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Fórum Oficial do Tokio Hotel no Brasil - TH BRASIL OFICIAL FÓRUM
 
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 Envie - me um anjo.

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CherryBomb
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CherryBomb
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MensagemAssunto: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 01, 2010 1:00 am

Nome: Envie - me um anjo.

Autor: Eu e minha amiga Juliana que não é daqui do forum.

Classificação: +18

Personagens: Lucy, Bill, Tom, Samantha, Pennywise, Gabbie, Molly, Gustav, Georg... e outros que vão aparecendo, mas estes serão os principais. ^^,

Gênero: Drama, romance, sobrenatural.

Beta-Reader: WORD

Nº de capítulos: indefinido.

Terminada ou não: Não.

Teaser(sinopse):

Lucy Price, uma garota jovem e problemática é forçada a se mudar para uma escola reformatória, Espada & Cruz, pelo seu mau comportamento e seu fracassado suicídio.
Ela consegue ver sombras macabras e perigosas. Isso é um dos maiores pontos de loucura dela.
Se ve apaixonada por duas pessoas tão parecidas, mas ao mesmo tempo tão diferentes.
Encontrará amigos fiéis e muito problemas.

"O olhar de Bill capturou o dela, e a respiração dela ficou presa em sua garganta.
Um olhar tão profundo e enigmático, que fez Lucy se imaginar ao seu lado.
Eles ainda estavam com os olhos presos quando ele relampejou um sorriso para ela.
Um jato de calor foi atirado nela... mas então ele levantou sua mão no ar.
E mostrou-lhe o dedo do meio.
Lucy arfou e deixou seu olhar cair.
Seu delírio momentâneo sumiu. Qual era o problema daquele cara?
Logo antes dela entrar em sua primeira aula, ela ousou olhar para trás.
Seu rosto estava vazio, mas não havia dúvida - ele estava observando ela ir embora."

Obs: Tokio Hotel não existe.
Bill e Tom não são irmãos.
A fic será narrada em terceira pessoa.
Os meninos estarão com a aparência quando tinham 16 entre 17 anos.



Lucy
Envie - me um anjo. Lucyp
Bill
Envie - me um anjo. Bill0
Tom
Envie - me um anjo. Tomar
Georg
Envie - me um anjo. Georgy
Gustav
Envie - me um anjo. Gustavd
Samantha
Envie - me um anjo. Samanthai
Gabbie
Envie - me um anjo. Gabbie
Molly
Envie - me um anjo. Mollye
Penny
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Eai posto ou não?
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 01, 2010 7:39 am

Adorei, posta sim claro.
Sinto que a história foi baseada num livro que eu li alguns meses atrás, FALLEN de Lauren Kate. Estou certa?
Bem, vai ser interessante.
Espero ansiosa.
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http://re-ssurgir.blogspot.com.br/
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 01, 2010 8:01 am

amei posta sim
adoro suas fic são muito boas
posta que eu vou ler pode ter certesa
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Sarah

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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 01, 2010 2:47 pm

posta sim!
eu achei super legal!
*-----*
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 01, 2010 10:47 pm

Claro! Posta sim! Eu vou ler! Wink
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Gabi Kaulitz
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQui Dez 02, 2010 1:20 am

posta liebe *-*
amei a teaser
posta!!!
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQui Dez 02, 2010 12:15 pm

Desculpem a demora liebes mas eu estou gripada, mas ja vou logo posta o primeiro capitulo.
Respondendo a pergunta da Ana Carolina: Sim, é baseado no livro da Lauren Kate que por sinal é muiiito lindo, mas será totalemente diferente, ele apenas foi minha fonte de inspiração. ^^,
Chega de enrolar...

__________________________________________________________________________________________________________

Capítulo 01 – LAR AMARGO LAR.

Lucy movimentou-se pesadamente para dentro de uma sala iluminada com lâmpadas
fluorescentes do Colégio Espada & Cruz dez minutos depois do que ela deveria. Um acompanhante com peito em formato de barril, bochechas vermelhas e uma prancheta presa sobre bíceps de ferro já estava dando ordens – o que significava que Lucy já estava atrasada.

_ Então se lembrem: são remédios, camas e vermelhos. - O acompanhante latiu para um grupo de três estudantes, todos de costas para Lucy.
_ Se lembrem do básico e ninguém se machuca.


Lucy escorregou rapidamente para trás do grupo. Ela ainda estava tentando descobrir se ela tinha preenchido a gigante pilha de papel corretamente, se esse guia de cabeça raspada parado na frente deles era um homem ou uma mulher, se havia alguém para ajudá-la com sua enorme mala, se seus pais iriam se livrar de seu amado Opala 1978 no minuto que eles chegassem em casa, depois que a deixaram ali.
Eles vinham ameaçando vender o carro durante todo o verão, e agora eles tinham uma razão que Lucy não poderia argumentar contra:
Ninguém podia ter um carro na nova escola de Lucy.
Sua nova escola interna para ser preciso.
Ela ainda estava se acostumando com o termo.

_ Você poderia, hum, você poderia repetir isso? - Ela perguntou para o acompanhante.
_ O que era, remédios - ?
_ Bem, olhe o que a tempestade trouxe, - o acompanhante disse em voz alta, então continuou, enunciando devagar.
_ Remédios. Se você é um dos alunos medicados, é onde você deve ir para
manter-se dopada, sã, respirando, ou seja lá o que for.

Mulher, Lucy decidiu, estudando a acompanhante.
Nenhum homem poderia ser malicioso o suficiente para dizer tudo isso nesse tom de voz sarcástica.
_ Saquei. - Lucy sentiu seu estômago agitar-se _ Remédios.
Ela tinha se desligado dos remédios por anos agora.
Depois do acidente no verão passado, Dr. Sanford, seu especialista – e a razão de seus pais a mandarem para internatos – havia considerado medicá-la mais uma vez.
Embora ela o tenha convencido de sua quase-estabilidade, isso a fez ter um mês extra de análise da parte dela, só para ficar longe daqueles terríveis antipsicóticos.

Este era o motivo pelo qual ela estava se registrando em seu último ano no Colégio Espada & Cruz um mês depois das aulas começarem.
Ser aluno novo já era ruim o suficiente, e Lucy estava nervosa o suficiente para entrar em turmas onde todos já estavam fixados.
Mas pelo que parecia depois de sua excursão, ela não era a única novata chegando aquele dia.

Ela deu uma olhadinha furtiva para os outros três alunos em meio círculo em volta dela.
Em sua última escola, Dover Prep, na excursão pelo campus foi onde ela achou sua melhor amiga, Kate.
Em um campus onde todos os outros estudantes foram praticamente desmamados juntos,
isso havia sido o suficiente que Lucy e Kate fossem as duas únicas crianças sem legado.
Mas não demorou muito para elas perceberem que tinham a mesma obsessão pelos mesmos filmes nojentos – especialmente os relacionados com Albert Finney.
Após a descoberta delas no primeiro ano enquanto assistiam Saw que elas não podiam fazer um saco de pipoca sem ativar o alarme de incêndio, Kate e Lucy nunca mais se separaram.
Até...
Até que elas tiveram que se separar.

