Hello minhas queridas *-* Demorei, mas hoje cheguei com um capítulo descentemente grande para torturar os glóbulos oculares de cada uma de vocês *-* Sem mais delongas, enjoy C:
Capítulo 31 – Pedido inesperado
Eu não tinha certeza se estava totalmente a vontade com todas as informações que me foram concedidas no almoço de hoje. Não sabia se era realmente aquilo que eu deveria saber.
Quer dizer, por que, ao invés de fazer perguntas subliminares a Erich Bournstsch, eu não o perguntei de uma vez “hey, como será que o Jeremy conseguiu dar aulas na minha faculdade? Aliás, agora ele está bem perto de me matar não é verdade?”.
Eu não sabia até quando eu iria esconder aquilo de todos. Eu simplesmente tinha medo... Tinha medo da bagunça que isso daria, da preocupação que isso traria a todos... Porque todos se preocupariam era comigo, que ainda era uma porcaria de uma humana-quase-espectro que não podia fazer lá grandes coisas...
Mas eu sabia... Sabia não, eu tinha certeza de que o Bill ficaria louco... Eu era quase capaz de apostar que precisariam de gente para impedí-lo de ir atrás do Jeremy, sozinho. E essa possibilidade me aterrorizava mais do que qualquer outra, porque o Jeremy uma vez quase matou Bill Kaulitz quando eles lutaram sozinhos... Imagina agora que ele tinha uma espécie de exército?
Ergui a cabeça e deixei que a água quente do chuveiro pudesse cair sem cessar sobre meu rosto, como se isso pudesse afastar todos esses pensamentos, pelo menos por enquanto.
Saí do banho, fechei a janela do quarto e me concentrei naquela roupa assustadora que se encontrava em cima da minha cama: Vestido e sandália de salto alto. Eu ainda não estava acreditando que eu iria usar aquilo. Mas quando alguém te chama para sair a noite, pelo menos você tem que ficar parecida com gente civilizada. Ou pelo menos tentar parecer.
Eu comecei a rir. Mal estava acreditando que eu iria usar aquilo. Não que fosse feio... A roupa era magnífica, e eu a adorava... Mas eu a preferia fora do meu corpo. Eu sempre arrumava um defeito para colocar nela caso ela já estivesse sobre minhas curvas.
Ouvi a campainha tocar. Cheguei na beira da escada e gritei que já estava aberta. A porta se abriu e eu vi a Audrey subindo pela escada com uma sacola enorme. Aquilo me deu mais medo ainda.
- Santo Deus, você acabou de sair do banho agora? Você não tem noção de tempo Rebecca? – ela disse, com os olhos arregalados.
- Tenho Dri... Mais sabe, eu acredito no seu potencial e sei perfeitamente bem que você pode me arrumar numa fração de segundos – eu disse sorrindo. Ela então desfez aquela expressão de espanto anterior e sorriu também. Ela gostava quando eu levantava o ego dela.
- Nossa... Que roupa... – as palavras lhe fugiram.
- Eu garanto que ela fica melhor em cima da cama do que em mim – eu disse, encarando o computador.
- Ah Rebecca, dá um tempo... Coloca um pijama por enquanto até eu secar o seu cabelo.
- Sim senhora.
Eu tinha muito cabelo, mais muito cabelo
mesmo. Mas a Audrey tinha uma espécie de habilidade com o secador que eu desconhecia. Ela era muito mais rápida do que eu usando aquilo, e meu cabelo sempre ficava melhor quando ela o arrumava.
- Afinal de contas – ela dizia enquanto penteava meu cabelo, que já devia estar escovado perfeitamente – por que seu computador está ligado?
- Ah – eu olhei o monitor mais uma vez – hoje a tarde meus pais me ligaram, dizendo que precisavam fazer uma vídeo conferência comigo para me dizer alguma coisa... Só achei meio idiota eles não terem dito por telefone de uma vez – revirei os olhos.
Assim que o fiz, um convite chegou, fazendo um barulhinho simpático. Corri para a cadeira que ficava em frente ao computador. Audrey sentou-se na ponta da cama, com um olhar de curiosidade.
