aaaaaa desculpem a demora, essa semana tá impossivel com trabalho e facu, gaças tem feriadão por aí...soooooooo boa leitura, até logo ^^____________________________________________________________________________________________________________________
56
Na Torre
Estranhamente, a chuva tinha diminuído, e o céu voltava a se estabilizar num cinza claro, o sol ameaçando voltar a qualquer instante. A praça principal estava apinhada de gente, súditos espichando o pescoço, curiosos para ver o ponto alto do dia da Sacada Principal. Bandeirolas vermelhas e azuis tremulavam em cada torre - o que indicava a união de um sangue azul com alguém que não pertencia a mesma linhagem - mas que em breve iria se tornar.
Como mandava o protocolo, Christine e Bill estavam vestidos de ouro e pérolas. Se comunicavam através do pensamento, sempre na mais alta descrição possível. Sabiam que as paredes tinham olhos e ouvidos.
Surpreendentemente, um desses apareceu para avisá-los do início da cerimônia. Georg deu três batidas na porta, e entrou no quarto, o queixo fortemente trincado, os olhos ainda mais apertados, como duas fissuras brilhantes.
- A cerimônia está para começar - ele disse, num jato.
Bill deu um risinho sarcástico, e se levantando, ajudou a prima a fazer o mesmo.
- Não sabes o prazer que tive em receber a notícia de ti, meu caro.
- Achas mesmo que acabou? Que vão se safar desta forma?
Bill lhe transferiu um olhar enigmático, deixando as presas crescerem levemente.
- O que podes fazer, afinal?
- Já afastei tua Louise de ti. E vou fazer muito mais... terão de passar por cima do meu cadáver, mas enquanto eu respirar, vou impedir todos os teus planos!
Bill deu cinco passos até ficar bem perto dele, sua mão forte segurando a prima para que ela não avançasse.
- Cadáver? Hmmm... nada que não possamos dar um jeito.
Christine deu uma risada ferina, enquanto o primo a conduzia porta afora.
Assim que saíram, Georg teve uma síncope de loucura, e derrubou ao chão todos os objetos da escrivaninha. Eram incrível como todos estavam cegos!
Mas o que posso fazer, se não tenho provas contra eles? É a minha palavra contra esses malditos favoritos do Rei! Ele ficou ali um bom tempo, até que sua respiração se acalmasse, e seu rosto deixasse de ser um pouco vermelho. Ele não conseguia ntender todas as facetas dos planos deles, mas uma parte muito importante estava prestes a acontecer.
Georg voltou a Sala do Trono a tempo. O Rei fez o pronunciamento oficial, o Juramento de Lealdade Eterna, enquanto colocava uma belíssima coroa de ouro com um grande rubi no centro, na cabeça de Christine, a proclamando como nova Princesa do Reino. Bill foi logo em seguida ficando e joelhos na frente do Rei, e depois deste bater com a lâmina da espada duas vezes em seus ombros, ele fez o Juramento, e lhe deu o título de Conde.
Georg sentiu o sangue gelar. Depois daquele jurmento já feito, nada mais poderia ser revogado. Ele era eterno, e mesmo que o jurado em si se tornasse um traidor, ele não receberia julgamento, nem seria executado.
Em sua: eles estavam protegidos de todas as formas.
Uma salva de almas da corte ecoou nas paredes de pedra. Andréas e toda mais nova família real subiram escadaria acima, onde Christine foi finalmene apresentada aos súditos lá fora, que a ovacionaram ainda mais.
- Então... é assim que a crise se instala - David comentou, já ao lado de Georg - com uma bela salva de palmas.
- O que mais me irrita é saber de toda a verdade e não poder fazer nada.
- Como não, amigo?
Georg virou-se para ele, com ceticismo.
- Não estava aqui? Eles acabaram de receber o Juramento Eterno, vindo do próprio Rei. São intocáveis.
- Não são.
- O que tens em mente?
- Segundo o Juramento, agora eles estão acima da lei no que diz respeito a julgamento. Porque achas que queriam tanto isso?
- Porque planejam algo contra o Rei.
- Exato. Mas entenda uma pequena... cláusura de tal jura: ela é somente válida se o jurado trair o Rei depois de receber a jura... mas o caso deles é diferente.
Os olhos de Georg foram finalmente abertos.
- Eles já estão traindo o Rei - disse, num fio de voz.
- Isso mesmo. São intocáveis agora, mas o erro já foi cometido antes disso.
- Estou pasmo. Fiquei tão cego de ódio que parei de racionalizar.
