Hello girls!
Que bom que estam gostando da nossa humilde história. Queremos agradecer a tantos comentários, danke^^
Aviso o capitulo está enorme e não tinha como fazer em duas partes pois perderia totalmente o sentido.
Boa Leitura.Hoje faz dez anos que eu havia feito aquela “promessa” a mim mesmo.
Não foi fácil cumpri-la. Demoramos em achar nossos respectivos baterista e baixista. Tivemos muito mais baixos do que altos até gravarmos nosso primeiro CD como Devilish. Sim, nós trocamos de nome, o outro acho que não tinha muito a ver conosco, então preferimos Devilish.
Todo final de semana fazíamos apresentações em diversos locais de Magdeburg.
Aos poucos as platéias foram aumentando, tocávamos para um público um pouco maior em torno de duzentas pessoas, o que antes era apenas para umas quinze ou vinte, mas nós já tivemos apenas três pessoas na platéia. Em todas as apresentações eu mostrava ao público nosso CD. O tempo foi passando e em uma de nossas apresentações, chamamos a atenção de um produtor bem renomado na Alemanha, David Jost. O que antes era só vestígio de sonho e a esperança em concretizá-lo, naquela mesma tarde em apenas cinco minutos nós o tornamos realidade. Naquele mesmo dia o nome da banda também foi trocado, nos tornamos os Tokio Hotel. Tokio por ser o lugar que nós sempre sonhamos em conhecer e fazer um show e Hotel por causa de nosso sonho de querer ser tão famosos a ponto de viver de hotel em hotel e nunca parar em casa. Odiamos rotina.
E hoje nós realmente somos isso. Nossa vida sempre foi em hotéis, mas não como agora. Após o lançamento de nosso último álbum Humanoid nós estamos indo de país em país, mostrando nossas músicas e recebendo carinho de nossos fãs, estamos quase conquistando o mundo inteiro e... Altas pancadas na porta me tiram dos meus devaneios bem no meio da madrugada, mas quem será a esta hora?
- Quem é? - Gritei em alto e bom som. Porque que quando eu quero ficar sozinho sempre tem alguém para atrapalhar?
- É o coelhinho da páscoa! - Respondeu uma voz sonolenta do outro lado. - Quem você achou que seria? Abri logo a porta Bill, preciso falar com você! Não é possível que mesmo nós morando na mesma casa você ainda pense que é o bicho papão. - Gritou meu irmão mais velho do outro lado da porta. Levantei da cama em que eu estava deitado e segui até a mesma parando na frente dela.
- Tom, isso é horas de você me acordar? - Disse fingindo uma voz sonolenta, mas que sinceramente saiu como se eu tivesse fazendo dublagem de um filme pornô, ouvi uma risadinha vinda do outro lado da porta. - São exatamente três da manhã! - Olhei em direção ao meu criado mudo, onde havia um relógio digital me certificando que não tinha errado pelo menos a hora. - Vai dormir, nós conversamos amanhã. - Permaneci atrás da porta torcendo para que esta desculpa furada o convencesse a ir dormir e me deixasse sozinho. Mas infelizmente essa mentira ridícula e deslavada não me ajudou a escapar de Tom, que continuava a bater na porta incessantemente. Na verdade ele já estava socando a coitada da porta. Resolvi abri-la antes que ele a derrubasse, quando Tom resolve “conversar” lá se vai a noite, ou o que restou dela.
Mesmo contra a minha vontade eu a abri, e ele entrou como um furacão em meu quarto indo direto a minha cama e se jogando sobre ela. Murmurei um “folgado” inteligível e caminhei rumo à cama agora tomada pelo corpo espaçoso de meu irmão mais velho.
- Bill, o que está acontecendo contigo? - Perguntou ele se levantando o bastante para me olhar diretamente nos olhos e se encolheu sobre meus lençóis de seda azul. A preocupação estava estampada em seu olhar.
- Não tem nada acontecendo comigo. Eu estou muito bem. Porque a pergunta? Não tem motivos para se preocupar comigo, eu estou bem, pelo menos eu acho que estou. - Disse me enrolando em minhas próprias palavras. Droga, porque eu não sei mentir direito?
