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 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)

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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQua Mar 16, 2011 7:33 pm

AAAAAAAAAAAIIIIIIIII MEEEEEEEEEUU DEEEEEEEEUUSS EU TO SONHANDOO? *----------*
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQua Mar 16, 2011 7:47 pm

DesiiH k. escreveu:
AAAAAAAAAAAIIIIIIIII MEEEEEEEEEUU DEEEEEEEEUUSS EU TO SONHANDOO? *----------*
+1 falou tudo yaya
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 12:56 pm

Patty Back-K escreveu:
GII ME DESCULPA MAS EU NÃO AGUENTEI ESPERAR yaya
:X

AUHEUAHEUAHEUAHEUHAEUH

Sad Crying or Very sad

Eu só te desculpo se a tia Susi pastar no minimo 3 capitulos em CADA FIC dela...
u_u'


...
Posta tia!
...
bua
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Gaby Cris
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 2:37 pm

Aii finalmente, não tô mais aguentando Tia Susi. posta logo isso. LOOOOOGOOO
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 2:46 pm

Tô sem tempo agora, pra falar, dar desculpa esfarradapa e talz... mas depois eu converso com vocês. AÍ vai, boa leitura, danke por esperarem por tannnto tempo!
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Capítulo 14 - Onde Victor Reither Reina



2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Imagem1mu


O caminho foi mais penoso do que poderiam imaginar.
Enquanto subiam o caminho, a nevasca se tornou praticamente implacável. O céu estava escuro, quase não havia sol, e a temperatura caía a cada hora. Mesmo com os pneus munidos de correntes, a pista estava escorregadia, e perigosa.
Depois de quase uma hora de viagem, foram obrigados a parar num posto de gasolina. Victor teve coragem de sair, e mesmo com um grosso casaco, abraçou a si mesmo. Ele não via mais que 5 metros de estrada adiante.
- Valen, isso é suicídio! – Ele disse, voltando para a ambulância – temos que voltar.
- Sabe que isso é impossível agora – disse Ester, lançando um olhar frio a Valen.
- As condições de tempo não recomendam dirigir, pelo menos daqui três horas.
- E espera que fiquemos aqui, com uma paciente que precisa ser internada com urgência, nas próximas três horas?!
- Desculpe, irmão. Mas a ideia foi sua.
Valen suspirou. Eles estavam presos – não havia como voltar, nem como seguir – pelo menos até o momento.
- Vamos manter o aquecedor ligado. Se é assim, então, temos de esperar.
- Então, vamos contar com a sorte? E a bateria? Valen, ela não pode ficar sem esses aparelhos, estão a mantendo viva.
- Eu sei disso! – Valen deu um longo suspiro, para voltar a ter 1 por cento de calma – olhe, você é o médico dela. Você quis tirá-la do meu hospital, e colocar na sua clínica. Você tem que assumir sua responsabilidade aqui.
Victor baixou o olhar.
- Cuidem dela, eu já volto – ele finalmente soltou sua mão, e saiu até a loja de conveniência. Estava usando um sobretudo cinza e um cachecol por cima do jaleco do hospital. A loja tinha duas pessoas, que também haviam parado seus carros por causa da neve. Na televisão, o mau tempo anunciava uma temporada fria e longa, começando justamente naquele dia. Valen comprou um maço de cigarros – era fumante passivo há pouco tempo – e três chicletes de menta extraforte.
- Não devia fumar... não é mesmo? – Comentou o balconista, olhando para o seu jaleco.
- Não sou pneumologista. – Valen respondeu de uma forma tão seca, que se assustou consigo mesmo – desculpe.
- Tudo bem. Imagino que esteja nervoso. Pra onde estão levando?
- Para uma clínica aqui perto. Mas vamos parar aqui por algumas horas, é perigoso demais.
- Sei... E vão continuar quando anoitecer?
Valen pegou o primeiro cigarro, e acendeu com o isqueiro pendurado no balcão.
- É... muito perigoso para o paciente esperar mais.
- Ah.
- Com licença.
- Toda.
Ele ficou do lado de fora, forçando a vista para ver algo além da escuridão fria. Saía lágrimas de seus olhos, e as pontas dos dedos estavam dormentes.
- Tempo feio, não? – O motorista da ambulância comentou, vindo ao seu lado.
Valen tomou um pequeno susto. Na correria, não havia percebido o quando o motorista era jovem.
- É, mas daqui a pouco passa. Sabe como é a primeira nevasca...
- A moça está bem?
Valen confirmou com a cabeça, soltando a fumaça de seu último trago.
- Ela parece bem... machucada.
- Foi uma das vítimas do atentado de semanas atrás.
- Ah... ela vai ficar bem?
Valen tinha medo daquela pergunta. E mais ainda da resposta. Olhou bem nos olhos do motorista, sendo o mais franco possível.
- Não sei. Mas estamos fazendo de tudo.
- É, dá pra ver. O doutor Victor está me pagando o triplo pra trabalhar hoje.
- Mesmo?
- Era meu dia de folga. O único que ele conseguiu falar, que estava mais perto.
- Trabalha há muito tempo com meu irmão?
- Desde que a clínica dele foi aberta. Meu primeiro emprego até hoje.
- Desculpe, mas pode me dizer quantos anos tem?
- 24. Hei, não se assuste. A maioria que trabalha lá é tão jovem quanto eu!
- Ham.
- Desculpe, doutor, mas tem um cigarro sobrando?
- Claro. – Valen acendeu outro cigarro com a ponta do seu. Os dois ficaram perto do motor da ambulância, se aquecendo, conversando trivialidades.