Do lado de Lucy hoje haviam dois caras e uma garota.
A garota era bem fácil de se enturmar, loira e com a beleza de comercial de shampoo, com unhas manicuradas na cor rosa-pastel que combinava com sua pasta de plástico.

_ Eu sou Gabbie, - Ela falou lentamente, lançando a Lucy um grande sorriso que desapareceu tão rápido quanto surgiu, depois que Lucy não disse seu próprio nome.
O desinteresse da menina lembrou-lhe mais uma versão das meninas da Dover do que alguém que ela esperava na Espada & Cruz.
Lucy não conseguia se decidir se isso era reconfortante ou não, ainda mais
imaginar o que uma menina como aquela fazia numa escola reformatória.
À direita de Lucy havia um garoto com cabelo loiro curto, olhos castanhos .
Mas o jeito que ele não olhava nos olhos dela, escolhendo cutucar a cutícula de seu polegar, deu a ela a impressão de que ele provavelmente estava atordoado e com vergonha de encontrar-se aqui.
O garoto à sua esquerda, por outro lado, preenchia a imagem de Lucy deste lugar um pouco perto perfeitamente demais.
Ele era alto e um pouco forte, com uma bolsa de DJ a tiracolo, cabelo loiro queimado com dreads desgrenhado, e grandes e profundos olhos castanhos amendoados.
Seus lábios eram carnudos e de um rosa natural que muitas garotas matariam para ter. No seu lábio inferior um piercing argola, parecia quase brilhar em sua boca.

Diferente dos outros dois, quando esse cara se virou para encontrar seu olhar, ele o segurou e não deixou soltar.
Sua boca foi definida em uma linha reta, mas seus olhos eram quentes e vivos.
Ele a contemplava, de pé como uma escultura, que fez Lucy se sentir enraizada em seu lugar também.
Aqueles olhos eram intensos e sedutores, e bem, um pouco desarmantes.
Com um pigarro alto na garganta, a acompanhante interrompeu o transe.
Lucy corou e fingiu estar muito ocupada coçando a cabeça.

_ Aqueles que entenderam o funcionamento são permitidas a sair depois que deixarem aqui seus pertences de risco.
A acompanhante apontou para uma grande caixa de papelão sob uma placa que dizia em grandes letras pretas MATERIAIS PROIBIDOS.
_ E quando eu digo livre, Gustav - ela fechou a mão para baixo no ombro do garoto loiro, o que o fez pular.
_ Eu quis dizer limites do ginásio para encontrar o estudante predestinado para ser seu guia. Você - ela apontou para Lucy - despeje seus pertences e fique comigo.

Quatro dos estudantes se juntaram em volta da caixa e Lucy assistiu, perplexa, como os outros alunos começavam a esvaziar seus bolsos.
A menina puxou um canivete suíço rosa de sete centímetros.
O cara de dreads relutantemente sacou uma lata de spray de tinta e um estilete.
Até o infeliz Gustav teve de deixar várias caixas de fósforos e um pequeno recipiente de fluído de luz.
Lucy se sentiu quase estúpida por ela mesma não estar escondendo nada perigoso – mas quando ela viu os outros depositarem seus celulares dentro da caixa, ela engoliu em seco.
Inclinando-se para ler a placa de MATERIAIS PROIBIDOS mais de perto, ela viu que celulares, pagers e todos os dispositivos de rádios bidirecionais estavam estritamente proibidos.
Já era ruim o suficiente que ela não poderia ter o seu carro!
Lucy fechou a mão suada em torno do celular em seu bolso, sua única ligação com o mundo exterior.
Quando a acompanhante viu a expressão em seu rosto, Lucy recebeu pequenos tapinhas na bochecha.

_ Não desmaie comigo, querida. Eles não me pagam o suficiente para fazer ressucitação. Além disso, você tem direito a uma ligação telefônica por semana no pátio principal.

Uma ligação? Por semana?
Mas - Ela olhou para seu telefone mais uma vez e viu que havia recebido mais duas mensagens de texto.
Não parecia possível que essas seriam suas duas últimas mensagens de texto.
A primeira era de Kate.

"Me liga imediatamente! Estarei esperando ao lado do telefone a noite toda, então, esteja pronta.
E se lembre do mantra que eu te ensinei: Você vai sobreviver! De qualquer forma, se isso
importar, eu acho que todo mundo esqueceu sobre..."

Do jeito típico de Kate, ela havia ido tão longe que o celular de Lucy cortou quatro linhas da mensagem.
De qualquer forma, Lucy estava aliviada.
Ela não queria ler sobre como todos em sua antiga escola haviam finalmente esquecido o que havia acontecido com ela.
O que a fez vir parar nesse lugar.
Ela suspirou e abriu sua segunda mensagem.
Era de sua mãe, que só havia aprendido a enviar torpedos há algumas semanas e que certamente não sabia sobre aquela coisa de uma-ligação-por-semana.

"Querida, nós estaremos sempre pensando em você. Seja boa e tente comer proteína o suficiente.
Nos falamos quando pudermos. Amor, M&D"

Com um suspiro, Lucy percebeu que seus pais deveriam saber.
O que mais poderia explicar suas expressões elaboradas quando ela deu um tchauzinho do portão da escola essa manhã, com sua bolsa de tecido em mãos?
No café da manhã, ela havia tentado fazer piada sobre finalmente perder esse terrível sotaque de Caipira que ela havia adquirido na Dover, mas os seus pais não esboçaram nenhum sorriso.
Ela pensou que eles continuavam chateados com ela.
Eles nunca haviam feito completamente aquela coisa de elevar a voz, então quando Lucy estragou tudo, eles deram a ela o tratamento do silêncio.
Agora ela entendia o estranho comportamento dessa manhã: seus pais estavam de luto pela perda de contato com sua única filha.

_ Nós estamos esperando apenas uma pessoa, A acompanhante disse. _ Eu me pergunto quem é.”

A atenção de Lucy voltou para a caixa de riscos, que agora estava transbordando de itens contrabandeados que ela não conseguia reconhecer.
Ela podia sentir o cara de cabelos cheios de dreads desgrenhados com seus olhos castanhos fixos nela.
Ela olhou em volta e viu que todo mundo estava com os olhos fixos. Sua vez.
Ela fechou seus olhos e lentamente abriu sua mão, deixando seu celular escorregar e ganhar terreno no topo da pilha.
O som de ficar completamente sozinha.
Gustav e a robótica Gabbie dirigiram-se para a porta sem nada além um olhar na direção de Lucy, mas o terceiro cara se virou para o acompanhante.

_ Eu sou capaz de informá-la, - disse ele, assentindo para Lucy.
_ Não faz parte do nosso acordo, - A acompanhante replicou automaticamente, como se estivesse esperando esse diálogo.
_ Você é um novo estudante de novo – o que significa restrições de aluno
novo. De volta para o nível um. Se você não gosta disso, deveria ter pensado antes de quebrar a sua condicional.

