- Raven escreveu:
- Eu sabia que depois dessa prévia esse capitulo não vinha tão cedo.
Ô criatura das trevas, sai da caverna e posta isso logo.
Ô encrenca, o capitulo vinha sim é só você que não soube esperar, humpf ^^
Hallo everybody, obrigada pelos comentários e principalmente por não desistirem de ler e ainda acompanharem.
Bom o capitulo de hoje é tenso.
o que será que houve com o Azarias? Bom hoje vocês descobrem!
Bem vinda leitora nova, fico feliz que esteja gostando
Enfim, boa leitura e desculpe o atraso ^^
A volta dos que não foram.
O medo rodeia a minha alma
Meu coração abraça a solidão
O frio toma conta de todo meu ser
As horas mais difíceis eu estive sozinha, perambulando pela escuridão
Meu único caminho
Entre as estruturas enferrujadas que queimavam, encontrei você
Meu porto seguro, meu anjo
Seus cabelos negros reluziam aos pequenos feixes de sol que ultrapassavam as falhas que havia entre as arvores, iluminando seu rosto, tal qual como o sorriso leve e tímido que havia se instaurado em sua face. Suas mãos me ajudaram a recuperar o equilíbrio e manter-me de pé, seu casaco negro fora tirado por ele mesmo e colocado sobre mim, já que eu estava apenas com um vestido branco quase que transparente totalmente sujo de terra que chegava à altura das coxas; era apenas isso que cobria meu corpo. Virei-me para o lado, Azarias permanecia deitado, inconsciente. Inerte. Em sua testa uma enorme fresta vazava sangue e em seus dedos havia pequenos cortes. Ele fora acertado na cabeça por uma madeira de lenha. Bem feito. Fiz menção para falar mais duas lágrimas grossas caíram por meu rosto impedindo-me de prosseguir e as palavras que eu usaria simplesmente foram varridas de minha mente. Elas sumiram, me deixaram na mão.
O jovem homem a minha frente abaixou dobrando seus joelhos ficando quase da minha altura, sua mão tocou minha face e seus grandes e finos polares se encarregaram de secar as lagrimas que por ela caíram. Arregalei os olhos e segui seus movimentos, ele era meigo. Dotado de simplicidade e bondade, me senti segura ali. Novamente fiz menção para falar, apenas agradecê-lo, mas fui interrompida por sua voz grave e aveludada.
-Shhh, não diga nada, apenas escute. – Olhei-o atentamente e assenti dando abertura para que ele prosseguisse. – Em breve você terá que fazer escolhas. Algumas serão fáceis outras porem mais difíceis. O passado não importa. O presente e o futuro estarão em suas mãos. Apenas se prepare e tenha a certeza de que tudo que você fará ira voltar para você de alguma forma. O bem e o mal, Akantha estão do seu lado e ambos te querem. Lembre-se aqui se faz aqui se paga. – o recado dado por ele era assombroso, porém eu não conseguia entender o porquê disso. Os olhos azuis vítreos e brilhosos que antes me fitavam, agora estavam frios e sem vida. O que acontecera com ele? Porque esse recado? Desviei minha atenção de suas palavras e encarei o chão. Porque tudo isso está acontecendo comigo? O que eu terei que escolher? Olhei para o céu, este estava nublado e cinza, definitivamente alguém ai em cima não gosta de mim!
-Porque esta me dizendo isso? Eu não entendo! – Protestei arqueando automaticamente minha sobrancelha. Nada ali estava fazendo sentindo!
-Calma pequena, o tempo vai servir de consolo e irá te mostrar isso quando for à hora certa. – Ele gentilmente acariciou minha bochecha agora rosada pela timidez.
-Não sei o que te dizer, isso parece um pesadelo. – Falei fitando o chão abaixo de mim. Eu estava confusa, o que tudo isso quer dizer? Porque nada faz sentido? Mais ainda está faltando algo, ele sempre soube quem eu era, mas eu... não sei nada sobre ele! - Alias você sabe o meu nome e eu não faço idéia de quem você seja, a única coisa que sei é que você sempre parece aparecer quando eu mais preciso, como um anjo. –Ele sorriu abertamente e pegou em minha mão dando os primeiros passos, o acompanhei e logo estávamos saindo da clareira à procura de meu vestido para que eu retornasse a enorme mansão. Se alguém deu falta de mim, já deve estar ou preocupado ou me procurando. Azarias ficaria ali até recobrar os sentidos ou morrer de uma vez, isso definitivamente não importava. E se por um acaso ele voltasse eu teria de ter cuidado ao dobro ou talvez até mais. Eu sempre soube que suas intenções comigo não era lá muito boas, agora ficou claro que são as piores possíveis. O silencio palpável se instalou entre nós e minha pergunta fora totalmente ignorada por ele. Sua boca se entreabriu algumas vezes, mas nenhuma palavra fora pronunciada. Seu olhar ternurento às vezes encontrava o meu de relance. Embora sua companhia fosse agradável e eu me sentisse protegida ao seu lado, o silencio me cansou e eu parecia estar aparentemente sendo ignorada; parei em sua frente bruscamente vendo-o recuar alguns passos e se abaixar ficando da minha altura. Seus ternos olhos estavam confusos e sua expressão curiosa acabou por me divertir. -Posso saber ao menos o seu nome? – Perguntei enquanto o via se levantar cabisbaixo e retomar a caminhada. Fiquei surpresa e ao mesmo tempo sem reação alguma. Novamente eu estava sendo ignorada, mas porque eu não podia saber quem ele era? Porque isso? As duvidas a seu respeito culminava minha mente eu estava a ponto de gritar e despejar a enxurrada de perguntas confusas que lá se instalaram.
