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 Point Of View II @

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Jéssica Soares
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Jéssica Soares

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MensagemAssunto: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeTer Jun 05, 2012 7:08 pm

IMPORTANTE - LEIAM, PF!!:
Autor: Jéssica Soares.
Nome: Point Of View II
Classificação: + 18
Género: Romance/Drama.

Sinopse: Os pecados corroem as veias de tanta infidelidade á honestidade. Sugam a liberdade e ao nosso perdão, de voz calada, conseguimos fazer do adeus uma promessa verdadeira. Para lá da ilusão, o espaço será cada vez maior. E não haverá mais cores para amparar a queda da respiração. O que fizeste?


Capitulo nr. 1
{Antevisão}.

Point Of View II @ 243239g

Colocou os fones nos ouvidos, e tentou pensar em alguma coisa que quisesse, de facto, ouvir, e que a ajudasse a concentrar-se minimamente no que estava a fazer. Pensou um pouco, já com a página do youtube aberta. A única música que lhe apetecia ouvir, tirar-lhe-ia a já pouca concentração que lhe restava. Seria demasiado doloroso ouvir aquilo, relembrar tudo outra vez. Ouvir a voz dele, que agora era uma pessoa famosa como sempre tinha sonhado. Que nunca mais precisaria de se dirigir a uma mansão abandonada nos confins do mundo para poder pisar uma passadeira vermelha, preta, velha e empoeirada.
Lembrar-se de tudo deixava-a doente... no verdadeiro sentido do termo. Porque só alguém doente poderia ter levado aquilo tão a sério, só alguém doente poderia alimentar aquele sentimento infundamentado de uma forma tão estupidamente obsessiva. E agora não conseguia concentrar-se mais.
Encolheu os ombros e desligou o computador, arrumando todas as suas coisas para sair dali. Precisava mesmo de estar sozinha!


---x---

A antevisão não é propriamente apelativa, mas aproveito para dizer desde já que os primeiros três capítulos, mais coisa menos coisa, serão assim meio secantes, mas preciso de os escrever x) ou talvez vocês não considerem ^.^ vamos ver.
Mais uma vez peço que leiam o spoiler, please!!
Feedback??
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeTer Jun 05, 2012 10:40 pm

Ah, eu gostei... continua Smile
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeQua Jun 06, 2012 8:02 am

Madu.Listing:


Capitulo nr. 1

Point Of View II @ 243239g

Olhou à sua volta e suspirou baixinho. Não era como se estivesse totalmente desamparada, porque na verdade apreciava bastante aqueles momentos que passava com os seus novos amigos, embora estivesse de dieta e estivesse completamente fora de questão provar o supostamente maravilhoso bolo de chocolate que tinha sido propositadamente colocado bem à sua frente. Sentia-lhe aquele cheiro divinal, mas conseguiu conter-se. Que remédio!
Enquanto os amigos lanchavam, Jéssica preferiu continuar a estudar. Daí a poucos dias teria o primeiro exame do segundo semestre, e estudar em Coimbra estava a sair-lhe demasiado caro para se dar ao luxo de deixar cadeiras por fazer. Só que estava a ser particularmente difícil concentrar-se com todos os seus amigos na conversa.
Colocou os fones nos ouvidos, e tentou pensar em alguma coisa que quisesse, de facto, ouvir, e que a ajudasse a concentrar-se minimamente no que estava a fazer. Pensou um pouco, já com a página do youtube aberta. A única música que lhe apetecia ouvir, tirar-lhe-ia a já pouca concentração que lhe restava. Seria demasiado doloroso ouvir aquilo, relembrar tudo outra vez. Ouvir a voz dele, que agora era uma pessoa famosa como sempre tinha sonhado. Que nunca mais precisaria de se dirigir a uma mansão abandonada nos confins do mundo para poder pisar uma passadeira vermelha, preta, velha e empoeirada.
Lembrar-se de tudo deixava-a doente... no verdadeiro sentido do termo. Porque só alguém doente poderia ter levado aquilo tão a sério, só alguém doente poderia alimentar aquele sentimento infundamentado de uma forma tão estupidamente obsessiva. E agora não conseguia concentrar-se mais.
Encolheu os ombros e desligou o computador, arrumando todas as suas coisas para sair dali. Precisava mesmo de estar sozinha!
Abandonou a casa de Margarida e Tiago com uma desculpa esfarrapada, e desceu rapidamente a Padre António Vieira, até à Praça da República onde se foi sentar na esplanada de um café chamado Cartola. Pediu um café duplo e acendeu um cigarro. Já nem os recentes problemas que tinha tido com a sua amiga Catarina a atormentavam mais... na verdade, nunca poderiam ser considerados verdadeiros problemas, eram insignificantes de mais. Problema era aquela obsessão, e a vergonha que sentia de si própria devido a isso. Nem nunca poria a hipótese de procurar um psicólogo, porque teria vergonha de se revelar assim até a uma pessoa desconhecida cuja função seria unica e exclusivamente prestar serviços de ajuda.
Abriu a sua pasta académica e de lá tirou um caderno, onde desabafou uma vez mais com uma caneta e um papel aquele problema que a atormentava desde que tinha 10 anos. Nunca ninguém saberia... apenas aquele caderno.

***

Bill olhou Joana e soltou uma gargalhada estridente. Ela, por sua vez, olhou-o como quem não percebeu onde estava a piada.
- Bill eu nem estou a acreditar que te estás a rir da minha ideia. - acabou por resmungar quando percebeu, cruzando os braços ao peito enquanto se fingia super ofendida, que estava, claramente.
- Eu? Se alguma vez faria tal coisa! - exclamou com outra gargalhada.
Mas realmente quando a Joana se punha a dar ideias para as letras das canções, nunca saía nada de jeito.
- Bom... - interviu Gustav, levantando-se e saindo da frente da bateria - Eu alinho num intervalo, estou praticamente a desfalecer com fome. - resmungou, dirigindo-se à pequena cozinha que tinham no estúdio.
Georg apressou-se a segui-lo, e Bill fez o mesmo, mas Joana acabou por puxar Tom pela mão, impedindo-o de seguir o exemplo deles. Este olhou-a intrigado.
- Tenho andado a tentar ficar sozinha contigo... - explicou.
A sua expressão facial deixava notar claramente de que dali vinha algo sério, mas Tom nunca percebia esse tipo de coisas.
- Estamos assim com tantas saudades boneca? - perguntou com um sorriso sedutor, passando a língua pelo seu piercing.
Joana revirou os olhos.
- Estou a falar a sério Tom. É sobre a Jéssica. - deixou escapar, falando baixinho, não fossem as paredes ter ouvidos.
Tom pareceu ficar ligeiramente intrigado, como se ainda estivesse a tentar descobrir quem raio era essa personagem. Mas então o seu rosto adoptou outro tipo de expressão, e ele pareceu entender finalmente quem era a Jéssica. Mas... porque é que depois de tantos anos estavam a falar da Jéssica? Até pensava que essa criatura já tinha falecido ou algo do género.
Mas bem, não era de todo mentira, porque essa “miúda” tinha morrido para ele, na hora em que tinha apunhalado a Joana pelas costas. Nesse aspecto, era óbvio que Tom não tinha grande moral, mas não era como se ele tivesse abandonado o seu irmão, e uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Apesar de tudo e apesar de nunca conseguir mostrar muito isso, Tom estava eternamente grato a Joana por nunca o ter deixado independentemente de tudo o que lhe tinha feito. Aquela rapariga tinha-se tornado quase o ar que ele respirava, embora não gostasse de o admitir. Tom nunca tinha sido muito lamechas, ao contrário do irmão, e tinha até uma certa dificuldade em mostrar os seus sentimentos por alguém. Isso deixava Joana sempre com as suas incertezas e com os seus complexos de inferioridade, e não se podia dizer que tivessem uma relação perfeita. Mas certo era que Tom nunca perdoaria a uma pessoa que tinha feito tanto mal a Joana, que a tinha deixado sozinha e completamente desamparada quando ela mais precisava de alguém!
Ao pensar nisso tudo, Tom acabou por se sentar sobre uma pequena mesa que tinham a um canto da sala e acendeu um cigarro, já estava a ficar ligeiramente nervoso com o tema da conversa. Conhecendo a Joana como conhecia, e sabendo que nunca tocaria no assunto se tudo se tivesse mantido igual, sabia agora que de certo, Jéssica andaria por perto. Ou talvez tivesse tentado falar com a Joana. Nenhuma dessas ideias lhe agradava, queria essa criatura longe da sua vida, da vida do seu irmão e da sua namorada. Está claro que escusado seria dizer que para além de se ter revelado uma miúda mimada e sem escrúpulos, também não era muito certa das ideias, como daquela vez em que se tinha posto a gritar e a chorar para o chão do sótão. Bill e Tom nunca tinham entendido esse episódio, mas Joana parecia saber o que se tinha passado. Pior, parecia compreender Jéssica na perfeição!
A miúda não teve uma vida fácil.” – era o que Joana dizia sempre em relação ao assunto, do qual já não falavam há muitos anos.
Como poderia ela não ter tido uma vida fácil? Sempre tinha tido tudo! A mãe tinha dinheiro, o pai tinha dinheiro. O que é que ela queria mais?
Mas Joana encolhia sempre os ombros a essa questão. Ela sabia que havia coisas mais importantes, e sabia como a “irmã” sofria com erros passados da sua família que em nada lhe diziam respeito a ela, mas preferia não falar de coisas que não eram dela, quando Jéssica não estava presente – que nunca estaria... em princípio.
- Ela escreveu um livro. - acabou por desenvolver, visto que Tom se tinha abstido de comentários - Escreveu-o não há muito tempo, mas está a vender mesmo muito bem, e pelo que tenho visto na net, ela tem recebido bastantes propostas para fazer um filme a partir da história, já existem algumas traduções. Eu nunca falei disto porque tenho medo da reacção do Bill... a sorte é que vocês nem têm tido tempo para ver televisão nem nada do género. Mas, indo directa ao assunto... ela foi convidada para dar uma entrevista no mesmo programa onde vocês vão, aqui em Los Angeles. No mesmo dia.
Joana conseguiu, finalmente, captar a atenção de Tom que se tinha perdido em pensamentos. Ele sabia que por ele podia fazer um esforço e nem dirigir a palavra à rapariga, controlar-se para não lhe dizer o que tinha atravessado na garganta há tanto tempo. Joana conseguiria igualmente ignorar a presença dela. Mas Bill nunca o faria, por várias razões, e Tom tinha medo e não queria que o irmão se voltasse a envolver nos problemas dela.
- Podemos sempre não ir. – acabou por dizer, meio que entre dentes, enquanto acendia outro cigarro.
- Pára de fumar amor. – resmungou Joana, mas Tom fez de conta que não a ouviu.
Ela suspirou baixinho. Não gostava nada de o ver tão incomodado com alguma coisa.
- E como é que vais convencer o Bill? O Georg e o Gustav é fácil, mas o Bill de certeza que vai querer ir, principalmente porque isto era uma forma de não deixar as vossas fãs tanto tempo sem notícias, caso não te lembres.
- Deixa isso comigo... – balbuciou simplesmente, pensativo.

