Não me movia nem um centímetro desde que Tom se fora da minha vida. Não há mais motivos para sair, para falar, para cantar ou de tocar. Isso me corrói por dentro, sinto como se estivesse morrendo lentamente e dolorosamente. Tudo me lembra tanto ele... Simplesmente me olhar no espelho lembra-o. Ainda quando tentei cantar “World Behind My Wall” parecia que o chão ia desaparecer a qualquer momento e que eu ia ultrapassá-lo. Acordando de um pesadelo com ele me abraçando e dizendo que tudo não havia passado de um sonho, me apertando contra seu tórax desnudo e musculoso. Fazendo-me desejá-lo incansáveis noites, desde que tinha 14 anos já sabia que eu amava Tom mais do que devia, mas eu não podia fazer nada. Dois dias antes que ele se fosse nós fizemos pela primeira vez.
[Flashback on]
- Vem cá, Tom! Vem! – Chamava meu irmão, colocando o dedo indicador na boca. Eu olhei para seu corpo tenso, mas já com um sinal de uma breve ereção em suas calças e sorri animado. - Ah! Vai! Tom! Ahnm... Que gostoso! – Comecei a gemer tentando provocá-lo, e deu certo. Ele começou a andar lentamente em minha direção. Sorri vitorioso. Ele deu o sorriso que eu mais gostava de ver no seu rosto. A malícia naquele sorriso era visível, ainda mais para onde ele olhava.
- Agora que me provocou, vai ganhar um castigo. Menino desobediente. – Eu ri. Em pouco tempo ele estava em cima de mim. Aproximou-se do meu rosto, mas do contrário do que eu queria me deu um beijo. Sussurrou sensualmente no meu ouvido e dava para notar como sua voz estava rouca de desejo. Gemi meu nome. Gemi. – Ele havia colocado a mão tão sutilmente em meu sexo que nem havia notado, mas sua mão era peluda e forte. Havia começado com um movimento de vai e vem devagar.
- Ahnm... Tom... Tom! - Eu estava gemendo em seu ouvido e ele acelerou os movimentos. Apertou meu sexo e minha cabeça cambaleou para trás. Comecei ter oscilações na minha voz, entre rouco e desafinado. Ele puxou minha nuca em sua direção, beijando-me ferozmente e minha língua colidia-se com a dele numa dança sensual e viciante.
- Menino mal, agora pede mais. - Sussurrou numa brecha do nosso beijo e deu um sorriso acanhado, pois sabia que eu não resistia.
- Tom. - O olhei sério e gemi. - Me dá mais? - Fiz biquinho e senti a pressão de sua mão contra meu pênis. Ele pressionou mais forte outra vez e soltei um grito.
- Bill, chega de castigo. - Ele se afastou, mas eu não havia o soltado.
- Tom... Eu quero você... Dentro de mim. – Falei para ele ofegante esperando que ele não me recusasse esse pedido. Ele pareceu nem pensar e muito menos hesitar, voltou a me beijar mais rude e fora de controle, como se nunca mais fosse beijar-me.
Sua língua percorreu minha boca e quando se afastou senti falta dela dentro de minha boca, brincando com a minha. Ele lambeu seu dedo e colocou dentro do meu orifício, entrando e saindo completamente de mim. Eu voltei a beijá-lo e deixei que ele enfiasse mais um dedo. Seus movimentos ficaram mais fortes e rápidos, e quando notei, ele já estava com três dedos entrando e saindo rapidamente. Sua ereção estava ficando cada vez maior, pois agora eu a sentia roçar em minhas pernas, o que fazia eu ficar mais excitado. Eu gritei, pois ele havia achado minha próstata.
- É ai! Tom! É ai! Vai mais rápido! - Gemi alto esperando que ele continuasse, mas ele saiu e entrou apenas mais algumas vezes.
- Bill... É agora. - Fiquei tenso e ele beijou-me mais uma vez calmamente. Ele começou a tirar suas calças e eu prontamente ajudei. Quando tiramos sua boxer preta que estava usando, sua ereção estava... Vamos dizer... No seu ápice.
- Não sabia que me desejava tanto. - Sorri vitorioso, e vi-o corar um pouco. A única coisa que penso é que eu estou transando com o meu irmão. Devia ser a mesma coisa que transar com meu espelho, não acho que não é a mesma coisa. Acho que é porque Tom é mais... Vamos dizer... Mais... Diferente não seria essa a palavra... Mais Tom.
