Ooioi ! que saudade! acho que eu demorei mais que o previsto né? desculpa gente, mas foi a falta de tempo mesmo. Esse capítulo esta sem capa por enquanto porque a minha querida amiga Anna ficou tão feliz com o natal que esqueceu que tinha que fazer
/corre !
mas depois que ela fizer eu edito e coloco aqui. vou postar mesmo assim porque já estou bem atrasada. Tem um link do Josh ai no meio.obrigada por lerem e comentarem, suas fofas
boa leitura !
Capítulo 15
Acordar em pleno início de inverno não é a melhor coisa do mundo, pelo contrário: é algo que requer autocontrole emocional e psicológico, e uma das primeiras coisas das quais me questiono é se isso é realmente necessário, o que na maioria das vezes não funciona. Então, a única saída é inspirar fundo e colocar os pés pra fora da cama de uma vez, sem nenhum tipo de raciocínio antes do ato. E assim o fiz, mas dessa vez retomando meu velho hábito de sair enrolada na coberta. O choque corporal que o contraste do quente faz com o frio não é lá muito saudável. Liguei a banheira deixando enche-la até o máximo, e logo após, desfrutando de um bom banho, ainda mantendo a temperatura do corpo quente.
Sentei-me a mesa de centro da cozinha feita por um mármore claro aguardando Jen terminar de por a mesa do café. Segundas- feiras para a maioria das pessoas é um tormento, devido ao motivo dela dar início a uma semana longa e cansativa. Mas eu, ao contrário de todos, gostava muito das segundas. Elas funcionavam como um tipo de guia semanal: se meu dia fosse bom, eu não me preocuparia com o resto da semana porque ela seria do mesmo jeito. Portanto, nesse dia, eu não teria motivos para estar de mal com a vida, mesmo estando extremamente frio e nublado.
- Gosto do blusão. - Jen se pronunciou sentada a minha frente, tomando um gole de café. Estava se referindo a roupa que eu vestira. Simples: uma calça jeans escura, uma bota sem salto e um blusão de lã na cor vinho.
- Eu também. – sorri - Comprou a gaiolinha para por o gato que eu pedi? - perguntei.
- Comprei sim, está na despensa. Você vai passar lá ainda hoje?
- Acredito que sim, pelo menos foi o que combinei com Anne. - arqueei uma sobrancelha me lembrando da destrambelhada da minha amiga. Se ela não tivesse esquecido, eu pretendia sim ajuda-la hoje. O gato não merecia o lugar em que se encontrava.
- Você não faz idéia de como aquele gato foi parar lá? - Jen me olhou, cruzando os braços sobre a mesa.
- Nenhuma. Acho que foi engano... Afinal, essas coisas acontecem. - dei de ombros, já tomando meu último gole de café.
Despedi-me de Jen levando comigo a gaiolinha. Iria junto com Anne levar seu mais novo mascote ao pet shop para venda, já chega desse bichinho sofrer. Mas antes, precisava conversar com ela e entender toda essa situação ridícula que se instalou entre ela e Tom, e também descobrir o real motivo de suas atitudes e de como ela iria lidar com as conseqüências que por certo viriam, e não seriam poucas nem insignificantes. Se eu bem conhecia Tom Kaulitz, ela não ficaria impune.
- Nossa, que demora pra abrir essa porta! – reclamei, enquanto entrava em seu lindo apartamento, e ela meio atônita me olhava. É, com certeza ela já havia esquecido.
- O que você ainda faz com essa cara amassada e esse cabelo todo bagunçado? - bagunçadas deveriam estar suas idéias, já que ela não sabia lidar com isso em sã consciência, imagina as 08:30 da manhã de uma segunda-feira...
- Eu... Errm. - coçou os cabelos e andou em direção ao seu quarto - Eu fico pronta em cinco minutos. - disse. “Ok Rachel, se prepare para um chá de cadeira de meia hora”,
ri sozinha do meu próprio pensamento.
Dirigi-me até a porta do quarto onde ela guardava coisas inúteis e onde lá agora era habitado por um gatinho na certa muito fofo. Abri a porta e o local estava escuro, mas ao primeiro passo que dei algo fofo passou ao lado das minhas botas pretas fazendo aquele conhecido barulho de gato. Com muita calma, o ergui e o levei para luz, e não pude evitar de me encantar com aquilo: ele era tão pequeno, tão frágil e tão fofo! Parecia de mentira, igual aos meus antigos ursinhos de pelúcia que repousavam em minha cama. Ele piscava os olhos com certa freqüência devido ao choque com a claridade.