---x---
Deixo então o primeiro capítulo completo. Quero só dizer que por enquanto vou postar mas se não receber mais opiniões nem tiver mais leitoras, não sei se continuo =S
Mas pronto, vamos ver ^.^
O que acharam deste capítulo? Acham que o Bill vai ceder à vontade do irmão? E porque é que o Tom odiará assim tanto a Jéssi? xp
Digam-me de vossa justiça xp
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeQua Jun 06, 2012 11:10 am

Eu acho que o Bill vai querer ir na mesma e vai dar "molho"...

Oiiin já tinha saudades, quero o 2º capitulo rápido Very Happy
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Jéssica Soares

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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeQua Jun 06, 2012 11:18 am

Não vai propriamente dar molho mas o Bill vai ter uma reacção inesperada e o Tom não vai gostar xp
Obrigada por vires ler querida =D também já tinha saudades desta fic +.+
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeQua Jun 06, 2012 11:52 pm

Então vá, posta. Quero ler isso!! Very Happy
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeQui Jun 07, 2012 4:48 pm

Oiiii ^^.....disse que ia ler sua fic, lembra!?!?!?

...então eu gostei bastante!!!!!! XD
continua, continua yaya

...será que a Jéssica e o Tom vão se encontrar!?!?!?! scratch

Beijos
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSex Jun 08, 2012 2:14 pm

Gabi-chobi:

Capitulo nr. 2
Point Of View II @ Rwqet5

Olhou-os uma última vez pela frecha da porta e saiu dali em direcção à pequena cozinha, mas acabou por parar no meio do corredor, cansado. Sentia-se como se tivesse acabado de fazer uma travessia no tempo. E tinha, de facto. A constante presença de Joana nas suas vidas nunca o deixava esquecer-se fosse do que fosse, mas nunca teria sequer imaginado como poderia ficar afectado ao ouvir de novo aquele nome, e de repente foi como se já não estivesse cheio de fome depois de um ensaio exaustivo, mas empanturrado depois de um farto jantar de Natal. O Natal em que ela não tinha aparecido.
Remexer em todas aquelas memórias estava a revelar-se algo tão estupidamente doloroso que de repente, a sua maior preocupação já não era arranjar uma boa forma de acabar a letra do que seria em breve o novo single dos Tokio Hotel, mas sim descobrir como é que aquela pequena criatura tinha conseguido chegar até onde tinha chegado. Queria saber o que lhe tinha acontecido, onde é que ela estava... gostaria até de saber se ela guardava algum tipo de rancor dele, porque a verdade era que desde sempre tinha sentido aquela inexplicavel necessidade de protegê-la, e tinha acabado por fazer o total oposto. Não era como se alguma vez se tivesse apaixonado por uma miúda de 11 anos, quando ele tinha 15, como o Tom gostava de insinuar naquela altura, mas era como se ela fosse... a sua irmã mais nova, alguém que precisava inquestionavelmente da sua protecção. Porque ela não procurava nunca meter-se em sarilhos, mas eles vinham ter com ela sempre.
Achou que se tentasse avisar alguém de que tinha que ir embora, provavelmente o seu querido produtor David Jost prenderia a porta com amarras de aço, pois segundo ele, o álbum já estava demasiado atrasado, e por isso mesmo, Bill decidiu percorrer o caminho de novo para trás enquanto o Tom estava entretido com a Joana e os restantes a empanturrar-se de pizza. Saiu do estúdio de mansinho, e mal se viu dentro do carro arrancou a toda a velocidade até casa. Precisava de estar sozinho e de preferência com o seu portátil à frente.
Já em casa, ouviu o telemóvel a tocar. Olhou o ecrã pelo canto do olho, onde viu uma fotografia do seu irmão. Provavelmente se não atendesse, Tom sairia a correr do estúdio para ir à sua procura, por isso lá premiu o botão verde e atendeu a chamada.
- Diz Tom. – disse, sem querer perder muito tempo, ao mesmo tempo que se enfiava no quarto, trancando a porta.
- Onde é que te enfiaste? Tens noção que o David está passado contigo?
- Tenho. – afirmou simplesmente, sem se importar muito – Tom eu precisei de vir fazer umas coisas que não podem esperar, diz-lhe que... sei lá, diz que amanhã compenso. Aliás, diz que esta noite nem vou dormir só para acabar as letras que me faltam.
- Bill, eu aconselhava-te a voltar, ele parece um furacão, eu tive que me enfiar na casa de banho para te ligar porque se ele soubesse que estou a falar contigo já me tinha arrancado o telemóvel e já te estava a berrar aos ouvidos. O que é que era assim tão importante que não pudesse esperar afinal?
- Não faças perguntas, a sério. Mais logo conto-te, depois falamos. Inventa uma desculpa qualquer. – pediu, ouvindo um longo suspiro do outro lado.
- O que eu não faço por ti... – resmungou Tom, e Bill riu-se, imaginando a cara do irmão naquele momento, só porque tinha que enfrentar o furacão do David.
- Obrigado, Tommy!
- Obrigado nada, ficas-me a dever uma.
- Combinado.
Desligou a chamada e atirou o telemóvel para cima da cama, onde se sentou de seguida. Pegou no portátil já aberto ao seu lado e colocou-o no colo, enquanto ajeitava a almofada atrás de si e se encostava à cabeceira da cama.
Enquanto o computador ligava, lembrou-se da pergunta que Jéssica lhe tinha feito há uns anos atrás.
“És gay?”
Soltou uma gargalhada sozinho. Estava habituado a esse tipo de insinuações. Naquele momento talvez metade do mundo inteiro achasse que ele era gay, ou que era uma mulher e não um homem. Mas ela tinha feito aquela pergunta, como se realmente a sua orientação sexual fosse muito importante.
Quando finalmente o computador ligou, Bill só teve que escrever o nome dela no google. Depois disso, ficou realmente admirado com a quantidade absurda de informação que havia sobre ela... como é que nunca tinha ouvido falar daquele livro? E foi então que se lembrou... talvez fosse uma história sobre a vida dela, porque teria muito que contar, ele imaginava.
Apressou-se então a clicar no primeiro link que lhe apareceu, onde lhe aparecia, primeiramente, o que ele imaginou ser a capa do livro, que era constituída essencialmente por duas silhuetas absolutamente perfeitas – uma de um homem e outra de uma mulher – que se completavam, no meio de um fundo em tons de beje-acastanhado e branco. A inscrição acima das silhuetas, que Bill imaginou ser o título, estava praticamente indecifrável. Talvez aquele tipo de letra ou a estranheza da capa fosse alguma espécie de forma de arte com um segundo significado... talvez até roubasse toda a beleza que imaginava ter a sua escrita.
- Point Of View... – acabou por murmurar, quando percebeu finalmente o que estava escrito no título.
Mas a forma como aquilo estava escrito era-lhe estranhamente familiar. Arregaçou a manga do seu braço esquerdo e olhou por momentos a tatuagem que tinha feito no seu décimo oitavo aniversário no antebraço. Cada traço de cada letra era, se não igual, semelhante. Ou podia ser uma coincidência. Mesmo assim, sentiu-se ligeiramente desiludido ao ler o resumo da história, porque nada daquilo lhe pareceu ser sobre a vida dela, sobre o que se tinha passado depois, então nunca saberia se não lhe perguntasse. O assunto da sua história era um romance que aparentava ser totalmente fictício. De qualquer forma, ainda queria ler o livro.
Procurou alguma fotografia dela naquela página mas não encontrou. Talvez houvesse algum vídeo de uma entrevista...
Ao lembrar-se disso, procurou no youtube. Havia mais do que um vídeo. Como é que ela se tinha tornado uma escritora famosa e ele nem tinha dado conta?!
Clicou no link do vídeo que lhe pareceu melhor e que tinha legendas em inglês, e antes que pudesse sequer ouvir a voz dela, petrificou com a imagem que tinha à sua frente. Ela estava tão diferente que não parecia a mesma pessoa, e por momentos, Bill achou que talvez estivesse a procurar a pessoa errada, mas ao mesmo tempo aqueles traços eram-lhe tão familiares que não sabia como é que lhe deixava qualquer tipo de dúvidas. Parecia ela, ao mesmo tempo que não parecia. Talvez a única coisa que se mantinha intacta fosse o seu cabelo comprido, ondulado e castanho claro, embora agora se fizessem notar algumas madeixas ruivas. Os seus olhos estavam verdes, o que talvez fossem lentes de contacto. Soltou um sorriso ao ver que o seu nariz continuava arrebitado, dava-lhe sempre um ar de superioridade irritante. E tinha-se tornado numa mulher bonita... muito bonita.
Tentou concentrar-se mais em ler as legendas do que em olhar para ela, agora que, mesmo naquela língua estranha, parecia que ela ia falar da vida dela. A imprensa era sempre super conveniente, sem dúvida.
(...)

- E como foi a sua infância na Alemanha?
- Foi... atribulada. – respondeu, como se ainda estivesse a escolher as palavras – Atribulada, isto é... O meu pai nunca estava muito presente. Na verdade nunca esteve, ele vive para o trabalho, sempre assim foi. Nunca deixou que me faltasse nada mas não era a mesma coisa. Mas... eu tinha a minha mãe.

Bill mordiscou ligeiramente o lábio inferior ao ouvi-la. Conseguia ver nos seus olhos toda a mágoa e toda a tristeza que ela sentia ao falar da sua mãe. O que lhe teria acontecido?
A resposta àquela dúvida veio de seguida, como se lhe tivessem lido os pensamentos.