- E agora, o que podemos fazer com o tabuleiro do jogo em nossas mãos?
- Bill é um oponente forte, reconheço. Mas perde muito de sua força sem ela.
- A nossa... princesa?
- Sim - Georg engoliu em seco o título - então, se quisermos deixá-lo vulnerável, vamos começar por ela.
- Não entendo, porque simplesmente não os colocamos numa masmorra de sol?
- Os tempos mudaram, Jost. Nós aprimoramos nossas técnicas, mas eles também não ficaram parados.
- Quer dizer que não são mais alérgicos ao sol?
- Resistem por muito mais. Então, se eles estão um nível acima, mostraremos que estamos a dois.
- Como?
- Proteção primeiro.
Os dois saíram da Sala do Trono, e foram até a pequena capela ali perto. Como caçadores, sempre traziam um cordão de prata como proteção no pescoço, por dentro das roupas. Eles retirarm os cordões, e os molharam no tanque de água-benta, pedindo proteção. Ainda com os ornamentos molhados, os colocaram de volta a seu lugar.
Estavam prontos. Até o próximo ciclo de lua, seus pensamentos não poderiam mais ser ouvidos.
Como todos os outros convidados, voltaram a festa e aproveitaram cada segundo dela, mas sempre analisando seu novo alvo à distância. Usando de toda a descrição possível, os dois evitavam entrar em contato um com o outro, e se comunicavam através de bilhetes ou cartas. Christine sentia à toda hora que estava sendo observada, e era só erguer um pouco o olhar e via de relance alguém cuidando dela. Agora, depois de saciar seu marido, ela fingia dormir, mas de ouvidos bem aguçados, já não encontrava mais o sossego de antes.
Também pudera. Sua vida de princesa era muito mais agitada que el pensasse ser. Logo pela manhã, sua sogra a tomava pelo braço, e usando da carruagem real, as duas passavam tarde em visitas, admirando duelos amistosos entre os mais novos cavalheiros, recebendo mimos e presentes de todas as partes. Ela tinha de tomar um cuidado para não se acostumar com aquela vida.
- Notou algo estranho no ar? - Gustav comentou com Bill, num dos raros momentos em que outros olhares não estavam por perto.
- Sim, e me impressiono por não entender o que é.
- Christine falou comigo brevemente... disse que se sente observada.
- E não é só ela. Nossos inimigos estão planejando algo.
- Quanto tempo falta para o ápice?
- Sete dias.
- Tomara que consigamos - ele comentou preocupado, suspirando.
- Vamos conseguir. Não se esqueça que estamos falando de uma das melhores atrizes deste mundo.
- Sim, mas e se eles tentarem algo contra ela?
- Gustav. Calma. Não és tu que sempre imploras para que não percamos a cabeça?
Ele fez que sim com a cabeça, desviando o olhar.
Como se Bill já não tivesse notado algo novo ali há muito tempo.
- Só não quero que mais uma parte de todo nosso esforço saia errada.
- Não vai sair. Confie.
Se pudesse ter prevido o futuro, Bill teria dado um pouco mais de atenção ao comentário.
Fazia uma noite muito fria, e todos já esperavam pela neve muito em breve. Christine estava numa das torres mais isoladas do Castelo, com os olhos semicerrados, sorvendo o ar frio da noite para relaxar os músculos tensos. Ela bem que tentava esquivar-se, mas seu marido a procurava todas as noites, sedento para satisfazê-la, assim como ela fazia.
Quando ele ia entender que era impossível?
Ela abraçou a si mesma, já irritada pelo atraso de sete minutos.
Havia recebido o bilhete de Gustav naquela manhã, entregue discretamente, um pequeno papel dobbrado em baixo de sua tradicional taça de vinho matinal. Ele implorava para que se encontrassem naquela torre à meia noite.
A lembrança de Gustav fora mais forte que seu raciocínio lógico.
Agora, ela o esperava à sete minutos, e devidamente irritada. Estaria ele a provocando pelo atraso?
Não que ela recusasse provocações...
Sentiu a presença dele atrás de si e tentou se virar, mas ele foi mais rápido indo até ela. Christine estremeceu ao sentir seu toque forte contra seu tórax.
- Meu Gustav...
- Sua traidora.
Ela reconheceu a voz de Georg Listing.
Mas já era tarde demais.
A lâmina de seu punhal de prata - a mesma que havia feito uma cicatriz permanente na orelha de Bill há tantos anos antes - era pressionada contra seu pescoço. Ela sentiu o cheiro da água benta na lâmina, ficando ligeiramente tonta.
