Capítulo 77 – Os Três Dias
Vocês estão loucas pro circo pegar fogo, né? Fogo não vai pegar, mas faíscas vão aparecer Hi, Diiih! Que mara que está lendo a fic! Obrigada pelos elogios! ....boa leitura meninas!
Música do capítulo, sugestão da Tila - https://www.youtube.com/watch?v=sxaBrOu3W7w ____________________________________________________________________________________________
07:30am, Cristine
O despertador tocou, e eu acordei instantâneamente. Estava tensa, mal havia dormido. Era mais a raiva. Raiva porque havia decorado todas as frases que Tom havia me dito assim que chegou em casa:
“Apartamento bonito”
“Sim, acho que estou com fome”
“Aqui tem uma boa vista”
“Eu quase não entendo francês”
“Acho que vou dormir”
Aquelas frases rodaram a minha cabeça a noite inteira, e não saíam de jeito nenhum. Eu cheguei a enrolar o travesseiro na cabeça e batê-la contra a cama!
Tomei um banho rápido e vesti as roupas mais folgadas que tinha. Sem vontade alguma eu fui fazer o café. Antes de descer as escadas, ele estava saindo do banheiro, havia acabado de tomar banho...só de toalha, ainda meio molhado.
-Ai, me desculpa! Não sabia que você estava acordada... -Ele abaixou a cabeça, sem graça. O mais incrível era que ele parecia sincero.
-Não, tudo bem...eu vou fazer o café. - Ele me deu passagem, e eu tive de prender a respiração para não sentir o seu perfume.
Liguei a cafeteira, e preparei ovos com bacon. Me lembrei de anos atrás, ele havia comido a mesma coisa numa manhã de inverno. Eu ouvi ele se sentando em um banquinho.
-Quer ovos com bacon? - Disse, sem me virar.
-Uhum.
Eu coloquei em um prato e servi o café.
-Desculpa...mas você não tem algum suco? O mais novo é que gosta de café.
-Ah, é...quer...um chocolate quente?
-Não vai te dar trabalho?
-Não, de forma alguma.
Eu fiquei do outro lado da bancada, tomando meu café de pé. Me sentia segura assim, com alguma barreia me impedindo de tocar nele. Depois que terminamos, ele insistiu para lavar a louça, mas não permiti.
Meia hora depois ele estava do meu lado no carro, indo para o hospital. Levei roupas para Bill, Glória e meus pais, que insistiam em ficar lá. Minhas mãos estavam apertadas no volante. Tive de ligar o mp3 do carro para quebrar aquele silêncio. Tocava uma música do cd deles. Tom estava fazendo os movimentos da guitarra com a mão esquerda. Devia ser quase um reflexo, ele parecia não se dar conta do que fazia.
Só fiquei uma hora no hospital, e pedi para Glória avisar para Tom que quando ele quisesse voltar, era só ligar lá para casa. Eu fui para o meu trabalho na empresa, sem ter certeza se aqueles seriam os últimos dias ali. Mas foi muito bom para distrair.
Mias tarde, fui ao rinque de patinação, e fiquei lá com Rick, praticando até a hora de saída dele. Como era alta-temporada, ele ficou lá até as 10 da noite. Nós entramos em casa nos beijando.
-Nossa, isso tudo era saudade minha?
-Você não imagina o quanto é difícil ficar longe de você!
Fechei a porta, ainda abraçada nele. Eu não iria deixá-lo. Eu o amava demais para fazer isso por outro cara, ainda mais quando “esse” cara é o maior traidor do mundo.
Ele foi me empurrando até o sofá, e nós deitamos lá.
-Sabe o que eu trouxe?
-O que? - Ri da voz de criança dele. Ele tirou um DVD do bolso.
-Ah, não acredito!!!
-Aham, a vigésima temporada do Heroes!
-Ai amor! Valeu, eu tava louca pra assistir!
-Mais só vai assistir se fizer uma coisa pra mim.
-Acho que já sei o que é. - E recomeçamos a nos beijar.
Nessa hora ouvi uma chave sendo girada na macaneta. Quase caí do sofá ao ver Tom entrando. Ele ficou vermelho na hora, assim como eu.
-Co, como você tem a chave? Como chegou aqui? - Estava de pé, no meio da sala.
-Vim de taxi...e sua irmã me deu a chave...eu vou lá pra cima.
Fiquei o olhando subir as escadas constrangido.
-Eaí, ainda quer ver algum DVD comigo? - A voz de Rick estava tensa
-Claro, vai colocando, vou fazer uma pipoca.
Dormi aquela noite tentando escutar alguma coisa do quarto dele. Dava pra ouvir ele se remexendo na cama. Mas tudo ia ficar bem no dia seguinte. Glória ia sair do hospital, Tom iria embora, e dali a três dias no máximo estaria em um avião com o pessoal da faculdade, para a maravilhosa Suíça.
Só nunca pensei que um pequeno acidente poderia mudar tudo.
Naquela manhã fiz waffles para o café, e dei para ele uma bisnaga de geléia de morango, sabia que era a sua fruta favorita. Fui até o banheiro e voltei, e ele tentava abrir a bisnaga.
-Cara o que tem nas embalagens canadenses que não abrem do jeito tradicional?
-É que essa é meio complicada. - Eu a peguei, evitando encostar em sua mão – Tem que empurrar pra baixo e girar. - Mas eu também não conseguia abrir.
