Hallo liebes!!
Obrigada pelos comentários e a atenção. *-*
Aqui vai o primeiro capítulo. Tomara que gostem!
Boa leitura! Aquele era o meu segundo dia na Alemanha para o intercâmbio. Eu já sabia alemão o suficiente, mas quis fazer a viagem mesmo assim. Afinal, eu sempre quis conhecer a Alemanha, mas que qualquer outro país. Era como se algo me chamasse para lá, como se eu soubesse que meu destino estivesse esperando bem ali por mim.
Apesar de ser verão na Europa, o dia não era dos mais quentes e eu estava vestida com uma jaqueta de couro preta, minha favorita. Eu não admitia nem para mim mesma, mas a verdade era que eu estava perdida há mais de uma hora, procurando certa livraria.
Parei numa esquina movimentada, olhei o semáforo, verde para o trânsito. Aproveitei e retirei o mapa da bolsa pela milésima vez, como se dessa vez eu fosse conseguir de alguma forma me encontrar naquele monte de linhas que me faziam sentir num labirinto. Havia outras pessoas na mesma esqina que eu, esperando o sinal fechar. Dois garotos ao meu lado atravessou e sem pensar muito eu atravessei com eles.
As últimas coisas das quais me lembro foram:
Um barulho alto e agudo...O inconfundível som de uma freada brusca.
______________________________________________________________
Tinha a sensação de que tinha dormido por muito tempo e minha mente estava confusa. Abrir os olhos parecia um desafio e, além disso, eu tinha medo do que eu iria ver. Então senti tecidos sobre meus braços, lençóis. Havia um barulho irritante, e regular, parecia vir da minha direita... Um cheiro conhecido, mas não muito familiar. Havia uma voz masculina, porém doce e angelical, falando sobre seguros e processos. A agradável voz era alemã.
Então tudo veio à tona a minha mente, e em menos de um segundo eu compreendi tudo, e aquele maldito cheiro... Cheiro de hospital!
Abri os olhos imediatamente, já sabia o que iria ver. Pisquei rapidamente com a intensa luz vinda da janela. Parecia um sol matinal. Abri os olhos novamente e as coisas foram tomando formas e sendo reconhecidas progressivamente.
O ‘bip’ constante vinha de um monitor ao meu lado que indicava meus batimentos cardíacos. Havia um pequeno sofá abaixo da janela pela qual só se via o céu. A minha esquerda uma silhueta comprida e magra balançava-se nos próprios calcanhares. Tinha um cabelo preto extremamente espetado. Estava de costas e parecia estar mexendo em algo. Ele se virou ainda sem me notar acordada. Então fiquei observando-o. Tinha um rosto de traços perfeitos, uma pele imaculadamente branca, olhos intensos meticulosamente maquiados, parecia ter sido esculpido em mármore. Suas roupas eram totalmente pretas, desde o excêntrico casaco com tachinhas à bota de couro com salto alto. Estava mexendo rapidamente no celular, mandando um SMS talvez. Ele era tão perfeito que me esqueci de perguntá-lo quem era, ou o que tinha acontecido comigo.
Ele levantou o rosto ligeiramente para mim, e ia olhando de volta para o celular, mas parou exasperadamente e quando finalmente percebeu que eu estava encarando-o tropeçou para trás assustado e deixando o celular cair.
- Olá. – Eu disse antes de qualquer coisa.
- O..Oi... Éhh... Eu não percebi que você já estava acordada...Umh...
- Tudo bem, eu acordei agora. – Eu o interrompi.
- Oh...E como você está se sentindo? – Ele me perguntou se aproximando de mim parecendo realmente se importar. Eu não sabia exatamente o que responder, porque ainda não tinha parado para pensar sobre.
- Dolorida... cansada...entediada? – Disse percebendo cada sensação imediatamente. Ele riu baixinho, uma risada confortadora e pura como a de uma criança.
- Eu posso chamar a enfermeira pra lhe dar mais analgésicos para as dores. Quanto ao cansaço, o médico pediu pra que você descanse o máximo possível... E o tédio... – Ele sorriu, provavelmente imaginando coisas divertidas. – Bem, você terá alta amanhã pela manhã, se estiver tudo ok nos seus exames. Mas enquanto isso... Só temos aquela TV – disse ele apontando para a TV suspensa perto da porta.
- Nós podemos conversar, não podemos? – Eu lhe perguntei naturalmente, ignorando o controle remoto que ele estava me dando. Ele pareceu surpreso com a minha sugestão, mas ao mesmo tempo satisfeito.
- Claro. – Ele sorriu e se sentou na beirada da cama.
- Ok. O que aconteceu comigo de verdade? Eu não lembro muito bem, mas acho que foi um atropelamento, não é? E.. E você? Quem é você? Eu não me lembro de te conhecer... Você não trabalha no hospital! E o que você...Por quê você tá aqui comigo?
Ele riu mais alto dessa vez, sua calorosa risada pareceu envolver todo o quarto.
- Calma aí ou eu não vou conseguir responder todas as suas perguntas na ordem. – Ele disse sorrindo, depois respirou fundo e sua feição logo ficou séria. - Você foi atropelada. Você atravessou a rua sem olhar o sinal e meu irmão, Tom, que estava dirigindo, vinha muito rápido...Como sempre... – Ele revirou os olhos e continuou.