- Oi mãe, oi pai – eu disse, sorridente. Era bom quando conversávamos assim.
- Oi meu amor – minha mãe respondeu – Como está?
- Bem, obrigada... E vocês, como estão?
- Ah, melhor impossível... As coisas na empresa só melhoram! – meus pais eram donos de uma empresa de artesanato, que vira e mexe exporta produtos pros quatro cantos do mundo.
- Que bom saber – sorri.
- Enfim... Antes de lhe perguntarmos o que queremos... Onde você pensa que vai? – meu pai perguntou. Caramba, eu só estava com o cabelo liso e ele já tinha sacado?
- Vou sair com a minha amiga, a Audrey, ela está bem aqui atrás de mim – olhei pra ela com malícia e ela me olhou meio assustada. Afinal, deveria ser bem estranho ouvir alguém dizendo seu nome numa conversa em outra língua sem saber exatamente do que é que se tratava.
- Seu sotaque já está um pouco diferente por causa do alemão – minha mãe disse, sorrindo.
- Pois é, eu disse pra você que um dia eu falaria um alemão fluente – fiz uma cara simulada de orgulho. Ela riu.
- Pois bem... Sabemos que hoje é o último dia de aulas do semestre e que você já está oficialmente de férias... Então, queríamos saber se você gostaria de ir para o Brasil conosco para passar suas férias por lá.
Precisei de alguns segundos para captar aquela informação. Aquele era o último dia de aula e eu nem havia me lembrado! Tantas coisas acontecendo... E eu nem me toquei! E férias no Brasil...? Bom, pelo menos eu manteria distância de toda essa bagunça.
- Era tudo que eu mais precisava – eu disse com um sorriso enorme no rosto.
- Becca, sem querer atrapalhar a reunião de família, mas ele está pra chegar! – a Audrey disse baixinho atrás de mim, o que me sobressaltou.
- Mãe, pai, agradeço demais ao convite. Amanhã vocês me ligam para conversarmos direito pode ser? Eu estou atrasada, preciso terminar de me arrumar!
- Ah claro querida, ligaremos a tarde ok? Juízo. – meu pai disse. Pensei em responder “o que esse bicho come?”, mas isso já estava manjado demais.
- Ótimo. Beijo, amo vocês. – eu disse, por fim.
- Nós também meu amor, até amanhã.
- Até.
Coloquei o computador para desligar, olhei para a Dri e gritei o mais alto que pude:
- EU VOU PASSAR AS FÉRIAS NO BRASIL!
Não que aquilo fosse novidade para mim, mas daquela vez, eu realmente precisava de me sentir um pouco mais “normal”.
- Ok, fico feliz por você, mas agora trata de trocar de roupa que eu ainda tenho que passar maquiagem em você menina!
- Credo Audrey...
- Credo nada, você quer sair com Bill Kaulitz do mesmo jeito que você vai comprar pão?!
- Eu nem sei pra onde nós vamos...
- Ele manteve segredo? Coisa ruim é que não é, então trata de se trocar logo droga!
- Sim senhora.
- E pára de me chamar de senhora que isso me deixa mais velha!
- Sim senhorita – ela bufou. Eu ri.
Mais uma vez ela me surpreendeu com sua rapidez e agilidade com todas aquelas coisas. Eu não gostava de uma maquiagem que ultrapassasse a linhagem do conceito de básica. E com ela na minha frente, não tinha como saber o que ela havia feito com o meu rosto.
- Prontinho!
Eu me levantei e a olhei torto. Ela me olhava com admiração, e aquilo me dava medo porque eu não sabia se ela estava admirando o trabalho dela na minha cara ou se ela realmente estava me achando bonita.
Olhei-me no espelho com uma espécie de careta, mas logo depois essa expressão se desfez. Eu não estava me reconhecendo. Simplesmente não podia ser
eu ali.
Eu estava com a minha sandália prateada de salto alto no pé, e também com o meu vestido preto em meu corpo. Ele tinha alças finas, um decote bem generoso, e a barra dele era irregular, com um lado maior que o outro, o que dava até um efeito legal tendo em vista a minha altura. Mas o rosto...