O garoto permaneceu imóvel, inexpressivo, quando a acompanhante rebocou Lucy – que endureceu com o “condicional” - até o fim de um corredor amarelo.

_ Mexa-se, - ela disse, como se nada tivesse acontecido.
_ Camas, - Ela apontou para a janela oeste de um prédio de concreto cinza.
Lucy podia ver Gabbie e Gustav misturarem-se devagar em direção deles, com o terceiro garoto andando devagar, como se alcançá-los fosse a última coisa em sua lista de coisas a fazer.

Os dormitórios eram formidáveis e quadrados, um sólido prédio cinza cujas portas duplas não davam nada sobre a possibilidade de vida dentro delas.
Uma grande placa de pedra permanecia plantada no meio do gramado morto, e Lucy se lembrou do website as palavras DORMITÓRIO PAULINE esculpidas dentro dele.
Parecia mais feio naquela manhã de sol confusa do que na plana foto preto-e-branca.
Mesmo nessa distância, Lucy podia ver o bolor negro cobrindo a frente do dormitório.
Todas as janelas estavam obstruídas por uma carreira de grossas barras de aço.
Ela entortou os olhos.
O que era aquele arame farpado em torno do prédio?
A acompanhante olhou para a lista, folheando o arquivo de Lucy.

_ Quarto sessenta e três. Deixe sua bolsa em meu escritório com o resto deles por agora. Você pode desfazer essa tarde.

Lucy arrastou sua mala vermelha rumo a outras três malas pretas sem classificação.
Então ela chegou a refletir sobre seu celular, onde ela costumava colocar as coisas que precisava lembrar.
Mas, enquanto sua mão procurava em seu bolso vazio, ela suspirou e se comprometeu a gravar o número do quarto na memória.
Ela ainda não entendia a razão pela qual não podia ficar com seus pais; sua casa em Magdeburgo ficava a menos de uma hora da Espada & Cruz. Ela havia se sentido tão bem em sua casa;

Mas a Espada & Cruz não era como sua casa. Era quase como um lugar qualquer, exceto pelo fato de ser um lugar sem vida e sem cor, onde o tribunal a havia colocado hospedada. Ela havia escutado seu pai no telefone com o diretor outro dia, concordando em seu jeito confuso e fala de professor de Biologia,
_ Sim, sim, talvez seja melhor para ela ser supervisionada todo tempo.
Não, não, nós não queremos interferir no seu sistema.

Claramente, seu pai não havia visto as condições de supervisão de sua filha única.
Esse lugar parecia uma prisão de segurança máxima.
_ E sobre, como você disse – os vermelhos?
Lucy perguntou para a acompanhante, pronta para ser liberada da excursão.
_ Vermelhos, a acompanhante disse, apontando para um pequeno fio do teto: lentes com uma luz piscante vermelha.
Lucy não havia visto isso antes, mas assim que a acompanhante apontou a
primeira, ela pode notar que estavam em todo lugar.
_ Câmeras?
_ Muito bem, a acompanhante disse, a voz gotejando condescendência.
_ Nós a deixamos evidentes a fim de lembrá-los. Todo tempo, a todo momento, nós a observamos. Então, não estrague – quer dizer, se você puder evitar.

Todo o tempo, todos falavam com Lucy como se ela fosse uma completa psicopata, e ela estava bem perto de acreditar que isso era uma verdade.
Por todo o verão, as memórias a vinham assustando, em seus sonhos e nos raros momentos em que seus pais a deixavam sozinha.

Alguma coisa havia acontecido no chalé, e todo mundo (incluindo Lucy) estava morrendo para saber exatamente o quê.
A polícia, o juiz, o assistente social, haviam todos tentado forçar a verdade dela, mas ela não sabia nada tanto quanto eles.
Ela havia brincado a tarde inteira, perseguindo um cachorro pela fileira de chalés em volta do lago, longe do resto da festa.
Ela tentou explicar que essa havia sido a melhor noite de sua vida, até se tornar a pior.
Ela gastou muito tempo repassando aquela noite em sua mente.
Mas agora, cada regra e regulamento da Espada & Cruz parecia trabalhar contra esse pensamento, parecia sugerir que ela era, de fato, perigosa e precisava ser controlada.
Lucy sentiu uma mão firme em seu ombro.

_ Olha, a acompanhante disse _ se isso a faz se sentir melhor, você está longe de ser o pior caso aqui.
Foi o primeiro gesto humano que ela demonstrou à Lucy, o que a fez acreditar que ela queria fazê-la se sentir melhor.
Mas... Ela havia sido mandada para cá por causa de seu “quase suicídio”, e ela estava “longe de ser o pior caso”?
Lucy se perguntou com o que exatamente eles lidavam na Espada & Cruz.
_ O.k. A orientação terminou. - A acompanhante disse. _ Você está por sua conta agora. Aqui está um mapa se você precisar encontrar algo a mais.

Ela deu a Lucy uma cópia de um bruto mapa desenhado à mão, então olhou para seu relógio.
_ Você tem uma hora até sua primeira aula, mas as minhas novelas começam as cinco, então, - Ela balançou sua mão para Lucy - Mantenha-se escassa. E não se esqueça, - ela disse, apontando para as câmeras mais uma vez -Os vermelhos
estão de olho em você.

Antes que Lucy pudesse replicar, uma garota magra, de cabelos negros com varias mexas vermelhas apareceu à sua frente, abanando seus dedos longos na face de Lucy.
_ Ooooh, - a garota zombou com uma voz fantasmagórica, dançando em volta de Lucy em círculos.
_ Os vermelhos estão de olho em vocêêêê.
_ Sai daqui, Samantha, antes que eu tenha que lobotomizá-la, - a acompanhante disse, embora fosse claro por seu breve, mas genuíno, sorriso que ela possuía alguma bruta afeição pela garota louca.
E estava claro que Samantha não era recíproca ao amor.
Ela fez um gesto obsceno para a acompanhante, então parou na frente de Lucy, a enfrentando para que ficasse ofendida.

_ E só por isso, - a acompanhante disse, anotando furiosamente em seu caderninho - você ganhou a tarefa de mostrar tudo em volta para a pequena Miss Sunshine hoje.
Ela apontou para Lucy, que parecia qualquer coisa, menos ensolarada, com suas jeans pretas, botas pretas e top preto.

A blusa de gola alta que sua mãe a havia forçado a usar não fazia nada pelas suas curvas, e
até sua melhor forma havia sumido: seu grosso cabelo preto, que costumava cair sobre sua cintura, havia sido completamente tostado.
O fogo do chalé havia queimado seu couro cabeludo e deixado seu cabelo desigual, então depois da longa, silenciosa viagem de Dover para casa, sua mãe a colocara na banheira, trouxe o barbeador elétrico do pai e sem nenhuma palavra raspou sua cabeça.
Durante o verão, seu cabelo havia crescido um pouco, apenas o suficiente
para que suas ondas, outrora invejáveis, agora pairassem logo abaixo de suas orelhas.

