Que isto não seja um flood Oo
boa leitura ^^música - Adelle, Rolling in The Deep
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Vingança - Parte 1
Há um fogo que começa no meu coração
Chega a dar febre, está me trazendo para fora da escuridão
Finalmente eu posso ver você cristalino
Vá em frente e me venda e eu vou jogar sua merda nua Christine e Gustav ainda estavam acordados na madrugada, se perguntando onde Bill poderia estar. Depois do baile, ele simplesmente evaporara no ar. Christine tentava, mas não conseguia sentir a sua presença como antes.
- Ele está louco... fora de si!
- Acalme-se, Gustav. Ele vai aparecer quando tiver de aparecer.
- Christine, será que não entende?! Nada aconteceu como o esperado.
- A vida não é assim?
- Você nem mesmo está totalmente viva p...
Ele se arrependeu no segundo seguinte. Os olhos dela ficaram vazios, e sem cor. A única forma que tinham de chorar. Gustav foi até ela, pegou seu rosto com as mãos, sentindo toda a frieza que ela transmitia.
- Desculpe... por favor, me perdoe.
- Não foi culpa minha – ela disse, num riso amargo – nunca é culpa nossa.
- Eu não quis...
- Se disse é porque queria.
- Eu não devia ter...
A voz dele foi cortada outra vez. Os dois olharam um para o outro, depois para o relógio.
Ainda faltavam quinze minutos para as duas da manhã.
Mesmo assim, o sino no campanário tocava.
Num átimo, Christine foi até a janela, e Gustav foi atrás.
- Não... não! – Gustav gritou, colocando a mão na boca.
- Ele tocou o próximo sino. Vlad vai avançar até Pandora...
- O que você fez, Bill... porque...
Veja como eu deixo com cada pedaço de você
Não subestime as coisas que eu vou fazer
As meninas chegaram animadas, ainda rindo, e conversando. Louise mal teve tempo de descer da carruagem, uma das servas estava no portão, a esperando. Torcia uma mão na outra, o rosto estava com uma expressão séria, nervosa.
O frio na espinha voltou no instante seguinte.
- O que aconteceu?
- Louise, a senhorita Bordeaux precisar falar-te. Com urgência.
- Certo. Danielle tenha uma boa noite, imagino que vou demorar.
- O que está acontecendo, Louise?
- Vá, eu lhe suplico.
Louise as deixou, correndo pelo gramado molhado pelo primeiro orvalho, sentindo que por mais que puxasse o ar, seus pulmões pareciam explodir pelo esforço.
O esforço de subir as escadas com seu longo e pesado vestido fizeram suas pernas doerem. Não sabia porque, mas o coração doía. Abriu a porta do quarto de Aría sem pedir.
E estancou.
Tudo estava revirado. Parecia que o mundo havia ficado de cabeça para baixo, sacudindo tudo ao seu redor. Os livros misturados com as cinzas na lareira, as plantas jogadas, terra nas cortinas. Os canários...
Todos mortos e ensanguentados.
Ela reprimiu um soluço, com os olhos marejados.
- Faz ideia do que fez?
A voz entrecortada e fria de Aría a alertou. Sua instrutora apareceu perto dos vitrais, somente o contorno de seu corpo era visto.
- Eu fiz o q...
- Agora, eu nunca mais... nunca mais vou poder voltar. E nunca mais vou poder ter meu filho. Meu Gustav!
- Eu não compreendo.
- Não? – Ela copiou seu tom de voz, e soltou uma gargalhada ferina – então me digas porque aceitaste o pedido de um caçador?
- Ele foi o único que foi até mim a noite toda – ela defendeu-se.
- Tu estavas tão cega que nem notou Bill lá.
Louise sentiu as pernas vacilando, as têmporas quase arrebentando de dor.
Ele estava lá...
- Agora, tudo mudou. – Aría chegou mais perto. Ela pôde ver sua maquiagem borrada, os olhos vidrados – por sua causa.
- O que eu fiz?
- Aceitou ser de um traidor. Foi o que fez.
- Eu não tinha consciência...
- E agora, Hórus já foi.
- O... que?!
- Foi. Esperava por ti. Iria ir embora esta noite, e em dois meses... minha maldição seria anulada. Mas tu, por tua causa, tudo está perdido!
- Eu não queria! Eu não sabia que estava fazendo...
- Não adianta chorar! – A voz dela reverberou no ambiente – aceite suas consequencias. Saiba que desgraçou muitas vidas hoje, inclusive a sua. O que me serve de consolo.
- Aría...
- Por mim, que tu saibas se virar daqui por diante. Não sou mais tua tutora.
Louise caiu sobre o chão, não podendo mais conter os suspiros. Negava compulsivamente com a cabeça.
- Sabe o que é pior...? Hoje, Bill, enlouquecido, tocou o próximo sino. Ele não só permitiu que Vald avançasse, como deu um sinal: vai se confrontar com Georg.
Ela ergueu o olhar, enquanto lágrimas explodiam de seus olhos.
- E adivinhe quem vai perder.
Ela recuperou o resto de forças que tinha, e saiu correndo. Tinha que sair daquele lugar tinha que pegar o primeiro cavalo que encontrasse, para impedir Bill de fazer uma loucura daquelas proporções. Mas ao chegar do lado de fora, a única coisa que viu foi à lua no céu, e uma muralha intransponível, a separando do mundo.
E ela sabia que não podia ultrapassar.
O desespero foi crescendo dentro de si, enquanto seu corpo tremia compulsivamente.
Ela quase podia ver o homem que amava, e que não via há anos morrer. Por sua causa. O que seria dela no futuro, já que ela mesma havia o destruído?