Depois de brincar com aquela coisa linda, tive que guardá-lo. Ele estava a minha frente me encarando, olhando atentamente meus passos, enquanto eu colocava sua gaiola sobre o sofá. Estiquei minhas mãos para alcançá-lo e ele me fitou, deixando suas íris incrivelmente finas, quase imperceptíveis, deixando a vista somente um risco. Não bastando isso, ele revidou alguns passinhos pra trás com suas pequenas e gordas patas e à medida que eu me aproximava ele recuava. Após o êxito de alcançá-lo, o segurei no alto e ele pareceu entender a cena que se seguiria e me olhava como se estivesse pedindo que eu não o fizesse. Nesse momento, senti uma enorme culpa e remorso, pobre bichinho! Se Sonne não fosse tão bruta e tão boba eu o adotaria sem nenhum problema, mas nesse momento a coisa certa a fazer era guardá-lo. Depois que o fiz, virei a grade da gaiola até o lado oposto a mim, chamando por Anne e implorando que ela fosse um pouco mais rápida, o que não surtiu nenhum efeito. Ela demorou, e não foi pouco.
Depois de alguns longos minutos de espera, senti sua presença a minha frente. Ela me olhou e eu sustentei o olhar.
- Rachel! Que saudade! – ela se jogou em mim envolvendo-me em seu abraço que eu logo retribui. Ela se afastou e permaneceu olhando-me. Eu não era capaz de decifrar esse olhar nem de longe, estava diferente. Sua face demonstrava algo inexpressivo, não sei ao certo o motivo, se era devido a sua alergia que ainda a mantinha com o rosto um pouco inchado e vermelho ou se aquilo era algo interno do qual ela não conseguiu guardar e que seu exterior demonstrava sem que ao menos ela notasse.
Segurei a pequena gaiola cinza onde o gato repousava e me dirigi até o elevador. Ela nada fez. Apenas seguiu-me.
Repousei o gatinho no chão do elevador enquanto Anne apertava o andar. Estávamos em silêncio, o que no nosso caso era terrível e assustador. Notei que seu olhar era de angústia e de súplica. Ela estava triste e não era por culpa da alergia.
- Tá legal. - me virei para encará-la - O que você tem? – ela baixou o olhar para suas mãos enquanto mexia nelas com total desinteresse.
- Ele... Ele disse que me odeia. – ela disse segurando as lágrimas.
- Claro, e você queria o que? Festa de parabenização depois daquele papelão por causa de um homossexual que VOCÊ apresentou pra ele? – aumentei um pouco o tom de minha voz enfatizando a palavra você. Ela arregalou os olhos, acho que ela não esperava essa minha reação, mas o que eu poderia fazer? Eu sabia a versão do mais prejudicado da história toda, e ele não mentiria pra mim.
Segui até o carro e ela me acompanhou.
- Odeio quando você me repreende. – ela gritou na portaria do prédio estendendo os braços e me olhando nervosa.
- Por que será? Ah claro, porque talvez você julgue todas as suas ações corretas! Oh, desculpa a ofensa senhorita perfeição. - gritei também, colocando a gaiola na parte traseira do carro e voltando a encará-la. Ela me olhava, mas não demonstrava expressão nenhuma.
- Porra! – ela gritou - eu sei que errei e eu to sofrendo com isso ta legal? – ela continuou, aproximando-se de onde eu estava - Você me conhece, sabe que sou impulsiva, eu agi sem pensar e já pedi desculpas, mas ele está magoado comigo, ele me odeia, eu fiz mal a uma pessoa e só eu sei que já estou pagando por isso, por favor, não preciso que você brigue comigo também, preciso de ajuda! - ela tocou em meu ombro – Preciso... Da sua ajuda. – ela terminou em um sussurro e permaneceu ali.
Ela estava sendo sincera, eu sabia. Não eram precisas todas essas palavras para eu estar do seu lado, eu nunca havia saído dali, mas ela mereceu ser repreendida, e se ela estava sofrendo agora eu tenho até pena de imaginar o depois. Isso ainda não havia chegado ao fim e algo me dizia que mais do que nunca ela precisaria da minha ajuda.
- Tudo bem, me desculpa por gritar com você. - a puxei para um abraço e ela me retribuiu, soltando a respiração que a fazia ficar tensa.
Entramos no carro e permanecemos em silêncio enquanto saíamos do condomínio, parecia que a comunicação era algo desnecessário naquela hora.
- Eu estou arrependida. - depois de algum tempo ela falou, me encarando e virando sua atenção a estrada que corria lá fora.
- Por quê? - indaguei olhando-a.
- Eu... – suspirou e encarou suas mãos - Eu não tenho como explicar isso Rachel. - olhou para a janela novamente.
Nessa hora eu entendi tudo: sua aflição, sua teimosia, seu suposto ódio, o fato de estar magoada, todas as peças se encaixaram perfeitamente em minha cabeça e eu enxerguei o que estava o tempo todo ali, mas eu me recusei a ver.
