That Day - Duas irmãs, um segredo.

Acordei no dia seguinte mais animada do que nunca, o pessoal havia ficado até tarde em casa e eu estava feliz de te-los recebido. Fui ao shopping logo após o almoço com Dali fazer umas comprinhas, eu estava extremamente ansiosa pelo jantar com Bill a noite, parecia que toda a minha existencia daqueles dias supicavam pela chegada desse dia, talvez esse dia me livraria 'daquele dia' pra sempre. Cheguei em casa logo pela tarde, Bill me ligou e disse que me pegaria as 21, eu fui me arrumar, com o coração quase sendo vomitado ouvi a empregada anunciar a chegada dele.

_Senhorita Lisa, Bill está a sua espera. - Ela gritou novamente. Meu estomago estava domado por morcegos, eu não sei, mas tive sensação de que aquela noite seria cheia de surpresas, coloquei um vestido branco com uma meia preta, um casaco lindo que ele havia me dado de couro, e um grande salto, me senti mais sexy com aquela roupa, ao descer as escadas me senti uma brega, perto dele eu não tinha brilho nenhum, os olhos deles brilhavam muito mais, ele era intenso, todos seus movimentos eram esplendorosos, inebriada por tanta beleza e alcoolizada pelo seu perfume parei no meio da escada e fiquei o filmando.

- Vai ficar parada ai mocinha? -deu uma piscadinha me acordando de meus pensamentos perversos, ai, aquela paisagem toda ofuscava toda a sala.

- Er... – eu desci rápido pegando em sua mão. – -E culpa do salto!

- Você sempre se deu bem com eles... - me deu um corte, bem, eu não era mais a mesma, ele deveria ver isso... aliás, nem me lembrava mais de como andar com aqueles objetos gigantes que resumidamente não serviam pra muita coisa, algo tão superficial. Apenas dei um sorriso e mudei de assunto.

- A onde iremos?

- A um restaurante italiano! - sorriu daquele jeito, que só ele sabia, juntamente com uma piscadela, aff, chega de pensar nas qualidades dele.

- Hum, que delicia, mas... você não está disfarçado.

- É, hoje você vai ter que aturar os seguranças, mas estaremos em segurança dentro do restaurante também.

- Eu não me importo, estou feliz de podermos sair juntos. - falei subtamente, meio que cliche para o momento, ele sorriu mais largamente, e beijou minha testa dócil e calmo.

**

Chegamos e nos sentamos, ele pediu o vinho, e a entrada. Nossa mesa era um pouco afastada, numa área aberta, podíamos ver todas as estrelas. Eu me desliguei um pouco após o celular dele tocar.

- Ei mocinha, no que está pensando? - disse me despertando de imediato, olhei nos seus olhos e absorvi tudo que aquele momento me proporcionou, brilho nos olhos profundamente castanhos mel, eles estavam marejados, mas não era choro, nem tristeza e nem algo do gênero, as doses de vinho e wisk o fizera.

- Eu...er...nada Bill, eu estava vendo as estrelas. - me acanhei ao dizer já que ele havia percebido minha tão extensa fitada em si.

- O céu está do jeito que estava quando nos conhecemos. - ele soltou essa mudando minha reação, ergui as sombracelhas num pedido para que ele continuasse, afinal, eu queria muito saber como eu havia conhecido aquele ser tão indecifravel - Nossa, eu me lembro como se fosse ontem. Georg estava a procura de uma casa pra ele e a Dali morarem, eles iriam se casar, e você foi a corretora que nos mostrou a casa...

- Ah, foi a primeira vista então? - meio que gritei animada demais.

- Na verdade não... - ele abaixou a cabeça com uma reação indefinida e continuou. - Você me viu de costas e me deu os parabéns pelo casamento! - soltou uma gargalhada gostosa levantando a cabeça para ver minha reação.

- O que? - fiquei meio confusa, mas logo recaptulei a situação. - Eu te confundi com uma...

