provavelmente retratando a família estavam espalhados pelas paredes. No lado direito, uma escada prateada dava acesso ao andar superior. Os móveis eram todos em tom creme, com entalhes dourados nas bordas.
-Sente-se, querida. - Simone lhe indicou uma poltrona entre a lareira e a janela. Uma empregada, que parecia beirar aos 50 anos de rosto risonho apareceu com chá e biscoitos.
-Pode se servir. -Louise tomou um pequeno gole. Ela arregalou os olhos ao sentir aquele sabor sem igual. - É jasmim. Já havia provado chá de jasmim?
-Nunca em toda a minha vida. - Ela provocou risos em todos. Olhando em volta, ela não conseguia entender porque as pessoas tinham medo deles. Era maravilhoso e aconchegante estar ali.
-Você foi muito corajosa hoje, Louise – disse Klaus – para uma pequena, foi realmente exemplar.
-Não sou tão pequena assim. Já vou fazer 6 anos.
-É mesmo? Quando?
-Daqui há uma semana, senhora Trümper. - Ela achava incrível não ter que repetir o que falava, eles conseguiam entender seu tom de voz.
-Já é quase uma mocinha. Lembro-me quando...- ela fez uma pausa, como se procurasse a época em sua mente – não, já não lembro mais. Faz muito, muito tempo.
Nesse hora Bill entrou, tirando a neve do cabelo. Ele se sentou ao lado de Gustav em um pulo só
-Ela disse...que não vai poder vir...e lembra a Louise...que tem...que voltar logo – Ele falava e respirava ao mesmo tempo.
-Está certo. Imagino que tenha seus afazeres, não é mocinha? - Disse Gordon.
-Sim, estou aprendendo o ofício da costura.
-Isso é louvável! Sua mãe é excelente no que faz.
-Senhora Trümper?
-Fale, querida.
-Porque quiseram jogar pedras em sua casa? Vocês não fazem nada de mal com ninguém. - Ela lançou um olhar rápido para Bill, mas abaixou a cabeça quando encontrou o olhar dele.
-Sim, mas não pertencemos a esse...digamos, mundo. Um dia você vai entender, ainda é muito jovem.
Ela ainda ficou ali, aproveitando aquele bom momento. Viu por ela mesma que tudo o que falavam sobre eles não passava de uma grande mentira.
Bill fez questão de levá-la até em casa. Ele tentou conversar, mas percebeu que sua presença deixava Louise constrangida.
-Aqui estamos. - Ele parou no portão. - Mais uma vez, obrigado.
-Obrigada por ter me recebido em sua casa – ela fitava o chão.
-Amanhã eu e Gustav vamos pescar no gelo. Se quiser ir, está convidada.
-Vou falar com meus pais. - Ela torcia para que ele fosse logo, seu pai chegaria a qualquer momento. - Até logo.
Bill segurou seu punho antes que ela entrasse. A primeira vez que se tocaram. Ela sentiu a temperatura da pele mudar, ele também era mais frio que a neve. Seu coração disparou.
-Tome – Ele lhe deu um pequeno pacote, de veludo verde, amarrado a um cordão dourado. - Só abra quando for dormir. E eu não vou aceitar devolta.
-Obrigada. - Ela saiu correndo para dentro de casa.
Lá, viu que Danielle já havia ido embora. Sua mãe perguntou muitas coisas, e ela rerspondeu a todas. No final, Amélya até sorriu, mas pediu a filha que não contasse nada ao pai, ele jamais aceitaria.
Quando estava na cama, Louise voltou a escutar aquele canto. Ela ficou apoiada na janela até o final. Antes de dormir, se lembrou do presente e abriu. Sua boca quase foi ao chão, e arregalou os olhos: havia ganhado um colar de prata, com vários rubis e diamantes.