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Histórias e Mentiras
Oi, oi! Pessoas, eu não sei como falar isso pra vocês, mas agora meu trabalho vai me tomar o dia todo, então se eu ficar atrasada em alguma fic aqui ou demorar a postar as minhas, já sabem porquê. Ah, eu também amo Bill nessa fic, principalmente pelo poder! Claro, aqui digo quem Drácula transformou. Agora que minha insônia deu trégua, consigo escrever. (dica, mas só pra qm é de maior!: tomar meio copinho de vinho cura qualquer insônia;)) Boa leitura!___________________________________________________________________________________________
No vilarejo onde Louise viveu, o choro reinava. Todos já sabiam do triste fim que a pequena Miryella tivera, sendo transformada em um deles. Os pais tinham 5 filhos com ela, mas ela era a única menina, e principalmente a mãe ficou muito sentida. Como reinava a tradição, a menina não poderia ter um funeral nem enterro, já que de certa forma estava viva. Na casa dela, os familiares se reuniram para prestar solidariedade. Um deles estava perto da lareira, com os punhos cerrados e olhos em fogo, de vermelhos.
-Senhor?...
-Fale, Lionel.
-Eu sinto muito por sua prima, senhor Listing.
-Não... você não sabe o quanto deve sentir.
-O-os homens...estão à espera de suas ordens.
-Pois que fiquem, eu já estou de malas prontas.
-Vais viajar?
-Sim, irei.
-Para onde? Se me permite perguntar...
-Para a corte. Pedirei ao rei em pessoa o título que um dia pertenceu ao meu pai.
Lionel arregalou os olhos.
Alguém batia a porta.
-Pode entrar. - Disse Aría. Chio, sua pequena aprendiz orietal trazia em mãos uma bandeja de prata com chá e bolachas de linhaça, ela sorria. -Vejo que estas cada vez mais aplicada, pequena.
-Como a senhorita deseja. - Ela respondeu no idioma local, mas ainda em forte sotaque.
-Ela está crescendo rápido – Louise observou.
-Sim, realmente. Em breve será uma moça. Muito obrigada, querida.
-De nada – Chio saiu feliz pelos elogios.
-Senhorita Bordeaux?
-Pode me chamar pelo meu nome agora.
-Aría...qual será o futuro dela?
-Bem... quanto a isso não tenho controle total. Afinal, ela não deixa de ser uma escrava
-Não podes libertá-la desse jugo?
-Isso querida... é uma coisa que só o futuro dirá. Agora, vejamos como está sua pronúncia em alemão.
-Aría, eu realmente não compreendo porque me ensinas a língua profana.
-Profana? Só porque você sempre foi induzida a pensar que esta língua, como é usada pelos Filhos da Escuridão, recebe este título perjorativo?
-Sim. Eu nunca vou usá-la.
-Nunca, é uma palavra intensa demais para ser usada com tanta frequência, mocinha.
-Porque dizes isto? Porque achas que um dia poderei ficar junto à Bill?
-Tenho certeza! Não estaria lhe ensinando alemão se não tivesse.
-Custo a acreditar – Louise desviou o olhar. Aría foi até ela, e levantou seu rosto.
-Porque achas que seu treinamento é diferenciado das outras?
-Não tenho resposta.
-Eu estou te educando da exata forma de uma filha da Escuridão.
Louise levantou-se espantada. Aría prosseguiu, ainda sorrindo.
-Deves andar como se não houvesse chão, ter brilho nos olhos como se não tivesse lua, ser escura e mesmo assim irradiar luz, ser invisível, presente, constante, atraente ao extremo. Reconhece estas palavras?
-Os fundamentos principais do meu treinamento.
-Certamente. Mas quem tu achas que eu descrevo? Uma humana? Já achaste uma humana assim, pelo menos parecida? - Louise fez que não com a cabeça. E depois de alguns segundos, passou a esfregar as têmporas com as palmas das mãos, como se isso ligasse os fatos em sua mente.
-Eu não consigo entender! Porque todos querem controlar meu futuro, se não é isso que eu quero?! -Ela disse em tom suplicante.
-O que tu queres, menina? Sejas extremamente sincera.
Louise não teve coragem de encarar a instrutora nos olhos, somente virou-se para o vitral. Lá, enquanto todas as cores dos vidros emanavam luz e calor sobre sua pele, um fio de voz cortou o ar de leve:
-Ele. Eu só...quero ele.
-O amas?
-Mais do que a vontade de viver, de respirar – ela tentava em vão secar lágrimas teimosas – não faço idéia de como ele está, não sei se está vivo! Mas do que adianta, é algo impossível...
Aría foi até ela, e a sentou. Esperou que ela se acalmasse, e assim que teve atenção dela, passou a falar:
-Posso contar-lhe uma história que é mil vezes mais impossível que a sua?
-Há como? - Aría sorriu.
