Capítulo 72 – Doeu Mais que o Planejado
Espero que não tenha deixado ninguém assustada com o pesadelo do Bill! Se eu causar dor em alguém que lê esse cap. Por favor, me perdoem. É, último capítulo.............dessa fase, vai acontecer umas...coisas, vão lendo pra descobrir. Coloquem alguma música que as façam se emocionar, mas recomendo Ich Bin Da. Boa leitura!______________________________________________________________________________________________
Em um Avião para a Ilha de Ibiza
Já era noite quando Tom entrou apressado e de mal humor para dentro do avião. Ele nem mesmo deu a tradicional cantada nas aeromoças, que olhavam o guitarrista cheias de segundas intenções. Estava de cabeça baixa, com óculos escuros, e escutando Zurück, do Samy Deluxe em um gritante volume. Ele avistou Bill, de preto, com a cara colada na janela. Jogou-se ao lado dele.
-Oi Tom.
-Voltou de um enterro?
-Porque está falando assim?
-Pela sua voz...
-Não foi nada.
-Tá legal, eu vou fingir que não conheço você. Como foi...ah o que você tinha que ir lá!
-A formatura da Cristine? - Bill virou-se para Tom, sentindo que ele se agitou no banco. - Foi muito bom, divertido...ela foi a oradora, recebeu até um prêmio de melhor aluna...
-CDF como a irmã – ele balbuciou.
-Ela te mandou um beijo.
-MANDOU O QUE?! - Tom praticamente pulou da cadeira.
-Haha, eu sabia, sabia que ia ter essa reação!
-Qual é, lesado! O que ela disse?
-Nada. Ela não te mandou um beijo, eu inventei isso pra ver como reagiria.
Tom, mais furioso que antes, deu uma cotovelada no irmão.
-E a nossa nutricionista? - Disse, mudando de assunto.
-Já está internada. Logo é a cirurgia...
-Tá preocupado? - Bill fez que sim com a cabeça. - Já esta namorando com ela?
-Já. - Ele tentou sorrir.
-Ah, então está tudo ok. É só ligar pra ela depois.
-Queria estar tão despreocupado assim.
-É só relaxar, mais novo. Vai ficar tudo bem.
Bill inclinou seu banco, e se obrigou a repetir aquela frase na mente: “vai ficar tudo bem”. Mas não dormiu nada.
Chegando no aeroporto, parou perto do quadro, onde mostrava os vôos. Tinha um pro Canadá. O sinal de 'embarcando' piscava em vermelho. Ele apertou uma das mãos na alça da bolsa, e deu meia-volta. Tom logo percebeu o que ele pretendia fazer e foi atrás.
-Ei, não pense em fazer isso! - E agarrou em seu braço.
-Deixa eu ir, Tom. - Ele falava de uma forma sombria.
-Tá louco, né? Jamais vai chegar a tempo! Ela já deve ter sido operada.
-Não...eu tenho que estar lá. Eu sinto isso. Ela está me chamando, e você não vai me impedir!
-Vou sim! Deixa de ser idiota, e vamo logo!
-Tom! - ele gritou. Tom afrouxou a mão no braço dele.
-Olha, vamos pro hotel. De lá você liga pra irmã dela, tá ok?
Bill ainda tentou resistir. Mas resolveu seguir o conselho de Tom. Infelizmente, sem sucesso. Mesmo depois que 15 tentativas, o celular de Cristine dava aviso que estava desligado. E seu coração pulsava mais forte a cada tentativa.
Ele chegou a ligar para Danny, Delana, Natalie...mas ninguém conseguia notícias de Glória. Bill tentava manter a calma, mas isso estava quase impossível.
Canadá, 13:47pm, Glória
Naquele dia, começou a nevar. Mas ainda era bem pouco, somente uns flocos frios e brancos que começavam a se misturar com a paisagem de concreto e vidro da cidade. Da janela do quarto onde estava internada, eu tentava distrair minha mente. Na minha mão esquerda, eu brincava com o anel que havia dado a Bill. Não pude levá-lo até o aeroporto, e Cristine foi em meu lugar. Ele pediu para entregar o anel mim, para me dar forças. E só aceitaria denovo se eu o entregasse. Eu ri ao pensar em algo que Cris me falou.
-Que foi? - Ela me perguntou, estava sentada ao meu lado.
-Quando você disse...que ele agradeceu ao pai por ter me ensinado mecânica...senão a Danny teria gêmeos em uma estrada na Rússia.
-Ah, é! O pai ficou super impressionado!
-Fiquei nada! - Meu pai disse, encostado na parede.
-Tá, vou fingir que acredito.
O médico apareceu minutos depois, estava na hora. Abracei todo mundo que estava lá: Tess, Brian, meus pais e Cris. Eu ainda sussurrei nos ouvidos dela.
-Guarda pra mim o anel, tá bem?