-Quer uma ajuda? - Ele disse, auqueando a sombrancelha.
-Não...ela deve estara com pressão, você por acaso a bateu contra a bancada?
-Por acaso sim.
Foi ele falar aquilo que eu conseguir abrir...só que a geléia explodiu no meu rosto, principalmente na minha boca, e no meu cabelo. Ele tentou, mas acabou rindo, gargalhando! Ao escutar aquela risada outra vez, eu não resisti, e ri junto. Aquela situação era no mínimo, cômica.
Aos poucos paramos de rir. E quando percebi, ele estava olhando diretamente para a minha boca, lambuzada de morango. Ele mesmo passou a língua no piercing. Sentia borboletas no estômgo.
-Deixa... - ele sussurrou. Logo entendi o que ele pretendia.
-De jeito nenhum! Jamais!
Ele deu a volta na bancada, indo ao meu encontro...
-Uma vez Cristine, uma única vez...
-Não! - Eu fazia 'não' com a cabeça, mas isso não o impedia de se aproximar de mim.
-Cris... - Ele me segurava pelos ombros.
-Não se atreva!
-Eu vou morrer... - ele aproximava os lábios dos meus.
-Morra então! - Foi a última coisa que eu disse.
E por cinco segundos, somente cinco, eu me permiti 'pertencer' a ele. Eu segurei nos seus ombros para afastá-lo, mas ele teimava. Dei um tapa em seu rosto, com toda a minha força, e ele cambaleou para trás.
Eu abaixei a mão, tremendo. O rosto dele ficou marcado, e seus lábios estavam da mesma cor que os meus. Nós ficamos assim, petrificados, por longos minutos.
Depois eu esbarrei nele e me tranquei no banheiro. Ainda chorando, eu tirava geléia de morango do meu cabelo, e com violência, arrancava o gosto dos lábios dele nos meus.
40 Minutos mais tarde
Ele ficou no banco de trás. Vestia um casaco de veludo preto. Um pequeno sinal vemelho em meia-lua estava ao lado esquerdo do seu rosto. A minha aliança de compromisso havia ficado gravada ali.
-Você vai assinar? -Ele disse de uma vez, quase cuspindo as palavras.
-Como acha que eu vou fazer isso? - Minha voz saiu tremendo.
-Eu queria ter assinado a carta de recomendação...queria mesmo. Só que não sabia qual seria sua reação, se isso ia piorar ou...
-Não assinou porque foi um covarde! - Meu pensamento escapou por meus lábios.
-Covarde?
-Sim, é isso que você é! Corvarde, traidor...
-Quem é você pra me julgar?! - Me olhava furioso pelo retrovisor.
-Eu sou a idiota que já acreditou em você! - Estava quase chorando de tanta raiva.
-Eu não sei como você ainda faz isso...será que...você não pensa como isso afetas as fãs? Já não pensou em como elas se sentem em gostar de alguém que vive dando pra qualquer uma?
-Não tem como agradar o mundo!
-Não, concordo com você... - falava com sarcasmo – Mas você já ouviu falar de amadurecimento por acaso? Você já tem 25 anos, e age como um...adolescente que acabou de descobrir o que é puberidade!
-E você tem 22 e gosta de se enganar que é uma beleza! - ele me imitava.
-Eu? Me enganar?!
-Sim, se enganar. Tá escrito na sua cara, Cristine: você ainda me ama!
-Imagino que este seja seu trunfo, não é? Ser inesquecível. - Eu estacionava na frente do hospital. Me virei para encará-lo.
-Só me diz uma coisa: ainda tem raiva por não ter conseguido nada comigo ou eu estou enganada?!
Ele me olhou com puro ódio.
-Não tente bancar a forte. Seus olhos estão verdes, Cristine. E até onde eu sei, eles ficam assim quando você chora. - Ele saiu do carro, batendo a porta. Tive de contar até dez para não enforcá-lo.
Glória estava uma felicidade que só. O Doutor Lee, junto Com Bill a ajudaram a se sentar na cama, e se apoiar nas muletas. Ela teria de usá-las até conseguir apoiar a perna totalmente no chão. No início ela vacilou um pouco, sentindo dor. Mas logo ficou de pé.
Todo mundo bateu palma, como se fosse o ano-novo chinês. Brian estourou os balões que tinha levado, e levou uma bronca da enfermeira, aquilo era um hospital, e tinha que fazer silêncio.
Mesmo assim,a felicidade dela durou pouco. Primeiro, porque teve de ir direto para a cama, ainda não podia ficar andando por aí. E segundo, porque teve de se despedir de Bill, eles iriam para a Flórida dali há algumas horas. Foi triste de ver aquilo. Ela tentava acalmá-lo, mas Bill chorava copiosamente, ainda teimando em ficar. Se Tom não tivesse o levado para fora do quarto, ele teria ficado.
Eu os levei ao aeroporto. Bill me falou mais uma vez para assinar o contrato. E me despedi de Tom com um seco comprimento.
Não contei para Glória o que havia acontecido. Não tive coragem. Meus pais foram para o Rio no mesmo dia que eu. O vôo foi muito bom e engraçado...para os outros. Eu só fiquei com uma cara de enterro a viagem toda. Vick me perguntou um milhão de vezes o que estava acontecendo, e eu me limitei a dar um sorriso forçado e colar a cabeça na janela.
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Ficou bem grande esse, esperam que tenham gostado!