Muito obrigada /anna. E obrigadíssima meninas, eu não contava com tanto retorno *-* Gostou né Jú? haha. Aqui vai mais um capítulo, abstrai qualquer erro porque acabei atrasando a fic por conta de problemas de saúde e tive que transformar as ideias brutas em capítulo correndo. Boa leitura.
Capítulo 2
O vôo foi cansativo, mas bem tranqüilo. Chegamos ao aeroporto de Berlim um pouco mais animadas do que quando entramos no avião em NY, principalmente porque a energia que as pessoas exalavam era confortante, a tranquilidade da cidade era algo excepcionalmente novo para Júlia, que estava tão acostumada com a agitada Nova Iorque. Para mim a calmaria já era um tanto familiar, mesmo que minha vida na Alemanha não tenha sido tão tranqüila.
Paramos em uma lojinha simpática no aeroporto porque Júlia havia cismado em comprar algum presente para tia Simone. Segundo ela era mal educado passar o feriado na casa de alguém e chegar de mãos abanando.
_ Júlia você veio de onde? De um filme do Poderoso Chefão? – fiz graça.
_ Claro que não sua boba. Só acho certo levar algo de presente, já que vou passar uns dias na casa de sua tia e nem fui convidada diretamente por ela. – deu de ombros – E além do mais, aquele personagem desse tal O Poderoso Chefão...
_ Você quer dizer O poderoso chefão, já que ELE é o personagem principal. – interrompi.
_ É, esse mesmo. Que seja! Continuando, acho que ele é um homem muito sensato e educado, já que pensa da mesma maneira que eu. Não discuta com meus princípios Klein. – disse enquanto analisava alguns souvenirs na tal lojinha.
_ Não está mais aqui quem falou. – disse erguendo as mãos como se estivesse me rendendo.
Esperei por volta de 30 minutos até que Júlia finalmente decidisse qual seria o presente perfeito e, não que isso me surpreendesse, ela saiu da loja com bem mais que uma sacola para o presente de tia Simone. Caminhamos até o portão principal do aeroporto quando fomos atingidas pelo frio cortante que estava lá fora, logo pude avistar Gordon que nos esperava recostado num carro que eu mal pude acreditar, mas era o meu antigo Chevy Impala 67 conversível. Uma relíquia que meu avô havia deixado para mim como herança. Eu costumava sair por Hamburgo de madrugada naquele carro.
Gordon estava distraído lendo um jornal quando me aproximei após alguns segundos extasiada ao rever meu tão amado carro.
_ Vejo que cuidou muito bem do meu bebê. – disse recostando-me ao lado do meu querido tio.
_ Mia! Nossa como está crescida, e bonita! Nem parece a mesma adolescente rebelde que conheci alguns anos atrás. – ele disse abraçando-me animadamente. Fiquei feliz em reencontrá-lo.
_ Obrigada, você também está bem bonito. – agradeci dando uma piscadela – Bom, essa é minha amiga Júlia, moramos juntas em NYC.
_ Júlia Geiner, aspirante a jornalista, 20 anos e nova iorquina legítima. É um prazer conhecê-lo Gordon. – apresentou-se minha amiga exagerada.
_ Bom, também é um prazer conhecê-la Júlia Geiner. – respondeu Gordon, educação intacta como sempre – Vamos entrando meninas porque são aproximadamente duas horas de carro daqui até Hamburgo.
Entramos no carro e fui admirando a paisagem ao longo do caminho, eu não lembrava das belas paisagens que meu país de origem tinha a oferecer, eram realmente estonteantes. Florestas lindas e fechadas, flores típicas e delicadas, tudo se encaixando perfeitamente bem formando paisagens dignas de cartões postais.