Samantha a avaliou, dando um tapa com um dedo contra seus finos lábios pálidos.
_ Perfeito, - ela disse, dando um passo a frente para colocar seus braços em volta de Lucy. _ Eu estava realmente pensando que eu poderia usar uma nova escrava.

A porta do salão abriu e entrou o menino de dreads. Ele balançou a cabeça e disse para Lucy,
_ Esse lugar não liga de te despir para fazer alguma busca. Então, se você está guardando qualquer outro risco – ele ergueu uma sobrancelha e um punhado de objetos desconhecidos da caixa - salve-se dos perigos.

Atrás de Lucy, Samantha prendia o riso.
O cara virou a cabeça e quando seus olhos registraram Samantha, ele abriu sua boca e a fechou novamente, como se não tivesse certeza do que fazer.

_ Samantha,- ele disse uniformemente.
_ Tom, - ela replicou.
_ Você o conhece? Lucy sussurrou, se perguntando se havia o mesmo tipo de facções em escolas reformatórias como haviam na Dover..
_ Não me lembre, - Samantha disse, arrastando Lucy para fora da porta, dentro da cinza e alagada manhã.
As costas do prédio principal dava em uma calçada lascada, em volta de um campo bagunçado.
A grama estava tão grande que parecia mais um terreno baldio que uma área pública de uma escola, mas um desbotado placar e arquibancadas de madeira provavam o contrário.
Por trás do contorno do lugar quatro prédios de aparência severa: o dormitório longe à direita; uma gigante, feia e velha igreja à extrema esquerda e outras duas grandes estruturas no meio deles, que Lucy imaginou serem as salas de aula.

Era isso. Seu mundo inteiro estava reduzido àquela triste visão de seus olhos.
Samantha imediatamente desviou do caminho direito e levou Lucy ao campo, sentando no alto de uma das arquibancadas de madeira molhadas.
A estrutura correspondente em Dover gritava atleta em formação, então Lucy
sempre havia evitado ficar lá.
Mas esse campo vazio, com esses enferrujados, deformados gols, contava uma história completamente diferente.
Uma que não foi fácil para Lucy descobrir.
Três urubus turcos passaram acima de sua cabeça, e um vento triste chicoteou sobre os galhos nus dos carvalhos. Lucy estremeceu e abaixou seu queixo para dentro da gola alta.

_ Então, - Samantha disse - Agora você conheceu Randy.
_ Eu pensei que fosse Tom.
_ Eu não estou falando dele, - Samantha disse rapidamente - A mulher-macho daqui. Samantha virou a cabeça para o escritório onde elas haviam deixado a acompanhante vendo TV.
_ Quê que 'cê acha? Homem ou mulher?
_ Hm... Mulher?
Lucy tentou. - Isso é um teste?
Samantha esboçou um sorriso.
_ O primeiro de muitos. E você passou. Pelo menos, eu acho que você passou. O gênero da maioria do corpo docente daqui é um debate escolar em curso. Não se preocupe, você vai entrar nele.

Lucy achou que Samantha estava fazendo uma piada – nesse caso, legal. Mas isso tudo era como uma enorme mudança da Dover.
Em sua antiga escola, as gravatas-verdes-esgotantes, os engomados futuros senadores praticamente escorriam pelos corredores, no requintado silêncio
que o dinheiro parecia passar acima de tudo.
Mais do que nunca, o pessoal da Dover lançavam a Lucy olhares tortos de
não-suje-as-paredes-brancas-com-suas-impressões.
Ela tentou imaginar Samantha lá: se espreguiçando nas arquibancadas, fazendo uma alta, bruta piada com sua voz mordaz.
Lucy tentou imaginar o que Kate pensaria de Samantha.
Nunca havia ninguém como ela na Dover.

_ Okay, desembucha, - Samantha ordenou.
Pulando da arquibancada mais alta e apontando para que Lucy se juntasse, ela disse
_ O que cê fez para entrar aqui?
O seu tom de voz era brincalhão, mas de repente Lucy teve que se sentar.
Era ridículo, mas ela meio que esperava passar por seu primeiro dia de aula sem seu passado vindo a mente, roubando sua fina fachada de calma.
É claro que as pessoas aqui vão querer saber.
Ela pode sentir o sangue arranhar suas têmporas. Acontecia sempre que ela tentava pensar voltar – realmente voltar – àquela noite.
Ela tentava duramente não ficar atolada nas sombras que, por agora, eram a única coisa que ela se lembrava do acidente.
Aquela escuridão, as coisas indefinidas que ela nunca poderia contar para ninguém.

Risca isso – ela começou a notar a presença peculiar que sentiu naquela noite, sobre as curvas retorcidas sobre sua cabeça, tentando assombrar sua noite perfeita. É claro, então já era tarde demais.
E Lucy era... Ela era... Culpada?
Ninguém sabia sobre as tenebrosas formas que ela havia visto no escuro. Elas sempre vinham para ela.
Elas iam e vinham há tanto tempo que Lucy não conseguia se lembrar a primeira vez que as vira.
Mas ela se lembrava da primeira vez que ela percebeu que as sombras não vinham para todos – ou na verdade, para ninguém além dela.
Quando ela tinha sete anos, sua família estava de férias em Savannah e seus pais a levaram em uma passeio de barco.
Estava perto do pôr-do-sol quando as sombras começaram a ondular sobre a água, e ela se virou para seu pai e disse
_ O que você faz quando elas aparece, pai? Porque você não se assusta com os monstros?

Não haviam monstros, seus pais a asseguraram, mas Lucy repetia insistentemente a presença de alguma coisa oscilante e negra que a levou a várias consultas com o oftalmologista da família, e depois óculos, e depois consultas com o médico de ouvido depois dela fazer uma errônea descrição do som rouco de vento soprando forte que as sombras faziam algumas vezes – e
depois, terapia, e depois, mais terapia, e finalmente a prescrição de remédios antipsicóticos.
Mas nada os fazia ir embora.
Quando ela fez catorze anos, Lucy se recusou a tomar seus remédios.
Foi quando eles encontraram o Dr. Sanford e a Dover School perto.
Eles voaram para Hamburg, e seu pai dirigiu seu carro alugado por uma rodovia longa e sinuosa para a mansão no topo da colina chamada Shady Hollows.
Eles colocaram Lucy de frente para um homem de jaleco e a perguntaram se ela
continuava tendo suas “visões”.
A palma das mãos de seus pais estavam suando, enquanto eles agarravam as mãos, sobrancelhas franzidas com o medo de que houvesse algo terrivelmente
errado com sua filha.
Ninguém veio e disse que se ela dissesse para o Dr. Sanford o que eles queriam que ela dissesse, ela provavelmente estaria vendo muito mais da Shady Hollows. Quando ela mentia e agia normalmente, ela estava permitida a frequentar a Dover e só tinha que visitá-lo uma vez ao mês.