Não tem como descrever meu irmão. Ele é quieto, mas também muito pervertido, ele é meu irmão e também meu amante. Ele é o meu Tom, o meu irmão mais velho que esta sempre me incomodando, mas também, meu desejo mais íntimo.
- Ahnm... Anda Tom! Ahnm... Você fica ai olhando pra mim... Ahnm... Ahnm... - Suplicava pra que ele entrasse em mim. Senti-o pressionar seu sexo contra meu orifício, e numa tacada só senti que estava sendo preenchido por completo. - AAH! - Gritei quando me senti completamente preenchido. Tom estava gemendo também, e ficou parado por um momento esperando eu me acostumar com a sensação. Então ele começou a entrar e sair lentamente, começando a aumentar a velocidade. Ficamos em uma dança constante em nossos corpos, chocando-se quando ele entrava em mim, e afastando-se quando saía. Senti o gozo de Tom se formando, mas nada falei.
- Bill, eu vou... - Minha cabeça que estava cambaleada para baixo levantou-se lentamente e puxei minhas mãos para o meu membro totalmente ereto. Senti as mãos fortes de Tom encima das minhas e prontamente tirei minhas mãos e deixei que ele o fizesse. Senti um líquido quente começar a escorrer pelo meu pênis. Os movimentos de Tom eram hábeis e rápidos, a textura de sua pele mais descuidada, e os movimentos rudes e fortes delas...
Nós gozamos quase ao mesmo tempo, e senti o líquido quente em minhas pernas, havia chego ao meu clímax. E ele também. Senti seu pênis saindo de dentro de mim e gemi novamente pela sensação do vazio. Necessitava dele dentro de meu corpo.
Senti o impacto de seu corpo do meu lado e senti que naquele momento o que estávamos sentindo havia sido recíproco.
- Minha melhor noite foi ao seu lado. – E senti que tudo se escurecia ao meu redor.
[Flashback off]
Eu começava a acreditar que ele partira pra outro mundo, mas eu me decepcionei. Ele havia me prometido que sempre estaria ao meu lado, ele me mentiu... Meu irmão se perdeu...
-Bill! – chamava-me alguém urgentemente. – Bill! – e eu ouvi o barulho de alguma coisa caindo, quando notei essa coisa era eu.
Abri os olhos lentamente e pisquei várias vezes, olhando pra cima vendo meu irmão embaçado.
-Ah, Tom! Me deixa dormir! – Falei fechando os olhos novamente e procurando o cobertor, não o encontrando.
-Bill... – Tom falou de um modo triste e imediatamente abri os olhos e o encarei. – Eu estou... – Ele fez uma pausa e estava chorando em silêncio. Virei-me para o lado tentando achar uma blusa. – Morto. Desculpe-me. Eu te amo. – E quando o olhei novamente, sua imagem havia desaparecido. Me desesperei.
Corri pra fora do quarto indo em direção ao seu, esperando que aquilo fosse minha imaginação, ou que fosse apenas um pesadelo, mas eu estava enganado. Meu pesadelo recém havia começado. Corri para dentro do quarto de Tom e ouvi algumas vozes. Entrei aliviado e notei que a TV estava ligada; ela havia me pregado uma peça. Sai dali mais apressadamente, e notei que ele não estava em casa.
Sai do apartamento rapidamente apenas com o calção que estava e apertei no botão do elevador, mas ele estava no primeiro andar e eu não podia esperar tanto tempo. Fui em direção às escadas e comecei a descê-las de dois em dois degraus. Cheguei ofegante no primeiro andar e fui à recepção do hotel.
-O... Tom saiu? – A atendente fez um sinal positivo e novamente me pus a correr para fora do prédio, indo em direção ao estúdio. Os minutos pareciam não passar e tudo parecia estar em câmera lenta. O chão começava a ficar distante e me aproximei de um tumulto que havia começado, mas não era por minha causa. Eu não sabia o que era e o que estava acontecendo. Meu rosto estava suado, estava sem camisa e sentia o suor descendo pelo meu pescoço. Olhei para o lado e vi o rosto de Gustav horrorizado. Não! Não! Isso não esta acontecendo!
- Gustav! – Ele me olhou e desabou em um choro desesperado. – Cadê o Tom? – Perguntei, ele soluçou ainda mais forte. - Cadê o Tom? Gustav! – Fiz novamente a pergunta.
- Vai ver o motivo do tumulto. – Ele apenas disse isso e corri para dentro do bolo de pessoas, me esfregando e sentindo reclamarem de eu passar tão abruptamente. Uma pessoa olhou para o meu rosto e nada disse, apenas continuou a me olhar de um modo quase que com... Pena.
