Capítulo 10 - Stich Ins Glück
-Olá!
-Aaaaaah! Que isso? – Bill se assustava.
- Sou eu maninho! Sua mana! – Junno sorria com doçura com o rosto muito próximo ao do irmão mais novo, depois voltou ao pé da cama, com o cotovelo apoiado.
- O que você esta fazendo aqui? – Tom acordara com o berro do irmão.
- Nossa! Vocês são iguais até quando acordam com essa cara de bêbado! – faz cara de nojo.
- Não enche piralha! Como você entrou? A porta estava trancada... – Bill olhava para Tom com uma cara que “what”.
- Simples... Usei meu grampo! – a garota mostrava um grampo azul do bolso.
- E pra que isso? Não gosta de deixar ninguém em paz? – Tom fala e logo depois boceja.
- Bem... Eu sei que vocês ainda não se acostumaram comigo e eu quero que aprendam a se acostumar... Desde a hora de se levantar – sorri irônico.
- Não acha que isso é muito? Ok acho melhor você ir brincar com o seu puff e nos deixar em paz – o mais novo tentava fazer a irmã desaparecer.
- Haha! Vocês pensam que eu sou uma boba não é? Pois bem, eu sei o segredo de vocês! – levanta-se da cama e fita-os de braços cruzados.
- S-segredo? Que segredo? – Tom ficara nervoso e encarava o irmão que se encontrava na mesma.
- O segredo do... Que se passa com vocês e que, Simone não sabe.
- Do que você esta falando sua louca? – Bill ria nervoso.
- Affê! Essa menina está jogando verde pra colher maduro – encara sério a mais nova - Anda Bill, levante-se e use logo o banheiro. Eu vou dormir mais um pouco – Volta a se deitar.
- Então é assim? Ok, eu vou ter provas e Simone também!
- Tá, tá, tá! Agora vá logo porque você já encheu demais! – Bill diz com cara de pouco caso.
- Tudo bem irmãos! Eu vou ir. Passar bem e bom dia! – vira-se e vai em direção à porta.
- Bom dia – uníssono.
- Ah, e, por favor, na próxima tentem colocar roupas depois. É horrível acordar alguém que está nu. Até queridos! – fecha a porta sorrindo ironicamente.
- Ó céus! Esta garota é o demônio! – o mais novo suspira pesado.
- Não vê que ela só quer é nos perturbar? Aposto que quer nos ferrar para algo em troca.
- Mas Tom... E se ela estiver falando a verdade? Sabe... Como você mesmo diz que ela se parece comigo... Quando eu falo algo irônico... Nem sempre estou mentindo...
- Não se preocupe! Vá logo ao banheiro! E pare de ficar nervoso por causa de uma piralha bastarda!
- Tudo bem – respira fundo.
Aquela manhã tinha sido de qualquer maneira, irritante e pesada. Tom não estava preocupado com as ameaças da irmã, mas Bill por outro lado, acreditava em algo naquela pequena figura.
Na hora do café estavam todos na mesa, menos a pequena Junno:
- Onde esta a piralha? – o moreno perguntava enquanto cortava um pedaço de bolo de morango.
- Esta no quarto. Eu já a chamei e ela disse que já viria depois que arrumasse as suas malas – Simone respondia tomando um pouco de café sem tirar os olhos do jornal como sempre.
- Me chamaram? – de repente, Junno aparece do alto da escada. Estava vestida com um vestido vermelho e com sapatilhas pretas, seu cabelo que era comprido até o final das costas, estava solto com sua franja solta. Não havia nada como grampos e presilhas, estava com um visual bem de “ficar na casa”.
Tom se engasga com o bolo e Bill dá tapas nas costas:
- O que foi Tom?
- Argh! – respira fundo – Essa garota!
- Junno, você esta parecendo uma boneca! Sente-se conosco! – a mãe convidava.
- Obrigada dona Simone! Claro! – a pequena menina descia as escadas como uma dama.
- Só falta uma faca pra ser a cosplay da boneca assassina – o mais velho bebia um chá para acalmar- se do susto.
- Idiota! – Junno responde e senta-se entre Bill e Tom – Bom dia á todos!
- Bom dia! – todos na mesa respondiam a garota.
- Seu cabelo assim solto dá pra ver que não é tão loiro... – Simone reparava na garota.
- Não, não. Ele é loiro escuro. Quase que um castanho claro – sorri doce.
- Como do Bill e do Tom... Bem, vocês são mesmo irmãos.