- Mulher! - terminou minha frase, e logo ambos começamos a gargalhar, eu era uma perfeita idiota, ou ainda sou. Soltei um barulho de indignação - Tudo bem, depois a Dali chegou e você se desculpou, e eu estava com uma roupa meio confundível, mas tudo bem, eu quis matar você mesmo você sendo a coisa mais lindinha que eu já tinha visto, tão delicada com olhos tão grandes. - disse aquilo me derretendo, me senti uma pedra de gelo entrando num forno a mil graus, own, dei um sorrisinho fofo me permitindo a ficar quieta e continuar absorvendo tudo, aquela atmosfera entre nós era absurdamente contagiante.- Então... você fez com que Georg escolhesse a casa mais cara de todas, incrível seu poder de convencimento... ai eu resolvi que queria vê-la de novo, pedi seu numero pra ele e disse que queria um apartamento com uma bela vista, mas que eu só poderia ver a noite.

- Seu safadinho. - claro, eu pensei uma bestera sem tamanho, e eu não estava errada.

- Sim! E deu certo, nós ficamos na sacada por um tempo olhando o céu, e ele estava assim como hoje, e você dormiu comigo no primeiro encontro. - terminou me deixando roxa com o ultimo comentário, ooh god eu dormi com ele no primeiro encontro, ele era irresistivel mesmo, e eu podia confirmar isso até mesmo agora. Fiz a mesma cara de indignação e um gesto, ele começou a rir e continuou. - Pois é, o ap era mobiliado, você me acordou 5 horas da manhã e me expulsou de lá, dizendo que o ap não era seu...ai depois disso eu nunca mais larguei do seu pé...e lá se foram quase 6 anos.

- Metade deles comigo naquela cama. - cuspi, com uma onda de arrependimento logo em seguida, a feição dele mudou, até mesmo sua íris marejada havia se tranformado num deserto. Me senti uma tola. - Me desculpe. - disse logo ao ver sua cara de desaprovação...- Er.. vamos mudar de assunto.
Conversamos sobre os meninos mais um pouco até o jantar chegar, jantamos e ele ficou me olhando meio receoso, senti que ele queria me contar alguma coisa, senti que ele estava prestes a cuspir.

- Bill, er...vamos tomar sorvete? - pedi, meio que suplicando, o que quer que ele fosse me falar eu não queria ouvir.

- Com esse frio você querendo sorvete, você não muda mesmo, vou pedir. - sorriu gentilmente e continou olhando pra mim até o sorvete chegar.

- Lis...eu...tenho que te falar uma coisa. - no mesmo momento me deu um aperto, mas eu não podia demonstrar nada, ele falaria quer eu queira, quer não.

- Pode falar... – dei a primeira colherada no sorvete.

- Lis, é coisa séria - meu cérebro pediu por ar, ele estava sério demais, esfregando as mãos uma na outra, respirando fundo, e dava várias goladas no wisk. O que ele me falaria? Minha consciencia me dizia para eu ficar amena, mas ela nunca esteve certa, minha consciencia sempre me levava a perdição, tudo que eu podia fazer agora era ficar quieta e capturar toda aquela cena, mas dessa vez não amena, a calmaria evaporou.

- Séria? - demonstrei minha surpresa, coloquei-a em vitrine e ele continuava a me olhar receoso, meu coração se espremia dentre as costelas. - Séria tipo o que? - tarde demais. Vi seus olhos rolarem e pararem em direção as unhas impecavelmente negras que se chocavam umas comas outras, ele estava nervoso.

- Você ainda me ama? - falou, sem mais nem menos, eu sabia perfeitamente o que responder, mas hesitei e apenas concordei com a cabeça, exibindo um sim concreto e sem palavras. - Ficaria comigo sobre qualquer circunstancia? - foi ai que eu percebi a gravidade da situação, o que seria tão desastroso que fosse capaz de me fazer desistir dele, desistir de algo que sobreviveu a um come, 3 anos, e mais outros que se passaram antes, o que mais traria tanta desconfiança sobre algo que era tão preciso, pra mim não haviam pequeninas duvidas sobre isso, eu o amava, e ansiava por nossa vida novamente, a qual eu nem me recordava, como pode se sentir saudade daquilo que não se lembra?