- Não mente para mim que não adianta, você sabe disso. Somos irmãos, eu te conheço como a palma da minha mão e você também. Tem alguma coisa errada contigo. Desde que nós entramos em estúdio para gravar o Humanoid você está desse jeito e isso já tem quase dois anos. Bill, não adianta esconder, dá para ler em seus olhos. Eles te denunciam.
- Tá ok, você venceu. Eu estou farto de tudo isso. Satisfeito?
Farto. - Disse sentando-me de frente para ele, olhando em seus olhos arregalados e vendo uma expressão confusa dominar seu rosto.
- Como assim farto? Eu não consigo entender, ou melhor, te entender. - Disse olhando em minha direção, mas fitando o nada. Já eu que não consigo mentir o jeito é desabafar. Talvez ele até possa me ajudar em algo, mas simplesmente por me ouvir já estará de bom tamanho.
- Eu sei, estou até bravo comigo mesmo por isso. Nem eu estou conseguindo me entender faz tempo. - Desabafei. – A verdade é que eu não sei o que eu quero.
- Como assim não sabe o que quer? Eu sei melhor do que ninguém o que tudo isso significa para você, para nós. Não jogue tudo para o alto.
- Tom, eu não estou jogando nada para o alto! Só acho essa vida de celebridade igual à de um vampiro, extremamente só. E isso não tem nem vantagem e nem prestígio algum.
- Olha a besteira que você está falando. Não está só. Tem a mim, nossa família, nossos cachorros, a banda e as nossas fãs que não nos abandonam em nenhum momento.
- Você entendeu errado, não é disso que eu estou falando. Eu lutei a minha vida inteira para chegar aqui. Ao seu lado. Sempre juntos. Mas eu sinto falta de alguém do meu lado sem ser você, sinto falta de carinho, de amor, e não é amor de mãe, irmão e família que eu estou falando. Sinto falta de alguém para compartilhar tudo isso. A fama só me levou para mais longe dessa pessoa, ela pode até me ver aqui no topo, mas sabe que não poderá chegar até mim. Pelo menos não como eu sendo uma celebridade.
- Calma Bill, você ainda vai encontrá-la. Não se desespere, eu sei que você vai achá-la. Seja em um futuro incerto próximo ou mais dia menos dia ela estará com você. Só precisa confiar em si mesmo. Pode até ser uma fã nossa.
- Ou pode não ser! - Assustei-me com as vozes e ao olhar para trás estavam na entrada de meu quarto Gustav e Georg. Fiquei surpreso em vê-los acordados naquela hora, geralmente o sono deles é igual ao de um bicho preguiça.
- Vocês também estão sem sono? - Perguntei a eles enquanto arrumava meu cabelo levemente bagunçado.
- Não, não tem como dormir com tantos gritos e vozes altas e um idiota batendo na porta e também estamos preocupados com você. Anda muito estranho Bill. - Disse Georg entrando e se sentando no sofá próximo a entrada de meu quarto sendo seguido por Gustav.
- Não mais estranho do que você com essa chapinha desmanchando Georg! - Disse rindo e em troca fui acertado por uma almofada que estava em cima do sofá.
- Não era um idiota batendo na porta, era eu, e ele está assim por que não consegue achar o amor da vida dele. - Respondeu Tom se revirando em minha cama.
- Dá no mesmo Tom, um dia você a acha Bill. É só ter paciência. - Dizia Gustav, paciência ele tinha, mas isso era uma das coisas que faltava em mim. Olhando por outro lado eu já estava sendo paciente há exatamente seis anos. Acho que já chega de ter paciência.
- E se você encontrá-la num show nosso? Ela pode ser nossa fã. - Tentava me consolar Georg.
