Um anjo Perturbado (One Shot)

13 de Agosto de 2008.


Sentia o vento soprando calmamente pela janela do meu quarto. Estava apenas deitado, olhando para teto, pensando nela. Já com a garganta seca, resolvi descer até a cozinha e tomar um copo d’água.
Passei pelo corredor escuro lentamente, pude ouvir o som de algumas madeiras que já estavam se soltando de tanto uso.
Cheguei à cozinha e peguei um copo, segui até o filtro e assim enchi o mesmo. Continuei de costas até que escutei um barulho vindo de algum outro cômodo.
- Tem alguém ai? Perguntei ainda escutando barulhos de pasos.
Mas, ninguém respondeu. Pensei então que era loucura da minha cabeça, deve ter sido de tanto pensar nela.
Resolvi ir até o banheiro. Passei pela sala e assim chegando ao mesmo. Usei-o calmamente, sem nenhuma pressa e foi quando escutei sussurros pelo meu nome. Levantei um tanto quanto assustado, lavei a mão rapidamente e pensei em voltar para o quarto. Cheguei até a sala onde vi uma imagem ofuscando minha vista.
- Tom. Sussurrava aquela imagem.
De repente, começou a cair uma forte chuva. As cortinhas estavam penduradas e olhando para fora dava para ver a intensidade em que o vento soprava contra as janelas.
Dei as costas para o sofá e resolvi subir rapidamente, mas, a imagem me impediu.
- Aonde pensas que vai? Dizia seriamente.
- Quem é você? Perguntei sem poder ver nada.
Um forte trovão caiu sobre a cidade e iluminando todo o rosto, e sem nenhum sacrifício pude ver quem era...
- Tif... Dizia eu, incrédulo.
- Sim Tom, sou eu mesma. Aquela que um dia morreu e agora só vive em seus pensamentos.
- Eu não acredito que você está aqui.
- Não Tom, eu não estou mais aqui, somente a minha alma.
- Tif, por que você se foi? Eu te amei tanto...
- Por quê? Você ainda pergunta? Dizia ela nervosa. – A culpa disso tudo é sua!
- Não Tif, eu não tenho culpa disso.
- Claro que tem. Dizia ela fazendo a casa começar a tremer. – Se eu morri não foi por você e sim por sua causa.
- Não, Não.
A voz dela parecia como sons fortes para o meu ouvido. Era algo completamente ensurdecedor.
- Eu sempre te amei, e o que você fez? Traio-me, me traio com uma simples garota que nunca pode ter o que eu tinha pra você.
- Eu não te trai. Eu ia te explicar, mas, você simplesmente não deixou.
- Ah. Gritou ela me ensurdecendo. – Você ia falar o que? Que você foi agarrado por ela? Kaulitz, eu vi tudo, não negue.
- Tif, eu sempre te amei.
- NÃO. Gritou ela quebrando um dos vidros do lustre.
A casa começara a tremer, a água do aquário estava quase saltando para fora, a tensão era incontável e a chuva começou a ficar mais forte, acabando com toda a luz da rua.
- Tif, se acalma!
- Você quer o que? Como um anjo pode se acalmar sendo que ele está perturbado por ter morrido da pior forma?
- Você não é anjo, você está de volta. Disse indo com um dos meus dedos em direção a boca da mesma, e assim percebendo que ela era intocável. – Você, você está, mas, não está aqui.
- Tom eu estou aqui desde o dia que eu me matei, eu sempre estou a te observar, enquanto dorme eu fico sentada, apenas lhe observando. Você dormindo parece um anjo, mas, na realidade você não passa de um traíra.
- Tifany, eu sempre te amei, eu nunca gostei de uma mulher assim como gostei e ainda gosto de você.
- Por que você não diz logo toda a verdade? Eu já morri, não posso fazer mais nada.
- Eu estou falando a verdade. Vejamos, desde o dia que você morreu você me viu com outra garota? Você me viu saindo com Bill e os meninos pra algum lugar? Eu sempre fico nesse quarto, deitado e escutando as nossas músicas. Se eu não te amasse eu sairia por ai e comeria qualquer puta que estivesse querendo dinheiro.