- Não preciso responder a isso, você sabe que minhas objetividades se espelham nas suas decisões. - clara e objetiva, e ele ainda receava por isso, me olhando amedrontado me tirando do sério. - Bill me fala logo, qual é essa circunstancia?!

- Lisa, me desculpe eu não planejei isso... – senti seus olhos afundarem. Eu o olhei decidida, dando passagem as próximas palavras que sairiam da sua boca. - A Lara está grávida! - no mesmo momento me veio um mal estar, grávida? Então era isso, minha irmã estava grávida, tanta ignorância se resultava numa coisa tão doce, uma criança, mas, ela estava grávida, Bill está receoso, então.. Só podia ser isso.

- Não vai me dizer que... - eu nem precisei terminar meu raciocínio desesperador e entristecedor, senti milhões de agulhas perfurando meu cérebro, como se ele fosse se fragmentar completamente.

- Sim, o filho é meu... -meu coração congelou, meu rosto endureceu e as lagrimas começaram a jorrar dos meus olhos, eu não consegui conte-las, ele colocou a mão em meu rosto como se pedisse desculpas pra mim, desculpas em vão, aquilo era irreal demais, pesadelo, comecei a dar soluços altos e vergonhosos, meus sentidos estavam longe de mim.- Não é o fim Lis, eu ...vou assumir... - aquelas palavras foram imersas em minhas lagrimas, assumir? É claro que ele faria isso, por bem ou por mal, mas, esperança? Cadê você?

- Você não pode abandonar ela, não agora! - odeio parecer fraca, odeio me sentir indefesa, odeio ser piedosa,
odeio isso, parei de chorar, como se tivesse recuperado a posse dos meus sentidos, e o olhei, séria, minha vontade era de queimar ele vivo, como um marchimelo, mas por dentro ainda chorava, me sentia inútil.

- Não vou fazer isso, mas não posso ficar com ela ...eu amo você! - derreti com palavras tardias, tudo que ele podia ter dito alguns dias atrás...

- Não podemos ficar juntos Bill.

- Mas você disse sobre qualquer circunstancia! - é, ele estava certo, difícil demais recusar isso, quase impossível, desastroso.

- Antes de se tratar da minha irmã. - eu estava possessa de raiva, metade sangrando e metade jorrando veneno, querendo tomar uma atitude equilibrada, inutilmente.

- Mas Lisa, eu...não sei o que vou fazer.

- Eu sei, você...você vai ficar com ela...vai assumir o filho... vai... -soltei todas palavras involuntárias, ainda na esperança de ser um pesadelo macabro. Ele me olhou, com aqueles olhos melosos, que vontade de morrer, aquela aguinha quase escorregando e negando com a cabeça, ele estava sendo sincero demais naquele momento, e eu enfurecida. - Droga Bill, você tinha que estragar tudo. - bati com uma mãe na mesa, olhando pro lado, e minhas lagrimas voltaram, minha feição séria se misturou com minhas dolorosas lagrimas, e ele estava ali na minha frente se desculpando, se humilhando, chorando, não sei, a raiva ia e voltava, como uma sanfona. - Pelo jeito, o encontro entre vocês e a relação de vocês era freqüente. - envenenei meus olhos enchendo o pulmão de ar, ainda derramando minhas malditas.

- Não ...não era!- tentou segurar minha mão e eu esquivei.

- Para de mentir pra mim Bill. – me levantei, rápido demais, saindo.

- Eu não estou mentindo Lisa. – ele se levantou junto, me seguindo, com passos largos, fazendo juz as suas longas pernas.

As lagrimas saiam seqüencialmente dos meus olhos, me enfiei na limusine correndo, e chorei com mais vontade, achei que ele fosse ter a decência de me deixar chorar em paz, mas não, Bill entrou logo em seguida apressado, se sentou do meu lado, me olhava como se estivesse suplicando algo, eu me encolhi em um canto e não conseguia parar de chorar, me permitindo não olhar pra ele, sobre qualquer circunstancia.

- Lisa, me escuta, eu não encontrava ela direto, tivemos muitos poucos encontros...e nós sempre usávamos preservativos.