- Foi um choque muito grande saber que tinha perdido a sua mãe daquela maneira?
- Não foi um choque assim tão grande. Na verdade, a perda foi maior do que o choque.
- Mas você era muito jovem. Como é que lidou com a situação?
- Não lidei. Obviamente que não soube logo a verdade. O meu pai quis esconder isso de mim, de certa forma para me proteger. Fiquei a saber mais tarde, quando já tinha maturidade suficiente para compreender, enfim... as circunstâncias em que tudo aconteceu.
- E nem por um momento ficou, diga-se, revoltada por não lhe terem contado a verdade?
- Foi como eu disse, o meu pai queria-me proteger. Era o que eu faria com um filho meu.


Depois de ler aquilo, Bill teve que pôr tudo para trás novamente para avaliar a expressão facial dela. O ambiente daquele lado era bastante tenso, e ela estava claramente a passar-se com todas aquelas perguntas, de um assunto de que nitidamente lhe custava falar.
Reparou na forma como ela tremia o queixo, na forma em como ela mordia o lábio inferior com força e olhava repetidamente para cima para se impedir a si própria de soltar uma lágrima e evitar rumores e mexericos... e foi como se isso lhe tivesse despertado novamente aquele instinto de protecção em relação a ela... só queria poder mergulhar para dentro daquele computador e acabar com aquela entrevista estúpida, com aquele tormento. Mas o entrevistador continuou.

- E como é que lidou com o facto de o seu pai a ter mandado para Portugal?
- Vir estudar para Portugal foi uma opção minha, não foi uma opção do meu pai.
- Mas depois de tanto tempo longe do seu pai seria natural querer ficar perto dele. Porque é que tomou essa decisão?
- Eu já conhecia bem Portugal e desde sempre quis estudar na Universidade de Coimbra. Além disso, numa das viagens que fiz para cá, apenas de férias, reencontrei um ex namorado de há uns anos atrás e voltámos a namorar, então foi um bocado por aí que eu tomei a decisão de vir estudar para cá.
– respondeu, já com um sorriso – Entretanto o namoro não deu em nada, mas eu quis continuar cá. O espírito académico que se vive em Coimbra não se vive em mais lado nenhum.

Ouviu a porta de casa a abrir-se e apressou-se a fechar todas as páginas que tinha abertas que se relacionassem com ela. O David já tinha mandado toda a gente embora, claro...
Bufou chateado, baixinho, mas permaneceu no seu lugar. Depois do que tinha visto e ouvido, Tom nunca conseguiria impedi-lo de ir à entrevista que tinham agendada para daí a uns dias!
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSex Jun 08, 2012 2:57 pm

Leitora nova \o/ estou adorando a fic é realmente viciante hehehe
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSex Jun 08, 2012 3:25 pm

Estou curiosa com esse reencontro.
Agora o Bill vai é ter que se aguentar à bronca do David. ahah

Mais raaaapido Smile
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSex Jun 08, 2012 11:26 pm

hahahaha eu também estou curiosa!!!! XD
...eles estão ficando cada vez mais perto...

David não grita muito com o Bill, por favor!!!! rsrsrsrsrssr'

Continua **
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSáb Jun 09, 2012 8:22 am

Gente (:

Capítulo nr. 3

Point Of View II @ 34reqol


Cansou-se de escrever e voltou a arrumar o caderno na pasta. Tinha a certeza que se pegasse naquele caderno e o lesse todo de uma ponta à outra, ficaria a saber o mesmo, porque ela tinha simplesmente a necessidade de escrever a mesma coisa muitas vezes, só que de formas diferentes. E enquanto pensava nisso, distraiu-se a analisar as suas unhas cuidadosamente bem arranjadas, mas desta vez, pela sua própria manicure... fora um hábito que nunca perdera, uma das poucas coisas que a mãe lhe tinha ensinado: ter sempre as mãos cuidadas e bonitas. Esboçou um sorriso triste ao lembrar-se dela, mas imediatamente após esse pensamento, outra lembrança lhe preencheu a memória, e estava a pensar em Bill novamente, que queria deixar crescer as unhas e pintá-las de preto. Mais recentemente parecia ter adoptado um estilo mais masculino, mas ela não tinha bem a certeza disso e não queria ter. Às vezes, o seu maior problema era debater-se consigo própria entre a vontade de passar um dia inteiro a olhar para uma fotografia qualquer dele, e a consciência de que se o fizesse só estaria a enganar-se e a magoar-se a si própria. De qualquer forma, sentia que podia ficar a olhar para ele para o resto da sua vida, e nunca lhe encontraria qualquer defeito. Nada nele fazia sentido, e nada fazia sentido naquela vontade absurda de gostar dele. A verdade é que ela quase gostava daquele sentimento que, afinal de contas, acabava por ser angustiante. Ela não queria deixar de gostar dele, não queria deixar de amar aquele ideal de perfeição que tinha estipulado que seria ele, porque ele era talvez o que de melhor existiria no mundo para amar.
Não importava se ele a tinha acabado por expulsar da única casa que ela tinha, sem saber se ela teria mais alguém a quem se agarrar, ou pelo menos um tecto para morar. Não importava que ele não a quisesse com ele, que ele continuasse a achá-la uma eterna criança, que não se importasse minimamente com os seus sentimentos. A única coisa que importava no meio de tudo aquilo, que tinha tido realmente algum significado durante os meses que tinha passado na sua companhia, seria sempre o toque das suas mãos perfeitas nas dela, quando ela mais precisava dele.
Esboçou um sorriso triste ao lembrar-se, mas os seus pensamentos e recordações foram inesperadamente interrompidos por Ana, uma colega sua de faculdade e colega de casa... uma das suas melhores amigas, na verdade, e que agora se sentava à sua frente como um autêntico furacão. A sua euforia era notável... e preocupante!
- Maggie! – exclamou Jéssica, tentando recompôr-se do seu triste final de tarde. Agora que reparava nas horas, já passava da hora de jantar.
- Jéssica Maria! – exclamou, como quem estava prestes a “deixar cair a bomba”.
- Fala filha. – incentivou, acabando por se rir com a amiga.
- Tu... eu... quer dizer... tu tens que me levar a Los Angeles contigo. Quer dizer... é muito importante!!
Jéssica arqueou uma sobrancelha perante aquela conversa. Claro que a levava, até gostava mais se fosse com companhia mas... qual era a crise?
- Porquê? – acabou por perguntar simplesmente.
- Porque os Tokio Hotel vão estar no mesmo programa que tu. Tipo, acabei de saber isso agora, tens que me levar!
Jéssica sentiu todo o seu corpo congelar completamente por dentro. Como assim? Como é que isso podia sequer ser possível? Como é que ela não sabia de nada?
Tentou reagir, dizer alguma coisa, mas simplesmente não conseguiu! A ideia de voltar a vê-lo era simplesmente tão... irreal... que não entrava na sua cabeça de maneira nenhuma.
Permaneceu durante bastante tempo a olhar a amiga, como se ela lhe tivesse acabado de dar a pior e a melhor notícia de todas. A verdade era só uma: ela queria tanto voltar a vê-lo! Mas se isso acontecesse, ela só podia ficar pior. Não... ela não podia ir a essa entrevista!
- Oh... Aninha eu se calhar vou cancelar a entrevista sabes? – perguntou, engolindo cada palavra sua como se aquilo fosse a pior coisa do mundo.
O que é que ela podia fazer? Se ela tinha até medo de ligar um computador e ir ver as notícias sobre os Tokio Hotel, ou de se deparar com uma mera fotografia dele em qualquer lugar que fosse... como é que ela ia tê-lo novamente à sua frente? O que seria suposto fazer? E com que cara é que ela poderia enfrentar o facto de os ver a eles todos novamente?
- O que é que tu estás a dizer mulher? Nem digas uma coisa dessas, tens que promover o teu livro lá, era esse o teu objectivo, não podes desistir assim!
Na verdade, Ana não pensou muito naquelas palavras, mas também não tinha dito mentira nenhuma. A verdade é que reparava sempre em como Jéssica se sentia incomodada sempre que ela tocava no assunto Tokio Hotel... o que era chato, porque eles eram a sua banda preferida e gostava de falar deles, e sentia que com a amiga não podia ou não devia fazê-lo. Ninguém lhe tirava da cabeça que ela tinha razão, e que Jéssica tinha algum tipo de problema com aquele assunto em particular, só não sabia o que seria, não imaginava sequer.
- Aliás... tu não tinhas o vôo para hoje à noite?! O que é que ainda estás aqui a fazer? Jéssica, não vais cancelar nada, vamos embora!!!
Jéssica olhou-a de sobrolho franzido. Nunca mais se tinha lembrado daquele pormenor, mas de qualquer forma a viagem estava programada para a madrugada do dia a seguir, para poder chegar lá pelo fim de tarde. O fuso horário era uma coisa complicadíssima!
Permaneceu calada durante uns segundos enquanto olhava Ana. Na verdade ela queria tanto vê-lo...
- Oh Ana... não sei...
- Jéssica por amor de Deus, tu por seres uma pessoa famosa até foste dispensada de dois exames que podes fazer em qualquer altura do Verão para ires para lá, não podes desistir assim, ainda por cima pagaste por isso!
- Eu sei... pronto, está bem.
– acabou por resmungar. Precisava de tempo para pensar naquilo, tempo que não tinha e que Ana não parecia disposta a dar-lhe.
- Então vá, vamos a casa pegar nas coisas. Já tenho as minhas malas prontas, eu sabia que me levavas contigo. – afirmou, com um sorriso que denotava toda a sua felicidade e euforia.
Pelo menos que alguém se sentisse feliz com aquilo...
Jéssica não respondeu, apenas suspirou baixinho e começou a arrumar as suas coisas. Levantaram-se as duas da mesa e Jéssica quase que foi obrigada a subir a ladeira gigante que as separava a casa do café onde se encontravam a correr, tal era a pressa e a euforia da amiga.
- Oh rapariga, tu não te cansas? – perguntou, parando a meio do caminho. Gostava de subir aquilo calmamente para não se cansar, mas naquele momento não estava a ser fácil – Daqui a nada tenho os pulmões a saltar-me pela boca. – acabou por resmungar.
- Jéssi, mexe-te! Vamos embora! – exclamou Ana, continuando a subir.
Jéssica lá fez um esforço, e quando chegaram a casa, já o seu motorista as esperava. Aquela Ana tinha pensado em tudo, Jesus! De qualquer forma, ela nunca tinha precisado de um motorista, pelo contrário, adorava conduzir aquele carro. Era um lamborghini cor de laranja cujas portas abriam para cima (sempre tinha sonhado com aquele carro), tinha sido uma prenda de aniversário do seu pai. Mesmo assim o homem tinha que ir com elas, para tratar do transporte do carro para LA.
Depois de as ajudar a carregar as malas até ao carro, foi sentar-se no banco do condutor, enquanto elas se sentavam nos bancos de trás. Assim foram em direcção ao Porto para apanhar o avião.
***
Mal chegou a casa, atirou-se para cima do sofá. Estava cansado, não andava a dormir nada de jeito.
Joana chegou-se por trás dele e abraçou-o, depositando um beijinho leve no seu pescoço.
- Queres uma massagem bebé? – perguntou com um leve sorriso.
Ele olhou-a pelo canto do olho e riu-se.
- Quero.
Ela esticou-se ligeiramente para o beijar.
- Onde? – perguntou baixinho contra os seus lábios.
Quando ela se punha com aquelas conversas ele já sabia onde ela queria chegar.
Passou a língua pelos lábios, tocando nos dela, e olhou-a com um sorriso provocador. Sem querer perder mais tempo, Joana voltou a beijá-lo, empurrando-o para que se deitasse e deitando-se sobre ele. Já tinha saudades do seu Tommy, e ultimamente nunca tinham tempo para estar sozinhos, por isso tinham que aproveitar!
Sentiu as mãos de Tom percorrer o seu corpo, e estremeceu ligeiramente. Já estavam juntos há algum tempo, mas ela sentia sempre aquele desejo que os envolvia como se fosse a primeira vez. Gostava tanto dele! Mas agora tinham que ser rápidos, porque estavam no sofá da sala e o Bill podia chegar a casa a qualquer momento!
Largou os seus lábios por breves instantes para lhe despir a camisola, e sentou-se sobre a sua cintura. Conseguia sentir o seu membro erecto ainda bem apertadinho dentro dos boxers e sorriu-lhe como quem tem intenção de o deixar sofrer mais tempo. Ele despiu-lhe o vestido, atirando-o de seguida para o chão, e permitiu-se admirar o corpo perfeito da sua namorada. Ergueu-se ligeiramente para beijar a barriga dela, ao mesmo tempo que lhe desapertava o sotien, ou tentava. Ele nunca sabia funcionar muito bem com aquilo, ela tinha sempre que o ajudar.
Olhou-o pelo cantinho do olho e viu como ele franzia o sobrolho enquanto tentava livrá-la daquilo. Ela largou por momentos os seus abdominais perfeitos e desapertou o sotien facilmente, mas nesse mesmo instante ouviram a porta do quarto do Bill a abrir.
- Merda! – exclamaou Joana, levantando-se de imediato.
Voltou a apertar o sotien e ajoelhou-se em frente ao sofá numa tentativa relativamente razoável de se esconder, visto que as costas do sofá davam para a porta do quarto do Bill.
Bill estacou em frente à porta quando percebeu o que ali se passava e desatou a rir.
- Desculpem. Não se prendam por minha causa, vou só ali... à cozinha.
Mas não saiu do sítio. Só se conseguia rir.
- Bill, BAZA! – exclamou Tom, tentando tapar a Joana.
Bill fez uma cara de como quem se tinha esquecido completamente de que aquele era um momento privado, e esgueirou-se pela porta da cozinha, fechando-se lá dentro.
Foi até ao frigorífico ainda a rir-se com a situação. Aqueles dois nunca tinham um sítio normal para fazer as coisas, iam sempre parar a lugares inconvenientes.
Olhou para a comida à sua frente e apercebeu-se que tinha ficado sem fome, mas mesmo assim tirou o pacote do leite. Encheu um copo e sentou-se em frente à bancada a beber. Aquela entrevista ainda não lhe tinha saído da cabeça, aliás... aquela miúda nunca lhe saía da cabeça. Era como se durante todos aqueles anos tivesse vivido preso a ela, e sabia que não era só a presença de Joana que fazia com que se sentisse assim, embora ajudasse bastante. Agora, anos depois, ia voltar a vê-la, e não sabia ao certo como se sentir em relação a isso mas sabia que queria vê-la, queria falar com ela e poder pedir-lhe desculpas.
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSáb Jun 09, 2012 10:33 am

