40
Salamandra de Fogo
Oi galera! Antes que voltem me cobrar, hoje é meu último dia de férias, então vai demorar mais, ok? Jac, quanto a sua pergunta se a Pandora é má, vai ter que descobrir... Gabii, bem vinda a fic, obrigada pelos elogios! Quem quer saber o que estava arranhando Louise?? Vocês nem fazem idéia do trabalho pra achar essa foto meo! Oo Boa leitura!_______________________________________________________________________________________________________
Louise estava pronta para gritar ao sentir a unha cravar em seu calcanhar. Sem fôlego nem saliva, ela sentia aquele fogo estranho voltando a queimar dentro de si, sabendo que sua única alternativa seria levantar o cobertor e ter coragem de ver o que a arranhava. Aquilo começou a se mover rapidamente, como se fosse uma salamandra de fogo. Quanto mais puxava o cobertor, mais sentia aquilo mover-se em direção a seu rosto. Parecia uma criatura pequena, e mesmo assim muito afiada.
Quando ela levantou o cobertor, não viu nada, somente seu próprio corpo. Achou estranho de início, mas logo passou a sentir a estranha ardência na mão esquerda... lá estava a pequena salamandra, pendurada entre seus dedos, com dois filetes de fumaça saindo pelas narinas, olhando diretamente para ela. Do cabo ao rabo devia ter uns 30 centímetros, e não pesar mais de 400 gramas. Mas só pela espessura de suas presas tão afiadas quanto uma espada, Louise soube que aquele estranho ser poderia fazer um grande estrago. Então, ele espichou o pescoço e abriu as finíssimas asas, e ela pode ver que ele tinha uma fenda incandescente perto da laringe.
Ela prendeu a respiração. De tudo que conhecia sobre animais que tinham laringe fendida e incandescente, ela sabia de uma coisa: estavam extintos há séculos.
- Não é possível... – ela sussurrou. O pequeno dragão pulou para seus joelhos dobrados e ficou encarando-a, logo depois escancarou a boca, mostrando dentes afilados e ultra brancos. E mesmo assim, parecia sorrir pra ela. Ela retribuiu.
- Mas de onde você veio? – disse Louise, sem saber se ele entenderia. O pequeno olhou para baixo, grasnando. Ela desceu da cama e acompanhou a direção... o assoalho tinha uma das tábuas marcadas por dentadas pequenas e potentes. Ela colocou a mão lá dentro, e tudo que teve coragem de sentir foi a casca de um grande ovo partido. Olhou em direção a cama. O pequeno a olhava com curiosidade, ainda sorrindo de forma estranha.
Como se sempre tivesse me conhecido, ela pensou.
- Isso é impossível! – Ela quase gritou, fazendo algumas das colegas de quarto de revirarem na cama. – Está com fome? – ela voltou a sussurrar. O pequeno abriu e fechou a boca três vezes.
Ela sabia que sair do quarto na calada da noite era expressamente proibido, mesmo assim o fez, teve o cuidado de envolver a mão direita que segurava o pequeno para não se arranhar, a mão esquerda e o calcanhar estavam lanhados.
- Faça silêncio, por favor.
Tentando se esquivar pelas sombras, Louise foi em direção à cozinha da escola. Acendeu uma lamparina e foi até a dispensa, para encontrar algo para o pequeno comer.
Mas o que será que ele come? Pensou.
Ela pensou nos dentes afiados dele, só podia significar uma coisa:
Carne.
Foi direto nas conservas de sardinha, e pegou uma ainda lacrada. Foi só ele sentir o cheiro que se espichou todo, abanando o rabo, e quase derrubando a lamparina de cima da mesa. Ela abriu o pote e colocou meia sardinha em cima de um prato. Não deu tempo nem mesmo dela piscar, o pequeno engoliu o pedaço, triturando os ossinhos com os dentes em poucos segundos. E pelo visto, queria ainda mais.
Em dez minutos, ele acabou com uma conserva. Até mesmo deu um forte arroto, e Louise teve de se segurar para não gargalhar.
- Você é muito lindo. E fofo. Precisa de um nome.
Ele olhou para ela, e logo depois se precipitou chão abaixo, numa sombra. Ela se levantou de imediato, mas não deu tempo de fazer alguma coisa.