Júlia roncava no banco de trás do meu chevy enquanto eu estava uma pilha de nervos por ter de rever todos aqueles lugares carregados de lembranças de uma época agitada da minha vida. Já havíamos entrado na cidade quando tive uma súbita vontade de abrir o porta luvas para ver se tinha jogado fora as coisas que eu havia deixado ali ou se preservaram um pouco da essência que deixei para trás. E surpreendi-me ao encontrar fotos minhas com a minha antiga galera, meus ‘seguidores’, também encontrei uma foto minha sendo beijada nas duas bochechas ao mesmo tempo por Bill e Tom, éramos inseparáveis. Encontrei fotos, embalagens de chicletes, um esmalte preto ressecado e um CD do Bon Jovi.
Chegamos e Gordon estacionou ao lado de belos carros, mas que para mim não passavam de modernidade passageira ao lado do meu bebê. Acordei Júlia e entramos com nossas respectivas malas. Tia Simone devia estar na cozinha, deixamos as malas na sala e fomos anunciar nossa chegada.
_ Tia Simone? Cheguei. – disse ao encontrar na cozinha procurando por ela que se encontrava numa posição um tanto cômica: vestida um avental de cozinha por cima do vestido rosa claro e estava de quatro tentando encontrar algo debaixo do fogão.
_ Mia! Querida, como é bom te receber de volta. – disse ela vindo até mim e esmagando-me com seu abraço acolhedor.
_ É bom estar de volta. – disse sem ter certeza – Bem, esta é Júlia. A amiga de quem lhe falei. – apresentei-a já que minha amiga estava um pouco lesa demais para repetir o exagero que cometeu com Gordon mais cedo.
_ É um prazer recebê-la querida. – minha tia abraçou Júlia que ficou com um sorriso retardado no rosto logo depois – Leve-a para o quarto vizinho ao seu, vocês devem estar exaustas. E mais tarde pode vir me ajudar com a salada de frutas para a ceia de Natal?
_ Claro, posso sim. – eu sabia que teria de ajudar na cozinha, mas não reclamo – Mas, espera ai. A senhora disse “quarto vizinho ao seu”? Quero dizer, ainda tenho um quarto aqui?
_ Mas é claro! Você acha que eu me livraria do cantinho de minha sobrinha favorita? Magina! – respondeu-me dando uma piscadela de leve e voltando para sua busca incansável pelo objeto perdido debaixo do fogão.
_ Obrigada tia! Eu te amo! – exclamei enquanto ia em direção a sala de estar sendo seguida por Júlia. Gordon já estava estirado no grande e confortabilíssimo sofá assistindo a qualquer coisa na TV.
Praticamente arrastei Júlia escada acima e mostrei-lhe o quarto onde ficaria durante sua estada por lá, e ao voltar ao corredor onde havia nove portas sendo sete delas quartos e duas, banheiros. Encarei por alguns segundos duas portas que me eram familiares, eram os quartos de Tom e Bill, que por um acaso ficavam de frente para o meu e o de Jú. Recuei à curiosidade de entrar nos quartos e bisbilhotar um pouco e carreguei minha malas para meu antigo quarto.
Milhares de lembranças atingiram-me no momento em que adentrei naquele cômodo. A parede pintada de preto ao lado da cama, os cd’s de rock espalhados por cima da escrivaninha – perto da janela -, meu antigo aparelho de som, jeans rasgados pendurados na cabeceira da cama, paredes e guarda-roupas ilustrados de cima a baixo com recortes e posters de bandas de rock, letras de música, símbolos e fotografias. Tudo exatamente como eu havia deixado cinco anos atrás. Apenas a cama com a colcha negra com desenhos de caveiras estava esticada, o chão limpo, o tapete vermelho de formato retangular estava lavado, o resto ainda estava como eu deixei.
Deixei minhas malas ao lado da pequena escrivaninha que mais era utilizada como degrau quando eu fugia pela janela do que para estudos. Observei todos os detalhes daquele lugar e na parede oposta à parede negra pude ver uma porta que indicava a entrada do lugar onde passei meus momentos mais deprimentes e solitários, o banheiro. Entrei e toquei desde as bordas da pia de mármore branca até as da banheira de tamanho médio. Abri as gavetas e encontrei diversos pacotes de giletes, em todas elas, que fiz questão de jogar no lixo imediatamente, nesse momento as cicatrizes em meus pulsos latejaram com a triste lembrança então resolvi arrumar o quarto e disfarçar a obscuridade que ele representava.