- Mãe! Não começa... – uníssono.
- Acredito que a única diferença entre vocês e Junno seja os olhos. Os de vocês são os meus olhos, puxados e a cor também. Junno puxou o azul do pai dela, certo?
- É talvez. Minha mãe também tem olhos azuis e é ruiva.
- Então a sua mãe tem olhos azuis e é ruiva? – Simone faz cara de pouco caso.
- Simone...! Até parece que esta com ciúmes do seu ex...
- Não Gordon. Bem, ele me trocou por algo bem mais jovem e... Bonita – apoia a mão direita na testa – Não é fácil saber que a outra é melhor, mesmo você sendo a ex. Desculpe Junno.
- Ok. Eu entendo.
- E aí? Come algo. Tem bolo, chá, café, chocolate em pó, leite, pão, doces... – Gordon convidava a mais nova para o café.
- Obrigada. Hey Tom me passa a faca, por favor?
- Hum... Eu devo? Sabe... Você pode sair por aí assustando alguém e...
- Não – interrompe - eu não tenho essa sua cara de bêbado para assustar alguém – pega a faca que Gordon oferece, vendo que Tom não iria pegar tão fácil.
- Hey Junno – começava agora o mais novo – porque você se veste assim tão...
- Como uma boneca? – termina.
- Bem... Sim.
- Mamãe diz que garotas descentes se vestem assim. Ela diz que assim eu fico mais bonita do que as roupas modernas e bem... Mamãe gosta de manter a tradição alemã e... Eu gosto! – sorri para o irmão enquanto cortava o bolo á sua frente.
- Mas no que se leva em conta na tradição é que, usam coletes e tranças. Até agora não te vi com tranças – continua Simone.
- É que não achei laços que combinem com os meus vestidos. Eu não trouxe um laço vermelho e azul, então ontem eu apenas fiz tranças nos lados e segurei com um grampo e hoje... Fiquei sem ideia! – todos riem menos os gêmeos.
- Nós temos uma casa de costura aqui perto. Lá vendem laços, se você quiser um eu compro.
- Obrigada dona Simone, mas vou aproveitar que irei comprar umas coisas e irei comprar os laços. Só peço que me passe o endereço da casa por um favor.
- Claro querida! Darei-te depois que terminar o café.
- Agradecida!
- E vocês meus filhos, depois de terminarem o café, lavem as louças, sequem e limpem a cozinha.
- Ah mãe... – uníssono.
- Lá fora vocês são os Kaulitz, mas, aqui... Vocês são os Kaulitz! Entenderão?
- Ahhn... Sim mamãe – Bill fala ainda tentando entender o sentido da frase.
- Sim claro! – sorri - Eu acho... – sussurra Tom confuso.
- Mas e a piralha?
- A sua irmã é visita Bill! Não tem que lavar louças! – se levanta da mesa.
- Que isso dona Simone! Eu ajudo sim! Não quero ser um encosto pra ninguém! – sorri falso para os irmãos.
- Junno! Você é um amor de pessoa! Um anjo! – anda em direção á garota e lhe beija a testa depois de passar a mão em seu cabelo – Se eu tivesse uma garotinha como você pra ser minha companheirinha, minha ajudante... Você é realmente um anjo!
- Run! Anjo... – murmura Tom.
- Agora se comportem! Junno... – pega uma caneta e um pedaço de papel, na gaveta de uma cômoda – Aqui, o endereço da tal casa – escreve e entrega.
- Ah! Muito obrigada dona Simone! – pega e depois de ler guarda no bolso.
- Não tem de que! Agora irei ler um pouco. Gordon ainda não terminou o café?
- Já sim meu amor. Estava só reparando nesses dois – ri com os braços cruzados enquanto encara os gêmeos - Eu vou ligar pro Roger e pro Müller vierem aqui ensaiar um pouco. Sexta que vem iremos tocar em um evento.
- Vai ter evento aqui? Do que?
- De rock Bill – vira os olhos - Se vocês quiseram ainda tem vaga.
- Obrigada Gordon! – sorri.
- Ok. Qualquer coisa estou lá em cima – Simone se despede do namorado com um beijo e sobe as escadas.
- E eu vou cuidar da minha vida – Gordon se levanta e segue para a sala ligar para os amigos.
Estavam outra vez os gêmeos e a irmã. Um encarava o outro em um silencio gelado, como se fosse faroeste. Estavam parados, como estatuas que só viram os olhos e mechem a boca. O silencio acaba:
- Hey, vocês não vão lavar a louça não hein? – Gordon aparecia na cozinha.