Adorei a cena da Joana e do Tom!! ah ah
Ah pois é, a entrevista está quase e eu estou muito curiosa!

Mais, mais... Very Happy
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSáb Jun 09, 2012 2:46 pm

Tom e Joana :lol!:ficaram envergonhados!

Quero saber o que vai acontecer nesta entrevista certo?então só devo dizer que...continue pois a fic está muito legal nerd
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeDom Jun 10, 2012 9:04 pm

Capítulo nr. 4

Point Of View II @ 8yuptt

Parou o carro na berma da estrada e olhou a amiga com cara de poucos amigos. Já se estava a passar completamente! Como se já não bastasse o facto de o seu motorista ser um incompetente de todo o tamanho e ter enviado o seu querido Lamborghini para San Diego que ficava a uma relativa distância de 200 kilómetros de Los Angeles, agora ainda tinha que andar às voltas de madrugada por ruas que não conhecia minimamente.
Ninguém merece!
- Ana Margarida, eu já perdi a conta às horas em que fiquei fechada num avião, para depois ficar fechada num taxi e agora no meu carro para andar às voltas contigo! Sabes há quantas horas é que eu não durmo? Mas porque é que eu fui cancelar a merda da reserva?! A esta hora já tinha dormido o meu sono de beleza e estava a tomar um pequeno almoço fantástico num hotel de cinco estrelas, mas não, estou aqui só porque tu decidiste alugar uma merda de uma casa sei lá eu onde... e pelos vistos nem tu sabes! Tipo eu estou aqui a morrer para a minha vida... – resmungou Jéssica.
Estava mesmo chateada com aquilo.
Aparentemente, Ana tinha descoberto onde ficava o estúdio da sua banda favorita em Los Angeles, e sem sequer consultar Jéssica, tinha alugado uma casa bem perto, ou como diria ela “praticamente ao lado”. À confiança, Jéssica tinha cancelado as reservas no hotel onde iria ficar, mas agora estavam perdidas.
- Oh mulher tem calma... – balbuciou Ana, desembrulhando novamente o mapa que trazia consigo, mas não percebia nada daquilo.
Bufou chateada. Também já se estava a passar com a situação. Olhou pela janela pois como já era de manhã, provavelmente iam começar a ver pessoas na rua. Viu uma mulher do lado de fora e começou a tentar abrir a porta.
- Oh Ana, pára por amor de Deus!! – exclamou Jéssica exasperada.
Carregou no botão para abrir a porta – que se abria sempre de uma forma bastante lenta – e viu Ana a sair e a colocar-se em frente à mulher. Aguardou pacientemente dentro do carro e quando Ana voltou, carregou no botão de fechar a porta antes que ela fizesse para lá alguma asneira.
- Então? – perguntou, adivinhando que teria que dar voltas e mais voltas e nunca encontrariam a bem-dita casa.
- Já sei! – exclamou Ana toda contente – Podemos ir, vai sempre em frente.
Jéssica fez o que ela lhe disse. Pelo caminho, enquanto Ana lho indicava, contou-lhe que não estariam sozinhas na tal casa.
- Mas era só o que mais me faltava... – foi resmungando Jéssica baixinho enquanto ouvia a amiga.
Pelos vistos a casa era habitada por uma rapariga chamada Raquel, que tinha alugado lá um quarto, mas segundo Ana, não tinha tido alternativa porque não havia muitas casas naquele sítio, e aquela era a única que tinha dois quartos livres.
Agora, para além de ter que partilhar a casa com uma total desconhecida, estava a ver que ia ficar no fim do mundo, só com a confirmação de que não haviam muitas casas naquela zona. E de facto, uns 15 ou 20 minutos depois, isso veio a confirmar-se. Jéssica tinha entrado numa estrada absolutamente deserta, escura e onde só se via mato.
- Mas para onde é que tu me trouxeste? – perguntou já sem saber o que pensar daquilo.
Ana não lhe respondeu. Na verdade estava com uma cara de quem esperava que o lugar em questão fosse ligeiramente mais agradável. Jéssica diria até que Ana estava com medo, e pensar nisso fez com que soltasse uma gargalhada baixinho, de si para consigo. Pelo menos a si não lhe afectaria de forma alguma um lugar assim, já tinha vivido num sítio bem pior.
- Abranda! – pediu Ana, remexendo na sua mala e tirando de lá uma fotografia – É aqui. – anunciou – Mais precisamente, ali. – acrescentou, apontando para uma casa alta toda feita de madeira.
Jéssica olhou a amiga como quem não estava a acreditar no que tinha à sua frente. A casa em questão até que era invulgarmente bonita, por ser unica e aparentemente constituída por rolos de madeira encerados, mas de qualquer forma, esperava por algo melhor.
- E... e ali é o estúdio!! – exclamou Ana com os olhos a brilhar, sem fazer questão do olhar de Jéssica, enquanto olhava para um edifício relativamente grande e que ficava a pouco mais de 5 metros de distância da casa onde iriam ficar.
- E... aquele é o Tom... – balbuciou Jéssica sem grandes certezas, ao ver um audi passar pelo seu carro e estacionar mesmo à sua frente.
Ana sentiu todo o seu corpo congelar por completo ao ouvir a amiga, e de repente, os seus olhos estavam completamente fixos no carro da frente. Não conseguia sequer acreditar que estava tão perto dele, que podia simplesmente sair daquele carro e passar por ele com, esperava ela, toda a normalidade de duas pessoas que se conhecem de vista. Ok, aquele pensamento tinha saído um bocadinho rebuscado, mas mesmo assim, não era como se ela fosse uma fã dele e ele o seu ídolo, não era o mesmo que ir a um concerto ou a uma sessão de autógrafos, e pelo menos durante alguns dias poderia ser assim, podiam até começar a cumprimentar-se como “vizinhos”, até porque naquele sítio a segurança não lhe parecia apertada, era completamente ou quase completamente deserto.
Jéssica olhou-a pelo canto do olho, sentindo-se ligeiramente preocupada. Ana tinha petrificado, com uma mão no peito. Não respirava, e a única coisa que a deixou mais descansada foi ver duas lágrimas cair dos seus olhos, porque era sinal que pelo menos ainda estava viva.
- Respira mulher! – exclamou, acabando por se rir.
Não era algo que lhe apetecesse propriamente fazer, mas Jéssica lembrou-se de que talvez Tom ainda a reconheceria... talvez até a cumprimentasse, e podia apresentá-los. Se o fizesse seria unicamente para ver a sua amiga feliz, porque a coisa que menos queria era sequer olhar para a cara dele. Bom, sorte ou azar, nunca tinha sido uma pessoa rancorosa. Nem sequer gostava desse tipo de sentimentos negativos.
- Queres-lhe ir dizer olá? – acabou por perguntar, olhando-a com atenção.
- Achas? Não tenho coragem. – respondeu Ana, finalmente – Mas porque é que ele nunca mais sai do carro? Será que está lá alguém com ele?
- Porque é que nós nunca mais saímos do carro?
– perguntou-lhe Jéssica, acabando por accionar a abertura automática das duas portas.
Enquanto esperavam que as portas abrissem, foram pegando nas coisas, e foi enquanto faziam isso que Jéssica reparou na rapariga que saía agora do carro... era-lhe estranhamente familiar, mas só conseguia vê-la de lado. Tom entretanto saiu também, e ela pôde reparar em como ele comia o seu Lamborghini com os olhos. Os olhos de Tom brilhavam a olhar para as portas que se abriam para cima lentamente.
Ah pois, não é para todos, bebé. , pensou Jéssica. E de seguida riu-se. Ele teria dinheiro para um carro daqueles se quisesse.
Assim que sairam do carro, Jéssica voltou a fechar as portas e abriu a mala.
- Quem é aquela que está com ele? – perguntou Ana, enquanto tiravam as malas de viagem do carro, sem conseguir parar de olhar para eles.
Jéssica voltou a olhar. Agora de frente, reconheceu a rapariga facilmente. Era a Joana, só podia ser. A presença dela já não a incomodava propriamente, mas não conseguiu deixar de se surpreender. O que faria ela com Tom, passados todos aqueles anos?
- Não sei... – acabou por murmurar, enquanto pensava no assunto.