Lucy tinha sido permitida de parar de tomar as horríveis pílulas assim que ela começou a fingir que não via mais as sombras.
Mas ela continuava sem ter controle sobre elas quando apareciam.
Tudo o que ela sabia era que o catálogo mental dos lugares que eles apareceram para ela no passado – florestas densas, águas turvas – se tornaram os lugares que ela evitava a todo custo.
Tudo o que ela sabia era que quando as sombras vinham, elas estavam acompanhadas de um frio, calafrio sobre sua pele, um repugnante sentimento diferente de qualquer outra coisa.
Lucy sentou de pernas abertas em uma das arquibancadas e segurou suas têmporas entre seus polegares e dedos médios.
Se ela queria fazer aquilo completamente hoje, ela tinha que colocar seu passado em recesso na sua mente.
Ela não conseguia sondar sua memória daquela noite por ela mesma, então não havia nenhum jeito dela arejar todos os detalhes horríveis para algum esquisito, maníaco estranho.
Em vez de responder, ela observou Samantha, que estava deitada de costas para as arquibancadas, um par de enormes óculos escuros esportivos cobrindo o melhor da sua face.
Era difícil afirmar, mas ela estava olhando para Lucy, também, porque, depois de um segundo, ela se levantou das arquibancadas e sorriu.
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQui Dez 02, 2010 3:56 pm

Realmente, FALLEN é um livro muito bonito, e intrigante acima de tudo.
Percebi de onde veio sua inspiração só de ler a interação entre os personagens no teaser. E vou confessar que me sinto um pouco frustrada em já ter lido o livro. Já pude perceber que Tom seria Cam, gostei.
Mas sei que você vai fazer um ótimo trabalho e vai me surpreender dando seu toque próprio a história, dando um rumo bem interessante.
Você escreve bem, parabéns.
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeSex Dez 03, 2010 2:22 pm

CAPITULO 02 – PERFEITOS ESTRANHOS.

_ Corte meu cabelo como o seu. Ela disse.
_ O quê? Lucy engasgou. _ Seu cabelo é lindo.

Era verdade: Samantha tinha um longo, pesado cabelo, que Lucy tinha perdido desesperadamente.
Seus fios negros com varias mexas vermelhas brilhavam na luz do sol.
Lucy enfiou seu cabelo atrás das orelhas, mesmo que ele ainda não fosse longo o bastante para fazer qualquer coisa exceto bater de volta na frente deles.

_ Lindo o cacete_ Samantha disse _ O seu é sexy, moderno. E eu quero ele.
_ Oh, um, okay. Lucy disse.

Seria isso um elogio?
Ela não sabia se deveria estar lisonjeada ou enervada com o jeito que Samantha assumiu que poderia ter o que desejasse, até quando isso pertencia a outra pessoa.

_ Onde nós vamos conseguir ?
_ Tcharã, _ Samantha abriu sua bolsa e tirou de lá o canivete suíço rosa que Gabbie havia deixado na caixa de perigos.
_ Que foi?_ ela disse, vendo a reação de Lucy.
_ Eu sempre mantenho meu dedo pegajoso no dia que os novos estudantes tem que se livrar dessas coisas. A ideia sozinha me veio em meus dias de cão no entretenimento da Espada & Cruz... Hm... Acampamento de verão.
_ Você passa o verão inteiro... Aqui? Lucy estremeceu.
_ Ha! Falando como uma verdadeira novata! Você provavelmente está esperando umas férias de primavera?

Ela atirou para Lucy o canivete suíço.
_ Nós não vamos deixar esse inferno. Nunca. Agora corte.
_ E as câmeras? _ Lucy perguntou, olhando em volta, com o canivete em mãos. Haveria câmeras em algum lugar aqui.
Samantha sacudiu a cabeça.

_ Me recuso a me associar com maricas. Você pode lidar com isso ou não?
Lucy assentiu.
_ E não me diga que você nunca cortou um cabelo antes. _ Samantha agarrou o canivete suíço por trás de Lucy, puxou a ferramenta de tesoura e entregou-o de volta.
_ Nenhuma outra palavra até você me dizer o quão fantástica fiquei.

No “salão” da banheira de seus pais, a mãe de Lucy havia puxado os restos de seu longo cabelo em um bagunçado rabo de cavalo, antes de jogar tudo aquilo fora.
Lucy estava certa de que havia um método mais estratégico de cortar cabelos, mas como alguém que evitara cortes de cabelo durante toda a vida, a técnica do rabo de cavalo era a única que conhecia.
Ela recolheu o cabelo de Samantha em suas mãos, pegou o elástico que estava em volta de seu pulso, segurou a pequena tesoura firmemente e começou a cortar.
O rabo de cavalo caiu nos pés dela e Samantha sobressaltou-se e apanhou subitamente.
Ela o pegou e segurou na direção do sol.
O coração de Lucy se comprimiu com a visão.
Ela estava agonizando pelo seu próprio cabelo perdido, e todas as outras perdas que isso simbolizava.
Mas Samantha só deixou um delicado sorriso espalhar pelos seus lábios.
Ela correu os dedos pelo rabo de cavalo, e depois o jogou dentro da bolsa.

_ Maravilhoso, _ ela disse. _ Continue.
_ Sam, _ Lucy sussurrou, antes que pudesse parar a si mesma. _ Seu pescoço. Está todo -
_ Cheio de cicatrizes?_ Samantha disse. _ Você pode dizer isso.

A pele do pescoço de Samantha, desde a parte de trás de sua orelha direita até seu colar de ossos estava com reentrâncias, marmorizadas e brilhantes.
Ela estava tendo um mal momento olhando para Samantha agora.
Samantha agarrou a mão de Lucy e pressionou contra sua pele.
Era quente e frio, ao mesmo tempo.
Era liso e áspero.

_ Eu não tenho medo disso, _ Samantha disse. _ Você tem?
_ Não. _ Lucy disse, enquanto ela desejava que Samantha tirasse sua mão, então Lucy poderia tirar a dela também. Seu estômago se contorceu quando ela se questionou se sua pele teria ficado assim, por quase pouco.

_ Você tem medo do que realmente é, Lucy?
_ Não, _ Lucy disse outra vez, rapidamente.
Deveria ser óbvio que ela estava mentindo.
Ela fechou os olhos.
Tudo que ela desejava da Espada & Cruz era um novo começo, um lugar onde as
pessoas não olhariam para ela como Samantha estava olhando agora.
No portão da escola essa manhã, quando seu pai sussurrou o lema da família em seu ouvido - “Prices nunca quebram” - parecia possível, mas agora Lucy sentia-se decaída e exposta.
Ela tirou sua mão.

_ Então, como isso aconteceu? - ela perguntou, olhando para baixo.
_ Se lembra que eu não pressionei você sobre o que você fez para estar aqui? - Samantha perguntou, erguendo suas sobrancelhas.
Lucy assentiu.
Samantha gesticulou para as tesouras.
_ Arrume a parte de trás, ok? Talvez isso me faça parecer realmente bonita. Talvez me faça parecer com você.

