Um presente do Inferno

Ele havia acabado de chegar na boate quando à viu, do outro lado da pista de dança.



- Comporte-se - Seu irmão falou, à medida que Tom examinava a garota, próxima presa indefeza de uma noite regada a champagne e prazer.

-Desde quando não me comporto?



Ele sorriu malicioso, olhando nos olhos, bem delineados com a cor da escuridão, do irmão gêmeo, melhor amigo, e confidente.

Este sorriu, e então lhe deu as costas, caminhando até o bar.

Tom se misturou na multidão de rostos, olhando bem para cada corpo feminino, com suas roupas curtas, mas não havia motivo para procuras.

De repente um cheiro tomou conta de seus pulmões, logo chegando ao seu cérebro. Era um cheiro doce e quente, que parecia chamá-lo para o centro da pista. Assim ele foi.

Agora, ele procura algo que não sabia o que era, ou melhor, quem era.

As pessoas ao seu redor pareciam não sentir o cheiro que Tom sentia, e parecia não se importar com a mulher deslumbrante dançando sozinha bem debaixo do globo de luz.

Sim, era a mesma mulher que ele vira ao entrar. Só que agora ela estava diferente. Parecia brilhar, com sua pele morena clara e o cabelo castanho mel.

Suas formas eram avanatjadas e definidas, melhorando conforme ela se mechia ao som da música eletrônica que enchia a boate, embaralhando os pensamentos da pessoas, misturando-se com a batida do coração de todos.

Quer dizer, quase todos.

Tom olhava para ela como se ela fosse uma de suas guitarras, ou então algum carro de luxo de sua coleção. Coisas que ele não consegue se imaginar sem, como se fosse algo vital.

Pensamentos embaçaods e como sussurros, pelos seus batimentos cardiacos acelerados estarem em seus ouvidos, invediram sua cabeça.

"Quem é ela?" Ele queria a resposta. " O que está acontecendo?" Ele implorava por explicações.

Ele se aproximou dela, ficando a meio metro de distância. Aquele corpo escultural, coberto pelo vestido perfeito, ardente como o fogo, pecador como o diabo, deixava-o tonto de desejo.

Então, como uma chama, algo dentro dele começou a queimar. Era tão forte a ponto de se instalar em seus ossos, superaquecer seus orgãos e derreter seu coração. Tudo isso porque ele olhou no fundo dos seus olhos, desvendando sua alma.

Parecia que o tempo havia parado quando ela sorriu. Não, não foi assim. Foi de um jeito demoniaco, endiabrado, causando arrepios em Tom.

Ela sussurrou algo inteligível com sua voz leve como uma briza e seus olhos se tornaram completamente pretos.

Tom entrou em um torpor, caindo no meio de todos aqueles humanos que se sacudiam ao seu redor.

*

Mais uma vez um trabalho bem feito.

Ela veio, levou uma vida, sem sujar as mãos, nem ser vista.