Um cara diferente

Acho que na vida temos duas saídas: Ou sua vida é ferrada por um cara irritante ou sua vida é ferrada por uma garota. No fim, tudo dá em merda.
- Pronta? – Bill sorriu me olhando.
- Não. – Eu falei me olhando no espelho.
- Qual é, Al... – Ele se levantou da minha cama e tocou em meus ombros, também mirando o espelho. – Você esta linda.
- Exceto pelo fato de eu estar... de vestido? – Olhei com nojo a roupa.
- Nossa, se isso for um “obrigada pelo presente”... – Bill falou sorrindo.
- Desculpa Bil... É que... – Eu sai de frente do espelho e fui sentar na cama.
- Qual o problema? – Ele sentou-se ao meu lado.
- Sabe Bill... – Eu o olhei. - ...Seu irmão é um panaca e EU NÃO SEI CANTAR!
- Você ainda nem tentou. – Ele disse em tom de raiva.
- Bill, Bill, Bill... – Comecei olhando-o. – Quando se é uma garota como eu, não precisa nem tentar. Ainda mais quando seu suposto namorado passa a semana brincando e não ensaia nem uma única vez.
É, quando tudo dá errado, temos que levantar a cabeça, estufar o peito e dizer: Agora fudeu!
- Vai dar tudo certo, você é perfeita. – Ele sorriu tocando meu rosto.
- Estou atrapalhando algo? – Ouvi Melanie na porta. – Bill, vamos. Temos de pegar lugares na frente.
- Já estou indo. – Bill levantou-se, me deu um beijo na bochecha e foi embora.
É. Só digo uma coisa: Eu com certeza não vou de vestido!
Troquei de roupa, ou seja, vesti uma calca jeans preta e rasgada, uma camiseta preta e tudo do jeito mais eu possível e fui para a escola.
Entrei nos bastidores do auditório e paralisei frente às cortinas.
- Não acredito que veio. – Laila Brook falou.
- Ah, oi. – Sorri. – Sabia que eu consigo ver seus peitos?
Apontei para a super mini blusa rasgada que ela usava.
- Ótimo. – Ela virou-se. – Ah, e mais uma coisa...
Ela se virou para mim.
- ...Espero que você morra.

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...


