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 MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel

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rafaschafer
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MensagemAssunto: MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel   MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel Icon_minitimeTer Jan 27, 2015 2:56 am


Ingo: Hoje estou a caminho de Los Angeles para me encontrar com a metade da banda Tokio Hotel, os gêmeos Bill e Tom Kaulitz. Este era o Tokio Hotel há 4 anos (mostra o vídeo de “Automatic”). Ambos decidiram se mudar, depois de terem vendido 7 milhões de cópias de seus quatro primeiros CDs, de acordo com a gravadora, de terem alcançado sucesso internacional e de terem conseguido, para uma banda alemã, uma histeria incompreensível de fãs que acompanhavam o Tokio Hotel desde o primeiro CD. Há quase 4 anos, resolveram partir para os EUA para sumir dos holofotes. A outra metade da banda, o baterista Gustav e o baixista Georg, ficaram na Alemanha, mas continuam sendo membros firmes do Tokio Hotel. No início de outubro de 2014, o CD “Kings of Suburbia” foi lançado, e justamente porque o Tokio Hotel sempre foi muito polarizado, aparentemente são odiados ou amados, estou animado para saber o que me aguarda nesse encontro em L.A.

Tokio Hotel – O Retorno dos Fugitivos do Pop

THE HEART GET NO SLEEP

Ingo: Acho engraçado porque aqui é um lugar cheio de esperança, por assim dizer, as pessoas vêm aqui para tentar conseguir alguma coisa, e vocês provavelmente são os únicos que vieram para se esconder. (risos) Então é o oposto.

Bill: Na verdade, por isso que é perfeito. As pessoas vêm aqui porque são ambiciosas, todo garçom na verdade é um ator e todos querem fazer uma carreira, e a gente veio para não fazer nada disso e por isso é um bom lugar para se esconder.

Tom: É bom que aqui nós meio que somos vistos como maus, por assim dizer, os alemães “rudes”, insolentes, e os americanos meio que não entendem isso, porque aqui qualquer subcelebridade quer aparecer, às vezes ligam para os fotógrafos e avisam “estou em tal lugar comendo, vem tirar fotos”, e o Bill e eu odiamos fotógrafos, quando tiram fotos da nossa vida privada. Nós viemos aqui para tentar desaparecer.

Bill: E isso é muito estranho para eles porque, normalmente, aqui todo mundo usa seu sucesso, conta pra todo mundo e a gente não. Por exemplo, quando estou com um motorista ou pego um carro a noite, eu minto.

Ingo: O que você diz?

Bill: Eu me pergunto o que pode parecer real, de acordo com minha aparência, por isso eu faço considerações, mas para a maioria das pessoas eu digo que sou estudante, mesmo que a maioria nunca acredita. Uma vez eu disse que estudava fotografia e responderam “que legal! Qual é sua câmera preferida? Eu também sou fotógrafo” (risos). Aí eu pensei “que merda”, eu não tinha a menor ideia, perguntou que lentes eu gostava... (risos)

Ingo: iPhone. (risos)

Tom: A minha é o iPhone 6. (risos)

Bill: Perguntou que lentes eu gostava, e me falou “aqui, eu tenho um estúdio de fotografia, quando você quiser fotografar...”. Tive que inventar, não tinha a menor ideia do que dizer (risos).

Ingo: Vocês ainda se lembram do dia que decidiram se mudar para cá? Como chegaram nessa decisão?

Bill: Sim... ahm... foi meio uma transição. Nós já tínhamos procurado casas por aqui, na verdade queríamos duas residências, queríamos ter um lugar para ir se em algum momento nos incomodassem muito na Alemanha e também... ahm... queríamos passar mais tempo aqui. E no nosso aniversário invadiram nossa casa, foi no nosso aniversário de 20 anos?

Tom: Foi.

Bill: No nosso aniversário de 20 anos invadiram nossa casa, quando voltamos, estávamos fora da cidade, estava tudo saqueado, todas as nossas coisas. Já estávamos procurando outro lugar, foi quando pensamos “o que vamos fazer agora?”. Eu sabia que não podia mais ficar na casa porque tinha entrado gente, me senti violado, tinham revirado tudo, minhas cuecas todas espalhadas, algumas fotos vasculhadas, e a polícia também não ajudou muito, morávamos um pouco afastado da cidade, meio que no interior...