- Não Anne... Não, por favor, o Tom não! – gritei e freei o carro abruptamente. Ambas fomos para frente com o baque violento que isso provocou. Ela me olhou assustada.
- Rachel eu... Eu... - tentou se explicar, mas sem sucesso.
- Ok, sem maiores explicações, já saquei tudo, eu te conheço. – eu disse, esperando uma resposta.
- Eu não pude evitar, você sabe como isso acontece. - justificou.
- Você poderia ter escolhido qualquer um, menos ele Anne, o Tom não!
- O que tem? Fora o fato de ele estar me odiando isso não é nenhum crime! - explicou. Respirei fundo e tentei ser o mais sincera possível sem magoá-la.
- Anne, olha só - olhei em sua direção - você não pode sentir nada por ele, naaaaada.
- Mas por quê?
- Como eu posso explicar... Bem, o Tom é uma das melhores pessoas que eu já conheci, é um ótimo amigo e eu o amo muito, mas eu nunca apresentei uma amiga minha que fosse pra ele. O Tom é um canalha se tratando de mulheres. Eu já conheci muitas meninas que sofreram e sofrem até hoje por ele, ele nunca gostou de alguém de verdade. Ele tentou, mas toda vez eram elas que saíam prejudicadas. Ele as fez sofrer e foi sem que ele notasse. Ele não tem culpa, ele só não consegue... Ele não presta Anne, o Tom não presta! – terminei, e ela me olhava assustada.
- O que você quer dizer com isso? - meio atônita perguntou.
- Eu só quero que você não sofra... Vai por mim, não deixe nenhum sentimento por ele crescer. A melhor coisa que você tem a fazer é esquecer, eu sei o que eu estou falando! – disse.
Anne analisou a situação e depois de um tempo confirmou com a cabeça. Essa era com certeza a melhor decisão a ser tomada, ainda mais agora que eu tinha certeza de que Tom aprontaria com ela e ela sofreria mais ainda com isso. Eu só espero que não tenha a alertado tarde demais.
- Vai Anne, larga ele de uma vez, eu não quero olhar. – disse, tampando os olhos com as mãos e espiando por entre os dedos. O atendente olhava para nós confuso com aquilo. Eu tampando os olhos e Anne em total indecisão sobre deixar ou não o gatinho ali. O coitado teve de puxar a gaiola da mão dela com certa violência para que ela entregasse.
- Eu vou fazer a fichinha dele e volto com ela para a senhorita assinar. - o atendente disse a nós e Anne confirmou com a cabeça, logo vindo ao meu encontro. Ficamos entretidas vendo alguns passarinhos coloridos que estavam presos em gaiolas acima de nós. Estávamos em uma loja de pet shop, uma das maiores de Hamburgo, com dois enormes andares lotados de serviços e produtos voltados aos animais. Eu sempre trago Sonne aqui para tomar banho uma vez por semana.
Estava tão distraída que levei um enorme susto ao sentir alguém tocar em meu ombro. Instantaneamente viro-me e me deparo com a última pessoa que eu esperava encontrar. Josh estava ali na minha frente sorrindo pra mim, tão lindo, tão perfeito, tão incrível! Eu pisquei várias vezes para ver se não estava sonhando, mas era real mesmo, e a voz dele me fez ter certeza disso.
- Olá Rachel. - Josh disse ainda sustentando aquele sorriso incrível, aquilo tinha um efeito totalmente estranho sobre mim, eu ficava imóvel e sem vida. Na verdade eu parecia um vegetal na frente dele. Anne sempre dizia que isso era por eu estar encantada por ele e eu como sempre achava que ela estava exagerando.
- Oi... Josh, tudo bem? – perguntei ainda sem jeito e com vergonha, a lembrança daquele desastre no parque ainda estava viva na minha cabeça, e com certeza ele também não havia esquecido.
- Tudo bem sim. - sorriu e senti Anne sorrir fraco e se virar nos dando as costas - Eu tentei te encontrar essas últimas semanas mas nunca te achava em casa, sua empregada me disse que você estava viajando, eu... Queria te pedir desculpas por aquele dia, fui um grosso, estúpido, você nem tinha culpa, eu nem sei como pedir isso mas... Me perdoa? – pediu e eu senti o chão sumir sobre meus pés. Ele me olhando daquele jeito, sorrindo daquele jeito, aquelas íris azuis extremamente brilhantes pedindo o meu perdão era algo irrecusável e nem se eu quisesse eu conseguiria dizer não.
- Ah claro, sem problemas.
- Ufa! Eu estava começando a me sentir mal com isso já! – ele disse. Estava mais bonito que o normal ou eu estava enxergando demais? Calma Rachel, respira fundo! - Então, já que somos amigos de novo eu... Eu queria saber o que você vai fazer esta noite. - perguntou. O que? Eu ouvi bem?