- Tom, é ela... – murmurou Joana, tentando não dar muito nas vistas.
Na verdade, Tom ainda não tinha conseguido tirar os olhos daquele carro, pelo que nem tinha olhado bem para as raparigas, mas ao ouvir Joana prestou mais atenção. De facto, a rapariga de cabelos compridos era-lhe estranhamente familiar.
- Ela quem? – perguntou, embora já soubesse a resposta.
- A Jéssica...
- Tens a certeza?
- Tenho.

Perante a confirmação da namorada, Tom só conseguia perguntar-se a ele próprio porque é que ela se vinha instalar logo naquele sítio. Não seria mais normal ficar num hotel, principalmente visto que estava de passagem? Provavelmente tinha feito de propósito para os voltar a encontrar, porque se ela o quisesse mesmo, não seria difícil. E então lembrou-se...
- Joana, o Bill não a pode ver. – afirmou.
Sabia o que aconteceria se tal acontecesse.
- Fica aqui. – acrescentou, dirigindo-se às duas raparigas, uma das quais seria a Jéssica.
Ao aproximar-se mais, não teve qualquer tipo de dúvidas de que seria ela. Certas coisas não mudavam nunca, nem com o tempo, e tudo nela lhe fazia lembrar a miúda de 10 anos que tinha conhecido, mesmo o jeito com que falava, a sua voz, a forma como fazia tudo!
Ao ver os pés de alguém parar à sua frente, Ana ergueu o olhar. Apetecia-lhe gritar, mas pensar na razão pela qual ele estaria ali deixava-a sem voz, e com medo de parecer demasiado... histérica? Jéssica, por seu lado, olhou-o com uma expressão perfeitamente neutra. Talvez ele a tivesse reconhecido, e se fosse o caso, falar-lhe-ia bem mesmo depois de tudo o que tinha acontecido.
- O que é que estás aqui a fazer?
As raparigas entreolharam-se sem perceber. Ana não estava a perceber o porquê daquela pergunta, ou como é que eles se conheciam, e Jéssica não tinha percebido o tom de voz que ele lhe dirigia.
- A tirar as malas do carro. – acabou por lhe responder, como a coisa mais óbvia de sempre – Só não sei o que é que isso contribui para a tua felicidade. – acrescentou. Já que ele tinha sido tão educado, ela seria também.
- Sabes o que é que contribuiria imenso para a minha felicidade? Que voltasses a por as malinhas no carro e que te pusesses a andar daqui para fora!
- Jéssica o que é que se está aqui a passar?
– perguntou Ana que tinha ficado de boca aberta a olhar para aquela cena.
Jéssica olhou-a mas não lhe respondeu. Em vez disso, sacudiu o cabelo para trás e olhou Tom.
- E porque é que eu haveria de o fazer?
- Porque não és bem vinda aqui.
– respondeu Tom simplesmente – Diz-me uma coisa, fizeste de propósito não foi? Depois de tanto tempo, o que é que queres de nós?
- O mesmo que tu, distância.
– respondeu Jéssica, sendo e não sendo completamente sincera. Não queria distância do Bill, embora fosse, de todo, um desejo muito mais sensato.
- Nota-se.
- Olha Tom, posso dizer o mesmo. Não estavas bem ali com a Joana? Tinhas mesmo que vir falar comigo? Para a próxima é simples, sempre que me vires, viras-me a cara. Não temos necessariamente que falar um com o outro.
- Eu estava muito bem com a Joana mas sabes que há pessoas, como tu por exemplo, que me metem um nojo tão grande que eu não consigo simplesmente ignorar. Podes voltar a entrar para o carro e baza daqui.

Jéssica acabou por soltar uma gargalhada meio nervosa ao ouvi-lo. Não conseguia sequer acreditar que estava a ouvir uma coisa daquelas. Como é que ele podia ter uma lata tão grande assim?!
- Tom eu sinceramente acho que estás ligeiramente equivocado. Eu é que te meto nojo? Tu e vocês todos é que me deviam meter nojo a mim! Eu meto-te nojo porquê, diz-me lá?
- Ah, ainda perguntas?
- Claro, porque que eu saiba vocês é que me tiraram da minha própria casa, sem sequer saberem se eu tinha mais para onde ir!
- Pelos vistos passaste bem sem aquele sítio.
– afirmou Tom, deitando o olho ao lamborghini – O mesmo não se pode dizer da tua irmã.
Por momentos, Jéssica não disse nada. Elas não eram irmãs, e ele estava a ser muito injusto, porque claramente, não sabia da missa a metade. Ia-lhe pedir para não falar do que não sabia, mas sentiu-se momentaneamente tão irritada com tudo e tão injustiçada que ficou fora de si, e sem sequer pensar pregou-lhe um valente estalo na cara.
Depois disso, foi tudo muito rápido, porque teve a impressão de ver a Joana a aproximar-se deles demasiado rápido, ao mesmo tempo que Tom lhe agarrava no braço com força e lhe dizia para ela desaparecer dali, e de repente, quando menos esperava, ouviu a voz da pessoa que mais queria ver desde que ali chegara. Não queria propriamente continuar a ser hipocrita consigo própria... ela queria mesmo vê-lo!
- Tom, larga-a! – exclamou Bill, que tinha acabado de chegar sem ninguém dar conta – O que é que se passa aqui? – acabou por perguntar, olhando para todos.
- Sim, o que é que se passa aqui?! – concordou Ana, colocando-se ao lado de Bill.
A euforia de ter os seus ídolos tão perto, entretanto, tinha passado completamente. Ela só queria uma explicação para o que tinha acontecido ali. O seu olhar fixou-se em Jéssica, porque era dela que queria ouvir a explicação que merecia.
Por seu lado, o olhar de Bill fixou-se na mesma pessoa... era mais bonita ao vivo do que no ecrã do seu computador. Era tão bonita! E tinha crescido imenso... sempre tinha sido uma miúda de 10 anos diferente, com uma visão diferente das coisas, mas claro, com a infantilidade e a inocência natural e própria da idade. Mas agora, olhar para ela fazia-o ter uma visão completamente diferente da pessoa em que ela eventualmente se tinha tornado. Embora despenteada, desmaquilhada e com olheiras, tinha uma postura tão segura e digna que seria até invejável. E era tão bonita, tão absolutamente deslumbrante! Ficaria a olhar para ela assim para sempre, ninguém tinha que dizer nada.
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeDom Jun 10, 2012 9:28 pm

Adorei a procura da casa. ahah
O Tom foi tão bruto, o que vale é que o Billy foi salvar a situação, mas cheira-me que o Tom ainda se vai arrepender, porque se ele não tivesse ido falar com a Jéssica, o Bill provavelmente não a ia ver, pelo menos por enquanto...

QUERO MAIS Very Happy
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeDom Jun 10, 2012 9:45 pm

Aninha o Tom ainda se vai arrepender de muita coisa ao longo da história xp
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeDom Jun 10, 2012 10:55 pm

opá eu juro que te mato Jéssica, é que depois dizes-me essas coisas e a minha cabeça já não pára de magicar não é? -.- Agora já vou para a cama a pensar no assunto antes de dormir x'D
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSeg Jun 11, 2012 6:21 pm

O Tom foi mesmo um trasgo com a garota! u.u Continue :oO:
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSeg Jun 11, 2012 6:40 pm