Tom: Tinha 150 pessoas na frente da casa, e pensei “deve ter sido um deles”, porque sabiam que nós estávamos fora.

Bill: E quando a polícia veio, deram a desculpa de sempre “é, quando se é famoso tem que se conviver com isso, é assim que é”, aí eu disse, “é, mas foi algum deles, vocês tem que ver as digitais”, e ele respondeu “é, mas não somos a CSI Miami”. Aí pensamos no que fazer e decidimos que antes de procurar outra casa na Alemanha e construir outra prisão, porque os fãs iam nos seguir, não importa qual cidade, iríamos de uma vez para L.A.”

Tom: E nos mudamos com quase nada, com algumas malas.

Bill: Sim, cada um com oito malas e... ahm...

Tom: Nossos cachorros, nossa família.

Bill: Nossos pais, nossos cachorros, e viemos para cá.

Ingo: Então com a mãe, creio eu.

Bill: Exatamente.

Tom: Nossa mãe e padrasto também vieram, e no começo também alguns amigos e passamos alguns bons meses nos divertindo.

Ingo: Vocês trouxeram a mãe pra lavar a roupa de vocês?

Tom: Também. (risos)

Bill: Também, sim. (risos) É sempre legal porque, por exemplo, hoje, quando estamos como nossos pais, nossa mãe, ela quer fazer isso, quer cozinhar, lavar nossas roupas. (risos)

Tom: É legal quando você é mais velho e mora sozinho e volta pra perto da mãe e ela quer fazer essas coisas.

MASQUERADE

Tom: Nós viemos da “cidade” de Magdeburg, com 250.000 moradores, uma cidade menor, por assim dizer, mas ainda sim uma cidade, depois fomos para o interior, e foi horrível para nós, tínhamos 10 ou 11 anos, estávamos na quarta séria ou algo assim. Tivemos muitas brigas com os jovens de lá, o Bill e eu já tínhamos a banda, éramos um pouco excêntricos...

Bill: Éramos completos aliens.

Tom: Brigávamos sempre, quase todo dia na escola, brigávamos com alguns garotos que nos irritavam...

Bill: E nosso padrasto teve que nos buscar algumas vezes com o cachorro e um bastão de baseball porque...

Tom: Tinha muitos nazistas, fascistas nesse lugar, etc.

Bill: Eu já pintava o cabelo e usava maquiagem para ir para a escola, e coisas do tipo. E algumas vezes os professores não queria me dar aula, teve um professor de educação física que se recusou a me dar aula, ele disse “você não pode ter aula com os meninos usando isso, você vai ter que ter aula com as meninas.” Era bem extremo. Na verdade, nossa mãe tinha que ir na escola quase a cada dois dias para resolver com as pessoas.

Tom: Você colocou seu primeiro piercing com, sei lá, 11 anos ou algo assim, em um relojoeiro, colocou na sobrancelha, e nossa mãe era super tranquila com isso. A primeira tatuagem com 15, eu acho, alí na nuca, o logo da banda. E quando saíamos, era sempre com pessoas mais velhas. Tentamos fazer amigos bem rápido e eram sempre mais velhos, tínhamos, sei lá, 12 e saíamos com o pessoal de 16, 17, 18, 19. E nossa mãe sempre foi tranquila com isso.

Bill: Nossa relação com ela sempre foi de amizade, era sempre tipo, ela preferia que a gente contasse tudo para ela do que chegar em casa e fazer pelas costas. Nossa mãe é bem criativa, ela é uma artista, pinta coisas, então nossa casa foi sempre bem criativa. Nosso padastro já fazia música, tocava guitarra em uma banda, então o nosso ambiente era bem criativo e deve ser daí que vem isso.

DANCING IN THE DARK

Bill: Quando se é um novato, quando você assina um contrato, você na verdade topa assinar qualquer coisa. Acho que recebemos 10.000 Euros antecipados e você pensa “meu Deus, sou a pessoa mais rica de Magdeburg!” (risos) Porque antes tínhamos uma mesada de 40 Euros...

Ingo: Eu também teria assinado.

Bill: Exato, naquele momento se assina qualquer coisa.

FEEL IT ALL

Ingo: As pessoas dizem que quando se é jovem e alcança um grande sucesso, vende coisa a beça, isso destrói seu caráter. O que vocês acham disso?