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ELA O QUE?
Eu sei que essa história contém palavreado impróprio, mas o que eu estou pensando em dizer vai muito além de impróprio.
- A surpresa está próxima, Alex. – Ela sorriu e saiu.
Eu respirei fundo, será que eu seria desclassificada se agredisse uma das participantes? Hum, acho que sim. Melhor ficar calma e respirar e... CADÊ TOM?
- Agora, - O locutor, que era o professor de artes, falou ao microfone. – vamos receber Laila Brook e suas parceiras!
- Tá mais pra tietes. – Resmunguei.
Ela e mais cinco amigas foram para o palco e começaram a dançar uma música bem tosca com uma dança mais maluca e rebolada ainda. Ai, ai... Quem dera eu estivesse encarregada da iluminação e soltasse um holofote bem na bela cabecinha da Laila Brook. Ok, sem pensamentos maldosos, tenho que me concentrar em surtar por causa de TOM KAULITZ!!
- Bela apresentação garotas! – O professor disse sorrindo. É, foi uma bela apresentação porque ele viu as intimidades delas várias vezes. – Agora, no palco, TOM KAULITZ... e Alex.
Eii! Porque meu nome foi menosprezado? Isso é que é exclusão social!
- Ah, professor, não estou pronta... Tom ainda não chegou.
- Desculpe querida, você vai ter de ir sozinha. – Ele me empurrou para o palco.
ISSO É O QUE EU CHAMO DE AJUDA PSICOLÓGICA! O que os professores fazem além de NÃO FAZER NADA?
- Err... – O holofote queimava minha retina. – Eu... eu vou... cantar... uma música escrita pelo meu melhor amigo... Monção.
Respira, inspira. Respira e inspira. Respira e... CADE A PORRA DAQUELE DIABO CHAMADO TOM KAULITZ?
- Eu estou encarando uma porta quebrada, - Comecei a cantar. Porque todo mundo estava me encarado? Ah, é porque eu to cantando FEITO UMA MALUCA! – não resta nada aqui. Meu quarto está frio, está me deixando louco.
QUE DROGA DE MÚSICA MELANCÓLICA É ESSA?
- Eu esperei por tanto tempo, mas agora parece que chegou a hora. Eu vejo as nuvens negras subindo novamente... – Cantei. – Correndo através da monção...
Ouvi uma guitarra soar. Era aquele capeta... Tom Kaulitz. Ai, ai. Como uma simples apresentação da escola pode fazer uma garota surtar psicologicamente...
- Além do mundo, para o fim dos tempos, onde a chuva não nos alcançará. – Olhei mortalmente para Tom enquanto ele tocava vindo em minha dreção. – Lutando contra a tempestade, e quando eu me perco...
- Eu penso em você. – Cantamos juntos.
- Juntos vamos fugir para um lugar novo, através da chuva, só eu e você. – Terminei.
Todos levantaram-se e bateram palmas. Eu sorri, e foi naquele momento, naquele EXATO momento, que eu senti uma coisa molhada em mim.
Todo o meu corpo estava molhado, úmido, frio. Melequento.
Eu olhei meus braços e estavam todos rosa-claros. Apenas ouvi uma grande risada ecoar por todo o auditório, até Tom soltou um pigarro de risada. Eu senti aquilo queimar o meu corpo. Queimar de verdade. Será que era uma reação alérgica?
Eu comecei a gritar de dor, estava queimando.
- Aí está minha revanche. – Laila Brook disse. – E não é uma reação alérgica, é apenas do produto mesmo.
AAAAAAAAAAAAH!! COMO EU ODEIO AQUELA POLLY POCKET DOS INFERNOS!
- Você está bem? – Tom riu.
- Claro que sim, não sei porque perguntou – Eu disse irônica. – Mané!
Me levantei e saí correndo. Não fazem ideia de como foi a maior vergonha da minha vida. Maior que quando eu fui tomar suco no refeitório e enfiei o canudo no nariz, maior que quando eu escorreguei no corredor da escola e cai na lata de lixo, maior que... maior que Bill saber que eu amava ele.
Cara, é tão difícil correr com uma gosma no seu corpo.
Cheguei no estacionamento, a coisa rosa tinha parado de queimar. Sentei próxima a uma árvore e comecei a... bom, a comemorar é que não foi.
- Você tá legal? – Ouvi Bill perguntar sentando ao meu lado.
- É só isso que sabem perguntar? Não tá na cara que eu to mal? – Eu gritei entre lágrimas.
- Desculpe. – Bill era do tipo que pedia desculpas se uma folha de árvore caísse no chão.
- Tudo bem. – Falei meio rouca.
- Quer ir pra casa?
- Sim. – Falei.
Ele me levantou e entramos no carro.
- Alex, eu sei que não é a melhor hora, mas... – Ele disse dirigindo. – Há quanto tempo você... me ama?
- Depois do quinto dia que falei com você, perdi a conta. – Disse olhando para a rua. Falei indiferente, feito uma mosquinha. É, uma mosquinha.
- Isso faz uns... sei lá, duzentos anos? – Ele disse.
- Então eu te amo há duzentos anos e vou te amar por quanto tempo mais restar. – Falei. Parecia que eu estava cuspindo todo o café da manhã como palavras. Ah, esqueci que não tomei café da manhã. Droga.
- Isso foi bem profundo.
- Fazer o que?
Ele riu. Eu gostava muito da risada dele, por mais fraca e NÃO convincente o bastante que fosse, eu sorri.
- Se eu não estivesse com a Melanie, você seria a garota com quem eu gostaria de passar o resto da minha vida. – Ele disse.
- Guarda o drama para as novelas, Romeu. – Resmunguei olhando-o. – Eu não sou segunda opção, sou o prêmio principal.
- Sério?
- Na verdade não. Eu não sou nada. – Entristeci-me novamente. MUITO OBRIGADA, RAZÃO!
- Você não é um nada, não para mim. – Ele parou o carro frente a minha casa.
- Valeu, Bill. Você sempre vai ser meu melhor amigo. – Sorri abraçando-o.
Não é só você, leitor, que queria mais que um abraço dele! Eu também queria! Mas vamos respeitar a sociedade e seus limites, ok? Histórias românticas para idiotas também tem lá seus limites!
- Al, - Bill chamou antes de eu sair do carro. – Mais uma coisa.
- O que? – Eu perguntei.
NÃO! ELE NÃO ME BEIJOU! ESSA MINHA VIDA É UMA DROGA!
- Toma cuidado com o Tom... – Ele disse. – Não quero que você saia machucada...
- Como assim?
- Hum, nada. – Ele disse sorrindo e me dando um beijo NA BOCHECHA!
Que lastima.

...

...
Acho que essa foi a palavra mais legal que escrevi nessa história toda.
- Tchau.
Ai, ai...

Bom, é nessas horas que você deseja ler mentes e não abraçar seu melhor amigo toda melecada de uma gosma não identificada. Ih, rimou