quantos pedidos :O bem, eu e as garotas esperamos que vocês gostem e que comentem. não só um 'posta mais!' (embora eles também sirvam), mas algum comentário ou crítica construtiva ou qualquer coisa. divirtam - se :]]
Capítulo 1 – Alien
“Who are you?
Who am I?
Blood is all I see...”
Uma fina chuva caía quando eles deixaram o estúdio. Protegeram-se como puderam e caminharam alguns poucos metros até o luxuoso Audi R8 do Kaulitz mais velho. O alarme fora desativado habilmente por Tom e a chave foi jogada para seu irmão. Não estava em condições em dirigir naquela hora. Não depois da bomba que explodiu à sua frente.
Em treze anos de banda, Tom Kaulitz estava afim de uma garota que não dava a mínima para ele. Mas isso seria superável se ela não fosse famosa e muito menos lhe desse o fora do ano em rede nacional. Fora pego totalmente desprevenido e isso o deixara magoado.
Suspirou alto.
Bill olhava preocupado para o irmão e sentia-se mal também. Era a tal conexão incompreensível entre gêmeos. Ele dividia a atenção entre a estrada molhada e Tom, que olhava pela janela embaçada pela chuva, perdido em seus pensamentos, com certeza remoendo tudo o que lhe aconteceu.
- Tom? - o gêmeo ignorou o seu chamado, mas Bill continuou falando com os olhos ainda postos na estrada chuvosa. – Não liga pra ela, mano. Você sabe que consegue coisa melhor – tentou encorajá-lo. – Jost conseguiu acalmar a imprensa já.
- Falar é fácil – Tom murmurou interrompendo-o – Fica no meu lugar, pra sentir como é levar um fora em rede nacional.
- Olha, eu sei que é difícil ok? – Bill retrucou, apertando o volante do carro com força. Estava com raiva, raiva da garota que havia deixado o seu irmão assim – Já levei um fora, diversos, de garotas que eu achava que ia durar muito tempo! Então, larga de ser chorão e bola pra frente.
Tom apenas revirou os olhos e voltou a mergulhar em lembranças, mas especificamente a qual estava lhe matando por dentro.
- Eu estou provando do meu próprio veneno – confessou sem olhar para Bill. – Acho que a Ann entrou na minha vida só para jogar na minha cara o quão idiota eu sou. Que dói ser rejeitado por alguém.
Foi a vez do gêmeo mais novo suspirar e sentir-se incapacitado por não saber o que fazer para ter o irmão sorrindo novamente. Queria fazer de tudo, mas ao mesmo tempo, não poderia fazer nada. O que lhe restava era focar-se na estrada sinuosa à sua frente para chegar em casa o mais breve possível, sem acidentes.
Os minutos corriam e o silêncio era quase palpável no interior do Audi. Nem a música de Samy Deluxe estava sendo capaz de animar Tom. Bill até aumentou o volume discretamente pelo volante, mas em vão. Seu gêmeo continuava calado e, às vezes, cerrava o punho com força, tornando os nós dos dedos brancos.
- Você está me deixando nervoso, Tom. Cara, esquece esta garota. Tudo o que ela quer é te ver neste estado desprezível. Mostre-se superior, como sempre o fez – Bill despejou tudo o que lhe vinha à cabeça num fôlego só. Alguém ali tinha que dar uma boa sacudida em Tom.
- Só me deixa em paz, por favor – pediu numa voz arrastada e magoada. Tinha vontade de chorar copiosamente e talvez, livrar-se do aperto em seu coração. Queria correr para a casa de sua mãe e deitar a cabeça em seu colo em busca de conforto e palavras de carinho.
- Pra te deixar em paz eu preciso me calar e aceitar esse estado em que você está, e isso eu não vou fazer nunca – Bill começou a despejar as palavras muito depressa, antes que Tom pudesse interromper. Ele não olhava para o irmão, que continuava com os olhos voltados para a paisagem que passava num borrão. – Você é meu irmão, e me dói te ver assim. Literalmente.