Tom: Acho que... não sei (risos). Quero dizer, muitas pessoas dizem isso e soa patético quando Bill e eu dizemos “somos os mesmos de antes”. De certa forma isso te deixa mais durão, e eu percebo que, às vezes, eu penso que eu gostaria de ser um pouco mais ingênuo.

Bill: É, eu concordo totalmente. Nós mesmos fundamos nossa própria empresa, nossa banda, então é tudo sempre relacionado a contratos e advogados, você com 15 anos já tem reuniões para falar sobre impostos e coisas do tipo. Você já tem muitas responsabilidades. Eu sempre achava uma merda porque, por exemplo, você tinha que pagar impostos completos, mas você ainda tem 15 anos então não pode dirigir, você não é um adulto e eu pensava “eu tenho que pagar impostos como um adulto, mas eu não posso fazer absolutamente nada.” (risos)

Ingo: E vocês tinham que pagar bastante. (risos)

LOUDER THAN LOVE

Ingo: Então, basicamente, vocês vieram para cá há quatro anos, e vocês – e achei bem engraçado quando li entrevistas sobre o novo CD – disseram que não fizeram nada por um ano inteiro. O que isso significa, não fazer nada por um ano inteiro? Quero dizer, para mim parece bom, mas... (risos)

Bill: Sim, foi super legal (risos). Fizemos tudo que não tivemos a chance de fazer antes. Fomos para parque de diversões, cinema, sem ter que alugar o cinema. Na Alemanha, quando queríamos ir ao cinema, tínhamos que fazer isso, sempre dava muito trabalho fazer as coisas na Alemanha ou mesmo na Europa. Não importava onde íamos, sempre tínhamos que avisar alguém, aqui posso simplesmente sair e não tenho que avisar ninguém. Normalmente, nós teríamos que avisar ao nosso empresário, então ele ligaria para o pessoal da segurança e os seguranças iam para o local verificar, então você nunca podia sair espontaneamente, você não pode você mesmo organizar sua vida sozinho, e sair sem ter que avisar ao empresário, sem ter que avisar ninguém. Foi para isso que usamos esse um ano, não podíamos fazer isso antes.

Ingo: E como vocês processaram tudo o que aconteceu antes? Quero dizer, vocês estavam sendo estressados e coisas loucas estavam acontecendo, milhares de artigos em jornais e todos os fãs. Vocês tiveram tempo para refletir sobre isso? Vocês refletiram de uma forma diferente da reflexão que fizeram na época em que aconteceram?

Bill: Completamente. Acho que com certeza tem a ver com o fato de vivermos aqui agora, mas também porque estamos um pouco mais velhos, mesmo ainda sendo jovens, é claro. Mas acho que você começa a ver as coisas com outros olhos. Sei que quando tínhamos 16, 17, 18, eu simplesmente... no fim, eu tava cagando para qual prêmio era, eles não significavam mais nada, quero dizer, você está lá, você agradece todo mundo e diz que é legal, mas não significa nada, de lá você voa para outro lugar e simplesmente põe o prêmio em algum lugar no armário.

Ingo: Então até o Eins Live Krone que eu dei pra vocês está jogado em algum lugar? (risos)

Bill: Bem, na verdade é que no começo era tudo muito animador, mas depois chega a um ponto que tudo se mistura em uma grande bagunça e você não se interessa mais. No meu setlist tinha escrito bem grande o nome da cidade porque eu não tinha a menor ideia em que cidade estávamos, que idioma eles falam e tudo mais. Não importava mais. Não conseguíamos aproveitar mais, não estávamos mais felizes, a animação sobre a coisa toda tinha sumido, e a gente nem tinha percebido isso na época. Tudo tinha se tornado normal e quando você dá um tempo e olha para trás você pensa “que loucura, isso era bem louco na verdade”. É preciso muita coisa para me deixar irritado ou frustrado porque eu me acho uma pessoa bem feliz ou que posso ser esse tipo de pessoa, mas eu me desequilibro e fico infeliz se me sinto preso, e nossa carreira... mesmo a gente estando livres no sentido criativo, e no que falávamos ou fazíamos, na nossa vida sempre tínhamos que avisar as pessoas e os seguranças. Nunca houve essa coisa de liberdade e autodeterminação, e desde que eu era um garotinho até hoje isso sempre foi a coisa mais importante para mim. Se eu perco isso e tenho a sensação de que outras pessoas ou o ambiente está começando a me controlar, que eu não consigo mais agir livremente, então é aí que fico infeliz. E foi isso que aconteceu na nossa carreira nessa parte final, e eu não queria mais isso. Eu simplesmente queria sair e largar tudo, não tínhamos mais saco e tudo mais, e por isso aprendemos a encontrar um equilíbrio e quero manter isso, ter essa vida para onde voltar durante a pausa e ter a diversão de volta, estar na estrada com a banda, promovendo, se apresentando, e aí você pode aproveitar, mas precisamos de uma pausa de tempos em tempos, uma vida normal.