- Eu sempre tive medo de namorar fãs. Não queria alguém para ficar me colocando num pedestal, me chamando de perfeito, me idolatrando porque sei que ela vai criar essa falsa imagem de mim, e se eu errar, ela vai se sentir enganada. Não quero uma relação assim. Se for fã que saiba que nem tudo é um mar de rosas, que reconheça que eu não tenho muito tempo e que acima de tudo tenha os pés no chão e não se deslumbre com a minha fama e nem se leve pela minha conta bancária. Enfim, que ela me ame pelo que eu sou e não pelo que eu tenho.
- Belo discurso, só quero ver se ela vai querer ouvir tudo isso, porque se fosse eu já tinha dado no pé logo no começo. - Tom fez todos rirem com essa sua graçinha fora de hora. –Bill, e se ela não for fã? - Indagou novamente Tom. Antes que eu pudesse responder, Gustav respondeu por mim.
- Se ela não for fã o Bill vai ter que trocar de discurso, né Bill? - Que bela hora eles escolhem para fazer piadinha, alguém ai em cima não gosta de mim.
- Engraçadinho, se ela não for fã só quero que aceite minha profissão e que me ame como eu sou.
- Não disse que ele ia trocar de discurso, e esse foi menor, não dava nem tempo de correr.
- Gustav, isso não tem graça.
- Bill, você nunca vai achar sua alma gêmea. - Disse Gustav. – Pelo menos não desse jeito. - Fiquei estático, por essa eu não esperava, principalmente vindo de um de seus melhores amigos.
- Gustav, porque você diz isso? Não quer me ver feliz não?
- Digo isso porque como você acha que vai encontrar a garota se você nem sai desse quarto? Não tá achando que ela vai cair de pára-quedas ou vai bater na sua porta pedindo uma xícara de açúcar, né Bill?
- Você fala como se eu pudesse andar na rua calmamente sem virar um photoshoot ao vivo, né Gustav? Até parece que eu passo despercebido por alguém.
- Acalmem-se vocês dois. Não é para tanto. Agora, mudando de assunto: mês passado nós estivemos no Brasil e vocês viram as garotas que estavam no show? Ai, se na Alemanha tivesse metade das que estavam no show eu estaria feliz.
- E quando eu acho que é só o Tom que é o tarado de plantão me aparece outro se rebelando. Georg, se a sua namorada pensar em uma coisa dessas você vai estar tão frito quanto a sua chapinha. - Dizia Gustav rindo, mas Tom acabou com a graça dele acertando-o um dos meus travesseiros.
- Quer dizer que você acha que no nosso país não tem mulher bonita?
- Não muitas, no Brasil têm bem mais. Se tudo der certo vocês ficam aqui em L.A. e eu e o Gustav vamos morar no Brasil.
- Duvido que vocês iam, a menos que o Georg leve a Georgette na mala. Ai sim vocês poderiam ir. Disse Tom dando uma escandalosa gargalhada.
A conversa até que não estava mal, mas eu queria e precisava ficar sozinho, não que a companhia deles fosse ruim, muito pelo contrário, mas para ser sincero eu precisava de mim mesmo agora.
- Pessoal, está tarde, eu estou morrendo de sono, dá para deixa a conversa para amanhã no estúdio? - Disse fingindo um bocejo.
- Ok Bill, vamos te deixar dormir, e desculpe pela brincadeira.
- Tá tudo bem Gustav, esta desculpado.
- Boa noite Bill.
- Boa noite Georg, sonha com a chapinha concertando seu cabelo.
- Vou te deixar dormir, se precisar de mim estarei no quarto ao lado, é só... Bater na parede. - Disse Tom se despedindo de mim com um abraço apertado. Esquivei-me um pouco já que os músculos de seus braços estavam quase esmagando minhas costelas.
- Calma Bill, isso se chama calor humano. - Disse caminhando até a porta semi-aberta.
- Corrigindo meu querido irmão, abraço de urso. Boa noite Tom e obrigado. - Disse vendo-o sorrir antes de entrar para seu quarto.
Caminhei até a porta e a fechei, pelo menos ninguém mais vai me aborrecer por hoje. Arrestei-me até a varanda de meu quarto, mesmo ventando muito e estando muito frio eu decidi ficar por aqui, ver as cores da cidade e pensar um pouco na vida me acalmaria um pouco, talvez.