Tom não respondeu. Sabia que o irmão conseguia “pegar corda” sem nenhum tipo de ajuda e quanto mais ele falasse, mais Bill continuaria com aquela conversa de livro de auto – ajuda. Ele procurou fixar sua atenção na paisagem e tentar se desligar do irmão, que continuava falando.
- Você parece que esqueceu quem é – Bill mantinha os olhos fixos na estrada. A chuva aumentara consideravelmente e ele redobrou o cuidado. – Você é Tom Kaulitz, você não deixa as mulheres pisarem em você. Então esquece essa garota. Tudo o que ela queria era atenção e alarde e agora que conseguiu vai te deixar em paz. E você devia fazer o mesmo com ela.
Talvez se Tom não estivesse tão determinado a não prestar atenção às palavras de Bill, o vulto encolhido à beira da estrada teria lhe passado despercebido. Ele precisou de dois segundos para confirmar que a sombra que vira apenas de relance era realmente uma pessoa, e ainda sem muita certeza gritou para o irmão:
- BILL, PÁRA ESSE CARRO AGORA!
Bill enfiou o pé de uma vez no freio, quase se chocando com o volante no momento em que o carro parou abruptamente. Ele encarou o irmão, surpreso, mas antes que pudesse fazer qualquer pergunta, Tom abriu a porta e correu para fora do carro, batendo a porta com força.
- TOM! – ele chamou em vão, sabendo que o irmão não atenderia mesmo que pudesse ouvi – lo. A rajada fria que havia entrado no carro percorreu seus braços descobertos, nuca e entrou pela blusa percorrendo todo seu tórax e lhe causando arrepios. Ele virou – se para trás, tentando ver onde o irmão tinha ido, mas conseguiu ver apenas o vulto dele correndo para a beira da estrada. Bill ficou tenso. Seu corpo inteiro enrijeceu, e ele levou alguns segundos para interpretar aquilo da forma correta. Estava com medo. Tanto medo quanto poucas vezes sentira na vida. E não entendia o motivo daquilo. Um trovão que parecia ter ocorrido bem acima de sua cabeça o arrastou para fora de seus pensamentos e ele balançou a cabeça tentando clarear as idéias. Precisava ignorar aquilo e ajudar seu irmão. Bill abriu a porta e foi atrás de Tom.
A chuva e a falta de iluminação obrigavam Tom a forçar sua vista ao máximo enquanto ele andava em direção à sombra. Mas a cada passo que ele dava, tinha mais certeza de que não era apenas um arbusto ou um truque enganador de seus olhos. Ele
sentia que era uma pessoa, e que estava precisando muito de ajuda.
Tentou inutilmente se aquecer, apertando mais seu casaco contra seu corpo e continuou andando em direção ao vulto, que mostrava ser de uma mulher à medida que se aproximava. O corpo pequeno e aparentemente frágil abraçava-se e os longos cabelos negros cobriam seu rosto.
- Ei, você! – Tom gritou, chamando-lhe a atenção. A mulher levantou seu rosto com os olhos assustados e fitou a figura alta e magra do Kaulitz. Ele correu em sua direção, segurando suas calças demasiadamente largas, não contando que ela pudesse apressar mais seus passos, claramente apavorada.
- Tom! – ouviu a voz do seu irmão abafada pela chuva e não deu atenção. Aquela mulher precisava dele, precisava de ajuda o mais rápido possível. Depois de quase cair por causa da pista escorregadia, finalmente a alcançou. Segurou seu braço firmemente e espantou - se ao ver as costas dela apresentar duas feridas profundas.
- Você está sangrando! – constatou o óbvio e sem se importar com os gritos que com certeza viriam, pegou-a no colo desajeitadamente e voltou em direção ao seu carro, encontrando um Bill totalmente encharcado e com o rosto negro devido à maquiagem.
- Meu Deus! – Bill exclamou ao ver a mulher no colo do seu irmão. Tom apenas o olhou significadamente e isso bastou para que Bill corresse de volta, tropeçando em seus pés, e se atrapalhasse ao abrir a porta do Audi, ajudando Tom a colocar o corpo quase desfalecido no banco de trás.
- Me dá as chaves – o Kaulitz mais velho ordenou e as recebeu, contornando a frente do veículo e adentrando-o numa velocidade incrível.