COVERED IN GOLD

Ingo: Essa é a Carol Avenue e encontrei essa rua porque gosto dos locais onde filmes são gravados e coisas assim, e vários foram gravados aqui. Acho que vamos passar por uma casa que foi usada em Charmed e no final da rua tem a casa que o Michael Jackson gravou Thriller, o vídeo de Thriller.

Bill: Isso aqui nem parece L.A.

Tom: É mais tradicional, né.

Ingo: O que vocês fazem aqui na cidade? Tipo, que coisas vocês gostam, além de festas, ficar em casa e trabalhar? (risos)

Tom: Coisas normais, gostamos de ir fazer tatuagens. (risos)

Ingo: Claro, coisa normal do dia-a-dia. (risos)

Tom: Gostamos de ir fazer tatuagens, sei lá, fazemos tudo que é possível, quero dizer, depende em que área da cidade você mora atualmente. Nós já nos mudamos três vezes dentro de L.A. e moramos em áreas diferentes da cidade, e por causa do trânsito que é horrível aqui, você fica restrito àquele bolha, a própria área onde você mora. Fora isso, quero dizer, tenho que dizer que durante o dia estamos em casa na maior parte do tempo. Também temos um estúdio em casa e, por exemplo, antes de entregarmos o CD, acho que ficamos um mês inteiro sem sair de casa, então não fizemos nada. Mas geralmente saímos muito a tarde, saímos para comer porque não cozinhamos.

Bill: É, não cozinhamos absolutamente nada.

Tom: Então saímos duas vezes por dia para comer.

Ingo: Vocês não podem pedir para entregar?

Tom: Às vezes pedimos para entregar. Tem um lugar bem legal que entrega de um restaurante. É aqui?

Ingo: É aqui. Ninguém mora aqui, é bem legal. Vocês cresceram com publicações na Bravo e com toda essa coisa adolescente, a gritaria das meninas e tudo mais, e agora é um momento diferente, é como uma transição para uma nova fase. Vocês estão tentando alcançar um público mais adulto? Como vocês descreveriam isso?

Bill: É, acho que o que é sempre difícil é o início, como a gente lançou um hit e alcançamos o número 1, você sempre é comparado com isso, e fica difícil alcançar as expectativas das pessoas em casa. O que acontece quando te detonam na Alemanha porque seu CD só chegou no número 2, mas aí você pensa, peraí, ainda sim é legal, sabe? Então, às vezes, fica difícil alcançar as expectativas. E também muita gente pensa que o que é coisa de adolescente e é publicado na Bravo, vale menos do que algo que não é publicado na Bravo. E muitos acham o mesmo da música pop ou porque nosso CD está mais eletrônico, ele é mais simples, não é mais rock de verdade, e isso é besteira. Acho que é assim que as pessoas vêm as coisas e acho que, para nós, isso sempre foi o mais difícil, que sempre nos irritou no passado, o fato de estarmos sempre nos holofotes, era mais importante o que fazíamos na vida privada, todos aqueles escândalos, do que a música que fazíamos, e esse foi mais um motivo de termos dado uma pausa, porque queríamos direcionar o foco de volta na música e por isso quisemos manter nossa vida privada escondida. Quando fazemos música, damos entrevistas...