- Nada. - respondi sem jeito, mexendo no cinto que amarrava meu sobretudo preto.
- É que ta passando um filme no cinema que eu queria muito assistir. Eu ia ir com a minha irmã mas ela foi dormir na casa de uma amiga pra fazer trabalho da escola, e eu... Bem, não queria ir sozinho, você poderia me fazer companhia? – pára tudo, ele estava me convidando para sair? Não diretamente, mas isso era um encontro. Notei que demorei mais do que deveria para responder e senti Anne me cutucar para que eu fizesse alguma coisa.
- Ah sim, por mim tudo bem. - o que? Rachel por favor, não tinha uma resposta melhor não?
Josh simplesmente sorriu, o que me fez ter certeza de que minha noite seria ótima.
- Então combinado, às 20:30 eu passo na sua casa. - piscou e pegou alguma coisa em uma prateleira que estava ao seu lado e se dirigiu ao caixa. Bom, faltar mais um dia de faculdade não faria nenhum mal, e eu teria bons motivos.
- Eu quase achei que você não fosse aceitar. – Anne disse trocando a musica do rádio.
- Ficou muito na cara? Assim, que eu estava nervosa? - perguntei apreensiva e Anne não conteve uma gargalhada.
- Muito. - ri.
- Boba. - bati em seu braço esquerdo e deixei-a reclamando.
- Você precisa mesmo sair, por que né? Faz tempo que você não... Não. – arqueia uma sobrancelha e gesticula com os braços.
- Anne, eu não vou dormir com ele hoje. - repreendo-a assustada, e ele continua gargalhando e eu acabo a acompanhando.
- O que tem? Você já fez muito disso, sabe né? Dormir com homens sem nem saber o nome deles. – explicou
- Fazia. Verbo conjugado no pretérito, você sabe que eu mudei. - respondi séria.
- Seu passado literalmente te condena amiga, mas como não ser diferente? Uma menina bonita, rica, com grande ascensão social e que foi criada nos EUA , não poderia ter uma adolescência muito normal. Ela seria cheia de más companhias, bebidas, drogas... - Anne dizia aquilo como se fosse normal e como se aquilo não fosse me atingir. Eu não gostava nem um pouco de me lembrar do meu obscuro passado.
- Anne, dá pra parar? Isso não é legal, eu já fiz muita coisa errada sim e foi por isso que saí de lá. - aumentei um pouco o tom de minha voz.
- Não me surpreende você e o Tom terem se dado bem naquela época... - ela falava olhando para a janela, como se refletisse.
Aquele assunto me incomodava, e muito. Se você tem algo de que sente vergonha, o simples fato de uma mera lembrança que seja daquilo passar pela sua cabeça já aterroriza seus pensamentos e te deixa mal por um bom tempo. Eu tinha esse problema, nunca fui boa pessoa. O tempo, as pessoas e as circunstâncias me fizeram melhor, graças a isso hoje sou uma ex-adolescente suicida.
- Esquece isso ta? Muda de assunto. – implorei, e ela pareceu entender a importância do meu pedido.
Deixei Anne em casa para que ela pudesse seguir dali até o médico alergista que daria um jeito em sua cara. A alergia sempre a deixou mal, mas o que a deixava pior era outra coisa mais grave, e isso sim médico nenhum curaria.
Durante o caminho todo reforcei minha idéia de mantê-la longe de Tom o máximo possível. Tom tinha um efeito entorpecente sobre as mulheres normais, então imagina aos olhos de alguém apaixonada por ele! Bom, aos olhos de uma mulher assim, ele se torna bem mais irresistível, se é que isso seria possível.
Adentrar novamente os estúdios da gravadora era a melhor coisa que eu havia feito desde a minha volta. Eu nunca saberia explicar o que estar aqui significava pra mim. Eu acho que nunca me acertaria em nenhuma outra profissão, de maneira nenhuma. Todas as pessoas me cumprimentavam, eram gentis e simpáticas... Acho que trabalhar ali pra eles também não era nenhum sacrifício, e sim um privilégio. Aqueles corredores escuros pareciam bem mais interessantes, as fotos de grandes artistas enfeitando as paredes, as enormes cortinas... Tudo estava melhor ou será que o meu estado de espírito me deixou mais bem humorada em pleno dia feio de inverno? Motivos? Ah esses eu tinha, e o principal deles tinha olhos azuis.
Logo que entrei em meu amado estúdio, Katherine veio afoita me dizer alguma coisa, ela nem deu chance para eu abraçá-la. Ela estava nervosa, atordoada e agitada, o que já estava me incomodando, alguma coisa tinha acontecido.