Mesmo com o mesmo corte, Samantha permaneceria como uma versão subnutrida de Lucy.
Enquanto Lucy estava ocupada com seu primeiro corte de cabelo, Samantha estava dentro das complexidades da vida na Espada & Cruz.

_ Esse bloco de celas ali é Augustine. É lá onde nós temos nossos tão falados eventos sociais nas noites de quarta-feira. E todas as nossas aulas, - ela disse, apontando para a construção com cor de dente amarelado, dois prédios à direita do dormitório.
Era tristemente quadrado, tristemente parecido com uma fortaleza, cercado pelo mesmo arame farpado e janelas com grades.
Uma névoa cinza fazia as paredes parecerem camufladas por musgos, tornando impossível de ver se alguém estava lá.

_ Aviso claro, _ Samantha continuou _ Você vai odiar as aulas aqui. Você não é humana se não odiar.
_ Por quê? O que há de tão ruim com elas? - Lucy perguntou.

Talvez Samantha apenas não gostasse de escola no geral.
Com seu esmalte preto, delineador preto e a bolsa preta que parecia grande o
suficiente para caber apenas o novo canivete suíço dela, ela não parecia exatamente estudiosa.

_ Aqui você vai ver o ginásio de ponta, - ela disse, assumindo um tom nasalado de guia turístico.
_ Sim, sim, para os olhos inexperientes parece uma igreja. Costumava ser. Nós temos um tipo de arquitetura de segunda mão na Espada & Cruz. Alguns anos atrás, algum maluco por exercícios físicos apareceu falando besteira sobre como supermedicar os adolescentes arruinando a sociedade.
Ele doou uma tonelada de dinheiro de merda então eles transformaram a igreja num ginásio.
Agora os poderosos podem pensar que a gente desconta nossas 'frustrações' de um jeito mais 'produtivo'.

Lucy gemeu. Ela sempre detestou educação física.
_ Garota do meu coração, _ Samantha se condoeu _ Treinador Dante é di-a-bó-li-co.

Enquanto Lucy se movimentou para acompanhar, ela reparou no resto do recinto. O complexo da Dover havia sido bem cuidado, tudo manicurado e pontilhado em espaços uniformes, árvores cuidadosamente podadas.
Espada & Cruz parecia que havia tudo caído subitamente e abandonado no meio de um pântano.
Árvores cujos galhos apontavam para baixo balançavam para o chão, kudzus cresciam pelo muro em lençóis, e todo o terceiro piso escutava o barulho do respingo.
E não era apenas a maneira que o local parecia.
Cada respiração úmida de Lucy permanecia presa em seus pulmões.
Apenas respirar na Espada & Cruz fazia ela se sentir como se estivesse atolando em areia movediça.

_ Aparentemente os arquitetos entraram num impasse enorme sobre como melhorar o estilo dos prédios da antiga academia militar. O resultado é que nós acabamos em um lugar metade penitenciária, metade zona de tortura medieval. E sem jardineiro,_ Samantha disse, tirando um pouco de limo de suas botas de combate.
_ Tosco. Oh, e aqui está o cemitério.”

Lucy seguiu Samantha apontando o dedo para a parte mais longe do lado esquerdo do terreno, após o dormitório.
Um manto ainda mais espesso de névoa pairava sobre a porção de terra sem muros.
Era delimitado dos três lados por uma densa floresta de carvalhos.
Ela não podia ver dentro do cemitério, que parecia quase afundar-se debaixo da superfície, mas ela podia sentir o cheiro da podridão e ouvir o coro de cigarras zumbindo nas árvores.
Por um segundo, ela pensou que ouviu o silvo das sombras – mas ela piscou e eles se foram.

_ Isso é um cemitério?
_ Arrã. Isso costumava ser uma academia militar, caminho de volta nos dias da Guerra Civil. Então era aqui que eles jogavam todos os seus mortos. É arrepiante como todos caem fora. E meu sinhô, _ Samantha disse, acumulando um falso sotaque caipira. _ Isso fede até os céus! _ Então, ela piscou para Lucy.
_ Nós ficamos lá pra caramba.

Lucy olhou para Samantha para ver se ela estava brincando.
Samantha só deu de ombros.
_ Okay, foi só uma vez. E foi só depois de uma grande festa.

Ora, essa era uma palavra que Lucy reconhecia.
_ Arrá_ Samantha riu. _ Eu acabei de ver uma luz acender aí em cima. Então, alguém está em casa. Bem, Lucy, minha querida, você provavelmente foi a festas de internatos, mas você nunca viu como as crianças de reformatórios colocam tudo abaixo.
_ Qual é a diferença? - Lucy perguntou, tentando esconder o fato que ela nunca foi a nenhuma grande festa na Dover.
_ Você vai ver. - Samantha parou e se virou para Lucy.
_ Você vem essa noite e fica lá, okay? _ Ela surpreendeu Lucy pegando sua mão. _ Promete?
_ Mas eu pensei que você disse que eu devia manter distância dos casos perigosos. - Lucy brincou.
_ Regra número dois – Não me escute! - Samantha gargalhou, balançando a cabeça.
_ Eu sou certificavelmente insana!
Ela deu uma corridinha e Lucy foi atrás dela.
_ Espere, qual é a regra número um?
_ Acompanha!

***
Quando elas viraram a esquina das salas de aula de paredes de bloco de cimento, Samantha deu uma parada.

_ Pareça legal, - ela disse.
_ Legal, - Luce repetiu.

Todos os outros estudantes pareciam estar agrupados em volta das árvores estranguladas pelo kudzu do lado de fora do Augustine.
Nenhum deles parecia exatamente feliz por estar do lado de fora, mas ninguém parecia exatamente pronto a entrar, também.
Nunca houve muito código de vestimenta na Dover, então Lucy não estava acostumada com a uniformidade do corpo estudantil.
Então, novamente, apesar de todos ali usarem os mesmos jeans pretos, blusas de gola alta pretas, e suéteres pretos amarrados sobre seus ombros ou em
volta da cintura, continuava havendo diferenças substanciais no jeito que eles o usavam.
Um grupo de garotas tatuadas paradas em um círculo cruzado usavam pulseiras até seus cotovelos.
As bandanas pretas no cabelo delas lembrou a Lucy um filme que ela viu uma vez
sobre gangues femininas de motocliclistas.
Ela alugou porque pensou: O que pode haver de mais legal que uma gangue de motoqueiros só de mulheres?
Agora os olhos de Lucy trancaram-se em uma das garotas no gramado.
O estrabismo lateral da garota de olhos-de-gato delineados de preto fez Lucy rapidamente mudar a direção de seu olhar.
Um cara e uma garota que estavam de mãos dadas tinham lantejoulas costuradas em formato de ossos cruzados nas costas de seus suéteres pretos.
A cada poucos segundos, um dos dois puxava o outro pra um beijo nas têmporas, no lóbulo da orelha, nos olhos.
Quando eles envolveram seus braços em volta um do outro, Lucy pode ver que ambos usavam pulseiras de rastreamento que estavam piscando.
Eles pareciam um pouco rudes, mas estava óbvio o quanto eles estavam apaixonados.
Toda vez que ela via as argolas de suas línguas piscando, Lucy sentia um aperto
solitário beliscando seu peito.

