Gosto de pensar em como minha vida é boa. Tenho uma boa família, ótimos amigos, comida e dinheiro. Esse último sendo um dos menos importantes, para mim isso nem interessa tanto, mas eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não é bom.
Bill tem dinheiro, fama, família e poucos amigos. Dinheiro para ele é apenas conseqüência do que ele mais queria, a fama. Uma das conseqüências também é a falta de amizades, uma das coisas que ele mais valoriza e prestigia é uma boa e verdadeira amizade, mas por conta do seu sonho ser famoso é a coisa que ele menos tem. Que bom que ele me considera uma amiga porque, pelo o que ele me disse, é difícil conseguir sua confiança.
Ele pediu uma salada e para mim pediu frango. Pediu até vinho! Sei que qualquer fã deles adoraria estar aqui ou qualquer garota em sã consciência adoraria.
- Que tal um brinde? – ele sugere.
- E a que brindamos?
- Um brinde aos amigos que conhecemos na internet! – ele ergue a taça.
- É, para mim parece bom... – bato minha taça na dele – Um brinde! – sorrimos e bebemos o vinho.
- Seria melhor se tivéssemos feito com champanhe. – ele diz sacudindo a taça.
- Deixa para a próxima!
- Já está prevendo um próximo encontro? Muito perspicaz de sua parte sugerir outro...
- Ah, o que é isso... – coro violentamente – É só um modo de dizer.
- De fato, mas não seria uma má ideia...
- Podemos marcar algo quando nos vermos novamente. – digo simpática enquanto tento espetar o frango com o garfo.
- Podemos marcar algo ainda nessa semana...
- Como é?
- Hoje tem show, amanhã a gente descansa, depois de amanhã são as compras e só depois disso a gente viaja...
- Puxa, que maravilha, teremos mais tempo então...
- Isso. – ele sorri e dá mais um gole no seu vinho.
- Cara, isso é muito irreal...
- Hum, com certeza, jamais me imaginei conhecendo alguém com quem eu apenas trocava e-mails...
- Ah, só isso é irreal para você. – revirei os olhos – O maior cantor da Europa, aqui, comendo salada comigo!
- Hum, deve ser mais ou menos como quando eu conheci a Nena...
- Talvez. Sua vida deve ser uma loucura... Fãs histéricas correndo atrás de vocês, shows para fazer, músicas a escrever, festas e mais festas!
- Às vezes é cansativo...
- Posso até imaginar, mas eu queria ser cantora, ter legiões de fãs e tudo mais...
- Poderia ser modelo... – ele diz comendo.
- Ah, não, não mesmo, meu tio tem uma agência de modelos na Itália e eu acho isso simplesmente horrível... Tem que ser magra demais e eu não estou disposta a isso... E também sou baixinha...
- Ah, acho que você tem uma altura boa...
- Eu estou de salto.
- Ah, tá explicado... – ele ri – De qualquer jeito você poderia ser modelo fotográfica... Dizem por aí que não tem que ser tão magra, só tem que ser fotogênica... E bonita...
- Patty às vezes faz uns trabalhos assim... Huuuum. Um ponto pra mim, eu sou fotogênica...
- Dois pontos para você...
- Dois pontos por ser fotogênica? – digo arqueando a sobrancelha.
- O segundo ponto é por ser bonita...
- Ah, valeu... Mas não tem nada a ver... – engraçado, ele dizendo isso me deixa tão constrangida.
- Aff... Modesta demais... Cara, você é simplesmente... – batidas na porta interrompem.
Mas que droga, toda vez que ele vai falar algo de extrema importância algum infeliz atrapalha! Não vou aturar isso por muito mais tempo... Da próxima vez vai, vocês vão ver! Run.
- Quem deve ser?
- Ah, Bill, pode ser o Tom...
- Tem razão... – ele vai até o olho mágico e não diz nada – O que diabos você está fazendo?
- Me escondendo, drr. – digo entrando no armário.
- Não precisa não... – ele diz rindo – É só a sobremesa que pedimos... – ele abre a porta sorridente.
- Huuuuuuuuum... Muito obrigada senhor Kaulitz, levar sustos faz um bem enorme ao coração... – digo revirando os olhos e saindo do armário.
- Aí depende... – ele diz sorrindo.
- Depende do que? – digo sentando.
- Do tipo de susto. – ele dá de ombros de um jeito fofo – Obrigado, aqui está sua gorjeta. – ele diz ao rapaz que sai sorrindo. Bill fecha a porta com o pé e se vira para mim – Senhorita, seu petit gâteau.
- Huum, muito obrigada, parece ótimo.
- Transmitirei seus cumprimentos ao chef... – ele garante.
- Ah, muito cortês da sua parte... – digo sorrindo – Bem, falávamos sobre sustos...
- Oh, sim... Os tipos de sustos, certo? Olha, é bem simples, há sustos bons e ruins...
- Uhum... – concordei.
- Por exemplo, se Tom aparecesse aqui seria um susto razoavelmente ruim, o que consequentemente faria mal ao coração...
- Certo, drr. – digo revirando os olhos – Então se o Brad Pitt aparecesse aqui seria um susto categoricamente bom e faria um beeeem ao coração...
- Não.
- Como não?
- Gosto e admiro o Brad Pitt, mas se ele aparecesse aqui...