A Audrey simplesmente havia se superado. Ela simplesmente não havia me contrariado: Eu estava com a pela mais clara, um blush quase imperceptível (mas que realçava as maçãs do meu rosto de certo modo), uma sombra cor de bronze sobreposta por um branco levíssimo, olhos bem esfumaçados nas partes inferior e superior aos cílios e um gloss rosa claro que parecia ter deixado minha boca um pouco maior. Eu estava...
- Você está linda Rebecca, sério – ela quase chorava de emoção.
- Eu... Ah, obrigada Audrey – eu a abracei, frenética.
- Não há de quê sedução. Vou ir embora já – ela se apressou em juntar suas coisas espalhadas por sobre a minha cama. Eu ri, ainda me admirando no espelho do meu quarto.
Desci as escadas junto com ela e esperei até que ela estivesse dentro de seu carro.
- Boa noite pra você Rebecca Dinkson. Literalmente – ela sorriu com um nível de malícia absurdo.
Subi paro o meu quarto para ver se não havia esquecido alguma coisa, mas estava tudo ok. Não pude evitar de me olhar no espelho mais uma vez. Logo, fui interrompida com o barulho de um carro parando em frente a minha casa. Era ele.
A campainha soou baixa, rápida. Desci devagar para não torcer o pé com a porcaria do salto. Peguei as chaves da casa e abri a porta. A boca dele quase foi ao chão. Eu pigarreei para fazer com que ele olhasse paro o meu rosto ao invés de encarar outra coisa localizada um pouco mais abaixo.
- Eu nunca te vi assim – ele disse, com uma mistura de espanto e prazer.
- Aproveita, isso não vai acontecer com tanta freqüência – eu rebati.
Sem surpresa, eu gaguejei um pouco na última frase. É óbvio que eu não podia ignorar a beleza divina que estava parada bem ali, na minha frente. Naquele momento, eu quase duvidei de que ele realmente estivesse ali para sair comigo. Eu era pouca coisa perto dele. Eu era pouca coisa para ele mesmo.
Ele estava usando um comprido sobretudo preto. Por baixo, ele trazia uma camiseta cinza com uma estampa discreta. Usava uma bota normal em comparação as outras que ele tinha, e estava com uma calça num tom de cinza um pouco mais escuro que a blusa. A calça não estava tão larga. Aquilo me atiçou. Fiquei controlada. Ou pelo menos tentei. Mas eu era uma boa atriz.
Ele segurou minha mão e me guiou até o carro. Logo após entrar no veículo, antes mesmo de bater a porta, eu o perguntei:
- Você não vai me dizer mesmo para onde vamos?
- Segura a ansiedade Rebecca – ele se limitou a dizer.
Permaneci em silêncio durante o percurso. Meu coração estava disparando e minhas mãos estavam suando.
Ora, não há motivos pra tanto nervosismo Rebecca Dinkson, pensei.
Ele fez o percurso que era praticamente o mesmo que ia para sua casa. Mas na hora de virar a direita e se infiltrar em uma trilha de árvores, ele passou direto. Eu gemi.
- Becca, eu não vou te matar – ele disse num tom divertido.
- Eu sei, eu sei. Só não sei porque eu não estou controlando meu nervosismo hoje. Tudo bem, eu estou normal, pode crê.
Ele deu uma risada e acelerou o carro. Eu poderia jurar que estávamos a quase 200km/h. Por um segundo, ele me lembrou o alucinado do Tom: sentindo prazer na velocidade.
Poucos minutos depois, a velocidade do Mercedes se reduziu a drásticos 80km/h. O carro fez uma curva para a esquerda e começou a subir. No meio do caminho, ele parou.
Desci do carro sem contestar nada, embora eu pudesse sentir uma ruga de ansiedade e nervosismo bem no meio da minha testa.
- Com toda a sua licença – ele disse, mais uma vez naquele tom que saía através de um sorriso. Ele tampou os meus olhos com as mãos e começou a me conduzir devagar.
- Droga, não sei pra quê tanto mistério – eu disse, quase num sussurro.