[Flashback on]
- Por quê você sempre tem que mandar em tudo? Você não pode controlar o quiser sabia? – Resmungou em voz alta o que estava dirigindo.
- Tom!? Eu não estou controlando nada! Mas você tem que me ouvir e aceitar que a minha idéia é melhor!.... – Rebateu o outro com ar de confiança e indignação, desviando o olhar para as fachadas das lojas que passavam rápidas demais para serem distinguidas.
-Ah claro. Suas idéias sempre são as melhores, não é? – Sorriu cinicamente o outro olhando distante.
- Não seja sarcástico! Você sabe que eu odeio essa sua ironia! A música não terá aqueles riffs no refrão e acabou! A música é sentimental demais! Precisa de algo mais romântico, será o Georg no piano e pronto! – Gritou o de cabelo espetado para o motorista, esperando que a conversa acabasse por aí.
- Que romantismo o quê... Essa música vai ficar parecendo coisa de emo se tiver a droga do piano! – Gritou de volta o rapaz com tranças, enquanto dava um murro no volante.
- Droga é essa maldição de Hip Hop que você não pára de escutar desde que saímos de Hamburgo há horas! Desliga essa porcaria agora! – Disse o mais magro procurando o botão ‘on/off’ no painel.
- Tiiira a mão daí! – Avisou o mais musculoso bloqueando o rádio com a mão, e desviando a atenção da pista. Enquanto o outro ainda tentava desligar o som ele olhou para frente...
- TOOOM!
[Flashback off]
- ...Então eu saí do carro, logo depois veio o Tom. Você estava desacordada e machucada, ele chamou a ambulância e... aqui estamos nós. Sinto muito. Nós estamos fazendo o possível pra... pra você ficar melhor logo e.... Ah sim, nós não encontramos nenhum documento com você, nós não sabíamos como...
- Oh sim, eu os deixei no Hotel. Ah, e eu me chamo Victoria... Victoria Smith. E você é?
- Bill Kaulitz! – Ele disse animado demais para uma apresentação. – Faz tanto tempo que não ouço essa pergunta... As vezes é um saco ser famoso, mas na maioria do tempo é legal!
- Hmm...Famoso? – Perguntei confusa.
- É, eu tenho uma banda, Tokio Hotel. Você não é daqui, é?
- Não. Sou brasileira. Vim fazer intercâmbio.
- Ah, sim.Você vai ficar muito tempo na Alemanha?
- Seis meses... – Eu fui tentar me levantar, mas um dos meus pés parecia feito de pedra, eu descobri o lençol na mesma hora e constatei meu pé esquerdo engessado. Então reparei que meu abdome também estava rígido. Eu me tateei por cima da camisola do hospital e senti meu tórax enfaixado. O tal de Bill falou alguma coisa que eu não ouvi muito bem sobre paráchoques, eu estava perplexa demais por estar tão machucada. Meu rosto! Eu praticamente bati na minha própria face à procura de machucados. Respirei aliviada quando senti minha pele intacta.
– Não se preocupe com seu rosto. Não houve nada com ele, continua perfeito. Você bateu a cabeça, mas não foi nada muito grave, torceu o pé e quebrou algumas costelas, mas é só. – Ele tinha uma cara de pesar e culpa tão sincera que fez com que eu não o atacasse com mais outra enxurrada de perguntas.
- Merda. – Eu não pude resistir. Estava longe de casa, longe de qualquer amigo, parente, qualquer conhecido que fosse, toda machucada... Pequenas lágrimas escaparam pelo canto dos meus olhos. Mas não eram de tristeza, era frustração e irritação juntas. Eu era o tipo de pessoa que quando se enfurecia chorava de raiva.
- Victoria, me desculpe por isso. Não era nossa intenção te...ferir. Nós iremos te ajudar com o que você precisar, tá bom?
- Tudo bem. Foi um acidente. Deixa pra lá. – Respondi tentando me acalmar.
- Umh... Meu irmão, Tom. Ele me ligou há alguns minutos, ele estava tentando descobrir coisas sobre você. E resolvendo alguns problemas com a polícia e o seguro do carro. Eu vou ligar pra ele, e avisar que você acordou e que já sabemos quem é você. Se precisar de qualquer coisa, pode me chamar. Okay?
- Okay. – Ele saiu para o corredor, e eu liguei a TV e deixei em um canal de desenhos. Quando dei por mim, a TV já estava desligada, e o sol pela janela anunciava um fim de tarde. Eu me sentia uma ursa hibernando no inverno. Dormia por horas, e sentia como segundos.
Dessa vez não havia mais ninguém no quarto. Meu estômago roncou alto. E eu percebi o quão faminta estava. Coloquei minha pernas pra fora da cama, e o controle remoto que estava ao meu lado caiu no chão antes que eu percebesse. Senti-me sendo observada, olhei para as persianas do corredor e realmente havia alguém me olhando do lado de fora.
____________________________________
E aí, o que acharam?
Palpites para quem é que estava observando ela?
atéparecequeninguémdesconfia... Küsse!