Tom: No passado, tinham tantas coisas que me irritavam, tipo, tinham músicas que eu pensava assim “as pessoas não conhecem elas, mas dizem que nem querem ouvir porque é do 'Tokio Hotel'”. Por exemplo, no rádio nunca fizemos sucesso, em lugar nenhum. As rádios nunca tocavam nossa música, quero dizer, as rádios não necessariamente te julgam pela imagem, mas se você é um pouco polêmico não te põe. Eu sempre quis estar nos rádios porque eu achava que todos essas pessoas vendiam quantidades absurdas de CDs por causa do rádio, quando você está lá, as pessoas te escutam e sabem que tem que comprar seu CD. Eu achava que era uma chance de alcançar um público maior e pessoas que normalmente não ouvem Tokio Hotel, e estou feliz porque agora, pela primeira vez funcionou. (risos) Pela primeira vez, com esse CD, eu ouvi nossa música nas rádios.

LOVE WHO LOVES YOU BACK

Ingo: No que se refere a como as pessoas te veem, existe alguma coisa que você sabe que elas acham que você é, mas que na verdade é diferente?

Bill: Acho que todos pensam que tudo o que fazemos é planejado. Li vários artigos onde escreviam “o maquinário por trás do Tokio Hotel” e o engraçado é que sempre fomos nós.

Ingo: Vocês não gostam de ser controlados. (risos)

Tom: Acho que temos o pior maquinário de todos. (risos)

Bill: Todos pensam que tudo é planejado, mas na época nós não tínhamos empresário. Começamos e quando saiu “Monsun”, nossos produtores não tinham planos, não tínhamos empresário. O cara que acabou fazendo tudo tinha feito coisas completamente diferente antes, nunca tinha empresariado uma banda antes, ele não tinha ideia de como funcionava, nenhum de nós tínhamos planos, éramos todos novatos. Os produtores tinham feito um ou dois hits com outros artistas antes, mas com um tipo de música completamente diferente, então não havia nada planejado, nenhum plano mestre foi criado em um estúdio antes, foi meio que por acidente, e acho que até hoje você não pode planejar o sucesso, você não pode entrar em um estúdio e escrever um hit, acho que o que pode ser feito é tentar fazer o melhor possível, e tendo paixão e amor pelo que você faz, o sucesso vem automaticamente.

Ingo: Quantas pessoas estão na sua equipe? Como devemos imaginar ela?

Bill: Depende do que você está fazendo. Por exemplo, se estamos fazendo promo, que é basicamente entrevistas para TV e coisas assim – acabamos de voltar do México – então sempre temos 3 seguranças particulares que viajam a gente. Geralmente também temos um assistente, alguém para relações públicas...

Ingo: O que seu assistente faz?

Bill: Nosso assistente tava aqui hoje...

Tom: Ele tá sempre com a gente.

Bill: Ele tá sempre com a gente. Ele faz tarefas que a gente geralmente não tem tempo para fazer.

Tom: A principal tarefa dele é nos poupar tempo.

Ingo: Legal, também preciso de um desses. (risos)

Bill: Ele faz tudo, faz tudo de A a Z. Ele responde e-mails, atende telefones, às vezes passeia com os cachorros, pede o café da manhã. Ele garante que nosso dia flua, que a gente não tenha que... arrumar um motorista para nos buscar ou ver se ele chegou e ver se nossa bagagem foi colocada no carro. Ele planeja nosso dia e garante que tudo flua.

Tom: Mas é uma posição muito difícil de preencher. É uma posição muito difícil de preencher porque às vezes fica bem privado.

Bill: Tem meio que uma piada de mal gosto que diz que os assistentes têm data de validade.

Tom: Acho que às vezes não é simples lidar com a gente porque tem muitas pessoas...

Bill: Muitas pessoas dizem que é muito complicado, a comunicação é difícil e por aí vai.

Tom: Tem tantos artistas hoje, e muitos artistas grandes, que hoje estão – e isso mudou muito durante esses cinco anos – completamente desesperados. Eles literalmente fazem de tudo, fazem de tudo. A gravadora deles coloca na frente deles e eles simplesmente fazem, tudo. É meio como a situação do posto de gasolina: se um posto abaixa o preço, o que está do outro lado da rua também tem que abaixar, e se não fazemos o que os outros artistas fazem, somos vistos como os babacas, os complicados, que não querem fazer isso ou aquilo, que pedem coisas demais.