Mais tarde, compraram sanduíches, e café quente. Ester, Victor, e o Jördan - o motorista -foram comer na loja de conveniência. Valen era o único com estômago para comer e cuidar de Glória ao mesmo tempo, enquanto o único alimento dela eram os nutrientes intravenosos.
Na primeira oportunidade que o tempo deu, eles ligaram o motor, e partiram, noite fria adentro. A ambulância mal de passava de 60 km/h, derrapava no asfalto. Por duas vezes, Victor, Valen e Jordan tiveram que sair, para desatolar algum pneu na neve misturava com lama.
Eram quase 3 da manhã, e Victor estava na cabine com o motorista, havia começado a espirrar. Os avisou, sorrindo, que haviam chegado.
Valen espiou pela janela o prédio branco, no estilo hi-tech. Seu sobrenome estava na placa de bronze, no portão de entrada. Ele viu câmeras bem posicionadas, e um pedaço de um amplo gramado coberto por neve, com carvalhos sem folhas. Ao redor da construção, uma floresta fechada de pinho. Muitas luzes lá dentro, indicavam trabalho incessante.
Eles abriram um guarda-chuva quando a maca de Glória finalmente saiu da ambulância. Valen tentou não se sentir consternado pela construção, tão moderna e prática como o lado de fora. Com o elevador, eles seguiram até o segundo andar, na ala de terapia intensiva. Uma sala, com todo o aparato necessário para atendê-la já estava preparada, inclusive uma equipe os esperando. Todos cumprimentaram Victor com um aceno na cabeça, já usando máscaras, toucas, e roupas cirúrgicas. Valen viu, pelo olhar de todos, que a maioria ali era muito jovem. Em meia hora, Glória estava sendo completamente monitorada.
Valen estava em silêncio, na frente um monitor LED 42 polegadas, que mostrava o feto, e todos os dados dele em tempo-real.
- Se você quiser, pode aumentar a fonte das informações.
- Como? – Ele perguntou ao irmão.
- É touch – Victor comandou a tela, de uma forma que o prontuário aparecesse em primeiro plano.
- A verba do governo chaga aqui primeiro?
- Valen, somos particulares aqui. Quer dar uma volta na clínica? A Ester está no primeiro plantão, Glória vai ficar bem.
- Certo. Mas logo meus olhos vão fechar.
- Vem.
Victor conduziu o irmão pelas alas do mesmo andar. Como ele havia dito, a maioria da clínica estava vazia.
- As coisas vão se agitar em janeiro. Imagino que se tudo correr bem com a Glória até lá, deve estar respirando sem ajuda de aparelhos.
- Acha que a recuperação vai ser tão lenta como promete?
- Considerando o tamanho do trauma geral... é o que se espera.
Valen perseguia as salas com os olhos, praticamente encantado. Eles tinham um aparato tão moderno, que muitos haviam sido desenvolvidos especialmente para eles, demorariam anos para chegar no marcado. Todos que passavam por eles davam um cumprimento com a cabeça, sempre apressados.
- Todos parecem jovens... os médicos também se submetem a cirurgia plástica?
Victor deu uma risada sonora, enquanto lhe indicava o refeitório do corpo clínico.
- Quando querem, sim. Eu seleciono o pessoal direto das faculdades, os melhores alunos estão aqui. Mas claro, há médicos muito experientes.
- Está dizendo que seu corpo clínico é de recém-formados?!
- De várias nacionalidades, aliás – Victor deu de ombros, enquanto pegava biscoitos de gengibre, e uma caneca de chá – a língua oficial daqui é o inglês.
- Excelente. Não pratico a língua desde o colégio.
- Você se acostuma. Quer ver mais alguma coisa? Seu quarto...?
- Você fala como se fosse um hotel.
- Três estrelas.
Valen não disse nada, pois não sabia se era brincadeira, ou verdade.
- Quero vê-la antes de dormir.
- Certo. É bom que pratique a direção de onde ela está.

Ester estava se retirando para dormir. Parecia 10 anos mais velha, o que mostrava que fazia tempo que não sabia o que era ficar num plantão. Também, casada com o dono daquele lugar...
Valen desinfetou as mãos, antes de pegar nas mãos de Glória. Sabia que ela nunca mais seria a mesma, provavelmente passaria o resto da vida com dificuldades de se locomover e de falar, ou quem sabe, raciocinar. Também havia o bebê, e a suspeita de necrose na placenta estava sendo investigada. O que era de assustar.
O cabelo dela estava voltando a crescer, mas ela estava pálida, com o rosto encovado, e manchas muito escuras em volta dos olhos. Como se fosse uma judia em algum campo de concentração.
O pensamento fez o coração de Valen doer.
- Você vai ficar bem. Vocês vão. Vou ficar aqui o tempo que for preciso. Eu vou ver você sair daqui andando.

