Tá bom tá bom, já tô aqui porque né, as ameaças estão fortes :B
Enfim, como eu já disse, é minha primeira songfic, então mil perdões por algo escrito errado ou de uma maneira... Sei lá, deplorável, rs.
A música da one é The Scientist - Coldplay
No mais, quero opiniões/críticas sinceras. E boa leitura (:
xxx
The Scientist
Tudo que estou vivendo agora é simplesmente o meu sonho. Meu maior sonho.
Não sou a pessoa mais politicamente correta desse mundo e tenho plena consciência disso. Porém, creio que a influência que exerço em determinadas pessoas pode levá-las a acreditarem no mesmo que eu, ou a pelo menos concordarem mas não seguirem minhas regras, meus costumes ou mesmo minhas crenças.
Quando eu era menor, eu não ficava fantasiando sobre o que eu queria ser ou sobre o que faria no futuro. Queria viver sempre aquele exato instante, viver exatamente aquele segundo. E quem diria que esse período tão desregrado ganharia até uma música...? Uma música da minha banda.
Eu era uma criança meio inconsequente, mas era feliz a minha maneira. Meu irmão estava sempre comigo, até mesmo nas horas ruins, nas horas das confusões. Ninguém nunca nos impunha regras. Detestávamos a sensação de sermos mandados e acho até que não vim ao mundo para ser algum tipo de escravo de alguma coisa ridiculamente globalizada. Meus pais nunca tentaram me impor limites, e quem tentava... Bom, no mínimo sofria um tantinho de raiva. Ah, como esse período foi divertido...
Bom, o tempo foi passando. Sofri minha transição de criança travessa para um adolescente inconsequente. Cresci um pouco mais. Permaneci com as piadas, porém, me cansei do meu estilo de vida. O estilo que eu adquiri desde sempre, o estilo ao qual todos estavam acostumados: os que eu conhecia pessoalmente e aqueles que somente me conheciam. Eu não os conhecia. Os chamados fãs.
Eu mudei. Não mudei por algo. Mudei por alguém.
Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito,
Você não sabe o quão amável você é
Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você.
Eu viajava pelo mundo com aqueles quatro idiotas. Idiotas que eu tanto amo e me fazem companhia desde sempre. Conheci várias pessoas, me aventurei com várias garotas, mas como eu já disse, nunca fui de pensar muito no futuro. Nunca pensei que uma dessas garotas um dia poderia ser a minha garota. Nunca pensei que aquela garotinha insuportável, medíocre e mandona conseguiria me mudar assim. Eu a odiava.
Nunca me esquecerei do dia ao qual meu irmão entrou pela porta da casa de nossa mãe de maneira repentina e anunciou um novo namoro. Aquilo me pegou de surpresa. Aquele período de calmaria ao qual a banda havia acabado de adentrar era só mais algum dos muitos que surgiriam entre o lançamento de um novo single, de um novo CD ou de uma nova turnê. E naquele período, essa pausa correspondia à terceira opção.
Já havíamos passado do meio do ano e nossos nomes não estavam mais estampados nos tablóides. Eu não aguentava mais aquilo. Aguentava tranquilamente uma turnê, uma sessão duradoura de vários e vários autógrafos e até mesmo várias fãs gritando o meu nome e dizendo que dariam a alma para terem uma noite comigo. Mas uma das coisas que me proporcionavam maior asco era ver o meu nome ou o nome de qualquer um dos outros três garotos estampados em jornais e revistas para serem julgados por pessoas que não sabem nem metade de tudo que envolvia os verdadeiros fatos.
Mas tudo foi diferente no início de outubro. O nome do meu irmão estava em destaque por ter conhecido alguém. Por finalmente ter encontrado alguém, devo ressaltar o finalmente.
Confesso que no início eu me acanhei com essa situação. Éramos sempre nós dois e mais ninguém nas decisões pessoais e nas decisões profissionais. Éramos sempre nós dois que fazíamos as piadas mais idiotas. Éramos sempre nós dois para tudo. Até aquela garota aparecer na vida dele, e consequentemente, na minha.