Bill: Quando você vai em algum lugar e tem um programa de TV idiota e dizem “você vai ter que jogar um jogo e vão tacar coisas na sua cara” (risos), aí você diz “tá, mas não vou fazer isso”, aí respondem “é, mas Katy Perry, fulano e sicrano fizeram”. Aí quando você cancela você é o artista complicado que não quer fazer. É complicado. Hoje em dia, já mudou tanto de como era há 9, 10 anos atrás, desde a época que começamos como profissionais. Costumávamos fazer grandes sessões de fotos para todo tipo de revista, com grande produção e todo mundo indo para algum lugar, e hoje em dia eles só perguntam “você pode enviar uma foto?” (risos), ninguém faz mais essas coisas hoje.

GREAT DAY

Tom: Gravamos algumas coisas aqui para nosso último CD. Nos mostraram o lugar e o prédio é incrível, tem um salão de “teatro” lá em cima com uma acústica incrível onde você pode gravar partes incríveis no piano, uma sala incrível e tudo mais.

Bill: Acho que esse aqui é um estúdio de verdade.

Tom: É um estúdio de verdade porque é outra coisa que mudou, que você pode fazer quase tudo em casa hoje em dia, ou até mesmo na estrada. A gente também faz isso, mas esse é um dos estúdios para onde você traz a banda inteira e faz um som incrível e tudo mais.

Ingo: The Village.

Tom: Exatamente, The Village.

Ingo: Eu li que vocês venderam 7 milhões de CDs, não sei se contaram esse, talvez não...

Tom: Não. Isso são só dados da gravadora. Não sei se estão certos, porque eles sempre gostam de desmerecer as coisas para poupar gastos (risos), dizem tipo “não, eles venderam só 7 milhões de CDs até agora...” (risos).

Ingo: Deve ser alguma coisa perto desse número. (risos) Vocês já estão com a vida ganha? É assim?

Bill: Não, acho que depende do que se entende por isso. Claro que você não precisa se preocupar, mas depende do tipo de vida que você quer levar. Nosso padastro, por exemplo, sempre disse “eu faria isso por um ano e depois nunca mais trabalharia” (risos), ele dizia “fiz isso por um ano, consegui dinheiro o suficiente para viajar pelo país no meu trailer customizado, com um estúdio dentro, com minha guitarra, pelo resto da minha vida”. Então depende, sabe, como você quer fazer as coisas, onde está o seu limite. Eu não sei, nunca pensei no momento em que eu teria dinheiro suficiente em minha conta para parar de fazer algo. Nunca pensei nisso.

Tom: Mas com os CDs não é assim. Por exemplo, ainda temos um grande acordo e com as vendas você basicamente não ganha nada. E para nós, para nossa carreira o mínimo de dinheiro vem dos CDs.

Ingo: Então na verdade vem dos shows?

Tom: Turnê, isso. Cada vez mais as gravadoras fazem esses acordos de “360 graus”, aqui nos EUA também, não sei se é o mesmo na Alemanha porque na verdade eu não estou acompanhando, mas na verdade está acontecendo no mundo todo.

Ingo: Você pode explicar o que é isso?

Tom: Eles fazem acordos de 360 graus, então agora eles levam uma porcentagem do dinheiro da turnê, das mercadorias e coisas assim. Muitos artistas se tornam independentes, coisa que eu acho interessante porque tem muito...

Bill: Muito pouca gente ainda assina acordos grandes em escala mundial. Eles preferem mercados pequenos e em troca, eles mesmos fazem muitas coisas, com sua própria gravadora, e eu acho que isso é o futuro. Recentemente falamos com nossa gravadora sobre isso, pra dizer a verdade, não tenho certeza por quanto tempo mais essas grandes gravadoras vão poder existir. Não tenho certeza.

Ingo: Até mesmo esse estúdio viu seus melhores dias entre os anos 60 e 80, quando artistas como Fleetwood Mac, Tom Petty, Talking Heads, Bob Dylan, John Lennon, Madonna ou Aerosmith – a banda favorita do Bill e do Tom – gravaram alguns de seus lendários CDs aqui.

RUN, RUN, RUN

Ingo: Vocês cresceram de uma forma relativamente incomum, por exemplo, a mãe de vocês era bem jovem quando teve vocês. Quais os planos de vocês, a ideia de ter uma família? Vocês pensam sobre isso ou ainda está muito longe?

Tom: Isso meio que virou um tema entre a gente na banda porque estamos todos chegando nessa idade e eu sempre acho muito estranho.