Atrás dos namorados, um grupo de garotos loiros estavam pressionados contra a parede.
Cada um deles usava seu suéter, apesar do calor.
E todos eles tinham camisas pólos brancas por baixo, o colarinho engomado para cima.
As barras remendadas de suas calças jeans batiam na beira de seus sapatos polidos, que calçavam perfeitamente.
De todos os estudantes no perímetro, esses garotos pareciam para Lucy os mais próximos do estilo da Dover.

Apenas estando em grupo, esses garotos radiavam um tipo especial de tenacidade.
Estava bem ali no olhar de seus olhos.
Era difícil de explicar, mas isso de repente surpreendeu Lucy, que assim como ela, todos nessa escola tinham um passado.
Todos aqui provavelmente possuiam segredos que não queriam compartilhar.
Mas ela não sabia se essa descoberta a fazia se sentir mais ou menos isolada.
Samantha percebeu os olhos de Lucy rondando os outros alunos.

_ Nós todos fazemos o que podemos para sobreviver durante o dia, _ ela disse, encolhendo. _ Mas no caso de você não ter observado os abutres aproveitadores, esse lugar cheira muito bem a morte.

Ela tomou um lugar em um banco debaixo de uma árvore e afagou o lugar perto dela para Lucy.
Lucy afastou um amontoado de folhas molhadas em decomposição, mas logo antes dela sentar, ela notou outra violação do código de vestimenta.
Uma violação muito atraente.
Ele vestia uma brilhante brilhante camiseta vermelha.
Estava longe de estar frio lá fora, mas ele tinha uma jaqueta de couro preta de motociclista em cima de sua camiseta.
Talvez fosse porque ele era o único ponto de cor no perímetro, mas ele era tudo que Lucy podia olhar.
Na verdade, tudo parecia pálido em comparação a isso.
Por um longo momento, Lucy se esqueceu de quem era.
Ela notou seu cabelo preto profundo e sua brancura, praticamente palidez.
Suas maçãs do rosto salientes, os óculos escuros que cobriam seus olhos, a forma suave de seus lábios.
Em todos os filmes que Lucy tinha visto, em todos os livros que ela havia lido, o interesse amoroso era enlouquecedoramente bonito – exceto por aquela única pequena falha.
Os traços femininos, o charmoso cabelo comprido um pouco acima dos ombros, a bela pinta um pouco abaixo de sua boca rosada.
Ela sabia por que – se o herói fosse imaculado demais, havia o risco dele ser inacessível.
Mas acessível ou não, Lucy sempre teve um fraco pelos sublimemente bonitos. Como esse cara.

Ele inclinou-se contra o prédio com suas mãos cruzadas suavemente sobre seu peito.
E por um milésimo de segundo, Lucy viu uma rápida imagem dela jogada nos braços dele.
Ela sacudiu a cabeça, mas a visão permanecia tão clara que ela quase decolou em direção a ele.
Não. Isso era louco. Certo?
Mesmo numa escola cheia de malucos, Lucy estava certa de que aquele instinto era insano. Ela nem ao menos conhecia ele.
Ele estava falando com um aluno de cabelos lisos loiros e sorriso cheio de dentes.
Os dois estavam rindo forte e genuinamente – de um jeito que fez Lucy se sentir estranhamente enciumada.
Ela estava tentando lembrar qual foi a última vez que ela riu, realmente, daquele jeito.

_ Esse é Bill Kaulitz, _ Samantha disse, se inclinando e lendo sua mente. _ Eu posso dizer que ele chamou a atenção de alguma pessoa.
_ Eu também acho, - Lucy concordou, envergonhada quando ela percebeu como ela devia ter parecido para Samantha.

_ É bem, se você gosta desse tipo de coisa.
_ O que tem para não gostar? - Lucy disse, sem conseguir fazer as palavras pararem de sair.
_ O garoto ao lado dele é seu amigo, Georg - Samantha disse, apontando na direção do garoto loiro de cabelos escorridos.
_ Ele é legal. O tipo de cara que pode colocar sua mão nas coisas, 'cê sabe?
Não realmente, Lucy pensou, mordendo seu lábio.
_ Que tipo de coisas?
Samantha encolheu, usando seu canivete suíço roubado para cortar uma vertente desgastada de seu jeans preto.

_ Apenas coisas. Tipo de coisas que você-pede-e-recebe.
_ E Bill? _ Lucy perguntou. _ Qual é a história dele?
_ Oh, ela não desiste. _ Samantha riu, depois limpou a garganta.
_ Pelo que eu já ouvi, ele tinha uma banda, mas ela acabou e ele veio parar aqui, - ela disse.
_ Ele guarda bem firme sua misteriosa personalidade masculina. Pode ser simplesmente o típico babaca de reformatório.
_ Eu gosto de babacas, - Lucy disse, embora assim que as palavras saíram, ela desejou poder pegá-las de volta.
Ela era a última pessoa que deveria julgar pelas aparências.

Ela olhou de volta para Bill.
Ele tirou seus óculos e os deslizou para dentro de sua jaqueta, então, virou-se e olhou para ela.
Seu olhar apanhou o dela, e Lucy viu enquanto seus olhos alargaram-se e rapidamente se estreitaram em um olhar surpreso.
Quando o olhar de Bill capturou o dela, sua respiração ficou presa em sua garganta.

Ela percebeu que eles ainda estavam com os olhos presos quando ele relampejou um sorriso para ela.
Um jato de calor foi atirado nela e ela teve que agarrar-se ao banco para se apoiar.
Ela sentiu os lábios dela derretendo-se num sorriso de volta para ele, mas então ele levantou sua mão no ar.
E mostrou-lhe o dedo do meio.
Lucy arfou e deixou seu olhar cair.

_ O quê?_ Samantha perguntou, alheia ao que havia acontecido. _ Esquece, _ ela disse. _ Nós não temos tempo. Eu sinto o sinal.

O sinal tocou na hora, e todo o corpo estudantil começou o lento arrastar de pés para dentro do prédio.
Samantha estava segurando na mão de Lucy e declamando orientações sobre onde se encontrar com ela depois e quando.
Mas Lucy continuava cambaleando por aquele perfeito estranho ter-lhe mostrado o dedo do meio.
Seu delírio momentâneo sobre Bill sumiu. Qual era o problema daquele cara?

Logo antes dela entrar em sua primeira aula, ela ousou olhar para trás.
Seu rosto estava vazio, mas não havia dúvida - ele estava observando ela ir embora.
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeSex Dez 03, 2010 5:52 pm

A história é muito boa, com certeza.
Posta mais, mais.
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeSex Dez 03, 2010 7:34 pm

Gostei muito! Posta mais!
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeSex Dez 03, 2010 8:40 pm

Leitora nova!
Adorei a história, muito bom mesmo.
Ansiosa pelo próximo capítulo
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeSex Dez 03, 2010 9:19 pm

amei liebe Smile
esperando o próx. cap. *-*
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeDom Dez 05, 2010 10:33 pm


CAPITULO 03– PRONTA PARA SER TRANCAFIA.

