e aí, prontas para a revelação número 1?? Lá vai, boa leitura!
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3
Lobby do Hotel, 12:30pm Estávamos todos falando em alemão, o que chamava um pouco a atenção dos outros hóspedes. Sem falar que alemão geralmente não sabe o que é falar baixo. Os primos do Georg comentavam a todo tempo o quão bom era os Estados Unidos, e queriam voltar lá todo o ano. Era engraçado. Todos tinham o cabelo castanho-claro, e os olhos verdes do Georg, como quadrigêmeos.
E falando neste problema...
Espiei do meu lado direito. Alexandra estava no colo de Tom, deixando que o lesado do meu irmão ficasse dizendo besteiras que a faziam rir. Quando a mão de Tom foi para dentro da camisa dela pela terceira vez, fiquei realmente nervoso.
- Por favor, Tomi. Se comporta!
- Seu irmão é tãão chato! – Alexandra deitou a cabeça no ombro dele. Tom lhe deu mais um chupão no pescoço.
- Não é essa a questão. Estamos chamando muita atenção já, e nosso voo pra Califórnia é daqui duas horas. Amanhã de manhã, todo mundo bem cedo em LAX.
- Tá! – Tom explodiu – já disse isso um milhão de vezes! – Ele levantou da cadeira, levando Alexandra pelo pulso para o elevador. Dei um soco na mesa, e me arrependi no segundo seguinte, sentindo a dor.
- Hei! É a minha despedida de solteiro, e as duas vão ficar de gracinha?!
- Desculpa, Georg. – Disse, enterrando a raiva o mais fundo que podia – é que ele...
- É que ele... escuto isso já vai fazer duas décadas! Cambada Listing, vamos fazer as malas.
A contra-gosto, os primos dele o seguiram. Perdi totalmente a postura, encolhendo a cabeça entre os ombros.
- Não fica assim. Ele tá nervoso com isso de se casar.
- Eu sei. – Fui com a mão no peito. Gustav ergueu a sobrancelha.
- Sabe, devia ligar pra Megan... enquanto a gente ainda está aqui, e enquanto não cicatriza.
Arregalei os olhos, e parei de respirar. O nome era tão incomum e familiar pra mim, que me atingiu feito um raio.
- Disse algo de errado? Você ficou mais pálido ainda!
- O nome dela era Megan...
-
Ja. E você quase saiu da boate com ela, nós te seguramos, daí ela... te passou o número de telefone. Foi... surreal, fala sério! Eu ligaria... ela parecia meio desesperada por você. Um olhar vidrado, assassino! Por isso não deixamos ela te levar.
- Gustav...
- Bill, fala a verdade pra mim...
Gustav ficou mais perto ainda, com uma dúvida nos olhos.
- Vocês transaram naquele banheiro, não foi?
- QUE?! – Gritei, me levantando.
- Wow, desculpa aí! É que parecia mesmo, né. Pelas suas... – ele gesticulou várias vezes no ar – condições, se é que podemos definir assim.
- E-eu vou ligar. Dá licença?
- Toda. E fala que o Gustav mandou um beijo. – Ele deu um sorriso apagado, frio.
- É... tá.
Fui para um canto isolado da recepção. Lá, além das luzes baixas, das folhagens artificiais, e das poltronas de couro que não estavam sendo usadas, tinha uma parede toda espelhada. Levantei a camisa, nervoso, olhando para os dois lados. Gravei o número, e o digitei, errando duas vezes, soltando um palavrão baixo nas duas.
O número foi chamado uma eternidade. A cada pulso, eu sentia que estava transpirando, me sentei numa poltrona fechando os olhos com força, quase sem respirar.
Ninguém atendeu.
Mais relaxado deixei o celular cair na poltrona do lado, e massageei a testa. O que eu estava pensando, afinal? Tá, e se tivesse transado, ela só tinha deixado o número.
- Merda... – disse, entendendo tudo.
Daria um braço só pra ter certeza que tinha sido sem camisinha, e ela agora estava dentro de um banheiro químico, fazendo um teste de gravidez de farmácia, garantindo seu próprio futuro. Tom nunca tinha caído naquele velho truque, mas não tinha sido o mesmo com o espertão aqui.
Grande idiota, Bill! Dei um pulo quando escutei
Viva la Vida do Coldplay. Era meu celular tocando.
Antes de atender, olhei para o número. O mesmo gravado em mim. Atendi.
