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Última Lição
AEOAEOOOEEEE!!! aqui to eu!
então gente minha amada, li muiiiita história doce e açucarada, peguei um clássico da literatura universal, e coloquei em minhas próprias adaptações para este cap.
Não entendeu nada, né? Leia, é melhor!
até, boa leitura!!!____________________________________________________________________________________________________
Aría se ajoelhou, enquanto seus hábeis dedos tocavam mais uma vez o conteúdo do baú. As lembranças ainda estavam incrivelmente envolvidas em sua memória, guardadas há muito, e a cada segundo, eram reveladas. Ela sentiu a presença de Louise atrás de si, e se levantando com graça, puxou o longo vestido de lá.
Louise prendeu a respiração ao contemplar tal obra feita de tecido. Tinha um corpete branco e bordado com minúsculas lascas de cristal. Depois, vinha a enorme saia, de voal cor de pêssego, descendo delicadamente em varias camadas ate o chão. Pequeníssimas gotas peroladas estavam salpicadas pelo fino tecido.
- Mas é... indescritível! – Ela disse, sem piscar, voltando a respirar.
- O tomara-que-caia que mexeu com uma corte inteira. A corte britânica.
Ária foi até a aluna, e o mediu. Sorriu ao constatar que não seria preciso ajuste algum.
- Perfeito.
- Perfeito?
- Vai caber corretamente. Serás a sensação da noite! Agora, é só necessário que...
- M-me perdoe. Aonde eu irei?
- Você e Danielle foram convidadas para um baile real de ultima hora. Aposto que sua amiga já lhe adiantou o assunto.
- Sim, mas...
- Você irá. Será sua última aparição antes de voltar para casa.
- Vou voltar pra casa?!
- Vai, assim como todas as alunas.
- Oh meu Deus! Mas quando?!
- Logo. Agora, vamos nos concentrar.
As duas se sentaram perto da lareira, onde conversavam sempre. Hórus pulou no colo de Louise como se fosse um gato, ela se assustou de início, e brincou com sua pata, em unhas mais resistentes que diamantes.
- Aquele vestido tem uma das maiores histórias deste lugar. Foi meu vestido de casamento.
- Mesmo? – Ela sorriu, enquanto seus olhos cor de céu brilhavam.
- Sim, mas com as devidas modificações do tempo. A última vez que fora usado, foi há quase 20 anos, por uma aluna minha muito especial.
- Quem é ela?
- Só mais uma das rainhas que formei. Se chamava Cinderella. Era filha de um comerciante muito rico da Bretanha. Este homem era viúvo desde o nascimento de sua filha, pois a amada esposa havia morrido no parto. Quando ela completou 8 anos, ele voltou a se casar com uma Condessa, que tinha duas filhas. Mas infelizmente, ele morreu por um súbito derrame semanas depois, deixando sua filha completamente órfã.
- Mas ela tinha a madrasta e as enteadas...
- Era melhor se não as tivesse. Assim que o pai de Cinderella morreu, sua madrasta tomou conta de tudo o que agora lhe possuía, inclusive da própria liberdade dela. A fez de escrava por quatro anos, enquanto esbanjava as riquezas do finado marido. E claro, suas filhas eram suas cópias fiéis, nada lhes deixavam mais satisfeitas que torturá-la.
- Que horror!
- Infelizmente, ela não teve uma adolescência fácil. Vivia sempre tão cansada suja, que suas meias-irmãs a chamavam de Gata Borralheira. Mas uma hora, sua tortura parou. Foi quando eu a encontrei, e a trouxe até a escola. Aqui ela ganhou uma nova vida, uma oportunidade de ser a melhor. O tempo passou, e quando tinha quase 19 anos, o Rei da Bretanha mandou que todas as moças virgens e solteiras de Reino fossem convidadas até seu Castelo. Um baile estava para acontecer, e neste baile o rebelde filho do rei havia prometido cessar suas peripécias e se casar. Já não era sem tempo, estava beirando os 26, e só queria saber de espadas, vinho e festas.
- E Cinderella foi?
- Sim, e com este vestido. Mas haviam duas coisas que a diferenciou das demais.
- O que?
