Ok, sem maiores enrolações, aqui vamos nós com o primeiro capítulo. Enjoy it
E Janete, pare de exageros NSKLSNÇ Escritoras fodas? No plural? Mas a Fer é só uma NSKLAÇNKSA
Capítulo I
E assim se passaram três dolorosos anos para Bill. Todo o dia, religiosamente, checava sua caixa de e-mails louco por uma notícia de sua amada. Mas esta mensagem nunca chegava. A última datava de quase cinco meses atrás. Isso o macerava por dentro, fazia seu coração diminuir e apertar-se de maneira incomoda, como se quisesse esconder-se de algo que poderia machucá-lo.
Suspirou sonoramente e se pôs, novamente, a escrever como fora seu dia, contando cada mínimo detalhe, como se fosse um diário. Apertou o botão de enviar e esperou. Ele sabia que corria o risco de outra pessoa ler a não ser Elizabeth, mas não se importava. Sentia-se melhor assim.
- Quando você vai enfiar nesta sua cabeça que ela não vai te responder? – a voz autoritária e cansada de seu irmão soou atrás de si. – Vá viver a tua vida, Bill. Porque a Liz já deve estar vivendo a dela faz muito tempo.
- Eu não consigo, Tom. Você sabe mais do ninguém. A Liz fez e sempre fará parte da minha vida, do meu ser – olhou-o com pesar. Seus olhos ardiam pelas lágrimas ainda presas, mas não podia desmoronar na frente de Tom; tinha prometido a si mesmo.
- E você, mais do que ninguém, sabe o meu ponto de vista a respeito dessa história – deu de ombros. Tom estava cansado de ver seu irmão sofrer por causa de uma garota que o abandonara por uma carreira incerta. Sofria junto a ele, via-se triste em demasiado.
- Eu sei, eu sei – Bill fechou seu netbook com certa violência. Seu cansaço não permitia ouvir o repetitivo sermão que certamente viria. – Agora, será que dá para me deixar um pouco sozinho? Preciso colocar minhas idéias no lugar.
Sem pestanejar, Tom retirou-se do quarto de Bill, fechando a porta com cuidado. Silêncio absoluto. Silêncio que o dilacerava, deixava sua essência perder-se pouco a pouco.
Jogou-se na cama do jeito em que estava, sem preocupar-se em retirar a maquiagem ou tomar um banho renovador, que levaria sua tristeza ralo a baixo. Seus pensamentos fluíam naturalmente e sempre paravam em Elizabeth, em como estaria sua vida. Soltou um suspiro pesaroso e lembrou-se da última noite que passaram juntos. Amaram-se a noite inteira, entregaram-se como nunca haviam feito anteriormente. Trocaram juras de amor, promessas...
- Eu ainda estou esperando o último trem, Engel... – sussurrou para si mesmo. As lágrimas começaram a escorrer lentamente pelo o rosto de traços tão delicados para um homem, manchando-o por causa da maquiagem demasiadamente negra. Tudo ia se encaixando aos poucos, deixando o cenário perfeito.
Era um lindo sonho. Sua Elizabeth em seus braços novamente. Seus curtos cabelos castanhos dançando pelos lençóis brancos retorcidos abaixo de si, enquanto em sua serena face habitava aquela expressão que ela possuía quando se amavam e voltavam a se amar incansavelmente, como havia sido em todos os dias que passaram juntos. Bill, absorto em seu êxtase provocado ao sentir o toque nu e caloroso de seus corpos, deixou que sua mão deslizasse por aquela delgada cintura, erguendo Elizabeth de encontro a si. Conhecia de tal maneira aquele corpo, que já sabia que Liz fecharia os olhos com aquele gesto, ronronando deliciosamente e afagando seus fartos cabelos negros.
Ele se inclinou sobre Liz, ainda erguendo- a de encontro ao seu corpo, fazendo com que seu irrequieto coração apaixonado batesse descompassado contra seus seios quentes. Seu rosto apertou- se ternamente contra a pele branca e lisa de seu pescoço, e seu nariz afundou em seus cabelos adocicados.
De olhos fechados, ele sorveu aquele cheiro que a Elizabeth era tão característico, mas que naquele dia possuía algo de diferente. Uma nota estranha e profunda em sua constituição aromática, algo que fazia com que Bill tivesse em sua mente furtivas imagens de sua Liz sentada solitária em um vagão de trem, que chacoalhava e fazia com que ela se recolhesse tímida em seu assento. Podia perfeitamente imaginá- la olhando para os lados, em silêncio, enquanto um sorriso por vezes lhe tomava os lábios, provocado pela certeza que ela teria de ter tomado a decisão certa. A decisão de ter pegado aquele último trem; Aquela última chance de voltar para o homem que possuía em seus lábios todo o amor que a vida não havia lhe dado.