-Claro.
-Cris...se o pior acontecer...assine aquele contrato, e pare de sofrer. E não esqueça de dizer a Bill que o amo, e que vou estar eternamente ao lado dele.
-Você é que vai dizer isso a ele.
Desci com o médico no elevador, em silêncio. Quando chegamos lá, ele me deu um robe bem grosso, já que a ala de cirurgia sempre estava fria. Foi nesse mesmo hospital que eu havia ficado depois do acidente. Fiz de tudo para não voltar aqui, mas era o único de Calgary que podia cuidar do meu caso especificamente. Me levaram até a sala de cirurgia, lá, minha perna esquerda foi isolada. Colocaram o soro intravenoso no meu braço, mas não cheguei a sentir a dor. Estava com pensamentos demais para isso. O ortopedista entrou no meu campo de visão, enquanto colocavam a máscara com o um ar que começou a me deixar sonolenta.
-Fique tranquila, Glória, vai dar tudo certo. - Ele passou a mão na minha testa.
-Até logo doutor, faça o melhor que puder. - Minha voz estava tão grogue quanto eu mesma.
-Está sentindo a ardência em seu braço esquerdo? Se senitr, isso é normal.
-Uhum... -foi a última coisa que eu disse, antes que sucumbisse aquele sono pesado.
Sala de Espera, 16:09pm, Cristine
Estava sentada, com os braços apoiados no joelho, e com um café vazio nas mãos. Coloquei o anel de Bill em meu anular esquedo. Vi que no meu celular tinha várias ligações, e eu sabia que a maioria eram dele. Mas eu não queria atender. Não sabia como falar aquilo, o que nos havia deixado em estado de choque. Um dos médicos que faziam a cirurgia veio falar conosco, com um terrível notícia: o estado da minha irmã era pior que o esperado. A platina não só havia dado rejeição, como infectado seu sangue, e quando tentaram retirá-la, os tendões do joelho dela foram acidentalmente rompidos. Glória estava respirando com ajuda de aparelhos.
Rick chegou meia hora atrás. Eu chorava em silêncio, sentindo um dos seus braços em meu ombro. Minha mãe estava numa condição desolada, abraçada ao meu pai. Teresa tentava se segurar, ligando para algumas pessoas, junto a Brian. Aquilo era um pesadelo. Ainda mais com a Glória, ela não merecia, ela não. Principalmente depois de tudo o que passou.
Como eu ia contar isso pro Bill?
18:03pm
Depois de 4 horas de cirurgia, o médico que a operou apareceu. Todos nós levantamos ao mesmo tempo.
-Doutor... - a voz do meu pai falhou.
-Ela...
“Droga, fala de uma vez!”
-Ela...sobreviveu. - Soltei o ar que prendia nos pulmões. Eu não tinha certeza do que aquela palavra significava, mas sobreviver já era muito.
-Esta dopada de medicamentos agora. Foi muito difícil controlar a infecção, mas conseguimos.
-Quanto tempo mais ela vai ficar aqui? - Disse Brian.
-Ainda não temos certeza, mas no mínimo um mês.
-Minha filha está consciente?
-Não, senhora Santos, ainda está sob efeito de sedativos, e vamos mantê-la assim, pelo menos por uma semana. A dor que ela deve estar sentindo é muito grande, tivemos que aumentar a dose de morfina.
-Ela já está no quarto? - Consegui falar.
-Daqui a pouco vamos transferi-la.
-Mas, doutor...ela vai...andar? - Disse Brian. Fechei os punhos, eu realmente não queria a resposta para isso.
-Ainda não sabemos, fizemos tudo ao nosso alcançe, tivemos de reconstruir a estrutura óssea do joelho.
-Reconstruir?! - Eu disse, em pânico.
-Sim, ela não tem mais ossos na tuberosidade da tíbia.
-Como?!
-A junção do fêmur. Articulamos tudo com novos pinos de platina. Talvez, ela ainda consiga dar um giro de 140 graus, mas andar normalmente, só daqui há três meses no mínimo.
Uma enfermeira apareceu.
-Doutor, a paciente já está no quarto.
-Ótimo. Agora já podem vê-la.
Glória estava imóvel na cama, mas parecia serena. Um tubo com soro e vitaminas pendia de seu braço esquerdo. O único movimento era o da sua respiração. Minha mãe, ainda muito emocionada, passou a mão no cabelo dela, afastando da testa. Eu coloquei o anel de Bill no seu anular direito. Fui até o corredor, e retornei a ligação para Bill. Imaginava o desespero dele, para saber qualquer coisa. Agora que tudo havia se acalmado, seria bem mais fácil de contar. Mas mesmo assim estava com medo da reação dele.
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Esse foi o último capítulo dessa fase. Não tenho previsão de quando sai o próximo, mas mesmo assim, agradeço a todas que leram e continuam a ler a fic! Até breve!