Conte-me seus segredos , faça-me suas perguntas
Oh, vamos voltar pro começo
Correndo em círculos, perseguindo nossa cauda,
Cabeças num separado silêncio
Eu não aguentava aquele teatrinho todo produzido por ela. Não aguentava a segunda pessoa a qual ela se tornava longe do meu irmão. Não suportava a voz dela ecoando no meio de assuntos que envolvessem o Tokio Hotel. E abominava quando um pequeno coro de vozes eclodia em uma uníssona aprovação quanto a opinião dela. Parecia o fim de uma era desregrada, mas ao mesmo tempo, era o início de uma coisa que poderia dar certo baseada em suas opiniões.
Ela fingia seu amor por ele, e eu era capaz de sentir sua repulsa por vezes. Não entendia como alguém como ele pudesse ter se deixado levar por alguém assim. Acho que o problema era exatamente o fato de os dois se parecerem tanto. Notava-se claramente que eles possuíam muitas características em comum, e uma delas era que ela sabia mentir. Mentia muito bem. Mentia tão bem a ponto de suas palavras sujas serem imperceptíveis por todos. Menos por mim.
Depois de algum tempo, eu realmente percebi qual era seu objetivo. Seu objetivo imundo. Ela queria a mim. O único problema foi que eu cedi a esse desejo. Cedi porque sou um idiota. Ou talvez porque senti algum estímulo, ou quem sabe, um sentimento idiota. A paixão nos deixa idiotas. O amor nos deixa idiotas.
- Você nunca conseguiu mentir para mim. – sussurrei, quando ela sentou-se deliberadamente ao meu lado no sofá da sala.
- Eu nunca pretendi mentir pra você Tom. E você sabe disso. Sempre soube.
- Você sabe que isso não é certo. – rebati.
- O errado às vezes pode se tornar certo. Basta querermos que isso aconteça. – ela disse, com aquele sorriso habitualmente travesso rasgando seus lábios.
Foram aqueles mesmos lábios que foram engolidos por minha boca após essa sua frase meramente provocativa. Eu sabia que estava errado por fazer isso. À primeira vista, não era um sentimento que envolvesse a mim ou a ela. Era algo relativo a meu irmão.
Ela mordia meu lábio com força, lambia meu piercing de uma maneira proposital e arranhava-me do início ao fim da linha tracejada por minha coluna em minhas costas quando eu sussurrava seu nome ao seu ouvido, chupando seu lóbulo logo em seguida. E foram essas ações que foram meticulosamente assistidas pela chegada de meu irmão mais novo ao cômodo onde eu estava com sua atual noiva.
Ninguém disse que seria fácil,
É uma pena nós nos separarmos
Ninguém disse que seria fácil,
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
Oh, me leve de volta ao começo...
Ela sumiu por uns tempos, assim como ele. Ninguém tinha notícias de Bill, e se tinham, eles as omitiam de mim. Bom, não era de se esperar uma outra atitude partida deles. E também não era de se esperar tal atitude partida de mim. Toda aquela confusão foi o ápice do despontar de um sentimento grandioso e único que me invadira. Um sentimento de desejo por aquela garota.
Ela sabia brincar mesmo em maus momentos. Sabia omitir o que era necessário. Sabia tratar as coisas de uma maneira totalmente positivista. Mas acima de tudo, sabia me provocar. Sabia me dar prazer.
Não demorou muito para que eu a encontrasse novamente. Ela queria ser encontrada. Ela me amava, e aquele sentimento era algo totalmente recíproco.
Mas também era algo errado. Era algo que ia contra tudo que eu havia traçado durante toda a minha vida. Mas... Para ser mais exato, era algo que ia contra o alguém que traçou toda a minha vida junto comigo.
Eu só estava pensando em números e figuras,
Rejeitando seus quebra-cabeças
Questões da ciência, ciência e progresso
Não falam tão alto quanto meu coração.
Ficamos juntos por algum tempo, ocultos como ratos em esgotos escuros. Eu tentava esconder ações que estavam faiscando em meus olhos. Tentava esconder de todos algo que eclodia de minhas próprias palavras. E com o tempo, minha culpa foi ficando maior que o amor proibido que eu sentia.
As tardes no estúdio não eram mais as mesmas. O clima era pesado e os instrumentos e vozes pareciam não querer se misturar. A relação da banda tornou-se algo desarmônico, e nossa música estava indo pelo mesmo caminho.
- Vamos fazer uma pequena pausa meninos. Andem, saiam para comer alguma coisa. – a voz de Jost ecoou por entre as paredes acolchoadas enquanto encarávamos o grande vidro à nossa frente ao ouvir o anúncio.