Após três anos, ela precisava, tinha que ter voltado.
Sentindo seu coração bater efusivo, Bill segurou com ternura o rosto de sua Engel. Ela demorou alguns instantes antes de erguer os olhos, relutante. Ele entendeu quase que de imediato a cautela que ela possuía ao retribuir seu olhar. Liz não queria sofrer novamente a pressão que havia sentido anos antes, quando Bill implorara a ela que não fosse embora com os mesmos olhos chorosos que a observavam agora.
- Bill, por favor, não volte a... – Ela começou a falar, tendo em sua voz um pesar que fez com que Bill abandonasse de imediato qualquer esperança de tornar a implorar pela sua presença.
- Engel, Engel, está tudo bem. – Sussurrou ele, acariciando a face de Elizabeth com ambos os polegares. - Eu não vou pedir de novo. Eu... Entendo. – Ele a interrompeu, forçando seus lábios a se contraírem em um sorriso. Quão comum o gesto de sorrir para esconder a dor havia se tornado para ele? Já não sabia. Mas estava disposto a tudo para fazer com que sua Liz não ficasse irritada com ele e acabasse com a magia entorpecente daquele momento.
- Eu te amo. – Ele finalmente sussurrou para ela, beijando em seguida a ponta de seu nariz. Esperou ainda mais alguns segundos pela resposta, que não veio. Em seu lugar, um silêncio constrangedor tomou conta do quarto onde estavam.
- Liz, você não ficou chateada comigo... Ficou? – Ele disse, sentindo seu coração voltar a disparar e percebendo que sua voz havia mostrado mais dor e desespero do que ele pretendia. – Engel, por favor... Eu não queria magoar você com minhas insistências, mas é por que eu... Eu te amo. E não quero que você vá de novo. Eu não consigo não pedir.
Bill mordeu seu lábio inferior e olhou para os brancos lençóis bagunçados e espalhados pela cama, repreendendo- se mentalmente por suas últimas palavras. Mas havia se expressado de maneira tão involuntária que não via como poderia ser culpado. Sabia que não possuía poder nenhum sobre seus sentimentos. Como poderia ter? Elizabeth era a mulher de sua vida.
- Tudo bem Bill. – Ela suspirou, parecendo momentaneamente impaciente. Porém, logo em seguida sorriu, deixando Bill tranqüilo o suficiente para lhe roubar outro beijo, na tentativa de fazer com que ela voltasse a relaxar.
Bill fechou os olhos ao sentir a mão lisa e macia de Liz pousar em seu peito. Com o polegar, ela afagou- lhe a pele. Continuava a encarar as pálpebras fechadas e perfeitamente maquiadas do homem à sua frente, mantendo seus pequenos olhos apertados de maneira indecifrável.
Ouvindo- a suspirar novamente, Bill se perguntou se esse talvez houvesse sido um suspiro de rendição. Ser-se-ia dessa vez que ela decidiria ficar ao invés de correr atrás um sonho sem consistência. Engolindo em seco para empurrar o dolorido nó em sua garganta e tentar segurar as lágrimas que iam invadindo seus olhos, ele desejou de todo o seu coração ferido que Elizabeth percebesse que assim como ela, ele também estava tentando correr atrás de seu maior sonho. Sonho esse que chamava- se Liz.
- Bill? Bill? Acorda, por favor.
Bill abriu os olhos, sentindo- se momentaneamente incomodado com a pesada mão que sacudia seu ombro. Sentando- se em sua cama e esfregando os olhos, ele procurou ainda desnorteado por Elizabeth, que segundos atrás afagara seu peito e olhara para ele como se talvez não fosse mais partir.
- Engel? – Ele chamou esperançoso, ainda com as pálpebras pesadas e erguendo os braços, agarrando a mão que lhe sacudia o ombro.
- Engel? Que papo é esse de Engel, Kaulitz? Até pra cima de mim você vem com essa? – Tom falou, exaltando por um segundo a voz e dando um sonoro tapa na mão de seu irmão. Há muito ele havia deixado de achar graça das vezes em que Bill acordava chamando por Elizabeth.
Bill arregalou os olhos, e recolhendo a mão bruscamente, afastou- se de Tom como se seu irmão fosse algum estranho que aparecera em seu quarto.
- Bill... Foi só um pesadelo. – Tom amansou a voz, na tentativa de acalmar os ânimos de Bill.