Minutos depois, quando várias servas a tentavam colocar para dentro, ela ainda gritava, e se debatia.
As cicatrizes do teu amor me faz lembrar de nós dois
Me mantém pensando que nós tínhamos quase tudo
As cicatrizes do seu amor me deixam sem fôlego
Eu não posso deixar de sentirNós poderíamos ter tido tudo
Rolando no fundo
Você teve meu coração e alma
E você tocou
Para a batida
Christine e Gustav estavam discutindo qual seria a melhor forma de se explicar para todos, quando Bill apareceu na janela, os assustando. Christine procurou por qualquer traço de sanidade nele.
Não encontrou nenhum.
Ele estava sem o paletó, e gotas de suor brotavam de sua testa. Ofegava. Os olhos estavam com uma placa escura ao invés da cor. E não conseguia fechar a boca, com as presas projetadas para fora desta.
- Onde esteve?! – Christine disparou, ficando instintivamente na frente de Gustav. Não sabia se Bill poderia atacá-lo, para se alimentar. – Bill!
Ele fitava o vazio. Encolheu os ombros.
- Fui derrotado por ele...
Aquela definitivamente, não era sua voz.
- Por quem...?
- E ele nem mesmo encostou em mim. Mas feriu-se, por dentro... de uma forma... Irremediável.
- Bill, podemos desfazer o que Georg fez.
- Georg... – ele repetiu o nome, com ódio na voz – se ele nunca tivesse nascido...
- Bill, não adianta se lamentar agora – Gustav foi até ele. Christine o segurou por um braço, temendo o pior. – Me solte, Christine.
- Tem razão, Shäfer... mas não vou ficar parado.
- O que pretendes?
- Se ele nos odeia tanto... será que odiaria a si mesmo?
Christine voltou a pegar no braço de Gustav, e o fez recuar dois passos.
- Estive pensando... acho que não. E só tem uma forma de saber.
Gustav tocou em seu ombro.
Foi o suficiente.
Uma cortina de violência tomou conta de seus olhos, de seu raciocínio.
E o monstro dentro de si finalmente saiu.
Com um braço, Bill o lançou quase quatro metros, numa rapidez e força, que não permitiu Gustav gritar. Ele se chocou contra a lareira, um espasmo de dor, um baque surdo. E estava imóvel no chão, com o braço direito num ângulo impossível.
Christine conseguiu o segurar por dois segundos. Bill torceu seus braços nas costas, e num misto de gemidos e ranger de dentes, ele a colocou na cama, colocando seu corpo sobre o dela. Pressionou sua cabeça contra o cobertor, enquanto ela se debatia para sair, dando gritos abafados. A segurou com toda sua força, até ter certeza que ela havia desmaiado. Quando retirou sua mão de seu pescoço, viu que suas unhas haviam ferido a nuca dela com toda a violência possível.
Ele sentiu cheiro de sangue. Ao olhar para o lado, uma pequena poça saía de um corte na teste de Gustav, sem sentidos. Ele recuou.
E se lançou pela janela.
Baby eu não tenho nenhuma história a ser contada
Mas ouvi dizer em uma sua
E eu vou fazer a sua cabeça queimar
Pense em mim nas profundezas do seu desespero
Fazendo uma casa lá em baixo
Isso lembra a casa que nós compartilhamos
Georg fazia uma tranquila caminhada, sozinho. Pensava em como as coisas haviam se tornado fáceis – assim, de repente. Era só saber escolher as palavras certas...
Com um sorriso nos lábios, entrou na estufa, sem notar o fato de que esta nunca era deixada com a porta aberta. Admirava as exóticas plantas ali, andando pelos corredores, despreocupado.
Até que ouviu dois passos.
Ele petrificou-se, aproveitando a visão periférica. Nada viu. Mais dois passos, vindo do lado leste.
Instintivamente, retirou seus dois punhais de dentro das mangas do casaco. Mais um passo, agora do lado nordeste.
- Quem está aí?! – Sua voz ecoou pelo lugar.
Ele continuou andando, agora mais alerta.
Até que algo caiu, dois centímetros diante de seu nariz. Rolou até seus pés.
Ele demorou dois segundos para olhar.
E para logo em seguida, se arrepender.
Era uma cabeça. Com um rosto.
O guarda que na manhã daquele mesmo dia, havia conversado simpaticamente com ele.
Ele não teve mais dúvidas.
Principalmente quando sentiu uma presença fria atrás de si.
Ele se virou lentamente, sentindo o cheiro de sangue impregnando o ar.
O que viu foi uma criatura, de quase dois metros de altura, que só tinha uma cor: vermelha. Ele pôde identificar um par de olhos tão negros, intensos e brilhantes, como olhos de tubarão.
E presas.
As maiores que ele já havia visto.
- Precisava matar, não?
- Faz parte de minha natureza – a voz era baixa, tremia de ódio.
- Sua natureza imunda.
- O que o faz pensar que não vai ser a próxima vítima?
- Somente uma pessoa vai sair daqui viva hoje, Trümper. E essa pessoa sou eu.
Bill escancarou a boca, num sorriso mortal.
- Eu é que não seria. Além de já estar parcialmente morto, tu matou o único sentimento belo que existia me mim. Vou fazer com que se arrependas até o último traço do seu ser.
- Veremos.
E no segundo seguinte, a batalha começou.
Lance sua alma em cada porta aberta
Conte suas bênçãos para encontrar o que procura
Transformou minha tristeza em ouro precioso
Você me paga em um tipo e colhe aquilo que você semeou
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se alguém tinha dúvidas da masculinidade do Bill... aí começa a respota!