- A voz dele é de puro desgosto. – Georg afirmou.
- Temos de dar um jeito de ajustar essa sonoridade. – Gustav disse, em concordância com o membro mais velho da banda.
- Ora vamos, nem estamos errando tanto desta vez. Vamos comer alguma coisa e logo voltamos e damos um jeito em tudo. Estou com um pouco de fome. – eu disse, com um sorriso tímido despontando em meu rosto.
- Aproveite então. O cardápio do dia é a noiva do seu irmão. Mas oh, espere. Esqueci-me que deste prato você já provou. – Bill cuspiu as palavras em meu rosto, palavras essas saídas de um sorriso rasgado de puro cinismo, desgosto e desapontamento. Palavras essas que me rasgavam por dentro. E eu não queria que isso fosse assim.
Eu só queria poder mudar toda essa situação. Queria ser alguém de verdade ao menos uma vez na vida. Queria ser capaz de acreditar em mim mesmo e na capacidade que eu teria de não desapontá-lo. Queria viver com sua companhia em nossa mansão, e queria poder voltar a escutar palavras de puro conforto e gratidão. Gratidão pelo simples fato de eu ter nascido. De o ter acompanhado em todos os momentos de sua vida, assim como ele havia feito comigo. Queria poder voltar no tempo e consertar as coisas para poder ouví-lo dizer que eu era uma das pessoas mais importantes de sua vida. Queria poder ouví-lo dizer novamente que não poderia viver sem mim.
Diga-me que me ama, volte e me assombre
Oh, quando eu corro pro começo
Correndo em círculos, perseguindo nossas caudas
Voltando a ser como éramos
Juro que pensei que depois de algum tempo tudo iria ficar bem. Eu fiquei visivelmente abalado com o rumo que nossa carreira estava tomando devido a uma interferência pessoal no meio dos negócios. Achei que meu arrependimento era visível. E bom, nisto eu estava certo.
- Anda, vamos dar um passeio. Você está muito abatido, precisa sair dessa casa. – Bill convidou com aquele seu habitual sorriso enorme e sincero. Sorri timidamente em resposta, ainda meio envergonhado por tudo que havia lhe causado, mas ainda assim, ele se importava comigo.
Peguei as chaves do meu carro, mas logo, uma de suas mãos me intercedeu.
- Pode deixar que eu dirijo. – ele sorriu novamente, saindo da casa antes de mim. Não antes sem se despedir calorosamente de nosso cão, balançando de um lado a outro as grandes orelhas do nosso mascote.
Fomos para a auto estrada, o que me fez entender que sairíamos com o objetivo de espairecer as idéias, literalmente. Bill ligou o aparelho de som e deixou com que a música ecoasse pelo veículo. Nossas próprias músicas. Nossas próprias composições.
- Percebe que isso é tudo que sempre quisemos? É tudo pelo qual sempre lutamos para conseguir? – Bill proferiu, com uma expressão séria em seu rosto.
- Claro. O que sempre quisemos. E conseguimos.
- Nunca paramos para pensar em nada não é mesmo Tom? Nunca paramos para pensar em tantas interferências que poderiam surgir no meio do nosso trabalho.
- Isso sempre vai acontecer Bill. Acontece em qualquer tipo de trabalho. – eu disse, pensando estar dando uma pequena lição sobre as coisas da vida ao meu irmão mais novo. Mais uma das várias lições que eu já havia lhe dado.
- Algumas interferências são sérias Tom. Elas mexem com as pessoas, alteram seu intelecto, impossibilitam que suas mentes exerçam seu trabalho com a mesma eficiência de antes. – ele aumentou a velocidade do carro. E isso me fez perceber que ele não estava generalizando a questão.
- Bill, eu já tentei lhe explicar sobre o que...
- Não tem explicação alguma Tom! – ele se exaltou, com lágrimas saltando-lhe dos olhos – Você traiu minha confiança, a confiança que eu sempre depositei em você em toda a minha vida! Passamos por muita coisa juntos, brigamos por muitas outras mais, só que nós temos que crescer Tom! Temos que aprender a agir como adultos, e veja só o que você fez!
- Bill, ela não te amava de verdade! Ela só te usou! Se você tivesse ido em frente ela teria te feito sofrer!
