Pensar naquela proposta feita por Tom não foi nada fácil, analisei por horas e horas, dias e dias. Ele me observava a cada minuto, mas não me perguntava nada numa demonstração linda de respeito ao espaço que eu precisava para pensar naquilo. Tim crescia rapidamente a cada dia, e eu estava feliz por vê-lo crescer. Eu queria que ele fosse feliz em outro lugar que não fosse aqui, mas eu tinha medo de que tudo desse errado. E se eu me separasse de Tom? E os meus pais? Para mim ele haviam morrido... não tinha outra explicação. Bom, mas eu fiz minha decisão: eu vou embora com ele.
Foi numa manhã de domingo que dei a notícia a Tom. Acordei e fui ver como Tim estava, e ele dormia. Peguei-o no colo e o levei para a sala para o outro berço que tínhamos lá. Fui até o quarto da mãe de Tom e ela dormia também. Desci as escadas devagar e fui para a cozinha preparar um café da manhã.
Quando estava colocando a mesa, Tom desceu. Sorri para ele e ele retribuiu o sorriso. Terminei de colocar a mesa e fui dar-lhe um abraço bem apertado.
- Dormiu bem, amor? - ele me perguntou enquanto eu o abraçava.
- Sim, muito bem. Tenho uma novidade para você. - falei e me afastei para ver o rosto dele direito.
- O que? - ele me perguntou entusiasmado.
- Aceito ir para a Alemanha com você. - sorri e esperei alguma reação dele.
Ele sorriu e me abraçou, me jogou no ar e ficou gritando de felicidade. Milagre Tim não ter acordado. Olhei para a escada e a mãe dele estava ali parada nos observando e rindo. Perguntou a ele alguma coisa e ele respondeu, fazendo ela ficar eufórica de felicidade. É, ele tinha dado a notícia que aceitei ir para a Alemanha. Ela me abraçou e sussurrou algo em alemão que não entendi.
- Mas e seus pais? - Tom perguntou.
- Eles não querem saber de mim, chega de ficar presa aqui por causa deles. Já faz meses que não dão notícias, devem estar mortos.
- Não fale assim. - Tom me advertiu.
- Mas é verdade, amor. Não espero que voltem, não mais.
- Tem certeza?
- Absoluta. - falei com firmeza e sorri.
- Espero que não se arrependa. - ele me deu um beijo na testa. Tim começou a chorar e fui vê-lo. Cheirava a cocô e parecia ter fome. Bem, era hora de voltar a ser mãe.
Mais tarde, Tom me chamou no sofá para mostrar algumas fotos da cidade dele.
- Olha como é bonita, se chama Leipzig.
- Nossa, é... Incrível.
- Sim, é muito bonita. - ele parecia um pouco triste.
- Amor... e seu pai?
Ele se calou, pigarreou e voltou a falar:
- Ligou agora há pouco dizendo que vai sumir no mundo. Não sabe quando volta e se volta.
- Sua mãe sabe disso?
- Sim, sabe e está bastante abatida. Aquele desgraçado me paga.
- Esqueça ele, não vale a pena ficar assim, você precisa viver.
- Mas minha mãe, ele a machucou!
- Eu sei, mas ele vai sumir, não vale a pena continuar sentindo tanta raiva! Ele está perdendo uma família linda.
- Você está certa... e agora preciso estar mais forte do que nunca para cuidar de você e de Tim. - ele sorriu e me deu um selinho.
- Isso, meu amor. Fico feliz que pense assim. - dei-lhe outro selinho.
No dia seguinte, acordei e ele e a mãe dele estavam no sofá vendo algumas fotos de casas. Fui ver Tim, e já estava trocado e acordando brincando com alguns brinquedinhos.
- Amor, venha cá! - Tom me chamou eufórico. Fui correndo ver o que era. - Eu e minha mãe decidimos que vamos nos mudar, já que aquela casa lembra muito o meu pai e ele não é uma lembrança muito boa. Já escolhemos a casa e já colocamos a nossa à venda, só não liberamos acordo porque não estamos na Alemanha, ainda. Quer ver a foto da casa que escolhemos?
- Sim! - bati palmas de felicidade.
- É essa aqui, ó. - ele apontou para a foto
- Meu Deus, que linda! Que lugar incrível! Mas, já que você já colocaram tudo à venda isso significa que...
- Iremos o mais rápido possível de volta para lá. Tudo bem para você? - ele me perguntou enquanto a mãe dele observava tudo atentamente como quem entendia cada palavra que dizíamos.
- Sim, sim, perfeito! Não vejo a hora de deixar essa casa. - falei olhando em volta de minha sala de estar.
- E como deixará sua casa? - ele me perguntou.
- Trancada, para o caso de meus pais voltarem. Deixarei um bilhete, ou mais de um, explicando tudo e dizendo um grande adeus.
- Se essa é sua escolha, eu te apoio. - falou e beijou minha testa.
Pela primeira vez na minha vida tudo estava dando certo!