- Vá com cuidado, por favor – Bill segurou o braço do irmão que girava a chave na ignição.
- Fica tranqüilo – sorriu confiante e pisou no acelerador, cantando os pneus pela estrada.
Bill virou – se pra trás e olhou a garota, que estava sentada no banco olhando curiosamente para ele. Seus cabelos pretos caíam em cortinas ensopadas até próximo ao cotovelo. Seus olhos eram negros, e não havia nada neles que lembrasse, mesmo que vagamente, algum tipo de brilho. Ela era muito, muito branca e usava algo que um dia fora um vestido preto, mas que estava tão rasgado que em alguns pontos as tiras de pano em alguns locais simplesmente caíam pelo seu corpo.
- Qual seu nome? – ele perguntou.
Ela inclinou a cabeça para o lado e ficou calada.
- Será que ela tem nome, Tom? – ele olhou para o irmão.
- Mas é claro que tem, Bill. Todo mundo tem nome – Tom respondeu sem olhá – lo. – Ela só não deve lembrar, ou alguma coisa assim.
- De onde você veio? – Bill virou – se para ela novamente. – Fala qualquer coisa!
A garota limitou – se a olhá – lo, com uma expressão pensativa.
- Acho que o choque deve ter tirado a voz dela ou coisa assim – Tom disse sem muita certeza na voz.
- Choque, Tom? Como você sabe que ela sofreu algum choque? – Bill o olhou.
- Não sei, ué. O pessoal no hospital vai saber o que fazer – o mais velho deu de ombros.
- Hospital... Boa ideia – Bill virou – se completamente para frente.
A garota sentou-se na beirada do banco e se posicionou no espaço entre Bill e Tom. Ela olhava de um para o outro e depois para a estrada de uma forma curiosa, como uma criança que encontra algo novo que desperta sua curiosidade. Ela aproximou um dedo longo e branco lentamente do rosto de Bill. Suas unhas eram bastante compridas e não estavam pintadas. Seu dedo frio tocou o rosto dele em um ponto em que a maquiagem preta havia escorrido, mas ela o afastou rapidamente emitindo um silvo baixo. Depois voltou a sentar – se normalmente no banco.
- Acho que ela não gostou da sua cara – Tom deu uma risadinha.
- E claro que você, como meu irmão gêmeo idêntico, está bem colocado para fazer piadinhas sobre minha cara – respondeu Bill sorrindo ironicamente para o irmão.
- Pelo menos, eu tenho muito mais cara de homem que você, Kaulitz – rebateu Tom, dando um sorriso debochado.
- Cala a boca, estúpido – seu gêmeo bateu fracamente em sua cabeça.
Olharam-se e riram escandalosamente.
Só faltou Bill arrebentar a porta dupla da entrada principal do hospital tamanho era seu desespero. Os pacientes e médicos que passavam por ali o olharam reprovadores e assustados. Após o choque, alguns enfermeiros perceberam quem era ele e correram para ajudá-lo. A hipocrisia desse mundo era demasiada.
- Senhor Kaulitz? No que posso ajudar? – uma mulher vestida de branco, aparentemente já de meia-idade, perguntou segurando seu braço.
Nesse momento, Tom entrou de supetão pela mesma porta carregando a morena em seu colo.
- Um médico aqui! – praticamente ordenou e uma massa de seis pessoas vestidas de branco veio até ele com uma cadeira de rodas. Ajudaram-no a colocá-la na cadeira e dirigiram-se para um corredor extenso e muito bem iluminado.
A mulher que ainda segurava o Kaulitz mais novo pareceu chocada pelo que viu, mas logo se pôs atrás do balcão e tirou de lá uma prancheta com vários papéis.
- Vou precisar que vocês preencham estas fichas para podermos...
Tom segurou os ombros da mulher com suas mãos enrugadas e a encarou seriamente.
- Minha senhora, encontramos aquela garota no meio da estrada. Não sabemos seu nome, sua idade, de onde veio e para onde vai. Nós só... Ajudamos.
- Ela não informou absolutamente nada? – a mulher perguntou, olhando – o como se suspeitasse de algo.