-Há eras atrás, conheci uma grande mulher, que compartilhou sua história comigo. Ela era de minha mesma cidade natal: Bordeaux. E como bem diz, é uma cidade apinhada de bordéis e prostitutas! - Louise corou-se – Desculpe pela entonação. Mas nesta cidade, toda menina que nasce bonita em berço pobre, tem um só destino: se tornar uma cortesã. E foi o que houve com ela. Quando tinha 14 anos seu pai a vendeu, para sustentar a família por algum tempo. Ela nunca mais viu os irmãos e irmãs...bem, a cafetina, ou melhor dizendo, senhora do bordel em que foi vendida se chamava Dunya. E por anos foi a de melhor desempenho em toda a corte francesa- adorada pelos homens, odiada por suas rivais. Dunya viu nesta menina um enorme potencial, para um dia tomar seu lugar. Então, dos 14 aos 21 anos, ela cuidou de que a menina fosse a mais linda, mais sábia, mais educada e formosa cortesã daquela era. Mas algo faltava a ela, e somente Dunya poderia dar... - Aría olhou bem nos olhos de Louise, que já estava totalmente compenetrada na história – Imortalidade.
-O que?
-Exato. Afinal, ela não seria jovem para sempre.
-Mas, ela só podeira ter isso se...
-Se tornando uma filha da Escuridão. E foi isso que Dunya fez, já que era uma: deu a sua aprendiz a chance eterna de ser a melhor. E quando ela estreiou na corte, foi sucesso em absoluto. Mas claro, pra que seu segredo se mantivesse assim, só atuava nas noites, e de tempos em tempos se relançava, com outra identidade. E assim se deu por um século de glória, dinheiro e luxúria. Até que ela o conheceu.
-Um homem... humano?
-Sim. Ele sempre estava na alta mesa, acompanhado dos clientes mais seletos. Mas nunca, em hipótese alguma, aceitava a companhia de algumas delas. Somente bebia, jogava... e a observava com o olhar austero. E claro com o tempo, isso passou a incomodá-la, de uma forma que não conseguia mais trabalhar. Mas uma noite, ela foi raptada.
-Como conseguiram? - Louise disse espantada.
-Colocando um forte sonífero em seu vinho. Ela acordou tonta dois dias depois, numa cama, em um local isolado. Assim que teve forças para se levantar, encontrou aquele homem jogando lenha no forno tranquilamente. Ele revelou a ela, que a havia tirado da vida de cortesã a comprando!
-A que preço?
-Até hoje não faço idéia, mas desconfio que foi caro demais. Ele era um homem versado na lei, e sempre teve tudo o que quis, e agora ela lhe pertencia. Claro, ela ameaçou fugir quando a noite caísse, mas ele sabia de seu segredo. E tu sabes a pena para um filho da Escuridão andar entre nós.
-Destruição.
-Logicamente, ela teve de se submeter. Com o tempo, ela continuava teimosa, imprevisível, enfadonha. Mas depois de quase um ano na companhia dele, se descobriu apaixonada, e finalmente se rendeu ao amor.
-Mas isso é algo contra as regras, afinal um filho da Luz não pode unir-se a um filho da Escuridão.
-E esta regra é ainda mais severa no lado das trevas. E para piorar, ela ficou grávida. Assim que o conselho das Trevas soube, a intimou a retirar a criança, ou seria eternamente punida. Mas ela não o fez, e como castigo, eles mandaram executores para matar os três.
-Deus! O que ela fez?
-Anulou os poderes que seu filho poderia ter no futuro, e fugiu para nunca mais ser encontrada. O conselho das Trevas ordenou que ela fosse considerada como morta, e isso devia ser contado à criança. E a ela, uma maldição: toda vez que tentasse amar outra vez, ela o matava em lua cheia. Sim, ela tentou continuar, mas quando viu que era impossível, seguiu sua vida sozinha, trancando a si mesma em luto eterno, sempre imaginando como seu filho cresceria sem mãe.
-Essa... deve ser a história mais triste que ouvi.
-De fato, quando penso nela, emociono-me. Mas não entende, Louise? Eles tinham um amor impossível, mas isso jamais os impediu de viver. E hoje, ela ainda se sente como a criatura mais feliz do mundo, por ter experimentado do amor e da felicidade, pelo menos uma vez.
-Então queres dizer... que tenho chances?
-Se para ela, que as chances eram praticamente nulas, imagine para ti!
-Porque dizes isto?
-Achas realmente que eu não sei que tu foi a escolhida deste século?
Louise recuou-se, se lembrando daquele dia chuvoso de verão, quando um homem coberto de lama interrompeu o sermão para proclamar a profecia.
-Afinal... tu escrevestes o paz com teu próprio sangue. Assim como farás no futuro.
-Qual é o meu futuro?
-Isso querida...só vivendo para saber.