O último andar era para os quartos. Valen se sentiu dentro do Hitz Hotel, e estalou a língua.
- Entenda – disse Victor – os pacientes exigem.
- Tem que voltar pra Cruz Vermelha, antes que seja tarde – ele falou, entredentes.
- Bem vindo a sua suíte – Victor abriu a porta, sorrindo.
O carpete cor creme tomava conta do lugar. Uma cama king-size forrada com um edredom que ia até o chão. Móveis claros, abajures, um divã perto da janela inglesa, que dava para o gramado. Valen abriu o guarda-roupa. Haviam roupas ali, todas ainda na embalagem.
- O que significa isso?
- Como tivemos de fugir de lá, imaginei que você não tivesse feito alguma mala. São do seu tamanho, tem sapatos na parte de baixo. É tudo seu. Naquela porta, fica o banheiro...
- Deixa eu adivinhar: banheira com hidromassagem?
Victor riu pelo nariz, deixou a chave no criado-mudo, e deu boa noite.
Valen abriu a primeira gaveta do criado-mudo. Um bloco de papel, e um relógio despertador. Ajustou para sua hora habitual de acordar, e foi tomar um banho, antes de descobrir como ia se sentir numa cama tão grande.
Depois de contar o número absurdo de toalhas felpudas e branquíssimas, ele olhou para o chuveiro. Ao lado desse, uma banheira de hidromassagem.
- Cristo... isso é doença!


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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 3:00 pm

OOOOOOOOOOMMMMMMMMMMMGGGGGGGGGGGGG!! quase nãoa creditei quando vi esse capítulo postado aqui *o*
mas que clínica de rico essa heein,a Glória vai ficar bem sim, melhor do que antes né? mimimi pale
continuuua Susii, ainda hoje se tu puder né *-------*
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 3:16 pm

Esse cap. nem deu para aquecer.
Nossa que hospital ultra moderno esse.
Torço para que Glória se recupere.
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 3:56 pm

Caramba eu não posso comentar agora porque eu tenho que sair...

Mas...

Que hotelizinho hein!!!

opa...
Que hospitalzinho simplinho esse, hein!!

Editado...

Agora eu posso comentar 'xD
...
Glória... Se você não se recupar agora. Pode deixar que eu mesma te mato e me certifico de que você esteja morta mesmo e não treinando pra morrer...

Susi... Cade o Bill, o Tom e o resto do povo???
Esqueçeu deles??? Sad

Eu quero o Tomi de volta pra estória e o mais rápido possível... u.u'
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 11:33 pm

Olha a leitora que só ficou sofrendo calada aqui \o/
Ainda bem que você voltou Susi, não aguentava mais ficar sem tua fic Smile
Eu não consigo parar de pensar em como a Glória vai ficar...
Porque pelos ferimentos, é pra ela ficar praticamente desfigurada *exagerada eu? imagina...
Eu quero morar nessa clinica, é praticamente um hotel de luxo...
Éh, o Valen realmente está preoculpado com ela...

Curiosa pelo reencontro da Glória com o Bill...
Falando em Bill, será que ele vai precisar de transplante?

ContinuaAAa Susi... bounce
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Patty Back
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeQui Mar 17, 2011 11:54 pm

Gii Way escreveu:
Glória... Se você não se recupar agora. Pode deixar que eu mesma te mato e me certifico de que você esteja morta mesmo e não treinando pra morrer...

Susi... Cade o Bill, o Tom e o resto do povo???
Esqueçeu deles??? Sad

Eu quero o Tomi de volta pra estória e o mais rápido possível... u.u'

QUE SAUDADES FODIDAS DESSA FANFIC, MEU GOTT COMO EU SUPORTEI? bua
enfim essa loucura voltou.... aaaaaaah <3333333333

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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSex Mar 18, 2011 12:24 am

vamos deixar os comentários para depois. Mais um cap. Amo todas vocês, continuem lendo. Boa leitura!
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Capítulo 15 - Berço da Vida