- Faria um tremendo bem ao meu coração! – digo rápido.
- Mas não ao meu, você ia ficar babando ovo para aquele cara... E na verdade ele nem deve ser tããão lindo como dizem...
- Fala sério né Bill, eu pago o maior pau pra você e... Oops... – coro.
- Esse petit gâteau está uma delícia, você deveria provar... – ele diz depois de uma pausa. Percebo, depois de uma colherada no sorvete, que Bill está com o rosto mais vermelho que uma beterraba.
- T-tem razão... Está divino. – digo baixo, completamente acanhada.
Depois desse momento totalmente constrangedor, nós tivemos que nos despedir...
- Nos vemos mais tarde então? – ele pergunta fechando a porta do quarto.
- Claro, sem sombra de dúvidas eu irei ao show!
- Legal, espero que aprecie, o palco é novo e até mudamos meu microfone...
- Eu vi umas fotos na internet...
- Ah. Mas então, que música do novo álbum você mais gostou? – ele pergunta apertando o botão para chamar o elevador.
- Aff, é difícil escolher, são todas muito boas, mas... Acho que ‘Pain of love’ e ‘Noise’ tem um tchã especial... E em alemão, ‘Humanoid’ tem um som mais entoado... – o elevador chega.
Nós dois entramos. Sabe aquele silêncio super constrangedor? Já deve ser o décimo desde que nós começamos a conversar... Isso deixa meu rosto quente de vergonha, sempre.
Continuamos então a conversar sobre o show, perguntei como seria e se teria fogo como na apresentação do EMA... Então o elevador para.
-
AHHHHHH! – abraço meu companheiro.
- Calma Jessy, nesse instante a energia volta...
- Aaaaaiii Bill, que droga! – aperto-o mais.
- Calma, calma. – ele põe o braço em volta de mim – Relaxa.
- Você é calmo demais!
- Já disse que vai dar tudo certo. – as luzes se acendem – Viu?
- Ah. Ufaaa! – digo aliviada.
- Eu falei. – nos soltamos do abraço.
As portas se abrem e nós dois saímos.
- Olha ali o Tom... – ele diz.
- Hum... – o vejo – Ele não parece muito bem...
- Só está estressado. – Bill diz dando de ombros.
- Aham... Acho melhor eu ir... Já o atrapalhei o suficiente.
- Que nada, foi ótimo passar esse tempinho com você.
- Digo o mesmo. Valeu pela paciência.
- Você disse que ia ao show, mas agora eu queria saber se nos veremos depois dele, quer dizer, temos que dar uns autógrafos, mas depois nós sempre vamos comer algo... – ele parecia um pouco nervoso, talvez constrangido.
- Hum...
- Se quiser você poderia nos acompanhar... Bem, você, a Patrícia e o Andrew... Claro.
- Ah, liberaram geral agora?
- Não, é que o David não vai estar então...
- Não sei se Andrew e Patty irão querer, mas eu vou!
- Ah, q-que ótimo... – ele sorri.
- É. Você é um fofo, sabia?
- Sabia, mas não gosto de sair contando vantagem por aí... – ele diz sorrindo.
- Faz bem.
- Aqui, meu presente, te mostrei, mas não te dei oficialmente. – ele me entrega os três ingressos.
- Ah, valeu.
- Você comentou algo no caro sobre Andrew e Patrícia já terem comprado os ingressos deles, mas eu não sei o que fazer com eles, pode dá-los à alguém...
- Ah, tudo bem, acho que Mollie adoraria ir ao show de vocês...
- Aquela menina que você ajuda?
- É.
- Ah, legal, assim ela pode levar o possível namorado.
- Boa ideia.
- Então, problema resolvido... Até depois... – ele me abraça e me dá um beijo na bochecha.
- Até. – digo indo para a saída.
- Bill! – Tom grita de longe.
- Hallo, Tom! – escuto Bill dizer atrás de mim.
Pensei que ele perceberia que eu estava com seu irmão, mas não, ele passou direto, até esbarrou em mim.
- Desculpe. – ele falou com o sotaque enrolado.
- Tudo bem. – digo sorrindo, ele me deu uma analisada e foi falar com seu irmão.
Tenho que ligar para a Patty. Tenho que ligar para a Paaaaaaatty! Mas quero fazer surpresa... Mas preciso falar com ela!
Assim que saio do hotel pego um taxi e ligo às pressas para Patrícia.
-
PATTY! – meu grito alto e estridente fez o motorista me olhar de cara feia pelo retrovisor.
- O que houve? Meu Deus, ele te atacou?
- Nãããão!
- O que então? – ela se preocupa.
- É uma coisa muito boa, mas não posso te contar. – digo animada.
- Ligou para que então? Vai tomar n...
- Patty, ele é simplesmente
DI-VI-NO!
- Ahaaaaaam... E o nome dele, é Arthur?
- Não, você sabe que não...
- Mas ele disse que depende do ângulo, não foi?
- Er, foi.
- Tem certeza que olhou do ângulo certo?
- Aff, não pira!
- A questão é, ele conseguiu te fazer goz...
- Patty! Faz favor, né!? A gente não fez nada, poxa...
- Desculpinha. Me conta que é ele e o que ele faz na verdade?
- Não posso te contar, mas... Alô? Alôôô? – só escuto o tu-tu-tu – A filha da mãe desligou!
Vou para casa.