- Katherine que agitação toda é esse mulher? Aconteceu alguma coisa? – encostei em seu braço coberto por um terninho na cor creme. Ela me olhou séria e logo sorriu.
- Nada não Rachel, eu só fiquei feliz que você voltou! – mentiu claro, isso estava na cara.
- Tudo bem então, mas vê se para com essa... Essa coisa nervosa que você está tendo. - apontei em direção ao seu rosto e ela pegou minha bolsa de minhas mãos para guardá-la, fugindo do assunto.
- Rach, o senhor Tom Kaulitz esteve aqui essa manhã procurando por você. Ele... Ele... Como era mesmo? – perguntou, olhando para o chão – Ah, ele disse que tinha uma música que queria te mostrar. – terminou e me olhou com uma cara esquisita, enrolando um fio de cabelo que caía do seu intacto coque, mas tinha algo errado nessa história.
- O Tom? Como assim? Ele me ligou agorinha mesmo e não me disse nada. - botei a mão na cabeça, fazendo um coque frouxo em meus cabelos.
- Era ele sim, aquele que veio aqui outro dia, ele parece muito uma mulher. – puxou-me o ombro e se aproximou do meu ouvido - Mas eu sei que ele não gosta que fale, e ele é bem simpático, por sinal diferente daquele outro, eu não gosto do jeito que ele olha pra mim. - confessou, ainda tentando falar mais alguma coisa. Eu a interrompi.
- Kath, esse é o Bill, o outro que é o Tom. - expliquei e comecei a rir da sua cara confusa. – Faz o seguinte, vai lá na minha sala e pega um remédio que tem dentro da minha bolsa e toma, você não tá muito legal hoje não... – mandei, e ela rapidamente saiu da minha frente. Só então me dei conta do que ela havia falado: Bill estivera ali querendo mostrar uma música. Sair de casa para fazer isso e não me encontrar deve ter sido um pouco frustrante. Imediatamente fui até minha sala nos fundos do estúdio e disquei no telefone amarelo o celular de Bill, mas nada, caixa postal. Mais tarde tentaria falar com ele, não haveria de ser nada urgente, Bill não é assim. Minha mesa estava uma bagunça, mais precisamente um campo de guerra para ser bem sincera. Ali sim eu teria trabalho...
Alguém abriu a porta e somente pelo perfume pude identificá-lo. Era James.
- Escuta. o que você colocou no café da Katherine hoje? Por... - nem precisei terminar, ao erguer os olhos percebi a resposta bem ali, em pé na minha frente. – Ah, tá explicado! – exclamei, reparando bem em seu novo look. Sim, ele havia cortado os cabelos: estava algo picado, totalmente bagunçado e com uma pequena franja para o lado esquerdo, dez vezes mais lindo! Vestia um suéter azul e branco xadrez e calças pretas, mas seu cabelo roubava toda a atenção. Bom, a euforia de Katherine se explicava aí, e isso só reforçou a minha teoria sobre suas intenções com James, e o maldito ainda sabia ficar mais bonito com aquele sorriso torto nos lábios...
- Eu vim aqui pra dizer que também senti sua falta, que você voltou mais linda ainda e já aproveito para dizer que eu não fiz nada para Katherine. - se defendeu, largando alguns papéis em minha mesa.
- Não fale sobre beleza comigo. - apontei para seu rosto e ele sorriu, bagunçando ainda mais os cabelos.
- Gostou? Nick quem incentivou, ela disse que fiquei mais jovem. - Nicoli era namorada de James a três anos, e eu achoava que esse ano teria grandes chances de sair um noivado. Ela era bem bonita, pelo menos estava à altura dele. Nunca troquei mais de 30 palavras com ela, James disse que ela era ciumenta...
- James mais jovem? Você só tem 28! – disse, e ele chegou até onde eu estava e estendeu os braços para um abraço.
- Pensar assim é melhor, vai que dessa maneira eu tenho alguma chance contigo. - brincou.
O resto do dia simplesmente voou e eu nem preciso dizer que não consegui me concentrar em absolutamente nada. A única coisa que eu queria era que chegasse logo certo horário da noite.
Katharine continuou estranha toda vez que James brincava com ela. Tenho certeza de que no fundo ele sabe que ela o ama e faz isso de propósito, homens são tão cruéis!
Tomei o banho mais demorado da minha vida e levei mais de quarenta minutos para decidir o que colocar. Era um shopping, um cinema, tinha que ser algo natural. Vesti uma calça jeans clara, um par de ankle boot pretas, uma camiseta comprida com a foto da Lady Gaga estampada e um sobretudo marrom.
Jen ria do meu estado: eu estava sentada no sofá da sala fitando a televisão desligada e mexendo as pernas, evidentemente nervosa.