Capitulo nr. 5

Point Of View II @ 11rgfms

Jéssica continuou com o olhar baixo durante mais algum tempo, como se necessitasse realmente de qualquer tipo de preparação psicológica para olhar para ele. A voz dele tinha ficado gravada na sua mente, e continuava em modo de repetição. Sentia que poderia elouquecer a qualquer momento, porque só conseguia ouvi-lo a ele, independentemente de tudo o que tinha acabado de acontecer... mesmo estando ali com Joana outra vez, mesmo que Ana estivesse uma pilha de nervos porque queria, nitidamente, uma explicação. Nada disso importava, nada disso podia ter a mínima importância porque agora, sentia-se a recuar no tempo. Era como se tivesse dez anos novamente, e estivesse a conhecê-lo naquele preciso momento. E dava consigo novamente a tentar entender o porquê de ter deixado aquele sentimento crescer daquela forma, quando não tinha quaisquer motivos para isso. Era naqueles momentos que gostava de ter uma explicação para tudo o que lhe acontecia... mas talvez o que sentia por Bill fosse mais uma das coisas que simplesmente não se explicam. Não saberia nunca porque é que aquilo lhe acontecia, mas ao levantar finalmente o olhar para o ver de perto, teve finalmente a certeza de que aquilo não era uma coisa má. Mesmo que não passasse nunca de uma ilusão, seria a melhor e a mais feliz de todas.
Não costumava corar, mas naquele momento teve a certeza que tinha ficado vermelha que nem um tomate pois sentia o seu rosto a ferver, embora sentisse todos os seus músculos sem excepção ficarem presos como se fossem congelando aos poucos. Sabia como os seus olhos brilhavam com aquela visão, e por mais que quisesse controlar esse facto, não conseguia.
Por outro lado, Bill achou uma certa piada ao vê-la corar. Sempre tinha conseguido provocar certos tipos de reacções nela, mas isso era quando ambos eram duas crianças... agora era diferente. Mesmo assim, não podia deixar de achar que ela tinha ficado nervosa com a presença dele. Um nervosismo miúdo e físico...
Jéssica tentou falar, mas não conseguia abrir a boca sequer. Tentou olhar para qualquer outra pessoa que estivesse ali presente, mas os seus olhos não lhe obedeciam, pura e simplesmente. Desejou então que alguém fizesse alguma coisa e acabasse com aquilo, apenas porque sabia que estava a parecer demasiado idiota.
- Não se passa nada Bill, vamos embora. – acabou por falar Tom, ao mesmo tempo que pegava na mão de Joana e olhava Bill, tentando captar a sua atenção – o que nem por isso resultou.
- Vocês podem ir andando. – respondeu simplesmente, sem sequer olhar para eles – Eu já lá vou ter.
- Bill...
– começou Tom, mas Joana puxou-o com ela para longe dali, alegando que já nem sequer valia a pena o esforço.
Jéssica consegiu pela primeira vez desde que Bill ali tinha chegado, desviar o olhar dele para ver Joana a afastar-se. Adoraria saber que versão dos acontecimentos é que ela tinha, e que lhes tinha contado a eles, mas também não queria perder o seu tempo com aquilo. Estava há horas sem dormir e sem comer, e ainda por cima tinha que levar com escândalos!
- Eu ajudo-vos a levar as coisas. – disse Bill, começando por pegar nas malas mais pesadas.
Ele estava realmente mais musculado e com um ar muito mais masculinho... no entanto, ninguém diria!
Nenhuma das duas falou. Jéssica não falou porque não tinha nada para dizer, e Ana estava simplesmente chateada porque sabia que ali havia nitidamente um segredo que ela já deveria saber. Pegaram então no resto das malas, Jéssica trancou o carro e entraram em casa.
Na verdade, Jéssica nem sequer ligou à decoração, apenas percebeu de início que a casa não era lá muito grande. Subiram em silêncio até ao piso de cima onde eram os quartos, e abrindo porta a porta perceberam quais é que ainda estavam vazios. Jéssica acabou por se decidir primeiro com o que ficava mais ao fundo do corredor, e foi deixar lá as suas coisas de imediato. Quando ia para sair do quarto, Bill apareceu na porta, empurrou-a delicadamente de volta para o quarto e entrando igualmente, fechou a porta à chave.
- O que é que estás a fazer? – perguntou-lhe, quando conseguiu finalmente reagir – A Ana está lá fora.
- Eu pedi-lhe que nos deixasse a sós um bocadinho, ela foi comer.
– esclareceu Bill.
- E eu também quero ir comer... Não durmo e não como há mais de 24 horas.
- Eu posso ir à cozinha buscar-te qualquer coisa...
mas agora não sais daqui, acrescentou mentalmente.
- Não quero, obrigada. – respondeu, acabando por se sentar naquela que seria a sua cama nos próximos dias – Diz-me, o que é que querias? Se me vens dizer que eu te meto nojo e me vais mandar embora, podes poupar o teu latim porque o teu irmão já mandou o recado.
Bill arqueou uma sobrancelha enquanto a ouvia, e depois foi sentar-se ao lado dela.
- Não é nada disso. E não ligues ao Tom porque ele diz as coisas sem pensar.
- É. Notou-se bastante.
– resmungou Jéssica simplesmente.
- Ele ficou com inveja por causa do teu carro. – disse Bill, numa tentativa de aliviar um bocadinho a tensão.
Jéssica esboçou um sorriso. Um sorriso que apesar de deixar transparecer todo o seu cansaço, para Bill era infinitamente belo.
Adoptou uma expressão mais séria e suspirou baixinho enquanto a olhava. Aquilo não seria propriamente amor à primeira vista porque ele já a tinha visto muitas vezes mas... e se ele estivesse mesmo a ficar apaixonado? Não... estava claramente confundido entre um instinto de protecção e um sentimento quase paternal e a paixão. Era isso.
- Ainda estás muito chateada connosco? – decidiu perguntar finalmente. Não queria que a conversa acabasse mal mas tinha que tocar naquele assunto!
- Contigo não... – murmurou simplesmente como resposta, sem o olhar.
- Comigo não? Porquê só comigo? – perguntou Bill, olhando-a atentamente. Não podia mentir, agradáva-lhe o seu lugar de exclusividade.
- Porque eu sei que só fizeste aquilo por causa deles. E porque não sou uma pessoa rancorosa. Não guardo rancor de ninguém, nem do Tom.
Bill sorriu-lhe e aproximou-se mais, pegando na mão dela. Ela fechou os olhos por momentos, simplesmente porque não conseguia mantê-los abertos. Queria sentir o toque dele da melhor forma possível, aproveitar algo que não teria sempre, que talvez nunca mais tivesse.
- Desculpa... – murmurou Bill, depositando um beijinho leve na sua testa.
Mesmo que ela não estivesse chateada, ele queria fazer aquele pedido de desculpas já há muito tempo.
Ela abriu os olhos. Sentia tanta vontade de o abraçar! Mas tentou conter-se o mais que pôde.
- Fala-me de ti... o que é que te aconteceu? – acabou por lhe perguntar, sem nunca quebrar aquela proximidade deles, sem nunca largar a sua mão ou quebrar aquele contacto visual. A química entre os dois seria visível a qualquer um, mas nenhum dos dois se apercebia de como era tão óbvio... e também não estava ali ninguém para ver.
- Nada de especial... – respondeu, lembrando-se do dia em que tinha abandonado a vila.
Aquele “nada de especial” era nitidamente uma mentira, porque esse tinha sido, com toda a certeza, o pior dia da vida dela, mas nunca falaria sobre isso com ninguém, muito menos com qualquer um deles. Mesmo assim, não conseguiu conter uma lágrima que Bill limpou com a mesma rapidez com que tinha caído.
- Desculpa... – voltou a murmurar, abraçando-a com força contra o seu corpo.
Jéssica devolveu aquele abraço sem hesitar por um segundo sequer. Ficar assim nos seus braços era o melhor sítio onde podia estar!
Passou uma mão pelos seus braços musculados, distraidamente. A pele dele era tão quente, o seu abraço tão reconfortante!
- Não peças desculpa. Não tens culpa do que se passou a seguir. – acabou por dizer, não com a intenção de o deixar curioso mas para o fazer perceber que o que ele tinha feito tinha sido apenas uma gota no oceano.
- O que é que se passou a seguir? Eu quero saber...
- Não me obrigues a falar disso.
- Mas passaste fome? Não arranjaste sítio para dormir? Fala comigo, podes falar comigo.
– disse, afastando-se ligeiramente para olhar para ela.
Jéssica voltou a puxá-lo para si, abraçando-o com mais força ainda. Não queria soltar-se daquele abraço por nada deste mundo! Ele voltou a abraçá-la, imaginando como ela teria passado frio e fome, tudo por causa dele... nunca se perdoaria a si próprio por isso...
- Nada disso. Eu fui viver com o meu pai.
Não tinha ido logo viver com o pai mas isso eram pormenores dos quais não valia a pena falar.
- Eu duvido muito que tenha sido só isso... quero saber o que te aconteceu Jéssica. – afirmou Bill, apertando-a com mais força.
Porque é que lhe sabia tão bem aquele abraço?
Baixou ligeiramente a cabeça, escondendo o rosto nos cabelos compridos dela. Ela cheirava tão maravilhosamente bem!
- Bill acho que teremos tempo para falar disso, agora não. Estou cansada e não quero continuar a falar deste assunto. – respondeu-lhe, acabando por o largar. Não queria propriamente sufocá-lo, ou deixá-lo a pensar que ela gostava assim tanto dele...
Mas o olhar dela fixou-se nos seus lábios perfeitos. De um momento para o outro, gostava de cometer uma loucura, mas isso provavelmente faria com que ele fugisse dela a sete pés. Enquanto ponderava bem os prós e os contras, viu a língua dele através dos seus lábios entreabertos, passear devagarinho na sua boca, de uma forma algo sedutora.
Bill passou a língua pelos lábios, ainda sem se aperceber de como ela os olhava. De repente parecia estar a ver aquilo acontecer em câmara lenta. Por mais que quisesse, não conseguia resistir-lhe...
Levantou ligeiramente o olhar e reparou que ele olhava pela janela, pensativo.
Ok... ela ia acabar por estragar tudo se o fizesse de uma forma assim tão inesperada, por isso decidiu ir devagar. Tinha medo que ele a afastasse, mas não saberia se não tentasse.
Aproximou-se dele devagarinho e levou uma das mãos ao seu rosto perfeito, virando-o para si. Bill olhou-a... não estava a perceber aquela proximidade toda... de repente, eles tinham ficado a meros centímetros de distância um do outro, e ela aproximava-se mais e mais, até que os seus olhos se fecharam. Ele não conseguiu sequer ter qualquer tipo de reacção... aquilo não podia acontecer porque era completamente errado, mas ele quase que queria que acontecesse, só ainda nem sequer tinha ponderado a hipótese, porque era tão improvável! Os lábios perfeitos dela colaram-se aos seus quase a medo. Por uma fracção de segundo, ele quis afastá-la. Quis afastá-la apenas porque sabia que nunca lhe resistiria. Mas já era tarde de mais. Ele queria-a tanto quanto ela o queria a ele.
E momentaneamente, os seus medos não faziam sentido. Ele não a tinha afastado, e tocar os seus lábios com os dela pela primeira vez era simplesmente um momento tão mágico que não dava lugar para qualquer outro tipo de pensamentos nem margem para qualquer tipo de dúvidas. Como não notou qualquer tipo de reacção da parte dele, abriu os olhos por um segundo ... os olhos dele mantinham-se abertos, como se a contemplasse, mas os seus lábios nunca se moveram. Ela voltou a fechar os olhos e mordiscou levemente o seu lábio inferior, beijando-o de seguida, ao mesmo tempo que o empurrava devagarinho para que se deitasse.
Bill não mostrou qualquer tipo de resistência e deitou-se, acabando por a puxar para cima dele. Correspondeu ao seu beijo simplesmente porque não lhe queria resistir, nem conseguia.
Durante bastante tempo, as carícias, os sorrisos e os beijos que trocaram foram o suficiente. Nenhum deles precisava de dizer uma palavra que fosse.
***
David olhou Tom como quem nem estava a acreditar no que tinha acabado de ouvir.
- O teu irmão deve pensar que o álbum se faz sozinho de certeza. Deve pensar que o dinheiro cai do céu! Não, mas desta vez ele vai ouvi-las! – exclamou, saindo do estúdio como um autêntico foguetão.
O resto da banda e Joana entreolharam-se em silêncio. Aquilo estava bonito, estava!
- Oh Tom... também escusavas de lhe dizer onde ele está... – acabou por dizer Joana.
- Eu disse que desta vez não o ia safar. – resmungou Tom, embora já estivesse ligeiramente arrependido por ter dito a verdade.
Joana acabou por encolher os ombros e foi-se sentar, enquanto o resto da banda se organizava e começavam a ensaiar, mesmo sem a voz.
Enquanto isso, David tocava à campainha da nova casa de Ana e Jéssica como se não houvesse amanhã.
- JÁ VAI PORRA!! – berrou Ana, já a passar-se completamente – Esta gente hoje anda toda com o fogo no cu pá! – comentou com Raquel, a colega de casa que tinha acabado de conhecer na cozinha.
Raquel era uma rapariga relativamente alta, de pele morena, olhos escuros e cabelo igualmente escuro, comprido e ondulado. Tinha uma beleza quase exótica, e o seu semblante denotava toda a sua simpatia, bem como uma certa ingenuidade.
A rapariga soltou uma gargalhada ao ouvir Ana. Ainda agora a conhecera mas já lhe estava a achar piada, embora achasse que ela estava nitidamente com os nervos em franja. Perguntou-se se seria a outra rapariga que vinha para ali morar...
Levantaram-se as duas e foram abrir a porta.
Raquel olhou Ana sem perceber que raio se estava ali a passar... morava naquela casa há meses e nunca tinha tido o David Jost a tocar-lhe à campainha!
- Onde está o Bill? – perguntou David, sem se importar em ser bem educado.
- Bom dia! – cumprimentou Ana, com um tom de voz que fazia transparecer o seu desagrado perante tamanha falta de educação – O Bill está lá dentro... – acabou por responder simplesmente, sem saber bem o que lhe havia de dizer.
- Com licença. – pediu David, entrando – Posso saber exactamente onde? Eu peço desculpa pela intromissão e por entrar assim mas é uma situação urgente! – acrescentou.
Ana encolheu simplesmente os ombros.
- Pode subir aqui as escadas, ele está na porta do fundo do corredor.
David agradeceu e subiu as escadas a correr. Aquele Bill ia ouvir tantas, mas tantas!!
Foi até à porta que lhe tinham indicado e tentou abri-la, mas estava trancada.
- BILL!! – chamou, batendo à porta.
Do outro lado, Bill deu um salto de susto, mas Jéssica nem por um segundo saiu do seu colo.
- Quem é? – perguntou-lhe baixinho, pois não conhecia a voz.
- É o David. – respondeu, quase com uma expressão amedrontada.
- Tens que ir? – perguntou Jéssica, baixando-se devagarinho para beijar de novo os seus lábios.
- Tenho... – murmurou Bill em resposta.
- BILL!!!!!! – voltou a chamar David de lá de fora.
- Não vás... – pediu-lhe, não fazendo caso dos berros do outro.
- Tenho mesmo que ir...
- Faz de conta que não estás aqui, não fazemos barulho, e ele vai-se embora.