- E eu não sei pra quê tanto nervosismo, parece que você vai ser o jantar de um urso pardo, por Deus, eu não sou tão ruim assim, sou?
Eu odiava quando ele virava o jogo a seu favor, me impedindo de respondê-lo.
- Chegamos – ele disse.
Quando ele tirou as mãos dos meus olhos, eu quase vacilei no equilíbrio.
Estávamos no alto do que parecia ser uma montanha, e por incrível que isso possa parecer, não fazia frio. A lua estava cheia, enorme se observada dali. A brisa que soprava era suave, uma cantiga. As estrelas pareciam estar em um número multiplicado, e brilhavam de uma maneira quase surreal. Senti uma mão em minha cintura e me assustei um pouco. Por um momento, eu me esqueci de que estava ali acompanhada (se é que isso era possível). Essa mão girou o meu corpo e eu pude ver a mesa que estava ali, montada bem atrás de mim. O tamanho dela e as coisas que estavam em cima da mesma com certeza daria tranquilamente para umas seis pessoas. Deixei essa matemática de lado e me concentrei na decoração: velas pequeninas em alguns cantos estratégicos da mesa, e um candelabro de prata com três velas bem ao centro. É, eu acho que acabei de entrar em estado de choque.
- Não sei se esse é o primeiro jantar romântico que você tem na vida, e eu sei que isso é uma coisa clichê, mas eu tentei fazer o melhor possí...
Não, eu não estava em choque. Consegui me virar abruptamente e colar meus lábios aos dele, impedindo-o de terminar a frase.
- Essa foi a coisa mais incrível que alguém já fez por mim – eu disse, sentindo meus olhos cheios de lágrimas.
- Que bom que gostou – ele disse com um sorriso de satisfação, colocando a ponta do dedo indicador no canto dos meus olhos para impedir que as lágrimas caíssem.
Eu não consegui comer muita coisa. Como eu já havia reparado, aquilo tudo que estava ali parecia ser o suficiente para seis pessoas.
Eu estava totalmente besta com aquilo tudo. Eu nunca havia tido aquelas espécies de devaneios ridículos que certas adolescentes têm pensando na coisa mais perfeita e romântica com o amado de seus sonhos. E eu acho que mesmo se eu tivesse tido aquilo, nada se aproximaria do quão perfeita aquela noite estava sendo.
Eu tinha cuidado até na hora de piscar; não que fosse para não borrar a sombra ou algo do tipo. Eu simplesmente tinha medo de que tudo ali se desmaterializasse na minha frente.
Aquilo era perfeito demais... E talvez eu não achasse isso tudo se não fosse o fato de ter sido Bill Kaulitz que houvesse preparado.
Há alguns dias atrás, eu simplesmente deixava pra depois pensamentos que invadiam minha mente, me obrigando a pensar em algum tipo de sentimento. Eu nunca tinha sido daquele jeito, e odiava ser. Eu sabia que algum dia (e eu acreditava que esse dia iria demorar bastante para chegar), alguém poderia aparecer e mudar todo o conceito ridículo que eu tinha sobre o amor. E essa pessoa estava bem ali na minha frente.
Eu não conseguia enxergar mais nenhum garoto, ou nem ao menos imaginar algum outro tipo de sentimento. Naquele momento, só uma coisa me preenchia por dentro, e era o que eu sentia por ele.
Eu não queria pensar em nada de ruim naquela noite, mas vezes ou outras, as imagens do rosto de Jeremy ou de pequenos lapsos do meu sonho surgiam em minha mente, e isso me sufocava. Me sufocava porque era angustiante pensar que existia alguma maneira de que aquele ser bem ali na minha frente sumisse da minha vida. Eu não aguentaria isso, e eu tinha absoluta certeza.
Agora eu queria tê-lo para mim, mais do que nunca eu quis alguém antes. O amor que eu sentia por ele era tanto que quase chegava a doer dentro mim. Era como se qualquer espaço fosse insuficiente pra alojar aquele tipo de coisa.
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(...) e o pedido, cadê Janaína? DÃÃÃR, ele vai pedir pra Rebecca uma rã de presente hein