Louise passou o dia todo pensando no desconhecido futuro. Olhando Danielle de longe, tentando escolher que fita ficaria melhor em seu cabelo cor de camomila, ela chegou a sentir inveja. Danielle tinha muita sorte por saber de seu futuro: em pouco tempo voltariam para casa, ela se casaria, e teria a vida por qual estava treinando. Se achava como a mais feliz das moças.
-...Louise!
-Ah, me desculpe, não a escutei.
-Qual destas fica melhor: da cor de salmão ou a verde clara?
-Deveria colocar a verde.
-Porque?
-Uma... discreta homenagem ao seu futuro marido, que tem olhos desta cor – Louise foi até a amiga e prendeu seu cabelo longo, que quase tocava o chão, assim como todas as outras.
-Ah, por favor não fale de Georg que meu coração salta! Mal espero por voltar para casa!
-É...eu também estou com saudades...
-Aumentam a aposta?
-Para 20.
-Que seja! - Quando o banqueiro parisiense esbravejou, todos riram. Menos Bill, ainda concentrado nas cartas que tinha em mãos, lendo cada aposta que maquinavam em suas cabeças.
-Então, senhor Winslet – disse o homem ao seu lado – Para 20?
-Aumento 100. - Disse em meio-tom. Todos fizeram “Ooooo” em espanto.
-Tens certeza rapaz? É muito dinheiro.
-Esta... é a frase que minha mente costuma me contar todos os dias. - Os homens em volta riram, dentro da fumaça de charutos e perfumes das cortesãs. Bill olhou para cima, e encontrou Nathalie lhe dedicando o seu melhor sorriso.
-Certo. Jogo no escuro, somente contigo esta.
-Aceito.
O fidalgo mostrou suas quatro cartas restantes com confiança. Realmente, uma jogada quase invencível...se Bill não tivesse os 4 ases em mãos.
-Impossível! - O fidalgo disse, incrédulo.
-Não...é somente o destino, meu caro senhor. Se alguém desejar meu lugar que fique, já é tarde.
E mais uma noite Bill saiu como entrou nos vários Cassinos da cidade: envolvido em névoa e sombra. Mas desta vez foi impedido por uma leve pressão em seu ombro.
-Olá – ele disse, sem se virar
-Já sabias quem eu era? - Ela foi na sua frente.
-Jamais esqueço um rosto e um perfume marcante.
-Então... pensaste em meu convite?
-Minha mente ainda tem sérias perturbações com a lembrança.
Nathalie foi até o ouvido dele, deixando que seu corpo ficasse perto demais.
-Por favor Tom, não se arrependerás, se me deres uma chance...
Ele a fastou, segurando em seus pulsos.
-Nao entendes o quanto és feliz...de se afastar de mim. - Como era um filho da Escuridão, Bill podia sentir um cheiro e sabor excluso aos humanos: o do sangue. No caso de Nathalie, era doce e quase fervente.
-Digo-te uma coisa: não desistirei de ti facilmente.
-Se fores esperta, desistirá.
Ele preferiu caminhar até o hotel onde estava hospedado. O sol iria nascer dali há poucos minutos, então ele decidiu tentar descansar. Assim que girou a chave na fechadura, um vulto o puxou para dentro, o empurrando ao chão. Bill estava sendo segurado, suas presas ficaram afiadas. Mas logo voltou a si, e rolou o ser de cima dele, se levantando irritado.
-Estás louca?! Poderia ter lhe matado!
-Esta aí uma mentira, meu amado.
-Christine.
-Fale.
-Não me chame assim.
-Oh, claro. Agora és Tomas Winslet, não é mesmo? Como esta mentira está se saindo?
-Muito bem até agora. E espero que não me incomodes.
-De forma alguma. Mas... o que explicaria se tivesse trago aquelazinha para seu quarto?
-Estás me espionando?
-Para veres como sou boa e invisível – Bill foi até ela a segurando pelos ombros, tomado de certa ira.
-Pare de usar vosso poder desta forma.
-Uso-o como bem querer. E tu és jovem demais para mandar em minha pessoa.
-Disse que viria para ajudar-me.
-E vim justamente para isso – Ela soltou-se facilmente e foi até a escrivaninha -Trouxeram isto enquanto esteve fora. - Bill pegou a carta, em papel finíssimo, com desenhos de ouro líquido nas bordas.
-Um convite?
-Do próprio Luís XIV. Ele o convida para o chá da tarde amanhã, logo ficou sabendo da sua fama de riqueza infindável. E claro, sabes quem vai estar lá – Ela disse isso, enquanto se deitava. Os primeiros raios solares deixaram seus olhos verdes transparentes. Pousou uma mão nos lábios.
-O herdeiro.
-Sim, e nosso alvo: o filho de Luís XIV: Andreas.
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Acho que todo mundo aqui conhece este rapaz!