20:30 em ponto a campanhinha tocou e ele estava lá. Eu não havia sonhado, eu não havia levado um bolo como pensara, era tudo bem real, e
ele estava lindo!
A noite foi maravilhosa, assistimos a um filme de ficção científica. Não lembro ao certo se prestei atenção no filme pois aquele sorriso e aqueles olhos simplesmente não deixaram.
Ele era incrível, daquele tipo de homem que a cada descoberta você fica mais deslumbrada. Ele era divertido, me fez rir a noite toda e sempre perguntava se eu estava gostando, ou se eu estava bem, ele se preocupava.
Josh é administrador, empresa de família também, e sobrou pra ele cuidar da parte alemã, mas ele não se importa, diz gostar muito daqui. Sua irmã mora com ele há dois anos. Alex tem 15 anos e é muito bonita, assim como o irmão. Josh parece cuidar muito bem dela, e é adorável o carinho com que ele fala seu nome, mas uma única coisa me deixou preocupada: durante o filme, recebi duas ligações de Bill, mas ignorei. Não poderia atender ali, que tipo de explicação eu daria a Josh depois? E nem preciso dizer que minha alegria foi para o espaço dando lugar ao nervosismo e curiosidade, mas não deixei transparecer de maneira nenhuma.
Comemos um lanche no próprio shopping e depois fomos para casa. E não aconteceu mais nada, mas por que eu havia ficado decepcionada? Eu não precisava disso, ou precisava? Aos poucos eu conseguiria sua confiança, e eu sei que ele também está interessado em mim, tenho certeza.
Suspirando, fui me deitar. Já era madrugada mas em mim não havia um resquício de sono sequer. Fiquei observando a cortina azul escuro que cobria a sacada do meu quarto quando escutei meu celular. Provavelmente seria Anne querendo saber como havia sido minha noite, mas como toda vez que eu via seu nome na tela, levei um susto, e meio confusa, atendi.
- Raaaaachel, alô! Aaaah você atendeu, até que enfim! – Bill gritou ao telefone, sua voz estava meio estranha.
- Bill, tá tudo bem? – a ligação estava ruim e eu consegui ouvi-lo chamar meu nome do outro lado. Sentei na cama e tentei ao máximo manter uma conversa. – Onde você está? O sinal ta ruim... Bill! - chamei.
- Eu... Eu não sei! – bufou - Eu acho que... Não, não é aqui, eu não sei, eu me perdi Rachel! – contou, e logo depois desatou a rir. Isso era estranho e engraçado ao mesmo tempo, já que sua risada era uma graça.
- Você bebeu né? Bill eu não acredito, você sab...- tentei falar.
- Eu não bebi! – gargalhou.
- Não mente.
- Tá, eu vou contar o que aconteceu. – ofegou - Deixa só eu sentar aqui...Pronto. – ele deu uma risada baixinha. - Eu queria sair sabe? Mas o Tom não podia me acompanhar, ele saiu com a Kelly... Não a Kelly já foi. - demorou um pouco para continuar - Acho que foi com a Lucienne... É, hoje foi a tal de Lu. - riu.
- Bill! - exclamei.
- Ai, calma Rach - eu ri ao ouvi-lo me chamar pelo apelido. – Então, como eu estava dizendo, eu tentei te achar por aí, mas você não atendeu a droga do celular e eu decidi sair sozinho. Eu fui a um lugar muito legal, vou te levar lá um dia. - disse e continuou rindo.
- E? - perguntei
- Rachel, eu sei que não podia, mas eu bebi... Foi pouquinho, sério, chegou um ponto em que a bebida me fez mal, só que aí...
- O que criatura?
- Tinha uma menina lá, ela era linda e sexy, parecia uma boneca, e eu não resisti e... E eu levei ela pra um hotel, eu transei com ela, e saí e deixei ela lá dormindo... Ela era de menor, eu vi na identidade, eu não quero problemas com isso e agora eu estou perdido Rachel, não sei em que fim de mundo eu tô! – contou, e eu imediatamente pus a mão na boca. Era muita informação de uma vez só e eu nunca imaginei ouvir isso dele. Do Tom eu já estava acostumada, mas o Bill era total novidade, um verdadeiro choque.
- E seu carro? - depois de um tempo consegui perguntar.
- Eu saí de táxi. – respondeu. Pelo menos com isso ele foi responsável. - E não se preocupa, eu tô bem disfarçado e aqui não passa nem vento.
- Descreve o lugar Bill. - pedi.
- Ta, é... É, tem uma estrada, várias árvores, e mais pra frente tá tudo escuro, só tem as fontes de luz. – respondeu.
- Ok, isso não ajudou em absolutamente nada Bill, como você foi parar aí?
- Eu já disse que não sei porra! – gritou, mas mal conseguiu terminar a frase devido a crise de riso que lhe atingiu.