- Então se você me amava tanto assim... Por que você me traiu? Dizia ela com os olhos vermelhos.
- Eu NÃO te trai. Quer mesmo saber a verdade? Eu estava numa festa com Bill e os outros meninos, a gente estava comemorando a volta da nossa mãe para o Brasil. Bill e os meninos saíram para dar autógrafos enquanto eu buscava bebidas. Foi ai que eu encontrei a Karina. Ela era uma fã minha e dos meninos, mas, ela não era qualquer fã...
- Toda a fã é fã, não tem que ter diferenças.
- Ela tinha câncer. Disse eu relembrando e vendo a expressão de susto no rosto de Tif. – Ela então pediu pra mim lhe dar um beijo, por que ela só tinha mais um dia de vida e que pra ela descansar em paz eu teria que beija - lá. Eu não podia dizer não, ela iria morrer, ela não poderia continuar viva e viver seu caminho. Eu apenas com dó dela, a beijei e foi ai que os paparazis mandaram ver nas fotos para uma ótima publicação.
- Tom, por que você não me disse?
- Você estava comigo na piscina no dia em que você viu a revista com a foto. Você não me deu tempo de explicar, saiu correndo e foi direto para o ultimo andar do prédio, eu tentei te alcançar, mas, quando cheguei a única coisa que pude ver era seu corpo caindo, até chegar e parar bem em frente ao meu. Aquela cena foi horrível, a mulher que eu sempre amei se matou e pior, se matou com raiva e desgosto de mim.
- Tom eu estava louca por você. Eu não agüentaria ser traída. Aquela matéria me chamando de palavras que não quero citar agora foi a gota d’água, eu só consegui pensar na morte, eu me livraria dos insultos e das suas mentiras. Eu me livraria de você e de todo aquele amor que ardia em meu corpo. Dizia ela chorando, não qualquer choro, ela chorou com lágrimas de sangue.
- Por que não me deixou pelo menos me explicar? Nem que fossem mentiras. Você sabia que eu lhe amava, e realmente lhe amava mais do que minha própria vida, você foi diferente de qualquer uma. E por isso eu escolhi ficar ao teu lado.
- Tom, eu me torturo toda a noite, enquanto você dormia eu ficava chorando por que pensava que em seus pensamentos já havia outra, eu me cortava, me arranhava eu simplesmente torturava todo o meu corpo.
- Eu já disse que você é única.
Depois de todo esse esclarecimento a chuva diminuindo, ficou apenas uma fina garoa, a luz também havia voltado.
- O que eu preciso fazer para que você descanse em paz?
- Você precisa se ajuntar a mim.
- Se ajuntar á você? Você quer que eu me mate?
- É. Assim eu poderei descansar em paz, sabendo que você nunca mais amará outra além de mim.
- E minha família? Meus amigos? Eu não posso jogar tudo pro ar.
- Você não me ama Tom? Então, apenas morra e demonstre esse amor.
- Há, você está mesmo perturbada.
- Tom eu disse pra você se matar e vir comigo. Disse ela fazendo a casa estremecer novamente.
- Se é pra você descansar em paz eu faço isso. Mas, ter que morrer para mostrar o meu amor? Isso vai da sua mente, você tem que acreditar por tudo que eu te disse não pelo o que eu fizer.
- Então venha e salve-me. Você é a minha única salvação. Disse ela fazendo aparecer uma enorme faca e um estilete. – Qual você escolhe?
- A menos dolorosa.
Tifany escolheu então a faca, ela fechou os olhos relembrando todos os momentos que poderiam ser vividos mais uma vez. Ela sorriu e antes que ela o fizesse, eu disse:
- Isso não é pra mostrar o meu amor, isso tudo é por você. Disse deixando a minha ultima lágrima surgir.
- Eu sei. Eu acredito!
E foi nessa hora que ela enfiou a faca em meu peito, fazendo-me cair sobre seus pés. O meu corpo continuou naquela sala até que os médicos e ambulâncias chegassem ao local. Já a minha alma estava com a dela, rodeando por todos os lugares e para toda a eternidade. E assim, pude relembrar todos os momentos em que um dia passei com ela.