2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Imagem2ow



Quando Valen abriu os olhos só conseguia pensar em quão maravilhoso era dormir numa cama comum para variar... e quanto era estranho. Havia se acostumado com o desconforto, e agora, estava numa espécie de clínica-hotel num king size tão macio quanto jamais poderia imaginar.
Ao olhar para o relógio, abriu a boca, pasmo. Eram quase 9 da manhã. Não dormia tanto desde o primeiro mês de faculdade, e estava tão cansado, que não ouvira o despertador. Ele se vestiu com roupas quentes, e com o jaleco em mãos, se encaminhou para o elevador.
Este estava vazio. Ele apertou o botão do terceiro andar, que se não estivesse enganado, era o andar da cantina. Em passos largos, mesmo encabulado, ele foi até o espaço, que se encontrava quase vazio. Era vergonhoso ter dormido tanto...
- Oi!
E ter encontrado justamente ela.
- Bom dia – Valen respondeu, passando uma das mãos no cabelo. Ester estava com um sorriso indecifrável no rosto, e duas xícaras em mãos.
- Por favor, não se sinta assim.
- Assim como...?
- Ainda não é pecado dormir, Valen. Mesmo sendo médico.
- É q-que eu...
- Eu sei.
- E a cama é...
- Maravilhosa? – Valen fez que sim com a cabeça, sentindo que estava corado.
Era sempre a mesma coisa. Não importasse o quanto era durão, somente duas pessoas no mundo inteiro o desmontavam.
Sua mãe e Ester.
- Vem, antes que o café deixe de ser servido.
O café era um banquete de manhãs. Tinha de tudo, e numa quantidade exorbitante, que deixou Valen ligeiramente incomodado. Afinal, ele estava acostumado a um copo descartável com um café amargo da cafeteira, e no máximo alguns biscoitos de água e sal.
A péssima alimentação e as horas intermináveis de trabalho o haviam deixado magro, com ombros ligeiramente caídos, o tiraram de forma, e no lugar deram olheiras fundas e olhos duros, frios.
Ele se sentou em silêncio, enquanto tentava não devorar as panquecas em seu prato. O sabor acentuado era como experimentar um pouco do paraíso gastronômico.
- E-então... – ele disse, por fim – vocês tratam os médicos como se fossem hóspedes aqui.
- É um dos segredos que Vic descobriu – Ester disse, olhando para fora – quanto melhor você trata quem trabalha pra você, mais ele trabalha melhor pra você. Simples, não?
- É um bom princípio.
- É claro que é... ahn, Valen...
- Fale.
- É sobre a Glória.
Valen parou de mastigar.
- Ela não passou muito bem à noite, e...
- Porque não...
- Não se exalta! – Ester estendeu uma palma em sua direção – por favor, deixa eu falar.
Valen bufou, confirmando com a cabeça.
- Foi só um susto, ela está bem agora. Mas... – Ester abraçou a si mesma – seguimos seu palpite. Foi feita uma tomografia 3D da placenta e do feto.
Ela o encarou. Valen detestou mais do que tudo ter visto seus olhos marejados.
- Não está... acontecendo como deveria.
- Como?!
- Nosso obstetra especialista está com ela agora.
- Ester...
- Valen. Houve uma ruptura.
Valen baixou a cabeça, sorvendo as palavras com dificuldade. Era um atestado de morte.
- Quanto?
- Ainda não sabemos, mas já está afetando certos órgãos. Há princípio de necrose na placenta.
Ele suspirou fundo, escondendo as duas mãos no rosto.
- Se tivesse acontecido mais tarde, se ela estivesse com uns 6 meses de gravidez dava pra suportar. Mas está cedo demais, e descobrimos tarde demais...
Ele negou veemente com a cabeça.
- Victor também não sabe quem vai decidir.
- Não temos que decidir.
- Valen, não dá. Desta vez, não. Se não escolher um deles, os dois vão morrer.
- Do que está falando?! – Ele levantou, explodindo de ódio – é claro que tenho que escolher a ela!
- Valen, por f...
- Está simplesmente me pedindo pra que eu autorize o que você e Victor não têm coragem. Sem a mãe viva e com infecções pelo corpo, o feto morre. Se o matarmos, retirando a placenta, e fazendo uma boa raspagem, depois quem sabe um dia ela não engravide outra vez, não?!
- Eu só comentei.
- Não, não só comentou. Vocês dois não jogaram na minha cara que ela era a responsabilidade de vocês quando chegássemos? Pois que cuidem de suas responsabilidades! Como se não soubesse que não sou capaz de decidir isso...
Então ele saiu correndo. Correndo de um passado de glórias, de tragédias, e de uma vida vazia, mas ao mesmo tempo tão cheia de remorsos, que havia se tornado insuportável.
Estava quase na porta, mas já chorava. Era difícil ser ele. Era...
Mas não era impossível.

Era estranho, mas havia saído com seu jaleco em mãos. Ele o colocou enquanto corria de volta, e secava os olhos compulsivamente. Seu cérebro havia gravado onde ela estava.
Seu irmão, Ester, e mais um médico estavam na sala. Glória estava cercada por eles.
- Então, vai ser o que? – Ele foi até a tomografia – vão tirar no cara ou coroa? Par ou ímpar?
- Não enche, Valen.
- Não fala assim comigo desde os seus 16 anos, maninho. Então, posso dar minha opinião pra salvar os dois?
- Se tiver algum... milagre na manga, fica à vontade.
- Poxa vida, obrigado! Quem está habilitado para uma cirurgia?
- Hã?!
- Isso mesmo que ouviu – Valen analisou a tomografia – segundo o exame, 15mls da placenta vazaram antes do corpo conseguir cicatrizar, ela já estava mal, a cicatrização não ocorreu bem, e inflamou. O líquido foi para perto do apêndice, ou seja, em poucas horas... os rins param e a infecção vai se espalhar pela corrente sanguínea. Ela vai ter febre alta e não vamos conseguir abaixá-la... a infecção vai matar os dois.
- Já sabemos disso. O que sugere?
- Cauterizar onde o corpo não regenerou e drenar todo o líquido que pudermos, e agora. Depois tratar com os antibióticos mais fracos e eficazes que tiver. Vamos ter um prematuro, agora é certeza, talvez um caso de 24 semanas.
- Isso é clinicamente impossível, nulo!
- É, eu sei. Mas que opção temos além de contar com o impossível?
- E a anestesia?!
- Alguma coisa vamos ter que arriscar. Ela está em coma, não vai sentir.
- Merda... – Victor disse entre os dentes, esfregando as mãos nas têmporas – tudo isso já começou errado mesmo...
- Estamos sem tempo pro discurso de ética, irmão.
- Ester?
- Fale.
- Chama dois auxiliares, e O’Hara pra anestesia. Começamos em meia hora.
- Vinte minutos – Valen o cortou, indo para a sala de esterilização – tic-tac, Vic.
Victor foi até Glória. Tudo o que mais queria no mundo era poder ver ela sair andando da sua clínica, com o filho nos braços, ou pelo menos se desenvolvendo bem no útero. Ele tocou levemente em seus cabelos curtos, a raiz castanha já aparecia. Ele olhou para o monitor do feto.
Duas vidas, e duas responsabilidades gigantescas. Devia ter sido advogado, pensou.