Faltava passar de apenas uma pessoa. Quando a ultrapassei, jurei que estava no inferno. Meu corpo pareceu queimar-se em chamas e meu coração estava dessorando-se. O corpo de Tom estava estendido no chão e um líquido vermelho e viscoso de cor avermelhada cobria seu corpo. Um líquido vermelho que pertencia a ele a quem era tão igual, mas diferente de mim. Alguém que me completava.
-Não! Tom! Tom! NÃO! – Eu corri tentando abraçá-lo, mas me impediram. – Saiam da minha frente, é o meu irmão! SAIAM! – Gritei e consegui me libertar. Sentia o olhar de muitas pessoas sobre mim, mas não me importava. Meu irmão havia morrido! E me avisou!
Senti meu corpo pesar e deixei-o cair no chão. Fiquei ao seu lado observando-o. Seu rosto estava tão pálido e perturbado, seus olhos estavam fechados com força e sua boca estava distorcida. Uma de suas mãos estava em seu peitoral e parecia estar segurando algo com força. Estendi minha mão estremecida a ele e toquei sua pele. Ela tão gelada, parecia que estava tocando em um boneco de neve. Em seus dedos gélidos estava uma foto amassada e velha. Aquela foto que... Era minha... Aquele que Tom pensou em seus últimos momentos de vida. E ainda me avisou de que não estaria mais comigo, não usaria mais suas mãos para compor melodias para as musicas por mim compostas, não falaria mais que era o gostosão e não faria mais as meninas gritarem emoção por ele nos shows, e sim, faria as gritarem de dor. Não era como se alguém importante para mim fosse embora, era como se uma parte do meu ser estivesse sendo levada mais rapidamente. E isso se aproximava cada vez mais de minha morte, pois não quero viver muito depois que meu irmão morreu.
- Tom! TOM! TOM! VOLTA! POR FAVOR! NÃO ME DEIXA! NÃO! NÃO ME DEIXA! QUEM É QUE VAI GRITAR COMIGO AGORA! QUEM VAI ME CHAMAR DE MENINHA! QUEM VAI ME ABRAÇAR NO MEU ANIVERSÁRIO E DIZER QUE EU TO BÊBADO! QUEM VAI CUIDAR DE MIM? – Comecei a chorar compulsivamente sobre seu corpo gelado e sem vida. Eu queria voltar a sentir seu coração bater, seu peito inflar-se. Queria ouvir suas reclamações de uma unha quebrada.
-Bill! Sai de cima de mim! – O ouvi gritar, e olhei para seu rosto vendo novamente sua expressão. Pessoas começaram a me afastar dele, querendo levar ele de mim. Querendo levar o único que havia restado dele.
-Não! Soltem-me! Não! Não, por favor! Só mais um minuto! – Me soltaram e cai como uma pedra pesada no chão. – Tom, me desculpa! Tom, eu te amo! Me desculpa! Mas... Por favor... Volta! Tom! – Eu sacudi seu corpo, tentando animá-lo e querendo que ele me empurrasse e chamasse-me de tudo quanto era nome. Seguraram meu corpo, mas eu não resisti. Deixei minha cabeça cair para frente fechando os olhos com tanta força que chegava a doer-me. Minhas lágrimas rolavam pelo meu rosto e minha mente estava em branco, eu realmente estava no inferno. Parece que eu não fui até o inferno.
- O inferno veio até mim... - Falei e algumas pessoas me olharam, então levantei minha cabeça com um olhar frio e sem vida.
[Flashback off]
Eu estava com uma carta que Tom fizera alguns dias atrás como se soubesse que fosse acontecer algo com ele.
“Bill...
Sabe, faz alguns dias que eu ando tendo sonhos com uma morte próxima. Não que isso possa ser verdade. Mas se acontecer algo comigo, eu quero que você saiba que eu amo muito você e quero dizer que o Tokio Hotel tem que continuar com ou sem mim. Porque você vai continuar o nosso sonho, eu sempre estarei com você. Não se esqueça disso. Eu nunca te abandonarei, não ache que eu quebrei aquela promessa. Pois a minha vida é você, não faça nada de errado. Viva por mim. Seu irmão que te ama muito. Ah, e pega várias gatas pra mim também!
Dein Tom.”
- Tom seu mulherengo! - E algumas lágrimas ainda caiam insistentemente de meus olhos enquanto eu dava um breve sorriso.