That Day - Duas irmãs, um segredo.

Eu estava com uma confusão sem fim na cabeça, desesperada com a volta dela. Tom havia me rejeitado agora, Bill já estava me rejeitando há dias, aquilo estava me destruindo. Passaram-se uma semana e alguns dias e minha consulta tinha chegado, eu consegui impedir Bill de ir, ele iria à reunião dos meninos, Lisa estava cada vez mais próxima de Simone e de todos, como sempre, todos a amavam, por um segundo eu quis vê-la novamente na cama sem movimentos e sem vida. A cada dia eu me sentia mais egocêntrica e narcisa, todas as minhas atitudes e pensamentos eram pensando na minha felicidade, aquilo além de me destruir estava me revelando ser uma pessoa até então desconhecida eu evitei ao máximo falar com Lisa, ela me ligava sempre e eu sempre dava desculpas, meu pensamento na minha gravidez era constante, em um mês Bill iria pra turnê, ficaria 4 meses na America, eu precisava de uma solução.

O telefone tocou naquele dia, e pela primeira vez eu desejei que ele não me ligasse.

- Lara, como está?- a voz dele estava rouca e eu senti receio nela.

- Oi Bill, eu...estou muito mal. –foi só o que eu pude dizer.

- Mal? Mal como? Quer que eu te leve ao pronto socorro? – alterou-se e sua voz engrossou de repente.

- Não, eu tomei um remédio, vou dormir um pouco. – Dei um jeito de terminar aquela conversa.

- Mas Lara, sua consulta é em alguns minutos...

- Me desculpe, eu remarco ela.

- O que você sente? – ele estava realmente preocupado.

- Enjôos, dores de cabeça, sono...

- Meu Deus!

- O que foi Bill? – eu sabia o que passava pela cabeça dele.

- Você está mesmo grávida! Céus, são os mesmos sintomas da Lisa...

- Er...eu... – ele não precisava ter mencionado o nome dela.

- Lara, precisa ir ao medico tratar do pré natal, já fez um exame de farmácia?

- Não Bill, esses exames são contraditórios, nem sempre dão certo!

- Eu sei, com Lisa também foi assim... Deu negativo e depois...

- Bill, não fale nada disso agora, por favor! Eu quero dormir, tchau.

- Ei, passo daí amanhã pra te ver...

- Ok. – eu desliguei. Me senti mais confortável e mais receosa, aquela mentira estava se estendendo, eu tinha que ter uma solução pra isso, por bem ou por mal, mesmo no fundo arrumando motivos pra achar que eu estava mesmo grávida...E se eu estivesse mesmo grávida? Testes de farmácia falham...

Essa ultima semana foi muito contribuinte na minha vida atual, minhas relações com Simone, com meus pais, com a banda dele, e principalmente com meus filhos estavam indo de vento em polpa, minhas tonturas estavam a 10% do que era, e minha memória voltava a cada segundo do meu dia, isso me confortava, o único problema atual era o sumiço de Lara e a ignorância de Bill, ele sempre dava um jeito de fugir de mim, mesmo depois de dizer que ainda me amava. Eu resolvi deixar de me preocupar com nosso relacionamento, se ele quisesse ele que viesse atrás, eu cansei de bater na mesma tecla e não ter resultados. Dali me ligou naquele dia.

- Lisinha como você está? – sua voz era animada, provavelmente estava bem feliz.

- Amor, estou bem, muito bem! – ressaltei o muito bem, e eu realmente estava bem.

- Ei, que tal sairmos hoje? Vamos a um pub?

- Sair? Pra onde? Pub? – me senti bloqueada, não tinha saído nenhum dia após minha volta.

- Podemos ir a um barzinho, num show de algum restaurante, você que sabe, você gostava tanto de sair e está quietinha desde que voltou, Pub, barzinho, isso ai. – ela deu uma risadinha, provavelmente da minha burrice.

- Boa idéia Dali, vamos sim! – poderia ser uma idéia boa.

- Passo daí a noite.

- E o Georg? - eu disse meio com medo da resposta dela.

- A ele não tem que falar nada, se ele me encher muito eu escondo a chapinha, e ele vai ficar cuidando das crianças pra nós. – ela começou a gargalhar no telefone provocando o mesmo em mim.

- Sua má! Então tudo bem, vamos curtir...

- Fica pronta as 22hr eu te busco.

- Espero...
*

Esperei ela impecável, coloquei uma blusa branca e uma saia de cós alto preta, uma meia calça com detalhes de bolinhas e uma super sandália, pela primeira vez me olhei no espelho e me senti linda, me maquiei e a esperei, estava com um friozinho na barriga.

Bi bi biiiiiiiiiii

- Daaaaaali. – entrei no carro.

- Liiiiisa! E ai pronta pra extravasar? – ela estava absurdamente linda com aquele vestido roxo.

- Hum...um pouco! Risos. – realmente, eu estava com um friozão na barriga.

- Temos que curtir bastante, tenho tantas coisas pra te contar...você perdeu tanto divertimento.

- Eu imagino...risos.

Nós fomos a um restaurante , pub, sei lá... com som ao vivo, ninguém famoso, mas era um ambiente agradável...muitos jovens, muita gente.

- Ei Lis nós sempre vínhamos aqui, Bill gostava porque é pequeno e ninguém reconhecia seu disfarce.

- Jura? Eles são tão assediados assim?

- Nossa nem me fale, as meninas voam neles, odeio as cachorras que pulam nas madeixas do meu Listinhu. :@

- E no Bill? – disse com uma certa preocupação, será que meu Bill, ou meu ex Bill era tão assediado assim? Não devia ter perguntado...

- Sim sim, Bill é o mais assediado, e o mais sentimental, se você ver o Tom, hahaha, ele ta cada hora com uma, creio que ele vai morrer em um puteiro!

- Nossa! ...ele é tão galinha assim?

- Ah, é o mais galinha, ele não é muito apaixonado pelo amor. Ele esteve namorando a Meg, mas nunca conseguiu admitir que sente amor por alguem... fazer o que né.


Passamos a noite toda rindo deles, Dali me contou muitas coisas, shows e tal, nós sempre íamos com eles antes de ficarmos grávidas. Me diverti bastante, e bebemos bastante também, a cada dia eu me sentia melhor, e mais vivida e aquela noite só teria que se repetir, aquilo tudo me fazia voltar a viver, mesmo com um vazio eu ainda poderia continuar, ele ficou tanto tempo sem mim e sobrevivera, eu tinha capacidade de fazer o mesmo.