Bill: É muito estranho porque quando conversamos com os outros, com o Georg e com o Gustav sobre casamento e filhos, eu sempre paro e digo, “peraí, eu ainda sinto que temos 13 anos e estamos passeando por Magdeburg...” (risos)

Tom: O engraçado é que lá no começo eu me sentia tão adulto, e agora, quando ficamos mais velhos, eu me sinto... às vezes sinto como se não posso beber ou apostar, e coisas como casamento e filhos parecem tão distantes, mas mesmo assim você tem essas conversas porque você está na idade.

Bill: Tem amigos ou pessoas que você conhecia naquela época, que iam para a escola com a gente e que agora estão se formando na faculdade, tem um emprego.

Ingo: Empregos clássicos. (risos)

Bill: Exatamente, bem clássicos. Tem família, tem sua casa e esse é... o jeito normal deles, era o objetivo deles, mas para mim, eu fico “peraí, eu ainda não acabei”. A tarefa de cuidar de mim ainda é muito grande para eu poder ter responsabilidades por uma criança. Meu cachorro basta por agora. (risos)

Ingo: Outras pessoas provavelmente vivem a vida inteira sem passar por tudo que vocês, com seus 20 anos, já passaram, acho que isso é muito louco.

Tom: É, isso é muito louco, e o engraçado é que às vezes... eu, por exemplo, percebo mais que o Bill, tipo outro dia, estávamos passeando com os cachorros e estávamos com amigos e eles falavam sobre eles aí o Bill me disse “eu não sei o que dizer quando perguntam sobre mim porque sinto que não fiz muita coisa ainda”, aí eu respondi “o que? O que você quer dizer? Você já passou por 10 vezes mais coisas do que cada um deles” (risos), e ele disse “é, mas eles falam da família, dos filhos”, E o Bill nem pensa nessas coisas, porque às vezes você realmente esquece, especialmente se você faz uma pausa longa. Você esquece os lugares que já foi, as coisas que já fez, todo o drama que já aconteceu, todas as coisas que você passou, mas às vezes você não se sente assim. Quando você pensa nisso, é incrível, porque...

Bill: Eu sempre percebo quando nós voltamos para... o nosso antigo ambiente. Da última vez que estivemos lá, visitando nossa família, o Tom e eu passamos por todas as ruas que costumávamos ir quando criança, e é aí que tudo se torna real, aí que eu penso “uau”, entre a época que eu saí daqui e agora com a volta, você sente que parece um milhão de anos atrás.

Tom: Mas você deve pensar que isso meio que tira um pouco da pressão, quando você pensa “ok, 25 anos, você já alcançou coisas incríveis”, isso deve diminuir a pressão um pouco, mas na verdade não, não é o caso. (risos)

Ingo: Vocês são ambiciosos demais para isso. (risos)

Tom: Não é o caso, e às vezes eu queria que colocássemos um pouco menos de pressão em nós mesmos para tudo, relaxar um pouco mais e pensar “bem, já conseguimos isso e aquilo”, mas de algum jeito isso não é o caso.

INVADED

Ingo: Foi um dia bem compreensivo com Bill e Tom, tenho que dizer, e eles conseguiram dissolver alguns dos preconceitos que até eu tinha. Esse ano o Tokio Hotel vai voltar com uma turnê na Alemanha, e estou animado para ver se após 4 anos do último CD os fãs antigos vão voltar para os shows, ou se vão conseguir novos.

tradução: rafaelguedes para o THBrasil


Última edição por rafaelguedes em Ter Jan 27, 2015 3:30 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel   MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel Icon_minitimeTer Jan 27, 2015 12:06 pm

Foi muito bom ter lido essa tradução do vídeo, e nos faz refletir um pouco do que eles passaram ou estão passando.
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MensagemAssunto: Re: MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel   MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel Icon_minitimeTer Jan 27, 2015 7:25 pm

Foi difícil aceitar a mudança repentina deles pra Los Angeles, mas depois que aconteceu tudo isso e eles se abrirem de verdade sobre o assunto, fiquei contente que eles se mudaram e em outras entrevistas os gêmeos falaram que podia ter sido qualquer outra cidade do mundo!
Eles finalmente tiveram a oportunidade de aproveitar a adolescência deles de verdade como nós (mesmo sendo alguns anos depois xD)

Valeu mesmo Rafa doce
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MensagemAssunto: Re: MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel   MDR: O Palácio do Rock: Tokio Hotel Icon_minitime

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