- Tudo bem, eu vou te buscar... Só não sei onde. – comecei a rir, mas ao mesmo tempo, estava preocupada com a situação.
- Não, espera, aaaaah! Tá vindo um táxi, ele parou! – escutei algum barulho - Me passa seu endereço, eu vou praí, não quero morrer nas mãos do Tom. - disse.
- Passa o celular pro taxista. – pedi, e assim ele fez. Quando ouvi a voz diferente do outro lado da linha, expliquei e dei as coordenadas para que ele pudesse chegar até minha casa.
Demorou mais de 30 minutos até o porteiro informar que ele havia chegado, onde esse homem estava meu Deus?! A campainha tocou e ele entrou correndo com as mãos no bolso, atravessando a sala.
- Tô ferrado. – disse, indo até a sacada. - Um paparazzi me viu entrar aqui, eles já sabem da nossa aproximação. - saiu de lá e se sentou no sofá branco de couro da minha sala. - Amanhã estaremos namorando. - disse sério, me olhando. Ele estava muito bem, e muito sóbrio também. Eu não acredito que ele mentiu.
- Bill, você não tá bêbado! – disse, e ele arqueou a sobrancelha com uma expressão irônica. Logo depois sorriu fraco.
- Jura que eu atuo tão bem assim? – perguntou.
- Você fez todo esse teatro pra que? - me sentei a sua frente. - Me deixou preocupada sabia?
- Ounw que linda – sorriu, deitando-se no sofá. Ele estava com uma calça preta, uma jaqueta vermelha e aquela maldita touca no cabelo. – Eu agradeço sua preocupação com a minha pessoa... Ou seria remorso por ter me ignorado o dia todo? – perguntou, agora sério. Ele queria o que afinal?
- Bill, o que você quer? Eu não vi suas ligações. – menti - Eu estava ocupada. – olhei para a sacada - Precisava fazer isso? Você nem estava perdido!
- Desculpa. – pediu, me olhando preocupado, logo tirando a jaqueta, deixando a mostra uma regata preta. – Mas não é mentira, eu me perdi sim.
- Você não parece bêbado.
- Eu disse que tinha bebido um pouco só.- deu de ombros. – Mas o resto é verdade. – sorriu. – Aliás – ele fez menção de continuar –, eu não estava perdido mesmo não. Mas eu tive que mentir sobre isso também porque foi a alternativa mais fácil que eu arrumei pra tentar fazer você sentir pena de mim e pra que eu pudesse vir pra sua casa, o Tom me mataria se eu voltasse pra nossa casa nesse estado. – ele me encarou rapidamente e deu de ombros.
Balancei a cabeça para os lados indignada, eu não queria acreditar que Bill seguia os passos do irmão. Ele estava cheirando a cigarro e bebida, e outras coisas que são desagradáveis demais pra contar. Ouvi Sonne latir na cozinha e me preocupei com Jen, ela acordaria sem necessidade.
- Vem, vamos pro quarto. – sussurrei, puxando Bill pela mão.
- Mas já é? Achei que nós fossemos fazer diferente sabe? Você parece tão santinha. – comentou, me olhando daquele jeito tão sexy...
- Eu estou longe de ser uma santa Kaulitz, acredite. - eu disse, fechando a porta atrás de nós.
- Nossa... Sabe, eu não esperava menos disso daqui. - exclamou surpreso se referindo ao meu quarto. Sorri sem jeito e me sentei na cama, enquanto ele continuava de pé em minha frente. Ele caminhou por todo o quarto como se quisesse muito conhecer tudo, como se ele tivesse muita curiosidade em saber como era o meu lugar. Passava a mão pelos móveis, foi até o banheiro e voltou sorrindo. Logo depois, entrou no meu closet.
- Aaaah eu amei isso aqui! É enorme, isso é o paraíso! Olha isso aqui, tudo peças originais, quanto bom gosto, incrível! E esse Valentino? Isso é uma obra de arte! - gritou lá de dentro, logo voltando com uma expressão muito engraçada. – Eu adorei tudo, mas aquilo lá - apontou para o closet – é realmente incrível. - eu apenas sorri.
Ele encostou-se na minha estante de TV, cruzando os braços e inclinando a cabeça para o lado esquerdo, me fitando seriamente.
- O que foi? - perguntei sem jeito.
- Nada. - ele sorriu fraco - Só é estranho.
- O que?
- Ah, sei lá. - deu de ombros - Eu nunca imaginei que a amiga do meu irmão fosse ser assim, bonita, claro né? Tom não andaria com alguém que não fosse bonito, ainda mais mulheres. – ele revirou os olhos - Mas não imaginei que ela gostasse de moda, que ela cantasse, que ela fosse inteligente e tão legal como você. – ele sorriu e eu senti que o rubor havia tomado conta das minhas bochechas.