- A-alô?
Do outro lado da linha, eu escutava uma respiração falha.
Quando pensei em falar de novo, uma voz.
- Oi... você me acordou.
Era uma voz feminina, doce, de sotaque europeu, e muito, mas muito... sexy. Não tinha como descrever de outro jeito. Sem falar que tinha certeza de quem estava ligando.
- Megan?
A voz do outro lado pareceu meditar. Primeiro, tentou dizer alguma coisa, depois hesitou. Disse por fim, sem sono na voz:
- Acho que só coloquei M em você. Não era pra lembrar do meu nome. - Gustav... me disse. Ele te mandou um beijo. – Que?
- Ownt! Ele é tão fofo. - Escute. Eu não lembro quem é você, nem da onde a gente se encontrou, nem mesmo do seu rosto! Então, porque deixou seu telefone em mim?
Mais uma pausa. Depois, uma risada cristalina, que me fez rir, mesmo angustiado.
- Me elogiou tanto antes me acabar comigo naquele banheiro... agora nem sabe quem eu sou. – Ela estalou a língua cinco vezes.
- Tá, e agora?
- E agora?! – Ela gargalhou. –
Ué, eu é que deveria perguntar! - Eu... não lembro... de nada!
- Eu sei que não. Ia precisar de um tempinho para me curar, mas entendi suas ordens ontem, antes de você apagar. Te encontro em Londres.
- Mas que porra, quer me dizer o que...
- Se tem dúvidas, olhe o bolso de sua jaqueta, a que usou ontem. E imagino como suas costas estão agora... ah, preciso de uma aspirina... – ela riu brevemente. Depois desligou.
Tinha decorado o número sem saber como. Mas nas quatro vezes seguintes que tentei ligar, o número dava como desligado.
O que ela tinha falado por último mesmo?
Minhas costas... meu bolso da jaqueta.
Saí correndo no saguão, a tempo da porta do elevador não se fechar. As outras cinco pessoas ali se assustaram com um alemão de dois metros de altura entrando feito louco no elevador, mas não liguei. Desci por primeiro, e empurrei a porta, que estranhamente estava aberta.
Girei os olhos, e fingi não estar afetado.
Tom e Alexandra estavam no
round2, e li a raiva nos olhos dele quando me viu ali.
Os deixei, peguei a jaqueta, e saí por quarto do Georg e do Gustav.
- Dá licença! Preciso usar o banheiro de vocês!
Os dois ficaram petrificados por dois segundos, até que Gustav fez que sim com a cabeça.
Vasculhei por todos os bolsos da jaqueta, tremendo, sentindo que estava gelado demais. Mas não tinha absolutamente nada. Só achei uma embalagem de chicletes.
Mesmo sem entender o porque, a joguei no chão, e comecei a tatear por dentro do tecido. Travei quando senti uma pontada no dedo. Segui o contorno do objeto, até descobrir um zíper muito bem escondido, num bolso falso.
Com dificuldade pra respirar, o abri.
Um punhal, daqueles que a gente só vê nos filmes de espião, estava ali, escondido na minha jaqueta. Calculei mentalmente que, pelo alcance do zíper, eu podia pegá-lo em segundos, talvez três.
Mas, porque diabos, eu ia precisar daquilo?! Então, me lembrei da segunda coisa que Megan tinha me dito. Tremendo ainda mais, tirei a camisa pela cabeça, e fui até o espelho.
Tinha ficado tão preocupado com aquele número de telefone gravado em mim, que fiquei completamente inconsciente da dor que poderia ter vindo das minhas costas.
Eu tinha muitos, mas muitos hematomas. Causados por chutes e socos, alguns vergões vermelhos. Tateei os ferimentos, sentindo meus olhos ficando molhados, o desespero subindo minha garganta, me dificultando o ar que tentava respirar. Na minha nuca, um corte, escondido no meu cabelo.
Antes de finalmente surtar, meu celular apitou no bolso. Uma mensagem, daquele maldito número.
Não pire. Tarde demais.
Esse foi meu último pensamento lúcido.
Não me lembro quando comecei a gritar, mas depois que guardei a faca, e recoloquei a blusa, entrei em choque. E continuei gritando, mesmo depois que a minha garanta pegava fogo, mesmo depois de Georg e Gustav arrombarem a porta, e tentarem me tirar de lá.
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ooooooooooooooooooooooooooooooo e agora??