A tensão estava instalada. Fora à respiração alta de Gloria, e os aparelhos que acompanhavam o batimento cardíaco, todos evitavam falar. Victor e Valen faziam a primeira incisão, juntos, um auxiliando o outro. A infecção estava no início, mas já era possível ver a parte levemente necrosada na placenta. Victor sugava o líquido, enquanto Valen cauterizava.
- Deus... – disse baixo, enquanto todos os olhares estavam na mesma direção que ele.
A luz iluminava o berço da vida. Era possível ver o pequenino feto ali dentro, o cordão o ligando a mãe. Ainda era pequeno, mas possível de identificar braços, pernas, cabeça. Valen estava com a boca aberta por trás da máscara.
- Jamais tinha visto assim.
- Também... não – disse Victor, num sussurro, como se pudessem acordá-lo.
- Estou tocando num milagre. Observando um verdadeiro ato de Deus.
- É... lindo – Disse Ester – vai ser um filho maravilhoso, garota.
Foram três horas de cirurgia.
Uma cirurgia de sucesso.

Ester ficou monitorando tudo. Valen e Victor foram ao terraço. Estavam em silêncio, olhando pro céu acinzentado, sem se preocupar com o frio. Valer tirou um cigarro do bolso, e ofereceu ao irmão, que trêmulo, o acendeu e o tragou. Mesmo não sendo fumante, Victor precisava daquilo pelo menos daquela vez.
- Devíamos... classificar por nome essa cirurgia. Que tal, Valen?
- Jogada... de mestres. – Os dois riram.
- Dupla infalível.
- Sorte de principiantes!
- Essa ficou ótima!
- Glória.
- O que tem ela?
- Não, não. O nome. Glória, que tal?
- É um bom nome, Valen. Afinal... está sendo um dia de glória.
Eles voltaram a olhar pro céu. A neve parecia que ia ceder.
- Acha que vai ser menino ou menina? – Victor perguntou.
- Menina.
- E porque acha isso?
- O coração. Bate idêntico ao da Lara.
Victor sorriu, e apoiou no ombro do irmão, o agradecendo. Deixou-o sozinho, para refletir.
É por isso que não sou advogado, pensou. É justamente... por isso.

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ya, a clínica é um luxo só! Cool
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSex Mar 18, 2011 12:42 am

você não imagina como meu coração tava apertado quando eles estavam decidindo o que e como fazer!
respirei aliviada quando li a frase 'Uma cirurgia de sucesso.'

poxa.... poxa.... poxa.... se é pra ela viver, tirem o bebê. ele só ta causando complicação ._.
mas bem, depois dessa cirurgia, tudo ficou "bem" né? NÉ?
se eu entendi direito, foi isso ... hehe
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSex Mar 18, 2011 8:37 am

Fiquei tensa aqui lendo esse capitulo...
Ainda bem que a cirurgia foi um sucesso Smile
A Glória tem que ficar bem, e com o bebê, pra mim ela ainda tá viva por causa dele, ou dela...

ContinuaAAa... bounce
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSex Mar 18, 2011 5:09 pm

nem pisquei lendo esse capitulo de tão tensa o.o
suei frio com a decisão deles, mas ainda bem que deu tudo certo...
deu tudo certo né???
maais capitulos, ainda hoje que tal? :3
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSex Mar 18, 2011 8:54 pm

Ainda bem que deu tudo certo Very Happy

pelo menos isso, né!?