Uma hora depois os cd’s estavam organizados em pilhas, minhas roupas estavam nas devidas gavetas, o banheiro estava limpinho e perfumado, e o mais importante, as giletes e suas respectivas embalagens estavam em um saco preto indo direto para o lixo. Resolvi dar uma olhada nas roupas que eu havia deixado para trás, era pouca coisa, mas ainda sim mostravam bem que eu era naquela época. Encontrei mais jeans rasgados, camisetas pretas lisas, estampadas, rasgadas, de bandas, munhequeiras, um cinto de tachinhas e um par de coturnos. A maioria daquelas roupas ainda servia, sim eu experimentei, a não ser pelos jeans, porque agora tenho digamos que um traseiro mais avantajado.
Depois de uma volta no túnel do tempo resolvi colocar um short preto curto e um casaco de moletom cinza para amenizar o frio nos braços. Desci e fui até a cozinha onde minha tia estava animadíssima preparando um grande banquete para a ceia de Natal no dia seguinte. Debrucei-me na bancada que formava um L vindo da pia e formando uma divisória entre a grande cozinha e a requintada sala de jantar.
_ Oi tia. Vim ajudar, o que posso fazer?
_ Oi querida, pode ir cortando as frutas em cubo para mim enquanto eu vou na garagem ver o que Gordon quer lá fora naquele frio?
_ Claro. – disse observando-a pendurar seu avental de cozinha dum gancho ao lado do armário de louça.
Entretive-me por alguns minutos cortando mangas, laranjas, maçãs, morangos, entre outras frutas perguntei-me onde minha tinha havia arranjado tantas frutas, algumas apenas cultivadas em outros continentes, mas logo imaginei que ela teria pedido que entregassem especialmente para seu banquete. Típico da senhora Kaulitz. Eu estava distraída, cantarolando Wonderwall, do Oasis, quando sinto mãos em minha cintura. Gritei quando senti um hálito quente em minha nuca, já que meus cabelos estavam enrolados num coque frouxo.
_ Empinada desse jeito você me deixa louco. – ouvi uma voz rouca sussurrar em meu ouvido.
_ AAAH! Que susto garoto!
_ Mia!? Mas o que? Como? Ai, to confuso. – era meu primo, Tom. Eu não sabia que ele viria para o Natal.
_ O que você está fazendo aqui? – perguntamos ao mesmo tempo.
_ Você primeiro. – ele disse.
_ Bom, tia Simone me convidou para passar as férias de inverno aqui. E você, não devia estar em turnê ou algo do gênero?
_ A turnê terminou hoje, só voltamos a trabalhar daqui a um mês e meio. Mas, é você mesma? Está tão... tão...
_ Tão? – encorajei-o
_ Diferente. Vou ser sincero, você ta gostosa pra caralh*. É isso. – ruborizei e percebi que ele encarava meu corpo como um predador. Focado em minhas pernas.
_ Ei Tom, meus olhos são um pouco mais acima.
_ Desculpa, é que não sabia que Nova Iorque fazia milagres.
_ RÁ. Engraçadinho você, vem me ajudar a cortar essas frutas.
_ Dessa vez eu passo priminha, cadê a minha mãe?
_ Está na garagem ajudando Gordon com sei lá o que. Só não entendo porque ela não me disse que você viria...
_ É que, bom ela não sabe que viemos.
_ Viemos? Bill também está ai? – não escondi a animação ao saber que Bill também estava em Hamburgo.
_ Está. – respondeu – Deve estar tirando as malas do carro lá fora. Sabe, eu não entendo porque você fica tão animada quando o vê... Quero dizer, não é só porque vocês...
_ Tom, cala a boca e vai lá ajudar seu irmão a pegar as malas vai. – o interrompi.
_ Ta bom, sua chata. Chata e gostosa. – disse e correu antes que a maçã que taquei em sua direção o atingisse.
Eu não contava com a presença deles, mas algo me dizia que essas seriam longas férias...