- Mentir é feio Bill. – eu disse, e ele sorriu.
- Boba. - mostrou-me a língua.
Cruzei as pernas me sentando melhor sobre a cama, enquanto ele estava na mesma posição.
- Então a parte do hotel e da garota é verdade? - questionei séria lembrando-me dessa parte do “teatro” e sua expressão não se mostrou nenhum pouco abalada com a minha pergunta.
- Sim. - balançou a cabeça - E eu não estava bêbado.
- Então por que...
- Simples, eu sou homem. – respondeu
- Credo, que pensamento machista Bill. – eu fiz uma careta rápida e ele riu.
- Talvez. – sorriu - Mas eu não controlo! Ela estava lá me dando bola, era bonita e era minha fã, que mal tem nisso? – perguntou, descruzando os braços.
- E a história de só se entregar ao amor verdadeiro? – questionei, e ele franziu o cenho confuso. - Eu li sobre você na internet gênio. - expliquei dando de ombros e Bill gargalhou.
- Você sabe mais do que ninguém que eu tenho uma imagem a preservar. O galinha sem-vergonha é o Tom, então eu preciso parecer um santo. - calmamente respondeu.
- Você faz isso direto é?- nem havia percebido o tipo de pergunta que tinha feito e ele gargalhou novamente, indo até o espelho que havia na parede ao lado, ajeitando sua touca.
- Pesquise a resposta na internet. - disse.
- Pra quê sendo que eu posso tirar as informações diretamente da fonte? – sorri vangloriosa. Ele então virou-se, me encarou por breves segundos e se sentou ao meu lado.
- Então pergunte.
- Você faz isso direto? - repeti a pergunta sem me importar com o tipo de coisa que havia perguntado. Ele sorriu fraco.
- Não... Digamos que sejam umas três, quatro vezes por mês. - respondeu – É natural eu precisar disso. – eu apenas balancei a cabeça para os lados. – E quanto à história do amor verdadeiro, eu quero sim me apaixonar, e tenho certeza de que quando olhar pra ela vou saber que é ela que procuro, e ela terá toda minha atenção, toda minha dedicação, toda minha vida. Você deve ter lido sobre declarações minhas em relação ao sexo com amor. - confirmei com a cabeça e ele riu - Isso também é verdade. É diferente quando se ama, é de verdade quando se ama. – o olhei confusa – Assim, das garotas com quem eu saio, eu diria que o sexo teria nota 6,7 – explicou. Como é? Ele dá nota pra isso?! Meu Deus, ele está se saindo pior que o irmão... –, e quando é feito com amor, teria nota 10.
- Bill, quantas vezes você já se apaixonou? – perguntei, e ele baixou o olhar.
- Nenhuma. – respondeu baixinho, mexendo em suas mãos.
- Então você não deu nota 10 pra nenhuma. - sorri e Bill ao perceber a situação também riu. E por incrível que pareça eu estava achando isso normal. Pra quem acompanhou a vida de Tom Kaulitz durante sete anos, os pensamentos malucos do Bill não são nada. Ele pediu para tomar banho e eu lhe indiquei o banheiro, oferecendo a ele uma calça de moletom e uma camiseta que Tom deixava em minha casa. Arrumei o quarto de hóspedes para ele, logo depois ligando para Tom e avisando que Bill dormiria aqui. Ele nem deve ter entendido muito bem, já que ele estava bem ocupado.
Bill entrou no quarto travando uma briga com as roupas largas do irmão, chegava a ser engraçado. O acomodei no quarto e segui em direção a porta. Quando estava abrindo, ouvi Bill chamar, me virei e ele se aproximou, me olhando por um tempo e depositando um beijo em minha bochecha.
- Obrigado, você é mesmo incrível. – disse, e seguiu de volta a cama, deitando-se. - Boa noite Rach. - desejou sorrindo.
- Boa noite Bill. – sorri, desliguei a luz e fechei a porta.
Voltei ao meu quarto e custei um pouco a pegar no sono, mas eu me sentia tão bem... Talvez por agora sim ter certeza de que nos daríamos bem, eu havia ganhado alguém, ele confiava em mim, e eu agora o conhecia, mas lá no fundo havia algo que me dizia que isso seria perigoso, mas se eu já cheguei até aqui, não vou desistir. Nós estávamos construindo algo, e eu não deixaria isso ficar pela metade. Nem as conseqüências me importavam mais: eu tinha ganhado um aliado, um amigo. Bom pelo menos era isso que eu pensava.
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Deu pra saber um pouco mais sobre os personagens,eu acho !
pra quem achava que Bill era um santinho UHAUASAUSH'
comentários?
sugestões?
adoro o que vocês escrevem!
até a próxima amores ;**