- O q... q...
- Relaxe.
Em segundos, David apareceu em seu campo de visão, e ajudou Georg a amarrá-la numa cadeira. Por precaução, colocaram um colar de prata banhado no pescoço dela. O metal queimou sua pele, ela conteve um grito de dor.
Somente sua inteligência poderia salvá-la, já que o colar a impedia de transmitir seus pensamentos para Bill.
- O que querem? - A raiva mal era notada numa voz tão fraca. Seus olhos lutavam para permanecerem abertos.
Os dois permaneceram na frente dela, a encarando por minutos que pareciam intermináveis. Quando ela tentou falar de novo, um forte tapa vindo de David virou seu rosto.
Seus olhos viraram dois poços negros, os caninos se projetaram para fora.
- Aí está o monstro que és.
- O monstro que os devorará vivos quanto menos imaginarem.
Ouviu-se um riso breve, funesto.
- Até mesmo sem defesa alguma, ameaças? - Georg perguntou. Somente recebeu um olhar frio.
- Sabemos que é uma traidora. - David afirmou.
- Até que provem o contrário, os dois já estão com os belos pescoços na forca.
- O que a faz pensar que sairá viva desta torre? - Georg comentou, sorrindo de canto.
Ela ficou desesperada por meio segundo.
Mas logo lembrou-se de meses antes, quando havia tomado o sangue do príncipe quando este estava desacordado.
Sangue azul, da invulnerabilidade.
Excelente. Façam o que planejam.
- Nenhum dos dois tem colhões o bastante. - Ela provocou. Recebeu outro tapa.
- Será submetida à tortura. Quanto mais se recusar a falar, mais sofrerá.
- Podem vir.
Foram três externuantes horas. Eles faziam perguntas sobre os planos - ora ela se calava como um túmulo, ora respondia com ironias. Os tapas progrediram para socos, pontapés, chutes. Ela suportava tudo sem demonstrar dor, se alimentando da raiva.
Daria o troco em breve.
Logo, eles perderam o controle. A importância das perguntas foi substituída pelo prazer da tortura.
Se fosse com quaquer outro, já teria sucumbido.
Mas Christine havia aprendido desde cedo a esperar. Sangue frio era o que corria em suas veias. Calma era a sua bússola, espera era o seu mantra, controle a sua direção.
Não era a hora de explodir.
Num ato de loucura, e já não suportando a resistência, Georg lhe transferiu um golpe no peito com o punhal. Ela não conseguiu conter o grito de dor ao sentir o coração sendo ferido. Imediatamente, ele viu o que havia feito, soltando o punhal ao chão, mas já era tarde.
Christine jazia sem vida na cadeira, os cabelos revoltos cobrindo seu rosto, a ferida vertendo cada vez mais sangue.
- O que fizeste?! - David gritou. Georg permaneceu petrificado - vamos! - Ele o empurrou - me ajude com o corpo!
Eles a desamarraram, e retiraram o cordão de prata, enquanto montavam a cena de um suposto ataque. Georg sabia que se fosse descoberto, seria sumariamente executado. Afinal, ela era a princesa.
Fora David quem o arrastou escadaria abaixo.
- Nada aconteceu, está me ouvindo?! - Ele dizia aos seus ouvidos - pareça surpreso quando descobrirem. Não fizemos nada.
- S-sim - Georg concordou, enquanto tentava guardar o punhal, tremendo compulsivamente.
Bill fora o primeiro a ouvir o grito.
Mais que depressa, ele saiu do quarto, se esquivando pelas sombras à procura de Christine.
- Ouviu isto?! - Gustav apareceu a seu lado, o rosto transfigurado pelo medo.
- Christine.
Somente dez minutos depois a acharam. Gustav soltou um grito esmagado, sabendo que ela tinha sido ferida em seu ponto fraco, ele afastou o cabelo de seu rosto, já chorando copiosamente, entre gemidos de agonia.
E deu de cara com o sorriso dela.
- C-como?!
- Continuem representando, o príncipe se aproxima.
Ela voltou a fechar os olhos. Quando Gustav procurou o olhar de Bill em busca de respostas, este já estava debruçado sobre a prima, derramando lágrimas de crocodilo.
Ainda sem ação, viu o príncipe chegar, com dois guardas.
Ele tentou falar algo, mas ao ver a cena, perdeu os sentidos.
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MUAWAWAWAWAWAAAAAAA