- Nada. Ela não disse uma palavra desde que a encontramos na estrada – Bill disse, impaciente. – E não olhe assim pro meu irmão, nós só ajudamos!
A mulher soltou um pesado suspiro e pegou apenas um dos papéis que estavam na prancheta.
- Então assinem pelo menos essa autorização. Precisamos saber se poderemos realizar qualquer procedimento necessário, e se os senhores irão arcar com as despesas caso ela não tenha plano de saúde.
Tom puxou rapidamente o papel de sua mão e assinou, devolvendo – o na mesma velocidade.
- Temos que esperar aqui? – Bill perguntou.
- Não, podem vir comigo – ela arquivou a autorização e seguiu por um corredor, sendo seguida por ambos. Bill e Tom trocaram olhares rapidamente enquanto atravessavam vários corredores. Quem os conhecia, sabia que havia uma conversa silenciosa entre eles, mas isso passou despercebido pela enfermeira que continuou guiando – os através do hospital.
Após atravessarem uma porta encimada por uma placa indicando que haviam entrado no Centro de Imagens, a mulher parou.
- Ela está no Raio – X, vocês precisarão esperar aqui – ela disse, virando – se para eles.
- Vai demorar? – Tom perguntou.
- Não muito – ela respondeu, e se afastou.
Eles sentaram – se em duas das cadeiras que estavam enfileiradas na parede.
- Aquela mulher deve estar achando que a gente tentou estuprar a garota e alguma coisa saiu errada – Tom bufou.
- Não a culpo. Olha o nosso estado. Eu pareço ter saído de um freak show – Bill disse se olhando. – E essa droga de roupa molhada está grudando em todo lugar.
- Ela também estava bem machucada – Tom continuou. – O que será que aconteceu, Bill?
- Vai ver ela foi importada como escrava branca de algum país bem longe e conseguiu fugir. E não respondeu a gente porque não fala alemão – o mais novo deu de ombros.
Tom olhou para o irmão com uma das sobrancelhas erguidas.
- Não sei, Bill. Você sabe que não deve ser só isso. Você
sentiu que não é só isso.
- Você também...?
- Aham, eu também senti – Tom estava louco para verbalizar o que se passava dentro dele, mesmo que o irmão já soubesse. – Eu senti
medo, Bill. Isso não faz sentido, ela é só uma garota estranha e machucada, mas eu senti. E eu
precisava chegar perto dela, sabe? Era mais forte que um impulso... E quando eu vi que ela tava sangrando...
- Você se sentiu na
obrigação de fazê-la ficar bem – Bill completou os pensamentos do irmão. – E ainda está sentindo isso agora, assim como eu.
- É – Tom suspirou.
Um silêncio foi instalado. Os gêmeos olharam simultaneamente para o teto. Os minutos não passavam e nenhum médico aparecia para lhes dar qualquer notícia sobre o estado da mulher.
- Os senhores que estão acompanhando a paciente 666? – um médico alto, moreno parou à frente deles. Bill fitou o irmão rapidamente, estranhando o número, e concordou. – Bem, nós fomos obrigados a dar um sedativo por ela se apresentar eufórica. E os exames básicos não constaram nada de errado. Agora, ela vai ser encaminhada à sala de cirurgia devido aos ferimentos.
- E vai demorar muito esta cirurgia? – Tom indagou, levantando a sobrancelha. A verdade era que estava louco para ir para casa e trocar de roupa.
O médico deu uma mais olhada na prancheta.
- Este tipo de cirurgia costuma demorar. Aconselho aos senhores irem para a casa e descansarem. Qualquer acontecimento, ligaremos imediatamente. Com licença – e saiu do mesmo jeito que entrou na sala de espera.
Tom contorceu seu rosto numa careta e imitou debochadamente o médico.
- Vamos embora – Bill o puxou pela manga da camiseta. O gêmeo limitou a seguir o irmão para fora do hospital.
- Será que ela vai ficar bem? – perguntou.
- A gente vai fazer o possível, mano – Tom fora retribuído com um sorriso sincero, mas cansado do irmão. Sorriu também e adentrou o Audi, ligando-o e saindo dali ligeiramente preocupado.