- Elizabeth... – sua voz falhou em suas últimas palavras, enquanto as lágrimas começavam a rolar pelas maçãs de seu rosto, espalhando ainda mais sua maquiagem que lhe escorria por toda a face.
Tom olhou para os próprios pés, tentando dolorosamente evitar olhar para a imagem decadente de seu irmão, que ainda permanecia desnorteado e abraçado aos próprios joelhos, sentado sobre seu travesseiro. Tentando esforçar- se para não demonstrar sua preocupação exacerbada, Tom afastou os lençóis de Bill e sentou- se ao seu lado.
- Foi um sonho Bill. Foi por isso que eu te acordei. Você não parava de falar enquanto dormia e eu vim ver se estava tudo be...
- Eu sonhei que ela tinha voltado. – Interrompeu Bill, afundando a cabeça entre os joelhos e sentindo que as lágrimas começavam a pingar em seu colo.
- Bill. Presta atenção, por favor. – Disse Tom, suspirando e detendo- se um segundo nos desgrenhados cabelos do irmão. – Já se passaram três anos. Quando você vai melhorar?
Em resposta, recebeu apenas um olhar desolador.
- Eu... Eu não agüento mais te ver assim. A Elizabeth já está vivendo a própria vida. Ela deve estar trabalhando no novo emprego, em uma nova casa... – Tom engoliu em seco, preparando- se brevemente para terminar sua frase. -... E com outra pessoa em sua vida.
- Não diz isso Tom. Por favor. - Bill sacudiu negativamente a cabeça, tentando bloquear todo e qualquer som que saísse da boca de seu irmão. Sabia que Elizabeth já deveria ter se esquecido dele. Mas não conseguia perceber como isso poderia ter acontecido. Sabia que a fizera feliz. Como alguém que é feliz pode ir embora, abrir mão de algo semelhante ao que eles viveram?
O que Tom falava feria seu coração. E por isso, Bill continuava a se negar. Continuava a tentar fugir da realidade em que se encontrava, continuava se negando a acreditar que Elizabeth o esquecera e seguira com a própria vida. Uma vida sem ele. Queria com todas as forças de seu ser fugir do realismo exacerbado e cruel de Tom. Por que ele precisava ser assim? Por que seu próprio irmão o procurava apenas para reabrir a ferida causada pela dor da perda de Elizabeth?
- Você precisa voltar a viver, Bill. – Tom mordeu o lábio superior, em atitude pesarosa. Ergueu uma das mãos e afagou, desconcertado, a nuca do irmão, que fechou os olhos e suspirou ao sentir seu toque.
Bill sentiu sua respiração voltar a regularizar- se quando Tom, com toda a delicadeza que lhe era permitida, puxou- o para um abraço. Deixando- se levar pelo calor acolhedor que emanava do corpo de seu irmão, Bill afundou seu rosto no pescoço de Tom, que tinha sua cabeça tomada por pensamentos confusos e irrequietos. Nunca soubera lidar com lágrimas, ou qualquer tipo de tristeza que fosse expressa de forma demasiadamente exagerada. Sua primeira reação era sempre afastar- se, fugir para não precisar envolver- se com algo que considerava tão desnecessário. E agora era seu irmão gêmeo que encontrava- se nesse mesmo estado que ele tanto evitava.
E Bill precisava dele. Tom tinha a certeza absoluta de que seria mais necessário para seu irmão do que a própria Elizabeth. Por que era ele próprio que encontrava- se ali, ao seu lado para ampará- lo, e não ela.
E por esse mesmo motivo, foi levado a tomar uma atitude.
- Bill? - sussurrou, passando levemente os dedos pela fina penugem existente no pescoço do irmão. - O que eu posso fazer para você melhorar?
Sentiu, de encontro ao seu pescoço, a respiração úmida e quente de Bill falhar. Por um segundo, Tom percebeu que não era necessário perguntar, pois já sabia a resposta. Sempre soubera o que deveria fazer, e nesse momento se perguntava por que nunca havia tomado tal decisão antes.
- Traz a Engel de volta, Tom. Trás ela de volta pra mim. – disse Bill, conseguindo encontrar fôlego para responder o irmão em meio aos soluços.
E em questão de segundos, a idéia que apenas chegara a tomar forma na mente de Tom acabou por tornar- se uma decisão definitiva. Ele iria atrás de Elizabeth. Se isso significasse que Bill iria melhorar, se o preço a pagar fosse ainda mais alto do que buscar a mulher da vida de seu irmão, mesmo assim ele o pagaria.