- Vamos sim – responde Junno na mesma posição e sem tirar os olhos dos irmãos.
- Certo. Eu vou sair. Decidimos de ensaiar na casa do Müller. Avisem sua mãe.
- Tudo bem Gordon – responde Bill como fez Junno, sem sair da posição ou mudar o olhar.
- O que há com vocês hein? – este sorri e sai da casa.
- Eu vou lavar a louça – pronuncia Tom encarando a irmã.
- E eu vou enxugar – continua Bill na mesma que Tom.
- E eu... O que irei fazer?
- Você... Run! Daremos um servicinho pra você! – o mais novo sorri para o loiro.
- Tá... – a menina se levanta e se dirige á cozinha e os irmãos a seguem.
Os gêmeos começavam com seus respectivos serviços e a mais nova só olha. Estavam quase terminando quando Bill pede para a pequena ir buscar detergente na mercearia da esquina e essa, obedece:
- Ok Tom, vamos colocar esse resto de molho em cima da porta e dar uma lição naquela peste!
- Mas pra que isso Bill? Ela não fez nada!
- Mas ela sabe de nós. Eu fui no meu, no quarto dela e encontrei o diário do demônio. Ela escreveu que nos viu beijando e que iria contar pra imprensa.
- Ela sabe que somos os Tokio Hotel?
- E quem não sabe Tom? – faz careta – Continuando, ela se queixou que estava com raiva do pai deixa-la aqui com “estranhos” e que queria ficar com ele. Ela quer se aproveitar do nosso segredo pra ficar com o “papai” dela – faz voz irritante no papai.
- Então ela vai contar de nós hoje pra imprensa?
- Não, pelo o que eu li ela quer nos fazer uma proposta.
- E o que seria?
- Eu não sei – suspira fundo – Mas creio que seja bem cruel vindo dela. Anda, me ajude com o plano.
- Ok.
Os gêmeos colocaram o tal molho em cima da porta e esperaram a garota chegar:
- Vool.... – ao abrir a porta, o balde de molho cai em cima da menina, molhando-a toda e sujando sua roupa – Tei! – tenta limpar os olhos – Porque fizeram isso?
- Porque você não vai contar pra ninguém sobre o nosso segredo – responde Tom que pega a garota pelo braço e se agacha ao mesmo tempo em que o irmão, ficando do seu lado e em frente á irmã.
- Ok, ok! Vocês tentaram me pegar! – paga o detergente da sacola – Mas não irão conseguir! – Atira o líquido do frasco nos olhos dos irmãos.
- Sua... PESTE! – Tom corre lavar os olhos.
- Desgraçada! Meus olhos! – Bill tenta enxugar com o pano de prato.
- Acho que assim me virão com outros olhos – gargalha – E eu vou tomar um banho e... Bill, o diário que você leu não é meu. Se não percebeu, só tinha uma folha escrita e eu sabia que iria pegá-lo. Na verdade não quero ficar com Jörg, eu quero algo muito mais valioso. Me procurem – vira-se e sobe as escadas.
- Sua burrice me espanta Bill!
- Cala a boca – responde com raiva.
Naquela tarde, Junno saiu para comprar fitas e revistas, estava um dia ensolarado. Na volta á casa encontra com os gêmeos em um beco sem saída. Estavam disfarçados com toucas e capuz:
- Oh não! Agora vão encurralar uma doce garotinha? – zomba.
- Olha aqui Satã, diga logo o seu plano maligno! – responde o mais velho com ódio.
- Bem... – começa a andar – Eu quero algo muito simples! – mexe nas pontas do cabelo e vira de frente para os Kaulitz – Eu quero entrar na banda também!
- O QUÊ? – uníssono.
- Você pensa que Tokio Hotel é o que? Uma brincadeira idiota? Tokio Hotel é o nosso trabalho piralha! – Bill explode.
- Então... Acho que vou divulgar essa foto pra imprensa – Tira da bolsa uma foto em que os irmãos estão nus e na mesma cama.
- Como? – Tom se apavora - Você tirou isso enquanto...
- Vocês dormiam – termina Junno – É... Isso foi hoje de manhã. Não precisava ser um gênio pra saber que os beijos nojentos de vocês terminariam em uma transa. Eca! Como vocês fazem aquilo? – Junno torce a cara e os gêmeos trincam os dentes - Bom, eu iria falar com vocês hoje cedo, quando fui no quarto naquela hora e vocês me chamaram de boba. Eu sabia que iria mexer com o psicológico de vocês e só esperei a reação dos meus queridos – sorri.