- Primeiro, seu tempestuoso temperamento. Ainda me lembro de como era arteira quando criança! Sempre tinha uma opinião formada, acima de tudo e todos. Segundo... – Ária voltou ao baú, e trouxe uma grande sacola de veludo vinho. De lá, um par de sapatos de cristal saiu. – eu mandei fazer para ela estes sapatos de cristal, eles cintilam conforme o andar, se destacavam por baixo da saia do vestido. Não havia alma viva que não parasse para observá-la passar. Inclusive o príncipe petulante, que passou a noite inteira atrás dela. Mas Cinderella era teimosa com qualquer rapaz, lhe disse não todas as vezes, não queria valsar. Só aceitou meia hora antes da meia-noite.
- Porque nesta hora?
- É a melhor que existe. A hora do descobrimento, de uma nova aurora. Eles se isolaram perto do jardim, e dançaram brevemente. Claro, como homem, ele tentou avançar, mas ela não permitiu por completo. Somente tocaram os lábios um do outro por um segundo, e na primeira badalada da meia noite, ela fugiu.
- O que?!
- Sim, fugiu. Ele tentou ir atrás ela, mas tudo o que encontrou, foi um dos seus sapatos na escadaria – Ária levantou um dos sapatos no ar – este. O esquerdo.
- Porque ela fez isso?
- No fundo, ela sempre teve medo de se apaixonar. Era indecisa, sempre estava na defensiva. A vida havia lhe ensinado assim. Mas não conseguiu ficar longe dele. O príncipe então empreendeu uma viajem por todas as regiões possíveis, sempre com o sapato em mãos. Ele saberia que seria ela se coubesse, podes ver como é pequeno e delicado. Ele demorou seis meses até chegar aqui.
- O que aconteceu?
- Mesmo Cinderella não querendo, permiti a entrada dele. A fiz se sentar, e ele colocou o sapato, encaixando perfeitamente!
- E eles viveram felizes para sempre... não é?
- Hum... não.
- Não?
- Pelo menos de início, não. Ela não queria aceitar o amor na sua vida, e se isolou aqui por mais seis meses. O príncipe, perdidamente apaixonado, vinha até os portões todos os dias, implorando pra que ela o recebesse. E sabe, algo simples mudou sua atitude.
- O que?
- Um dia, o inverno estava muito rigoroso. Ele estava lá fora, e enquanto os guardas tentavam fazer com que ele entrasse na carruagem, ele se recusava, gritando o nome dela nos portões. Ao ver a cena, ela chocou-se. E eu simplesmente disse:
porque você não desce, e vai ser feliz? Foi o suficiente. Me lembro do lindo vestido vermelho que ela usava, quando desceu as escadarias, chorando copiosamente. Me lembro de estar de uma janela, ao ver quando os dois finalmente se uniram num forte abraço. Ela deixou de se teimosa, ele deixou de ser irresponsável. Foi somente um com o outro que conseguiram achar suas qualidades através dos defeitos.
- Que lindo!
- E não houve fim. Até hoje ela me escreve, contando de como sua filha já com 10 anos tem sua mesma audácia! – As duas riram. – Louise.
- Sim.
- Isso é o que eu quero que aprendas, uma última lição. Daqui a dois dias, quando entrar naquele salão... por favor, exponha seus medos e sua coragem através de cada gesto, de cada palavra, de cada olhar. Seja mais verdadeira do que a própria verdade. Seja autêntica, sincera. Seja você, somente você. E quando chegar neste ápice, ele vai aparecer.
- Ele?
- Quem você mais espera.
- Ele vai estar lá?
- Querida! Ele sempre esteve. Ele sempre vai estar. E espera que você esteja lá, para ir com ele.
- Ir?
- Sim.
- Para onde?
- Para onde você jamais seria capaz de imaginar. Somente estando lá que entenderá.
- Vou partir em dois dias... é o que quer me dizer?
- Sim. Exatamente.
Um abismo se abriu em sua mente. Para onde iria? Ela não teria de votar pra casa antes? E Hórus?
- Hórus irá também, antes de você, para preparar sua chegada – ela não se assustara mais com aquele costume de ter sua mente sempre lida.
- Estou confusa...
- Devo confessar, até eu estaria. Mas não há o que temer. Um mundo inteiro irá te acolher de braços abertos! Ah, claro. Preste atenção nisso – Ária cravou seus olhos violeta num olhar gélido, prendendo Louise por completo – você vai receber um convite. Uma permissão. Não importa o quão impossível, improvável ou indecente que pareça. O aceite. A partir de agora, tudo depende de ti.
- Certo – ela disse, ainda hipnotizada pelo olhar, gravando cada palavra na memória com todo o cuidado.