- Ah então por que ela ficou grávida? O Espírito Santo Bill?

- Ela disse que furou, céus! Lisa, dá pra você parar de ser cabeça oca! - segurou forte nos meus braços me fazendo olhar pra ele, com ódio incidido no olhar.

- Eu? Eu sou cabeça oca? Eu acabo de sair da merda de um coma, descubro que tenho uma família formada, transo com meu marido ou ex marido, me sinto mais apaixonada do que nunca por ele, e de repente descubro que ele teve um caso com a minha irmã gêmea, e agora ela está grávida dele...isso é ser cabeça oca Bill? Eu sinto meu coração despedaçado...

- Me desculpe Lis, me desculpe por favor! - agora sim ele estava me entendendo, maldito.

- Vamos embora, por favor... – o motorista ligou o carro e nós começamos a andar.

- Não vai me desculpar?

- Vou, com uma condição...

- O que você quiser!

- Me prometa que você vai ficar ao lado dela...que não vai abandoná-la... - por mais doloroso, foi tudo que eu consegui cuspir.

- Eu, vou Lis... - ele iria falar mais alguma coisa, a mesma que eu temia, não o deixei.

- Ok, eu te perdôo, agora vamos. – Eu limpei minha lagrimas tentando parecer rude.

- Me perdoa? Só? - me olhou novamente meloso, quando aquilo iria acabar?

- O que mais você quer? - eu TINHA que me fazer de desentendida, não me restava outra alternativa.

- Fica comigo? Fica comigo pra sempre? Eu prometo que nunca mais deixo você escapar, prometo que nunca mais vou fazer você sofrer, prometo que te farei feliz novamente, por favor!

- Eu não posso... – voltei a chorar, eram palavras inofensivas demais praquilo, inofensivo, mas capaz de trazer tamanha dor.

- Lis, eu te amo mais que tudo. – ele me abraça.

- Eu não posso, não mais...-continuei encolhida no canto, e ele me abraçava, senti que ele chorava também, eu não conseguia olhar em seus olhos.

- Lisa, fala alguma coisa. -sua voz quente exalou no meu rosto, aquele hálito, aquele cheiro, aquele abraço, tudo aquilo que não me pertencia mais.

- Você vai levar os meninos pra casa amanhã? - vire-me calmamente evitando chegar muito perto e cair na tentação.

- Não muda de assunto ... - foi a vez dele fechar a cara, raivoso. Continuei estática.- Eu vou levá-los, Lisa, eu não posso ir viajar depois de amanhã pensando nisso, eu não vou conseguir!

- Eu já disse que te perdôo!! – eu gritei, queria sair daquele tormento, pensar.

- Eu sei, mas, não vai ficar comigo?

- Não Bill, e eu espero que você me prometa uma coisa. - ele me deu a opção de falar ou não, seu olhar me traduzia um texto enorme, palavras eram inúteis ali - Vai ficar com ela, vai dar a atenção máxima a ela...

- Lis... - me cortou.

- Por favor Bill! - exibi meu devaneio, ele me deu trela, me liberou.

- Prometo.

Os olhos dele encheram de lagrimas e eu vi toda aquela maquiagem desabar em seu rosto, eu coloquei a mão no mesmo tornando a chorar, parecíamos duas crianças, e o beijei, foi um beijo bem delicado, talvez o ultimo de todos, o beijo de despedida, eu o entregaria a ela, não podia lidar ao fato dela sozinha e grávida dele, ela o amava, e eu não queria ser o motivo do filho dela nascer sem um pai, mesmo eu tendo meus filhos, eu daria um jeito deles aceitarem, eles teriam um primo e um irmão ao mesmo tempo. Enfim, ele continuou me olhando após o beijo, tentou disfarçar suas lagrimas, o carro parou.

- Eu te amo Bill Kaulitz.

Ele continuou em silencio, sai do carro e entrei em casa. Ele não veio atrás de mim, apenas continuou me olhando até o motorista fechar a porta do carro. Meu coração estava partido e eu estava em pedaços, mas ainda assim eu o amava com cada fragmento de mim,’ tudo estava perdido, reconstituir seria desastroso.