Tiiiaaaa, eu quero mais... Você tem mais pra postar? ^^
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSáb Mar 19, 2011 12:12 pm

OMG Susi vicê voltooou !! *---*
Cara, essa fic é incrivel mesmo ! Senti tanta falta disso...
Eu chorei nesse capitulo cara ! Ain, a Glória vai ficar bem, ela tem que ficar bem ! E o baby também ! Esperando o próximo, Susi diva <3
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeDom Mar 20, 2011 12:53 am

Patty Back-K escreveu:
você não imagina como meu coração tava apertado quando eles estavam decidindo o que e como fazer!
respirei aliviada quando li a frase 'Uma cirurgia de sucesso.'

poxa.... poxa.... poxa.... se é pra ela viver, tirem o bebê. ele só ta causando complicação ._.
mas bem, depois dessa cirurgia, tudo ficou "bem" né? NÉ?
se eu entendi direito, foi isso ... hehe
+1
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeDom Mar 20, 2011 5:19 am

SUSI, to de volta, desculpa não ter comentado antes :{
MAS ENTÃO... finalmente a fic voltou, estava morrendo de saudades dela *-*
Agora a Glória vai ficar bem, né, né, né, né?
Continua ^^
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeTer Mar 22, 2011 12:54 am

Nossa tenso esse cap., mas ainda bem que a cirurgia foi um sucesso.
Os dois devem estar bem agora.
Ainda bem que ele é um médico de sucesso, escolheu a profissão certa.
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSex Mar 25, 2011 7:10 pm

Tava com saudades da fic *-*

Patty Back-K escreveu:
você não imagina como meu coração tava apertado quando eles estavam decidindo o que e como fazer!
respirei aliviada quando li a frase 'Uma cirurgia de sucesso.'

poxa.... poxa.... poxa.... se é pra ela viver, tirem o bebê. ele só ta causando complicação ._.
mas bem, depois dessa cirurgia, tudo ficou "bem" né? NÉ?
se eu entendi direito, foi isso ... hehe

A Patty tirou as palavras da minha boca, fiquei super tensa quando eles ficaram sem saber o que fazer. E ainda mais na cirugia.
Espero mesmo que dê tudo bem, não vejo a hora da Glória acordar, encontrar o Bill, ee AH, anciosa.
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSáb Mar 26, 2011 3:01 pm

Por que todo mundo posta menos a tia Susi??? =/
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSáb Mar 26, 2011 8:52 pm

Gii Way escreveu:
Por que todo mundo posta menos a tia Susi??? =/
é uma boa pergunta Suspect
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSeg Mar 28, 2011 3:48 pm

O Susi pra que tanta demora, por acaso está tão atarefada assim?????????
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeSáb Abr 02, 2011 10:40 pm

Sussiii....
Cadê o capitulo ???
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MensagemAssunto: Re: 2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS)   2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Icon_minitimeDom Abr 03, 2011 5:41 pm

Eu demoro, mas eu posto!
Minhas amadas leitoras, este cap. foi intenso de escrever, confesso que chorei (afinal, isso ajudou para passar a emoção do personagem, Cris tá me achando muito emotiva, tenho meus motivos, essa semana está... ahhh....), quero saber quem derramou lágrimas também. E devo dizer, amei o fim arrebatador (aff Susi!) Enfim, escutem a música que eu deixo. Boa Leitura!


