Capitulo 9: Ameaças.
-Outra carta?- Bill perguntou tirando um envelope de papel rosa debaixo da porta.
Já era a quinta carta em duas semanas, às vezes elas vinham em branco, outras tinham letras desordenadas que não havia como ler.
-Mas que esta mandando estas cartas?- Tom perguntou.
-Isto é muito estranho- Georg disse, tentando mostrar a Crystal como se dava um chute em uma bola de futebol.
-Muito estranho- Gustav disse, com Shantal dormindo em seu colo, alheia ao que se passava a sua volta.
-Se não tiver nada desta vez, vou colocar um aviso de “VAI SE FUDER” na porta-Tom disse cruzando os braços e sentando- se na bancada da cozinha.
-Tom, olha a boca- eu disse olhando para as gêmeas, felizmente, Crystal estava mais concentrada na bola que no pai, e Shantal continuava dormindo.
-Acho que não vai ser preciso- Bill falou- vejam isto- e mostrou a carta.
Fui a primeira a pegar a carta, e percebi que estava na língua dos Vampiros.
-Então, esta pessoa é um Vampiro- eu disse, sentindo a raiva em meu peito.
-Como você sabe?- Georg disse pegando a bola antes que derrubasse um vaso.
-Esta escrita na língua dos Vampiros- eu mostrei a carta.
-Não consigo ler- Tom disse chegando mais perto- só umas poucas coisas.
Os outros concordaram.
-É porque faz pouco tempo que vocês são Vampiros- eu disse- seus cérebros ainda estão aprendendo a processar a língua.
-Faz sentido- Tom disse- mas o que esta escrito?
-Aqui diz: “ Você se acha esperta Annie, transformando esses mortais ridículos em Vampiros?” –Gelei, alguém sabia o que eu tinha feito.
Eu apostava que eram minhas irmãs me intimidando, e sabendo disto, criei coragem para ler o resto:
“Você esta enganada Princesa, estes idiotas ainda são fracotes, tanto em magia quanto em força”.
-Quem ousa me chamar de fracote?!- Gustav gritou, assustando Shantal, que acordou chorando, mas ele conseguiu acalma-la- Eu vou fazer esse imbecil pagar pelo que disse.
-E nós? Ele também nos ofendeu- Bill disse e cruzou os braços indignado.
-Tá, todos nos vamos nos vingar- Gustav disse.
-O que mais esta escrito Annie?- Georg perguntou, colocando Crystal no colo.
-Bem... - eu disse procurando aonde parei- “ Você vai pagar pelo que fez com suas irmãs, você é uma traidora, e como você deve saber, os traidores são executados, mas vou lhe dar uma chance de se redimir...”
-Se redimir pelo que afinal?- Bill falou- por ter matado a irmã?
-Só pode- Tom disse.
-Temos que lembrar a eles que aquela vadia TENTOU ME MATAR- Bill gritou.
-Calma Kauliz, você vai se vingar- Georg disse- continua Annie.
Eu estava tremendo, minha respiração estava acelerada, e se meu coração ainda batesse, estaria acelerado, estava claro que alguém sabia que eu havia matado minha irmã, mas quem era?
Mesmo assim continuei:
“... Aceitando o desafio que lhe proponho, e seus maridinhos vão ter que aceitar”- eu li.
-Alguém não gosta de nós- Tom disse, se sentindo ofendido pelo “maridinhos”.
-Cala a boca Tom, deixa a Annie continuar- Gustav disse.
- “Vocês vão fazer desafios individuais, e quando (e se) cumprirem, vão participar de um duelo de força contra os maiores Vampiros do mundo”.
-Uhuuu- gritaram os rapazes.
-Duelo de força, ai vamos nós- Gustav disse se empolgando.
-Calem a boca, isso não é brincadeira- eu falei, já havia visto duelos de força, e sempre acabava em morte.
-Ai vão os desafios- eu disse, ignorando o olhar de surpresa que me lançaram por causa da minha explosão- “Para o fracote Bill, o desafio será trazer as cinzas da Arvore Sagrada das Fadas”.
-Que antiecológico- Bill falou fazendo bico.
-“Para o fracote do Tom, o desafio será trazer uma escama e o colar da Rainha das Sereias”.
-Opa, ai sim- Tom disse fazendo cara de safado.
-TOM!- gritei com ele- nem pense em aceitar isso- e mostrei minhas presas.
-Está bem amor, não aceito- ele recuou um passo.
-“Para o fracote do Georg, o desafio será matar e trazer a presa do Rei dos Lobisomens”.
-Nem morto- Georg disse- eu já vi filmes de Lobisomens, e eles detonam os Vampiros.
-“Para o fracote do Gustav o desafio será derrotar o Rei dos Elfos”.
-Rei dos Elfos?- Gustav caiu na risada- isso vai ser fácil demais.
-Nunca subestime um Elfo querido- eu disse.
Já vi Elfos lutando, eles podem ser lindos, mas uma luta deles não é tão linda.
-“Já para nossa querida Princesa Annielly, o desafio será matar o poderoso dragão Asa da Morte”.
Olhei de novo, esse Vampiro ficou louco?
-Isso é impossível, é impossível matar o Asa da Morte sozinho- eu disse.
-Ora Annie, nada é impossível- Bill disse, e sorriu.
-Que frase motivadora- eu disse irônica- e tem mais uma coisa:
-“Se vocês não aceitarem o desafio, que vai pagar com a vida são suas filhas, elas serão nossas reféns para garantir que irão aceitar os desafios, não é brincadeira, estamos esperando”.
Eu gelei com esse comentário, não, não podia ser verdade.
-Como eles vão pegar as meninas se elas estão conosco?- Gustav perguntou ajeitando Shantal no colo.
Então senti um vento frio entrar pela janela.
-Bill pode fechar a janela, esta frio- eu disse.
-Mas a janela já esta fechada- ele disse.
-Então o que...-eu ia perguntar, mas algo bateu em minha cabeça, e cai, ouvi os rapazes gritarem, um baque surdo, e depois escuridão.
-Annie, Annie acorda- alguém dizia e mexia no meu braço.
-O que aconteceu?- eu estava tonta, não conseguia focar em nada, mas notei que ainda estava em casa, e quem estava me sacudindo era o Bill, que fora um arranhão na testa que deixou seu rosto sujo de sangue, ele estava bem.
-Fomos atacados- ele disse.
-Por quem?- perguntei. Quem teria coragem de atacar uma família de Vampiros?
-Acho que foi a mesma pessoa que escreveu a carta- ele disse.
-Tom, Ge, Gust...- comecei a perguntar.
-Estão vendo se roubaram algo- ele me colocou em seu colo- vai ficar tudo bem- me prometeu.
-As gêmeas sumiram- Ouvi o Georg gritar de algum lugar.
-O que?- perguntei, tentei me levantar, mas ainda estava tonta.
-A mesma coisa que nos atacou- Tom disse.
-Me larga Bill- tentei me soltar dele, mas ele me segurava com força- preciso resgatar minhas filhas.
-Calma, nós respondemos a carta, aceitamos o desafio- Bill me falou.
Eu sabia que não tínhamos escolha, se aceitássemos, era obvio que iriamos morrer, se não, nossas filhas morreriam.
Então, disse a única coisa que podia neste momento:
-Então vamos, não podemos perder tempo.