-Me chamo Àtila. – Sua voz rouca me tirou dos devaneios confusos e da crise interna que eu estava tendo. Olhei-o de relance, ele parecia triste. -Não costumo dizer meu nome, não quero que as pessoas criem a ilusão de que eu posso salva-las sempre. Embora você seja um caso a parte, sinto como se fosse minha obrigação. – Sua silhueta magra rumou para o lado das flores. Estávamos próximos de onde eu havia perdido meu vestido. -Por favor, não pergunte o porquê de tudo isso, eu sei tanto quanto você, isso se não for menos. – Ele sorriu enquanto fitava intensamente as flores e me olhava de relance. Corri até seu longo corpo magro e o abracei pela cintura. Ele pareceu envergonhado, mas correspondeu ao meu pequeno carinho. Ainda assim este seria pouco para agradecer por ter salvado minha vida, não posso dizer que foram duas vezes, visto que dá outra as coisas se complicaram devido a sua presença e seu gesto nada convencional. Ele era surpreendente e cativante, sua personalidade era diferente e misteriosa. Eu gostaria de saber tudo que podia sobre ele, mas se já conseguir que ele me dissesse apenas o nome já deu trabalho imagina perguntar sobre sua vida? Ele provavelmente não me contaria nada e ignoraria totalmente a minha pergunta, voltando-se para uma flor ou olhar para céu, isso na melhor das circunstâncias, pois tenho quase que certeza que ele faria como da primeira vez: desaparecia na neblina do silêncio.
Àtila fora na frente e eu o seguia vagarosamente, meus pés doíam, minhas pernas latejavam e eu estava exausta. Nunca corri tanto em minha vida. Nunca soubera como seria lutar por ela e se eu não tivesse tido a sorte dele me encontrar, talvez nem sei como estaria agora. O vi parar e olhar na direção oposta, um caminho de pinheiros e um chão de grama abria caminho para algum lugar. O vento forte se fez presente e meu corpo não agüentava o peso do casaco que fora colocado sobre mim. Sem forças e com os sentidos bagunçados, ajoelhei-me no chão e olhei para cima. O céu ainda esta cinza e as poucas nuvens existentes encardidas. Ali entrelaçado entre alguns galhos, um pano vermelho cheio de amarraduras e detalhes dourados esvoaçava alegremente; meu vestido.
Atila caminhou até mim preocupado e olhou na direção que eu tanto olhava, ao avistar meu vestido sacudindo por entre os galhos, ele rapidamente correu desaparecendo por entre o verde da paisagem. Eu permaneci ajoelhada sob a grama, nunca senti tanta dor e tanto medo em toda a minha vida, mesmo que eu falhasse em me salvar das mãos sujas daquele crápula eu jamais desistiria sem lutar. Mesmo que isso não valesse de nada no final.
Aos poucos a calma foi restaurada dentro de mim e eu já me sentia um pouco melhor, talvez um pouco mais confiante, porem ainda debilitada pela dor física que corria meu ser e me impossibilitava de manter-me em pé. Pelo menos por hora.
Ao longe escutei passos cuidadosos e ruídos por entre folhas, finalmente após tanto tempo vou poder finalmente tirar esse enorme museu de cima de mim e vestir-me adequadamente. Mas quando eu chegar na mansão, se eu contar ao alguém tudo que aconteceu e o porque de meu vestido conter alguns rasgos, será que vão acreditar em mim? Eros acreditaria? Porque com certeza os outros não!
Os passos se tornaram constantes e mais rápidos, até pararem há alguns metros atrás de mim.
-Atila você conseguiu pegar o meu vestid...- Minha voz ficou inaudível após eu me virar e me deparar com aquela cena. O horror e o medo tomaram conta de mim. Não havia volta. Não havia saída e provavelmente não havia Atila nenhum que pudesse me salvar. Azarias caminhava até mim cambaleante, com uma das mãos na cabeça contento inutilmente o sangue que corria por sua testa e descia por seu pescoço, manchando sua encardida blusa de carmesim. Em sua face asquerosa um sorriso de escárnio se exibia, na verdade era o que mais chamava a atenção, além de suas roupas totalmente sujas de terra. Os cortes em seus dedos estavam borrados de vermelhos e negros de sujeira. Ele me dava nojo. Enquanto caminhava em minha direção eu me esquivava dando passos para trás. Minhas pernas moviam-se doloridas e rangiam com qualquer movimento que eu fazia.
Aos poucos minha força foi se esgotando e minha enorme falta de sorte me passou a perna. Enquanto me afastava ainda fitando aqueles olhos carnívoros, não percebi o chão a minha volta e os troncos caídos, foi exatamente em um deles que eu tropecei, caindo de costas no fofo chão de terra.
-Não pensou que podia fugir, ou pensou? – disse ele rindo maleficamente enquanto eu tentava me levantar. Sem sucesso. Minhas pernas fraquejaram e me jogaram de volta ao chão de lama, sujando completamente o casaco de Atila que estava comigo.
Jamais imaginei que ele pudesse voltar, mas também sabia que não seria tão fácil se livrar dele.
Aos poucos meus sentidos foram se extinguido e eu fui me rendendo à dor insuportável que tomava conta de mim, antes de entrar no mundo da escuridão, seus passos e sua presença próxima eu pude sentir, assim quando a morte abraça sua presa. Foi exatamente assim que eu me senti quando algo me tocou.
È gente agora ferrou.
Obrigada por ainda lerem e até breve
Beijinhos