- Filha de uma...
- Calma Tom! – Bill interrompe e se afasta da irmã com o irmão – E se a gente fizesse de conta que ela entrou pra banda, sabe... A banda está de férias e tal. Ninguém vai saber.
- Ah, e eu quero uma entrevista na televisão! – Junno grita e sorri descaradamente.
- Desgraçada! – Tom grita respondendo a garota e lhe mostra o dedo do meio.
- Certo. Vamos topar.
- Mas Bill! É a banda! Ninguém mexe com a banda irmão! Poxa... Se nem o Andreas a gente deixou entrar - sua face desanima – Tokio Hotel é nossa vida e deixar a Junno entrar...
- O que você prefere: A banda com uma nova integrante ou a banda sem sucesso? Tom! Confie em mim ok?
- Tá – respira fundo.
Voltam aonde estava Junno. A garota cantarolava e mexia nas pontas do cabelo como uma “garotinha normal”:
- Hey, pequeno demônio – começava Tom - Nós...
- Aceitamos – termina Bill fazendo um bico e arcando para trás pra respirar.
- Yes! – a garota pula com a resposta – E quando será nosso primeiro show?
- Ok, é... Você sabe tocar algo? – Tom zomba.
- Sim. Vamos em casa que eu mostro.
Os gêmeos se olham e seguem a pequena até a casa. Nada de conversas no caminho. Quando chegam, Junno corre guardar suas coisas no quarto e volta descendo as escadas rapidamente:
- Vocês tem piano?
- Temos sim... Está no nosso estúdio – responde confuso Bill.
- Vamos até lá então.
No estúdio, Junno encontra o tal piano e sorri:
- É realmente muito bonito. Vocês tocam?
- Claro!
- Bill, ela esta falando de tocar e não de bater teclas para uma musica infantil idiota que é a única que você sabe tocar nisto aqui – aponta para o piano.
- Mas você também não sabe tocar Tom! – ri zombando do mais velho.
- Tudo bem. Vou tocar um pouco e vocês olhem.
A garota levanta a aba que dá acesso às teclas e depois de tocar leve nas teclas começa a tocar e também cantar. Cantava e tocava algo suave. Bill e Tom só olhavam de boca aberta, era sim uma linda música com melodia e harmonia sincronizadas perfeitamente. Era doce, calma e profunda. Junno termina de encantar seus irmãos com suas notas e espera alguma resposta:
- Então... Como se chama? – Bill saia do transe.
- Ainda não dei um nome pra ela.
- E porque não dá? O refrão diz tudo – complementa Tom.
- Vocês acham?
- Sim. Bem, vamos traduzi-la e colocar na lista para o próximo álbum.
- Eu vou tocar no próximo álbum? – a garota se animava com a ideia.
- Não antes de me ensinar a tocar piano – o mais velho respondia.
E assim Junno entrou para a banda. Em uma semana Tom já sabia uma enorme base de piano, sua habilidade com notas e guitarra o ajudou nesse processo. Porém, o plano dos Kaulitz era tapear Junno, fazendo-a acreditar que estava na banda, mas a garota tinha muito talento com composições e notas, ela era realmente boa no que fazia e Bill e Tom armaram outro plano: Usar as composições de Junno no piano, ou seja: Usá-la.
Na segunda semana, a mãe de Junno a liga enquanto essa arrumava suas roupas:
- Alô?
- Junno querida, é a mamãe! – uma voz delicada e harmônica respondia do outro lado.
- Mamãe! Estou morrendo de saudades! Porque não me ligou antes? Estava preocupada...
- É que... Surgiram alguns imprevistos – dá uma pausa – Você está bem meu anjo?
- Sim... Tom e Bill me deixaram entrar na banda deles.
- Deixaram? Como assim?
- É temporário mamãe, enquanto eu não estou com você. Eles estão fazendo isso para me agradar. Sabe como é né? Eles nunca imaginavam ter uma irmã.
- Querida – ri fraco – Espero que se deem bem por aí.
- Estamos sim mamãe. Até a dona Simone diz que já me adotou como filha.
- Simone. Coitada, deve me odiar até hoje.
- Não, ela só é mesmo traumatizada – ri.
- Junno! – ri junto e fraco até tossir fracamente.
- Mamãe? O que está acontecendo? Se sente bem?
- Sim meu anjo. É só um resfriado que eu peguei aqui na Rússia. Tenho que desligar meu amor.