Bill sorriu-lhe, ao mesmo tempo que afastava uma mecha de cabelo do seu rosto.
- A tua amiga já lhe deve ter dito que eu aqui estou, além disso ele já estava furioso comigo, se eu não for agora depois ouço a triplicar. Além disso, não eras tu que estavas com fome e com sono? – perguntou Bill, dando-lhe um beijinho no nariz.
- Estava, mas já não estou.
Na verdade ainda estava, mas preferia muito mais ficar ali com ele...
- BILL ABRE A PORTA IMEDIATAMENTE!! – voltou a gritar David.
- JÁ VOU! – exclamou Bill irritado com a gritaria.
Suspirou baixinho e pegou nela ao colo para conseguir levantar-se da cama, visto que ela não estava disposta a deixá-lo ir. Sentou-a na cama e beijou-a uma última vez, ao mesmo tempo que lhe metia um papel no bolso do casaco.
- Diz-me alguma coisa depois. – pediu, com os lábios coladinhos nos dela.
Levantou-se e dirigiu-se à porta, mas antes de sair olhou para trás.
- Deste-me uma ideia fantástica para acabar o novo single.
Jéssica sorriu-lhe e levantou-se também, dirigindo-se a ele.
- Vai ser sobre mim? – perguntou toda convencida, pendurada no seu pescoço.
- Vamos ver. – respondeu Bill com um sorriso.
Abriu a porta e deu de caras com David, que olhou Jéssica com cara de poucos amigos.
- Ela esteve a ajudar-me a acabar o novo single. – disse Bill, antes que David abrisse a boca sequer.
- Eu imagino. Quero ver isso então.
- No estúdio. Vamos?
- Eu espero bem que isso realmente esteja uma coisa do outro mundo. E espero que comeces a ver bem quais são as tuas prioridades.
– resmungou David simplesmente, começando a descer as escadas em direcção à saída.
Jéssica arqueou uma sobrancelha e olhou Bill.
- É bom que despaches esse álbum. – acabou por dizer com uma gargalhada.
- Yes, madam! – exclamou Bill, dando-lhe um beijinho na testa e correndo atrás de David.
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeSeg Jun 11, 2012 9:12 pm

Que lindos o Bill e a Jéssica,realmente gostei da cena deles é um tanto romântica...Continue!
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeTer Jun 12, 2012 12:43 am

Woooow, desta não esperava, que fofinhos.
Mas eu quero mais que isto está a tornar-se viciante miúda!! Very Happy
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeTer Jun 12, 2012 7:31 am

Obrigada minhas lindaaas, mas isto ainda não é nadaaa xp
uh uh (a)
Posto o próximo hoje ou amanhã ^.^
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeTer Jun 12, 2012 8:34 pm

então vá que eu quero ver isso Very Happy
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MensagemAssunto: Re: Point Of View II @   Point Of View II @ Icon_minitimeQua Jun 13, 2012 8:31 pm

Capítulo nr. 6

Point Of View II @ Jzwlnd

Deixou-se ficar ali parada durante alguns minutos. Tinha sido tudo tão rápido que ainda não conseguia sequer acreditar que era real. E agora só conseguia pensar em como tinha sido tudo tão bom... bom de mais para ser verdade. Ele era areia a mais para ela, desde sempre tinha sido, o que a levava a pensar que talvez aquela onda de sorte fosse simplesmente passageira, mas nem isso conseguia deixá-la triste, porque naquele momento só conseguia lembrar-se da sensação maravilhosa que era ficar coladinha a ele, nos seus braços... do sabor da sua boca, do carinho com que ele a beijava.
Pensar nisso tinha-a deixado com um sorriso gigante no rosto, do qual ela só se apercebeu ao sentir os seus maxilares. Mordeu o lábio inferior com alguma força e passou a língua pelos lábios. Não queria deixar de sentir aquela sensação fantástica, mas acabou por ser interrompida por Ana que subia agora as escadas para a ir chamar. Parou ao cimo das mesmas e olhou a amiga com uma expressão um tanto ou quanto zangada.
- Temos muito que falar. – anunciou simplesmente.
Jéssica olhou-a e suspirou baixinho.
Desmancha prazeres... , pensou, de si para consigo.
- Sim, está bem. – cedeu – Mas vamos comer, tenho fome.
- Nós não temos comida Jéssi, tive que pedir à Raquel, depois temos que lhe pagar as cenas.
- Na boa.