- Eu preferiria sofrer por um amor que nunca existiu do que sofrer com a traição de um irmão. Eu a amava de verdade Tom. O amor cega as pessoas.
- Eu sei disso. E foi por isso que eu me envolvi com ela. Foi por isso que eu traí você.
Seu grito foi ensurdecedor. Sua fúria era sentida por mim, exalada por ele. E num piscar de olhos, ele realizou um simples movimento que poderia acabar com tudo isso.
Ninguém disse que era fácil, é uma pena nós nos separarmos
Estar diante da lápide do meu irmão mais novo era o mesmo que um pai deveria sentir diante da lápide de um filho.
Bill era pra mim um irmão, um amigo, um confidente, e por vezes também era meu pai. E sempre, sempre agia como tal quando se referia a mim. E mesmo assim, eu o traí. Traí sua confiança e tudo o mais que ele sempre depositou em mim. Joguei tudo para o alto por conta de um sentimento que não deveria existir, e eu sabia. O problema disso tudo era que eu sabia o tempo todo de todas as consequências que isso traria. Mas mesmo assim, eu cometi o erro. O maior erro de toda a minha vida.
Olhar sua foto e ver seu sorriso de sempre estampado ali perfurava toda a extensão de minha alma, sendo capaz até de provocar uma dor física. Era algo além do que eu poderia aguentar. Era algo que eu nunca desejaria a ninguém.
Não consegui permanecer ali por muito tempo. A nostalgia era tamanha que me peguei revivendo o acidente com os flashes sendo passados com tamanha nitidez por minha mente, desde o momento em que Bill virou o volante de sua BMW, fazendo-a quebrar a pequena barricada de madeira que se encontrava ali naquela encosta. O carro realizou um pequeno vôo antes de capotar diversas vezes, até chegar ao terreno plano e provocar um solavanco que fez Bill voar para fora do carro, saindo diretamente pelo vidro da frente.
Caminhando para fora do cemitério, eu rezava para que Deus me castigasse por tudo. Rezava para que ele me levasse também, e se preciso, fizesse isso de uma maneira lenta e dolorosa. Nada do que eu sofresse seria algo pior do que viver com essas lembranças. Nada seria pior do que viver sabendo que meu irmão morreu por minha culpa. Nada seria pior do que saber que ele morreu me odiando.
Enquanto as lágrimas escorriam por sobre minha face, pude ouvir um grito de socorro. Dei um passo para fora do cemitério e pude perceber uma linda moça olhando em direção ao rapaz em estado deplorável que acabava de passar por mim. Seu odor era uma mistura de bebida alcoólica forte e cigarro, ambos produtos de marcas provavelmente medíocres. Não sei de onde tirei forças para isso, mas eu corri. Queria recuperar a bolsa da mulher. Seria ao menos uma boa ação.
Consegui recuperar o objeto, mas não sem antes levar um tiro em meu peito. O sujeito olhou para mim aterrorizado com sua própria ação. Provavelmente estava drogado e mal sabia o que estava fazendo. Não tentou pegar a bolsa da mulher de minha mão novamente e saiu correndo, deixando a arma do crime por ali mesmo.
Ajoelhei-me ao chão com tamanha dor, e logo senti meu corpo pender para o lado. Pude ouvir passos se aproximando, e logo depois pude ver de relance os sapatos de salto alto da mulher que havia sido assaltada. Ela dizia palavras ininteligíveis. Parecia conversar ao telefone e chorar ao mesmo tempo. E eu apenas comecei a sorrir.
Deus havia me escutado e atendido meu pedido com tamanha rapidez. Nenhum hospital seria capaz de me atender ainda vivo para desalojar uma bala em meu tecido cardíaco. Apenas fechei os olhos, desejando que tudo aquilo acabasse de uma vez. Mal sentia a dor por toda a extensão do meu corpo, e o chão úmido e frio que estava sob minha cabeça desprotegida me importava tampouco.
Talvez eu realmente fosse para um lugar melhor e talvez encontrasse meu pequeno irmão por lá. Talvez eu fizesse as pazes com ele. Talvez ele me perdoasse. Mas bom, enquanto eu permanecer consciente, isso tudo será um mistério para mim. Esperarei até que meu coração pare de bater. Então, enfim, tudo irá se esclarecer.
Ninguém disse que era fácil,
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
eu estou indo de volta para o começo...