- Tudo bem mamãe. Me ligue mais vezes e mande um beijo do tamanho do universo pra vovó! Diga a ela que eu estou torcendo e rezando por ela.
- Sim meu anjo – outra pausa - Se cuida meu amor. Eu te amo.
- Eu também te amo e muito mamãe! Estou morrendo de saudades! Venha logo pra cá ok? Tchau!
- Tchau minha linda pequenina. Não fique com saudades! Eu sempre estarei do teu lado meu amor! Longe ou perto. Adeus – a mãe falou rapidamente e não esperou a resposta.
-A... Deus – Junno desligou o celular com um aperto no coração. Estava morrendo de saudades da mãe e só dois minutos de conversa não tinha matado por inteira.
Os dias correram e já faziam quase um mês que Junno morava com os Kaulitz. No jantar, estavam todos comentando sobre as aulas de Tom e as letras de Junno. Estava um clima agradável. No meio da conversa o mais novo pergunta:
- Junno, porque você carrega pra cima e pra baixo esse puff hein? – olha para o puff de urso que se encontrava em um sofá perto.
- É que, foi mamãe que me deu e sempre quando ela viaja ou está longe, eu desconto minhas saudades nele, pois parece que mamãe está comigo.
- Ah sim. É como um amuleto da sorte ou coisa assim?
- Quase. Eu só sei que me sinto bem quando o abraço. Parece que mamãe me abraça.
- Sim. Eu carrego calcinhas de fãs. Assim faço outras coisas pensando nelas e você está certa: Parece que a pessoa esta contigo mesmo!
- Tom! – Simone tenta corrigir o filho.
- Mamãe... Relaxa. Junno tem onze anos. Vai me dizer que você acha que ela nunca beijou um guri do colégio dela? – olha para a pequena figura com laços na cabeça.
- Não. Eu nunca nem me atrevi a pensar em tal coisa – encara séria o irmão.
- Toma! – o mais novo ri e todos acompanham.
A noite terminou bem. Depois de conversas e histórias foram dormir. Tom e Bill em seu quarto e a pequena Junno no seu. Faziam duas semanas que a garota nem se quer falava com a mãe. Sua cabeça rodava e sua preocupação também. “Será que mamãe me deixou?” era o que Junno mais pensava naquele momento e não podia conter as lágrimas. No meio da noite se levantou e avistou uma estrela cadente. Fez um pedido:
- Quero que mamãe esteja ao meu lado e que não me abandone.
No dia seguinte, estavam todos na sala inclusive Jörg. Estavam todos esperando Junno descer para o amargo café da manhã que iria “saborear”. Ela desce as escadas, sorrindo e abraça Jörg:
- Papai! Veio me trazer noticias da mamãe? Ela já chegou? Veio me buscar?
- Querida... Sente-se aqui – Jörg apenas respondeu assim, sério e com um olhar cheio de angustia acompanhado por outros olhares ali da sala, olhares de pena.
Contou para a filha toda a verdade. Contou que a mãe não foi ver a avó doente na Rússia e sim se tratar de uma doença que já estava em um estado avançado. Contou também da sua morte.
Junno ficou assim: parada, sem resposta. Com o olhar fixo nos olhos do pai, derramou a primeira de muitas lagrimas daquele dia. Os lábios entre abertos e o corpo em choque mostravam o quanto frágil a garota se encontrava. Depois do pai se cansar de abraça-la e dizer varias vezes eu sinto muito, levantou-se calmamente do sofá e correndo, se trancou no seu quarto.
Ficou assim o resto do dia. Gritou, fez barulho, tentou jogar a dor pelo ar. O pai e o resto dos que se encontravam na casa pediam com calma para a garota abrir a porta e essa, não respondia e de vez em quando se ouvia barulho, ouvia algo se quebrando. Já era noite e Jörg precisava falar com a filha e lá estavam os Kaulitz novamente:
- Junno, por favor. Abre a porta querida.
- Ela não responde. Acho que esta dormindo – Tom dizia ao lado do pai e do gêmeo.
- Alguém tem um grampo?
- Sim Bill! Boa ideia! Pede a sua mãe um grampo que eu vou abrir a porta.
- Certo.
Bill vai e volta com um grampo na mão. De certo, quem ensinou Junno a abrir portas foi o pai. E depois de “dançar” o grampo pela fechadura, a porta abre e devagar os Kaulitz abriam espaço para entrar.