A cidade resplandecia ao longe, suas cores brilhavam e enchiam os olhos, os altos prédios e os letreiros coloridos já anunciavam algo típico de uma grande cidade, uma metrópole, mas hoje para mim esta vista era tão comum quanto qualquer outra.
Quando a sorte vai me sorrir e eu vou finalmente achar a única coisa que me faria mais feliz do que eu já sou: o AMOR? É tudo que eu quero neste momento, e é tudo que me falta e por crueldade meu destino não quer me dar. É muito ruim querer algo que está fora de seu alcance e sem previsão de acontecer, dependo da sorte e parece que ela não está ao meu lado há muito tempo.
O tempo começou a mudar de novo, o vento ainda mais frio atravessava minha camisa branca de algodão, mas eu não me importo. Eu fiz uma música que relata as pessoas automáticas e eu acabei virando uma. Existe uma clara diferençaentre o Bill de antes todo alegre e que vivia sorrindo e o Bill de agora que anda na maior parte do tempo cansado, o sorriso não é forçado, mas também não é o mesmo de antes, em cima do palco eu pareço um ator com os movimentos premeditados quase que bem ensaiados e sempre os mesmos. Existe uma clara diferença entre o Bill de antes no palco e o Bill de agora. Espero que os fãs não estejam decepcionados caso já tenham percebido isso.
Eu tenho que enfrentar a mídia todos os dias, tenho que aturar aparecer fotos minhas sem ao menos ter dado uma autorização para elas, tenho que conviver com a perseguição dos paparazzis. Sou obrigado a sorrir quando quero chorar. Só posso ser eu mesmo nas poucas vezes que fico em casa e nas muitas que fico trancado em meu quarto de hotel. Às vezes eu tenho vontade de cometer a maior loucura que eu poderia fazer: jogar tudo para o alto e ir atrás da minha alma gêmea. Todos nós temos uma, ninguém foi feito para ficar sozinho.
O vento aumenta da mesma forma que a dor toma conta de meu corpo, as pessoas estavam erradas em dizer que o tempo cura tudo, para mim o tempo nunca veio e pelo jeito nunca vai vir. Às vezes é mil vezes melhor ter uma dor física do que uma interior.
“
Será que você existe?
Será que vou te encontrar algum dia?
Em que parte deste mundo estará você?
Será que está muito longe?
Ajude-me a te encontrar.
Eu preciso muito de você.
Mesmo eu gritando no topo do mundo você não vai me ouvir, não é mesmo?”
Sussurrar no vento foi uma coisa que eu aprendi para deixar os pensamentos irem embora e libertar um pouco da angustia da alma, por mais que hoje não resolva eu sei que um dia isso vai adiantar. Apesar de que sei que ninguém em vida vai me ouvir e eu me sentir um total idiota por fazê-lo.
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Mais uma noite fria neste lugar. Perfeita para caçar.
As luzes da pequena cidade ao norte desse país vivem falhando, deixando seus moradores aflitos... Desesperados... Despreparados... Desprovidos de qualquer proteção... Sem segurança alguma.
Hora perfeita para eu atacar.
“
Será que você existe?
Será que vou te encontrar algum dia?
Em que parte deste mundo estará você?
Será que está muito longe?
Ajude-me a te encontrar.
Eu preciso muito de você.
Mesmo eu gritando no topo do mundo você não vai me ouvir, não é mesmo?”
Uma voz ecoou em minha orelha fazendo-me recuar um pouco. Ouvi atentamente tudo dito por ela e reconheci a voz no mesmo ato. Eu cresci sendo seguida por essa voz que conversava todos os dias com o vento. Não sei a quem pertence. Não sei onde está seu dono, nunca o vi em toda a minha vida, mas ele é o único que consegue fazer meu coração bater novamente.
__________________________________________________________Comentários? Criticas? Nós aceitamos tudo, vocês sabem.Beijinhos e até o próximo.