música - The Beatles, Yellow Submarine

____________________________________________________________________________________________________

Capítulo 17 - Lara


2º Temporada - Cuidado com o que você Realiza (CCOVS) - Página 17 Imagem11q


Então, o pior dia da vida de Valen Reither voltou.
Fora muito mais rápido que no ultimo ano. E mais doloroso.
Quando ele abriu os olhos, ainda estava na clínica de seu irmão. Ainda tinha uma paciente especifica para cuidar.
Tudo estava muito mais frio. Quatro metros de neve sob um céu em cinza-chumbo. Sua boca tinha gosto de ferrugem.
Ele estava mordendo a língua com força, até cortar. Não tinha reparado.
Com dificuldade, se encarou no espelho do banheiro, enquanto fazia a barba de dois dias. Por um instante, ele parou para analisar os vincos na testa, o leve bolsão que carregava em baixo dos olhos. Os mesmos olhos, tão frios, tão duros.
Sua paciente se resumia em uma palavra: estável.
Ele se resumia em uma palavra: Caos. Ou melhor, em duas: caos interno.
Respirar era tão difícil quanto carregar o mundo nas costas. De ombros inclinados, ele foi o primeiro a utilizar a cantina. Não sentiu o gosto das bolachas de mel, nem o calor do café. Tinha medo. Como sempre tinha, todos os anos desde que aquele dia chegara pela primeira vez. Mas o tempo continuou a correr mesmo assim, sem controle por seus dedos.
Faziam 7 longos anos, e agora, completavam 8.
Oito anos sem sua pequena Lara.
Valen fez um esforço, e pegou sua carteira. Lá no fundo dela, sobre a proteção de um saco plástico, tinham 5 fotos, gastas pelo tempo. Ele colocou uma a uma em cima da mesa. Era o único momento, o único dia que se permitia chorar, ser fraco. Ser um pouco humano.
Primeira foto: Lara recém-nascida, no colo dele. Ela estava no mundo fazia dois minutos, e mesmo ainda usando luvas cirúrgicas do parto, Valen registrou o momento. Fizera o parto da própria filha, na sua última missão de paz como agente da Cruz Vermelha. Lara havia acabado de nascer na África do Sul.
Segunda foto: uma orgulhosa mãe chamada Ester está sorrindo. Atrás de si, uma árvore de natal de 3 metros. Ela ajuda um bebê de dois anos a se levantar e olhar para a foto. Lara estava registrada com a boca aberta, e uma touca do papai-noel.
Terceira foto: Lara, com três anos. Está perto do carvalho do quintal, é verão. Estava distraída com uma borboleta, quando seu pai chamou seu nome, e tirou a foto. Tinha cabelos tão loiros que tinham mechas brancas, e olhos de um azul-acinzentado, como o pai.
Quarta foto: ainda com três anos, na frente de um canteiro de obras, no ombro de seu tio, Victor. A clínica de Victor estava sendo construída, e ela achava um máximo estar usando um capacete de pedreiro vermelho. Estava toda de branco.
Quinta foto: duas semanas antes de acidente. O cabelo dela finalmente começara a escurecer, para um louro médio. Ainda tem grandes olhos, o sorriso torto da mãe. Está segurando um gato no colo, imitando sua expressão de sono, sentada na cama de seu quarto.
Valen está soluçando, lembrando de cada momento. Ele recolhe as fotos com dificuldade, guarda a carteira, e sai da cantina. Antes de sair, Ester e Victor estão vindo a seu encontro, mas ele não parar. Não naquele dia. Ele não quer falar com ninguém.
Ele pega a estrada, com o carro do irmão. Seus olhos estão turvos, ele balança o corpo para frente e para trás. Céu celular toca incessantemente, ele morde o nó do dedo indicador da mão esquerda. Tem dois lugares para ir. Dirige por três horas, até chegar na primeira parada.
Sabe que Ester vai chegar logo, mas ele queria estar ali antes. Estaciona o carro do outro lado da rua, e vai até a floricultura da esquina. Compra um buquê de margaridas brancas, ainda está chorando. A vendedora, já acostumada com aquilo, dá um sorriso consolador.
Não está mais nevando quando ele entrou no cemitério. Há uma área especial para crianças, chamada Pequenos Anjos. Seus pés afundam na neve, mas ele sabe exatamente onde deve ir. Décima quarta fileira, quinto túmulo, da esquerda para a direita.
Ele chega, sentindo dificuldade para respirar. Uma canção antiga toca em seu coração, e ele pega o celular, a deixa tocar, tomando conta do silêncio. Yellow Submarine, dos Beatles, foi a primeira canção que Lara havia aprendido a cantar. Depois que aprendeu, não havia um só dia em que não fosse tomar café cantando-a, balançando a cabeça de um lado para o outro.

We all live in a
Yellow Surmarine
Yellow Surmarine
Yellow Surmarine


Ele cantou o refrão, enquanto limpava a lápide da neve. Lá estavam as datas de nascimento e de falecimento. Lara Reither. A mesma foto dela segurando o gato ali, em um zoom de seu rosto. “Ao pequeno anjo que partiu tão breve”, a frase que Victor havia criado.
Mais uma vez, ele calculou sua idade. Estaria entrando na adolescência. Será que seus olhos continuariam imensos? Ela teria cortado o cabelo, feito mechas vermelhas? Estaria usando batom de cereja, teria furado as orelhas? Já teria sua primeira paixonite? Teria ainda o mesmo sonho, de ser médica?
Para Valen, aquelas perguntas sempre existiriam daquela mesma forma: sem resposta alguma. A música terminou, e ele colocou o buquê na frente da lápide.
- Você sempre gostou dessas. É, eu sei... sempre trago margaridas, mas você sempre gostou tanto... – sua voz falhou, ele tossiu para continuar. – Lembra dos buquês que fazia na primavera? De como a vovó gostava deles? Você lembra... – ele assoou o nariz. Olhou para o céu antes de continuar – lembra da última coisa que me disse?... Eu só queria que você soubesse, meu amor, que eu continuo com a promessa. Ainda salvo vidas. Sabe eu... estou cuidando de uma moça que tem um bebê dentro dela. Todo mundo me disse que ela não ia conseguir, mas eu nunca desisto da promessa que eu fiz pra você. Eu vou salvar todo mundo que eu puder.
Ele tocou na foto. O vento voltou a ficar forte.
- O papai te ama, tá? Hoje, e sempre, e sempre, e para todo o sempre. Você foi a melhor coisa que me aconteceu, e não tem um dia que eu não lamente por não ter chagado mais cedo.
Ele não conseguiu mais falar. Chorou com todas as suas forças por quase uma hora, antes de conseguir se controlar e finalmente ir embora.