A cena não era muito agradável. A garota se encontrava em uma cama cheia de lençóis, cobertores, cortina, cacos de vidro. O chão estava coberto por cacos também, havia espumas e penas das almofadas e travesseiros e as roupas e fitas se espalhavam pelo quarto.
- Meu amor! – o pai corre para ver a filha que estava dormindo com os olhos inchados e o cabelo bagunçado.
- Ela esta dormindo. Veja o que eu encontrei – Tom mostrara a carcaça do urso de pelúcia da irmã.
- Pelo jeito ela tentou amenizar a dor em tudo isso – Bill fala e todos olham em volta.
Jörg pega o retrato da filha com a mãe que se encontrava quebrado em um canto qualquer:
- Ela vai sofrer muito. A mãe era tudo o que ela tinha. Era o seu abrigo, a sua paz – esconde o rosto para não enxergarem suas lagrimas.
- Jörg, eu sei como é essa dor e acredite... Ela vai passar. Junno infelizmente ira viver sem abrigo e paz, sem a mãe. Estou sofrendo pela dor dela. Eu amo minha mãe e viver sem ela é como se a vida acabasse. Coitada – o mais novo passa a mão na cabeça da irmã.
- Terá que caminhar sozinha sendo tão pequena... – continuava Tom.
- Papai – a pequena acorda com a voz fraca – Eu pedi para que ela não me abandonasse!
- Meu anjo... – deixa cair uma lagrima – Desculpe mentir para você querida, mas sua mãe acreditava que iria sobreviver. Ela te amava muito e não queria te ver sofrendo assim.
- Mas agora... Eu estou sozinha – soluça com o choro – Eu estava morrendo de saudades dela papai! – se encolhe e chora em soluços altos.
- Filha... Eu sinto muito. Mas confie em mim. Tudo vai passar. Você acha que ela esta feliz em te ver assim?
- Eu só queria abraça-la pela ultima vez...
- Venha meu anjo. Hoje você irá dormir em casa.
- Estou fraca e sem vida pai - vira-se e olha o retrato da mãe na cama.
Todos lamentavam a dor da garota. Depois de certo tempo, Jörg levou a filha no colo embora para sua casa. Ela precisava descansar e ser confortada por alguém.
No dia seguinte, Simone foi limpar o quarto, pois a pequena voltaria para pegar as coisas para ir para Rússia morar com a tia. O puff da garota estava em cima da cama, todo costurado.
Alguém bate na porta. Junno, com uma cara mais limpa e Jörg:
- Vim buscar as coisas dela.
- Ah sim. Entrem – Simone convidava.
Os gêmeos abraçaram a irmã e depois buscam as malas e quando voltam, a loirinha dá o seu primeiro sinal de vida. Sorri amarelo:
- Desculpe o transtorno que eu fiz vocês passarem. Podem ficar com as minhas composições que vocês me ajudaram a compor. Irei sentir saudades de todos – abraça novamente os irmãos – É hora de ir!
- Tudo bem. Se cuide mocinha! – Tom aperta a bochecha esquerda da mais nova.
- Vamos Junno. O avião vai sair daqui duas horas. Se despeça de todos.
- Tá papai.
Um por um, a pequena abraçava e desejava sorte. Quando chegou em Bill sussurrou em seu ouvido:
- Fique tranquilo. Não irei contar a ninguém o segredo de vocês – este confirma com a cabeça.
- Vamos filha! – Jörg apressava a filha.
- Tchau para todos! Vou sentir saudades!
- Tchau querida – Simone e Gordon respondem.
- Até piralha! – uníssono dos gêmeos.
Naquela noite estava um silêncio. Era sem graça jantar sem ter aquele ser que irritava os irmãos e fazia todos rirem. O perfume da garota passeava pela casa dando saudades.
Ao final do dia, Bill voltou para o seu antigo quarto e viu o urso da irmã em cima da cama. Chamou o gêmeo que estava em outro quarto:
- Bill, ela não vai mais precisar disto – coloca o urso em cima do guarda-roupa – Creio que a nossa pequena Junno vai se virar nesta vida e será forte.
- Então guardamos o urso?
- Sim. Uma lembrança da piralha – sorri fraco – Mas... Eu vou precisar do meu ursinho pra dormir!
Tom empurra Bill para a cama e tranca a porta do mais novo. Beija-o fazendo se arrepiar com o gelado do piercing:
- Tá na hora de ser a sua vez. Você não acha?
- Calma Tom. Quero brincar um pouco com você...
- Idiota! – sorri e volta com seus beijos para o irmão.