- Mas o que está fazendo aqui?! – A voz de Hatsumomo a fez arrepiar.
Na corte francesa, a morte de Nathalie por um filho da escuridão já havia se espalhado. Ninguém mais sentia aquela segurança tão prometida pelo Rei, e as investigações prosseguiam, os caçadores trabalhavam afinco por alguma pista. O que ninguém sabia era que o assassino estava entre eles.
Mas Georg tinha consciência deste fato. Ele não podia se manifestar, tinha de saber o objetivo de Bill sem espantá-lo para longe. Mas tudo lhe dizia que tinha haver com a realeza, principalmente com o herdeiro ao trono.
- Como estamos indo nas investigações, senhor Listing? – O Rei o perguntou em uma das salas de estratégia. Bill estava com Gustav e mais dois soldados analisando mapas a doze passos de distância, e mesmo assim ouvia a conversa claramente, usando de sua sensível audição.
- Até agora, tudo o que sabemos é que é um fantasma. Ele não queria que ela se transformasse num deles, afinal lhe secou todo vestígio sanguíneo, estava atrás de alimento. Usou de seu truque para atrair mulheres, possivelmente a teve antes de matá-la, típico desses malditos.
- Então, achas que ele só se alimentou e foi embora? – O Rei não conseguiu disfarçar o temor em sua voz.
Georg olhou por cima do ombro. Bill estava totalmente concentrado nos mapas, mas ele sabia que ele podia ouvir.
- Eu sei que ele está entre nós. Mas não importa, eu mesmo vou pegá-lo e estraçalhá-lo até os ossos.
Bill lhe dirigiu um olhar mais rápido que um segundo, mas este só transmitia uma coisa:
Venha, pode tentar. Estarei esperando. Lá fora as damas apreciavam uma partida de críquete, esporte recém-chegado da Bretanha. Entre elas, Christine exibia toda a sua beleza e esplendor, os olhos de esmeralda cintilando por baixo da sombrinha que a protegia dos raios solares. A todo instante, Andreas lhe diria um olhar, acompanhado de um sorriso. Ela sabia o que provocava nele, e quais eram seus pensamentos. Mas só de pensar do que teria de fazer no futuro próximo, certa ânsia lhe tomava.
- Sabe, minha cara – a Rainha lhe dirigiu a palavra no ouvido – percebo que meu rapaz está lhe transmitindo muita atenção.
- É mesmo? – e ela era excelente em bancar a inocência.
- Sim! Não vê, todas as jovens candidatas se mordem de ciúme por saber que você é naturalmente superior. E claro, tens minha admiração.
- É realmente uma honra, Vossa Majestade.
A Rainha lhe sorriu. Logo depois, Andreas marcou o ponto final da vitória, e todas aplaudiram bravamente o herói da partida. Com os cabelos loiros batendo no rosto, ele foi até a mãe e beijou sua mão.
- Dedico a vitória a ti... – virou-se para Christine, e com o coração aos pulos, beijou sua mão. O sangue quente dele a fez vibrar – e a você.
- Muito obrigada, vossa Alteza, não há outra maneira de me honrar ainda mais.
Tu que pensas, ele pensou, sorrindo.
É... tu que pensas, pirralho insuportável. Draculea estava acompanhado de mais cinco de sua espécie ao chegar nos portões do Castelo do Leste. Se pudesse demonstrar alguma emoção por estar ali, ele demonstraria. Tudo em volta continuava congelado, menos a torre, onde o sol que não os feria estava batendo, fazendo cintilar, como se fosse um grande diamante reluzente. As águas que circundavam o lugar já rachavam o gelo que as cobriram por oito séculos. Ele tocou nos portões de ferro sem se preocupar com o frio cortante. Ainda não tinha autorização para entrar, mas podia senti-la ali, ainda adormecida, esperando por ele, com a mesma lágrima congelada no rosto, e os olhos lindamente irreais ainda entreabertos. Ele sorriu ao imaginar como seria o tão esperado reencontro.
Os ventos ainda sopravam. O segundo Grande Sino do Leste ainda não tinha forças para badalar, mas isso aconteceria em breve.
E eu estarei aqui, esperando por ti. Mas antes, preciso que meu aluno a traga para nós, só assim serás livre, minha eterna amada...