Ser diferente tem suas
vantagens
Talvez eu não seja a garota mais bizarra do mundo.
Talvez eu disse, qualquer um acreditaria se eu dissesse que sou unicamente
diferente. Morar no sul da Pensilvânia já é um começo, as bandas daqui são tão
ruins que eu me revoltei e resolvi fazer a minha própria. Pra ser mais bizarro
a minha banda é formada por mim (guitarra/vocal), Fred (baixo/backing
vocal) e Tom (batera). Nós tocamos em algumas festas de aniversário e festivais
sem publico, ou seja, a banda é uma merda...
Lá estava eu em mais um festival sem sal – até que
não era tão ruim assim, pelo menos era um festival de rock - daquela
cidadezinha. Faltavam alguns minutos para o meu show então eu fui para o
banheiro ver se eu estava em destaque do resto do povo. O banheiro estava
lo-ta-do de garotas, eu arranjei espaço no meio das meninas pra me ver.
— Não tá tão azul, nem arrepiado, mas tá bom! –
falei para mim mesma ignorando os olhares das outras garotas.
Sim, meu cabelo é azul. Com três mechas pretas
zuuuper legais, eu amo meu cabelo. Retoquei a maquiagem estupidamente escura
nos olhos, as lentes brancas (yeah!), bochecha levemente rosada e o piercing
preto no meio da boca davam contraste ao meu rosto pálido.
Saí daquele murmúrio feminino desamarrotando meu
vestido branco e preto balonê cheio de fitas e caveirinhas (amo caveiras). Tom e
Fred já estavam no palco me esperando.
— Vamos mostrar a essas crianças o que é rock’n roll
– disse Fred abaixando o rosto olhando para seu baixo.
Passei a alça da guitarra sobre meu ombro e olhei
para Tom que começou a tocar. Seguimos com
Beautifullie 30 STM e terminamos com
I don’t care Fall
Out Boys. Eu estava muito nervosa, quando olhei pra platéia foi
pior, tinha muita gente assistindo, foi o nosso maior publico. A galera curtiu
o nosso show, apesar de não termos nossas próprias musicas ainda. Eu fui pro
barzinho tomar algum drink, eu estava nervosíssima ainda pelo show.
— Me dá qualquer coisa com álcool, por favor. –
disse desesperada para o barman.
— Legal a sua banda – disse a voz de um cara
provavelmente sentado do meu lado.
— Hmm? Ah valeu. – disse me virando pro lado.
— Eu também tenho uma banda! – disse o carinha –
conhece? Chama-se Tokio Hotel.
Quando vi finalmente o rosto dele o meu
subconsciente gritou “é ele, não deixa escapar Mel!”. Ele era lindo, com aquele
cabelo, aquele estilo...
— Foi mal, mas não conheço a tua banda. – disse –
Você é o que na banda?
— Vocal, ah meu nome é Bill! – disse ele sorrindo
— Mel... – sussurrei hipnotizada naquele sorriso –
Er... Quer dizer, o meu nome é Mel! – retribuí o sorriso – Pelo sotaque você
não é daqui...
— Droga de sotaque alemão – disse Bill fazendo um
biquinho – Mas então... A minha banda tá numa fase de criação pro CD novo, e
estamos procurando por parcerias musicais com bandas diferentes e tals... – ele
observava a minha reação a cada palavra pronunciada – Topa uma parceria?
— Hmm... Não sei, tenho que ver com os meninos. –
disse olhando em volta procurando por algum sinal de Tom ou Fred.
Fred estava num amasso com uma garota e eu não via
Tom em lugar algum.
— Só o Tom que decide as coisas por aqui... – disse
distraída - e porque você escolheu a minha banda?
— Tom?! È o nome do meu irmão gêmeo – ele sorriu –
Bom eu estava passando pelo festival e te vi com esse visual diferente, então
resolvi assistir ao show. Vocês tocam muito bem!
— Você também é bem diferente...
A essa altura já estávamos de pé um de frente ao
outro se encarando. E lá vai meu subconsciente gritar de novo “Olha que chance
Mel, beija logo ele”, eu normalmente não faria isso, mas morreria de
arrependimento se não fizesse.
Dei três passos na direção dele, agora eu podia ver
o quão alto ele era. Eu teria que arranjar uma escada para alcançar aquela
boca. Droga, por que eu sou tão baixinha? Ele sorriu pra mim e abaixou a
cabeça, mas não pra me beijar, só pra falar comigo.
— Bem que você podia responder pela sua ban...
O que foi que eu fiz... Eu senti meu rosto arder de
vergonha. Eu selei meus lábios nos deles, senti seus lábios se curvarem
levemente pra cima – ele estava sorrindo *__* - e depois se abrirem levemente.
Pude sentir que ele tinha um piercing na língua, com aquele beijo. Os braços
dele envolveram minha cintura e os meus envolveram seu pescoço. Foi o melhor
beijo que eu dei em toda a minha vida, até que foi interrompido por uns
cutucões na minha costela.
— Ai, que foi? – disse me virando
Tom e Fred estavam possessos me encarando. Eles
agiam como irmãos mais velhos.
— É... Oi gente! Esse é o Bill e... E... – meu
subconsciente de novo “Corre, corre por sua vida!” ¬¬’ traíra!
— Esses devem ser Tom e Fred – disse Bill
tranquilamente – Posso falar com vocês um minuto?
Ele me soltou e seguiu com os meninos para
conversar. Eu me virei para o bar.
— Me dá alguma coisa com muito álcool pelo amor de
Deus!!! – disse quase gritando
Os três voltaram depois de alguns minutos, Tom e
Fred estavam agora radiantes e felizes. Bill se sentou ao meu lado abraçando
minha cintura.
— E então? – perguntei alternando meus olhares para
os meninos
— Eles aceitaram – sussurrou Bill em meu ouvido.
— Nós vamos pra New York Mel! – disse Tom sorrindo.
NY? Nossa, eu nunca pude imaginar que ser diferente
tinha suas vantagens.
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Depois da parceria com Tokio Hotel e o romance que
comecei com Bill kaulitz, a minha banda alavancou. Inspiração pra criar músicas
não faltou. E essa é a minha história, a garota de cabelo azul do sul da
Pensilvânia que conseguiu um lugar ao Sol.
The End.