Ele foi até a segunda parada, há meia hora dali. Na entrada do condomínio, ele mostrou sua antiga identificação como proprietário do único lote não utilizado. O guarda o reconheceu, como todos os anos.
Valen tinha comprado uma casa num condomínio recém-inaugurado, quando Lara tinha três meses de vida. Era uma casa vitoriana de dois andares, e um ático de toda a extensão dela, a biblioteca. Foram os melhores anos de sua vida. Amava voltar de missões com o táxi, e sua pequena Laura sair correndo de casa para o receber.
Até aquele inverno.
Ele voltava de um mês longe, onde havia ficado responsável por um hospital militar no Vietnã. O mal-tempo do inverno atrasara seu voo em quase duas horas. Ele estava dentro do táxi, só imaginando as broncas que receberia de Ester e Lara. Faltava pouco para o natal, ele tinha de estar em casa. Sorriu ao imaginar Lara, tentando fazer cara de brava.
Seu sorriso se apagou quando chegou na esquina, e viu altas nuvens de fumaça, na direção da sua casa.
Lhe disseram que fora um curto-circuito com o aquecedor. O fogo começara na sala, explodira o aquecimento na cozinha, e tomou conta do andar de cima em minutos. Ester estava do lado de fora, e correra, mesmo contra as chamas, para tirar Lara de lá. Quando ele chegou, e viu horrorizado sua casa estar sendo consumida pelo fogo, sua família já havia sido levada ao hospital, com vida.
Victor tentara acalmá-lo quando ele chegou no pronto-socorro, mas ele ultrapassou todos os limites. Haviam acabado de ressuscitar Ester, com queimaduras no pulmão, e nas mãos.
Mas havia Lara.
Ao entrar na UTI, Valen preferiu ter entrado no inferno. Sua pequena Lara estava respirando com ajuda de aparelhos. Havia se trancado dentro do armário com seu gato quando o fogo invadira seu quarto. Todo o lado esquerdo do corpo tinha sido carbonizado, e seu rosto estava coberto por uma máscara branca, que ajudava a esfriar a pele - uma crosta negra de carne humana queimada, e o que havia restado do pijama.
Sem sentir as pernas, ele caminhou até ela. Ficou ao lado dela durante uma hora, se sentindo o homem mais impotente do mundo. Nada mais poderia ser feito, ou poderiam aumentar sua dor. Ele nem mesmo podia imaginar a dor que ela sentia, mesmo com a alta dose de morfina sendo aplicada.
Ela acordou, pouco antes de morrer. O chamou.
- O papai está aqui, querida.
- Pap-ai... meu gato...
- Eu vou comprar outro pra você. Você vai ver só, você vai ficar bem, e eu vou reconstruir a casa, e nós vamos voltar a ser felizes, e... – ele parou. Estava iludindo a si mesmo.
- Porq... está tudo es-c-curo?
- É só vontade de dormir. Pode dormir agora. Sonhe com coisas boas, eu vou ficar aqui cuidando de você.
- A m-mãe... vai cuidar dela...
- O tio Victor está cuidando dela.
- Voc... pai... por fav... promete.
Ele chegou mais perto. Pôde ver que ela chorava pelo seu olho que a pele derretida não havia carbonizado.
- Que vai... n-não vai deixar ela dor...mir. Nem ningm...
- Eu prometo. Prometo pra você Lara, que... – Ele engoliu o choro – que nunca mais vou deixar ninguém morrer. Eu vou salvar todo mundo, pelo que eu não pude fazer por você.
- Pap... você salvou... sempr...
Ele cantou Yellow Submarine, enquanto os aparelhos paravam de medir a pulsação dela, enquanto ela parava de respirar, enquanto a vida deixava lentamente seu corpo. Foi Valen que a colocou no mundo. E foi ele que colocou o lençol em cima dela quando faleceu.
Ester ficou internada por 8 meses. Ele nunca mais reconstruiu a casa. Quando ela voltou, o casamento se deteriorou até terminar por completo. Valen nunca mais achou um motivo para ser feliz, e se dedicou 100 por cento ao trabalho. Ester se casou com seu irmão dois anos depois. Valen nunca teve raiva do irmão, e estava até tranquilo de saber que ela seria bem cuidada. Havia perdido todo o amor que sentia por Ester.
Havia perdido o amor que sentia por si mesmo. E pela vida. E estava frio demais por dentro para mudar isso.
Ele deu duas voltas entre o que havia restado da casa, como fazia todos os anos. Sabia que à noite, sua mãe ia ligar para ele, o único dia em que falavam sobre Lara. Sabia que não ia dormir pela semana seguinte, e que ia arrastar sua existência até o ano seguinte.
Só não esperava um sedã preto, com dois homens fora dele, o esperando quando ele voltou à calçada.
Imediatamente sentiu-se ameaçado. O mais alto deles chegou bem perto, até ficar ao seu lado, enquanto o outro tirava um papel dobrado do bolso.
Os dois lhe lembravam atores de filmes de espionagem.
- É o doutor Valen Reither? – O que estava com o papel nas mãos perguntou, ríspido.
- E quem quer saber?
No instante seguinte, sentiu que o mais alto deles lhe algemava. Fora tão rápido, que ele não teve tempo de reagir.
- Mas o que...
- O senhor está preso. E tudo o que disser será levado contra o senhor no tribunal.
- Mas que porra é essa?! – O que lhe havia algemado o empurrava para o carro.
- Isso é uma ação do FBI, doutor Reither.
- Porque...
Então, se lembrou automaticamente de Glória. Não. Preciso falar com o Victor.
- Pelo sequestro de Glória Santos. E por favor, não finja surpresa.

__________________________________________________________________________________________
Feliz por ter finalmente esclarecido a história de Lara, Valen, Victor e Ester
E aí, como ficou o final?? Oo
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