Já nem sequer se importava com a tal Raquel pois afinal, o facto de terem ido ali parar tinha sido a melhor coisa de sempre que podiam ter feito!
Dirigiu-se às escadas onde estava Ana, passou por ela e começou a desce-las. Ana bufou chateada e foi atrás dela... ela que nem pensasse que se esquivava do assunto!
Ao chegar à cozinha, Jéssica nem se apercebeu da presença da tal Raquel, por isso não disse nada e dirigiu-se de imediato ao frigorífico, tirando de lá o pacote da manteiga. Depois foi à despensa buscar bolachas maria e sentou-se em frente à mesa a comer bolachas com manteiga. Com a boca completamente cheia reparou na rapariga sentada à sua frente e olhou Ana que estava encostada à ombreira da porta.
- Jéssica, é a Raquel. Raquel, é a Jéssica. – apresentou Ana.
Mas Jéssica estava tão esganada de fome e com a boca tão cheia que nem falou, acenando simplesmente.
Raquel, por sua vez, sorriu-lhe, embora já não lhe achasse muita piada. Primeiro porque Jéssica não lhe parecia ser uma pessoa propriamente bem educada, e nem sequer tinha pedido autorização para comer da sua comida... e depois porque aparentemente, ela estava com o Bill... o seu Bill!
O que é que se passava ali afinal? Ela vivia ali naquela casa há meses e nunca tinha tido tais visitas... nem nunca tinha cumprimentado o Bill, que era o que ela mais queria! Bom... o Georg também era um pedaço de mau caminho, mas não era exactamente a mesma coisa.
Ana acabou por se dirigir à mesa e foi-se sentar ao lado de Jéssica.
- Podes começar a falar.
A amiga olhou-a, ainda de boca cheia, e revirou os olhos. Mesmo assim, aquele assunto já não a incomodava... na verdade sentia-se como se os seus medos nunca tivessem feito qualquer sentido. O assunto Tokio Hotel, mais propriamente Bill Kaulitz, sempre a tinha incomodado particularmente, e sabia que Ana já se tinha apercebido disso há muito tempo, mas nunca tinha falado daquilo com ninguém e nunca pensou que o fosse fazer... no entanto, agora não se importava nem se fosse ouvida por uma desconhecida. Claro que certos pormenores ficariam, por enquanto, no segredo dos Deuses. Não por medo, mas não queria propriamente que achassem que ela tinha endoidecido.
Lá fez um esforço para comer devagar, e depois de engolir o que tinha na boca decidiu falar.
- O que é que queres que eu diga? – perguntou, sabendo perfeitamente a resposta. A questão é que não sabia por onde começar.
- Podes começar por me contar como é que conheces os Tokio Hotel.
Raquel, que se tinha distraído por momentos com o açúcar no fundo da sua chávena de café, deu-lhes momentaneamente toda a sua atenção. Olhou Jéssica atenta, sem se importar se estava ou não a ser conveniente ou se aquela deveria ser uma conversa privada. Jéssica não pareceu reparar. Deixou a faca da manteiga e as bolachas sobre a mesa e olhou Ana.
- Bom, eu basicamente já conheço os Tokio Hotel desde que tenho os meus 10 anos... quase 11pormenoresOs gémeos tinham 15 na altura. Lembras-te de eu te contar que tinha uma irmã adoptiva?
- Sim... – balbuciou Ana mecanicamente, meio chocada com aquela revelação, mas queria ouvir mais!
- Era aquela rapariga que estava com o Tom... a Joana.
- E eles namoram?
– perguntou Ana, interrompendo-a.
- Isso eu não sei... eu já não a via há muitos anos... deixei de a ver quando deixei de os ver a eles, não sei o que aconteceu depois disso... mas basicamente, a minha mãe adoptou a Joana quando ela era muito pequena, ela só tem um ano a mais que eu. Mas... a minha mãe ‘largou-nos’ na antiga casa da minha visa-avó que ficava numa vila pequena na Alemanha, onde moravam os gémeos na altura, e o Georg e o Gustav. Acontece que essa casa ficava assim tipo... num mundo à parte... quer dizer, tu tinhas a vila e depois tinhas mato, basicamente, uma floresta enorme, e a casa ficava lá no meio. E as pessoas daquela vila eram muito preconceituosas, muito supersticiosas, e enfim, acreditavam que aquela floresta era assim uma coisa do outro mundo e tinham medo. – foi explicando, da melhor forma que sabia e que podia... não ia propriamente dizer que a visa-avó era uma bruxa e a casa semi-assombrada – Mas eles os quatro, e outro rapaz, o Andreas, não tinham medo, pelo contrário... eles costumavam ir lá muitas vezes para beberem e fumarem às escondidas dos pais, porque ali toda a gente se conhecia e se alguém os visse a fumar, a mãe deles ia logo ficar a saber. O facto de nós termos ido parar àquela casa não fez com que eles deixassem de lá ir, eles continuaram a ir lá e foi assim que eu os conheci.
Jéssica calou-se e encolheu os ombros. Não havia muito mais que pudesse dizer sem entrar em demasiados pormenores.
- Pois... e porque é que o Tom te tratou daquela forma.
- Boa pergunta...

Ana olhou a amiga com uma expressão de quem não tinha ficado minimamente convencida com aquela resposta.
- O que é que aconteceu para saires de lá? E depois disso?
- Foi uma confusão Aninha...
– respondeu simplesmente, sem grande vontade de explicar como tudo tinha acontecido – Eu e a Joana começámos a receber umas mensagens anónimas e bilhetes, a dizer que iamos morrer se não fossemos embora, etc e tal. Claro que ficámos com medo porque não estávamos a viver propriamente num sítio considerado seguro, muito menos normal... a verdade é que aconteciam realmente algumas coisas estranhas naquela casa. – admitiu. Só de se lembrar do episódio do sótão e da costureira dava-lhe arrepios – Nós ficámos com medo obviamente, mas tentámos não ligar muito... nessa altura já tinhamos entrado para a escola e sempre tinhamos os nossos amigos. Tentávamos passar mais tempo com eles do que em casa, mas estava a ser difícil porque para além das ameaças, a Joana andava a dar demasiados problemas. Começou a meter-se em drogas e basicamente o dinheiro desaparecia todo... aliás, eu cheguei a não ter nada para comer na mesa porque ela estoirava tudo em droga, dinheiro que por direito era meu! Era o meu pai que o mandava. Enfim, eu acabei basicamente por planear uma espécie de uma fuga. Lembro-me perfeitamente, foi no dia dos meus anos, dia 27 de Novembro. O mês estava praticamente a acabar e eu tinha ligado ao meu pai uns dias antes para ele me mandar o dinheiro mais cedo, dinheiro que chegou precisamente nesse dia, com um bónus por ser o meu aniversário. O meu pai basicamente mandou-me o dobro do dinheiro que costumava mandar o que me deu bastante jeito. Nesse dia, depois de sair das aulas, fui levantar o dinheiro todo aos correios sem a Joana saber, até porque ela nem sabia que já o tinhamos recebido. Escondi-o bem na minha mala e fui para casa, como se fosse um dia normal. Quando cheguei a casa ela tinha acabado de se drogar toda, sei lá em bem com quê, e tinha adormecido no meu quarto. Eu preferi esperar que anoitecesse completamente, porque não havia luz ali como deves calcular, e se eu saísse assim à noitinha, noite cerrada, mesmo que os gémeos aparecessem ou assim, eu teria tempo de me esconder deles. Acredita que me custou muito, até porque eu entretanto tinha desenvolvido uma paixoneta incrível pelo Bill, enfim... Felizmente a Joana estava a dormir que nem uma pedra, e quando achei que seria seguro, saí de casa sem fazer barulho nenhum, com o dinheiro e algumas roupas numa mala pequena, visto que nunca conseguiria levar tudo sozinha. Estava mais ou menos a meio do caminho quando vi cinco vultos a alguns metros à frente. Não sei como é que fiz aquilo mas depois de uma ginástica qualquer, consegui-me enfiar de uma forma perfeita e pouco barulhenta atrás de uma árvore! Eu estaria praticamente invisível, se um deles já não me tivesse visto. Esperei que eles passassem... vinham todos vestidos de preto e com capuzes, mas não foi difícil perceber quem eles eram, especialmente porque vinham todos a conversar e eu reconheci as vozes. O Bill já me tinha visto, e quando passaram por mim ele parou. Fiquei com medo porque naquele momento soube de onde vinham as ameaças... mas os outros nem se aperceberam e ele não me denunciou... levantou simplesmente o capuz como se precisasse de me ver bem, e depois baixou-o e juntou-se aos outros. Mal os vi desaparecer corri dali para fora. Eu sabia que eles iam mandar a Joana embora, ou pior, desconfiava até que lhe podiam fazer mal... sabia que ela não tinha dinheiro nem para onde ir mas não consegui voltar para trás, especialmente porque me sentia injustiçada pelo que ela me andava a fazer... por ter que passar fome por causa dela, porque na escola ela fartava-se de gozar comigo, ela e os amigos, e já nem me dirigia a palavra em casa... de irmãs passámos a desconhecidas, ou pior até. Então, naquele momento eu pensei nisso tudo e achei que ela não merecia a minha ajuda, nem que eu ficasse mal outra vez por causa dela, e fugi.
Ia contar o que tinha acontecido a seguir, mas calou-se. Não contaria isso a ninguém.
Por seu lado, Ana olhava-a completamente em choque, e agora que reparava, a tal Raquel também parecia deveras surpreendida com aquela história.
- Bom... há que entender que eles eram putos... – balbuciou Raquel.
Jéssica olhou-a meio de lado... devia ser uma daquelas fãs que desculpava tudo o que eles faziam mas enfim, também não se importou muito com isso... na verdade ela própria tinha desculpado o Bill... ou nunca tinha estado realmente chateada com ele, o que era grave!
Ana olhou Raquel com atenção, como se o que a rapariga tinha dito fosse realmente importante. Depois, ergueu o sobrolho e suspirou.
- Nem sei o que te diga... porque é que nunca me contaste esta história?!
- Porque não gostava de falar do assunto...
- Ou porque não confias em mim.
- Oh Ana não é nada disso!
– exclamou Jéssica, arqueando uma sobrancelha porque a amiga parecia-lhe realmente chateada – Simplesmente nunca falei disso com ninguém, este assunto para mim estava morto e enterrado há muito tempo.
- Pelos vistos não. O que é que estiveste a fazer no quarto com o Bill tanto tempo?
- Isso agora!
– exclamou Jéssica com um sorriso de orelha a orelha, retomando a bela da sua refeição super nutritiva.
- Também não gostas de falar do assunto?
Jéssica franziu o sobrolho. Mais do que chateada, parecia que estava com uma pontinha de ciúmes.
- Simplesmente acho que podemos guardar esse assunto para depois. – respondeu ainda assim, claramente devido à presença de Raquel.
Sentindo-se profundamente ofendida, Raquel levantou-se e saiu. Já estava a ver que ia passar um inferno com aquela escritorazinha de meia tigela... e ela que até estava a pensar pedir-lhe um autógrafo. Como é que uma escritora de um romance tão lindo e que era tão famosa podia ser tão antipática e irritante?!
- Enfim... – resmungou Ana simplesmente, acabando por sair atrás de Raquel.
- OH ANA! – chamou Jéssica, mas acabou por ouvir a porta da rua a bater com força.
Raquel e Ana tinham saído as duas de casa.
Bom, pelo menos nada lhe podia estragar aquele dia fantástico! Depois conversaria com Ana.
Comeu mais umas quantas bolachas, e já sem paciência para arrumar a cozinha, deixou tudo como estava e subiu a correr até ao quarto. Atirou-se para cima da cama e levou a mão ao bolso onde Bill lhe tinha deixado um bilhete com o número de telefone. Depois, escreveu-lhe uma mensagem.

Gostei mesmo muito de estar contigo (:
Mas acho que precisamos de uma conversa, mesmo assim... prometo que não te vou massacrar xp
Vou dormir um bocadinho, quando estiveres disponível ligas-me para eu acordar? Se te responder mal depois disso é normal, sou mal disposta quando acordo (a)

Enviou a mensagem e pousou o telemóvel sobre a mesinha de cabeceira, mas a resposta veio mais cedo do que esperava. Voltou a pegar nele e apressou-se a ler.

Sim, precisamos mesmo de conversar.
Eu ligo-te quando acabar o ensaio.

Franziu o sobrolho quando acabou de ler. Não esperava uma resposta tão seca, mas talvez tivesse respondido à pressa visto que estava a trabalhar.
Adormeceu a pensar no assunto, com o telemóvel ao lado da almofada.
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