Lucy tinha um pedaço de papel com seu horário imprimido, um caderno vazio pela metade que ela começava a prender na Dover em sua aula de História da Alemanha Oriental ano passado, dois lápis número dois, sua borracha favorita, e a repentina sensação ruim que Samantha podia estar certa sobre as aulas na Espada & Cruz.
O professor ainda estava para se materializar, as carteiras débeis estavam arrumadas em fileiras, e o armário de suprimentos estava com uma barreira de pilhas de caixas empoeiradas na frente dele.
O que era pior, nenhum dos outros garotos parecia notar a desarrumação.
De fato, nenhum dos outros parecia notar quem estava numa sala de aula.
Todos estavam amontoados perto das janelas, dando uma última fumada no cigarro aqui, reposicionando os alfinetes extra-largos em suas camisetas.
Só Gustav estava sentado numa carteira mesmo, talhando algo intrincado em
sua superfície com sua caneta.
Mas os outros alunos novos pareciam já ter achado seu lugar na multidão.

Tom estava com os caras que pareciam os mauricinhos da Dover em um amontoado apertado ao seu redor.
Eles deviam ter sido amigos quando ele se matriculara na Espada & Cruz da primeira vez.
Gabbie estava cumprimentando a garota de língua com piercing que estivera se
amassando com o garoto de piercing na língua do lado de fora.
Lucy se sentiu estupidamente ciumenta que não fosse ousada e bastante para fazer qualquer coisa exceto sentar-se perto do nada ameaçador Gustav.

Samantha voou sobre os outros, sussurrando coisas que Lucy não conseguia entender, como algum tipo de princesa gótica.
Quando ela passou por Tom, ele bagunçou seu cabelo recém - cortado.
_ Belo esfregão, Sam. - Ele sorriu afetadamente, enfiando um fio atrás de seu pescoço.
_ Meus cumprimentos para o seu estilista.
Samantha bateu nele.
_ Tire as mãos, Tom. O que quer dizer: Nos seus sonhos. - Ela balançou sua cabeça na direção da Lucy.
_ E pode dar seus cumprimentos para o meu novo bichinho de estimação, bem ali.

Os olhos castanhos de Tom brilharam para Lucy, que endurece.
_ Creio que darei, - ele disse, e começou a andar na direção dela.

Ele sorriu para Lucy, que estava sentada com seus tornozelos cruzados debaixo da sua carteira e suas mãos dobradas elegantemente em sua carteira fortemente grafitado.

_ Nós, alunos novos, temos que ficar juntos, - ele disse. _ Sabe o que quero dizer?
_ Mas achei que você já esteve aqui antes.
_ Não acredite em tudo que a Sam diz. - Ele olhou de volta para Samantha, que estava de pé na janela, olhando-os com suspeita.
_ Oh não, ela não disse nada sobre você, - Lucy disse rapidamente, tentando se lembrar se isso era verdade ou não.

Estava claro que Tom e Samantha não gostavam um do outro, e mesmo Lucy
sendo grata por Samantha levá-la por aí de manhã, ela não estava pronta para escolher qualquer lado ainda.

_ Eu lembro quando era um novato aqui da primeira vez. - Ele riu sozinho.
_ Minha banda tinha acabado de se separar e eu estava perdido. Eu não conhecia ninguém. Eu podia ter tido alguém sem – ele olhou para Samantha – segundas intenções para me mostrar o funcionamento.
_ O que, e você não tem segundas intenções? - Lucy disse, surpresa por ouvir um ritmo paquerador em sua voz.
Um sorriso fácil espalhou-se pelo rosto de Tom.
Ele ergueu uma sobrancelha para ela.
_ E pensar que eu não queria voltar aqui.
Lucy corou.
Tom colocou sua mão no seu bolso e puxou uma palheta verde com o numero 37 impresso.

_ Esse é o numero do meu quarto. Dê uma passada qualquer hora.
Lucy se perguntou como e quando ele imprimiu estas, mas antes que ela pudesse responder – e sabe lá o que ela responderia – Samantha bateu uma mão com força no ombro de Tom.

_ Perdão. Não fui clara? Eu vi essa primeiro.
Tom bufou. Ele olhou diretamente para Lucy enquanto dizia,

_ Viu, eu achei que ainda havia uma coisinha chamada livre arbítrio. Talvez o seu bichinho de estimação tenha um caminho próprio em mente.

Lucy abriu sua boca para alegar que é claro que ela tinha um caminho, era só o seu primeiro dia aqui e ela ainda estava desvendando o funcionamento.
Mas na hora que ela foi capaz de endireitar as palavras em sua cabeça, o sinal de alerta de minuto tocou e a pequena reunião na carteira da Lucy dissolveu-se.
Os outros garotos prenderam suas carteiras ao redor dela, e logo parou de ser tão notável que Lucy sentou-se formalmente em sua carteira, mantendo seus olhos na porta. Ficando de olho em Bill.
De canto de olho, ela conseguia ver Tom roubando olhadelas para ela.
Ela se sentiu lisonjeada – e nervosa, então frustrada consigo mesma.
Bill? Tom?
Ela estava nessa escola a o que, quarenta e cinco minutos? – e sua mente já estava balançada por dois caras diferentes.
A razão principal por ela estar nessa escola era porque da última vez que ela ficara interessada num cara, as coisas tinham ficado horrível, horrivelmente ruins. Ela não podia se permitir ficar toda enamorada (duplamente!) em seu primeiríssimo dia de aula..
Ela olhou para Tom, que piscou novamente para ela, então mexeu em seu piercing.
Tirando a chocante beleza – é, tá certo – ele realmente parecia uma pessoa útil a se conhecer.

Como ela, ele ainda estava se ajustando ao cenário, mas claramente já tinha passado pelas quadras da Espada & Cruz algumas vezes antes.
E ele era legal com ela. Ela pensou na palheta verde com o número do seu quarto, esperando que ele não as desse livremente.
Eles podiam ser... amigos.
Talvez isso fosse tudo que ela precisasse; Talvez então ela pudesse parar de se sentir tão obviamente fora de lugar na Espada & Cruz.
Talvez então ela fosse capaz de perdoar o fato que a única janela na sala de aula fosse do tamanho de uma carta de negócios, endurecida, e olhar para fora para o massivo mausoléu no cemitério.
Talvez então ela fosse capaz de esquecer o odor de peróxido de fazer o nariz coçar emanando da garota punk com cabelo loiro de água-oxigenada sentada na frente dela.
Talvez então ela realmente pudesse prestar atenção ao professor severo e bigodudo que marchou para a sala de aula, comandou que a turma endireitasse e sentasse, e fechou a porta firmemente.
O menor dos beliscões de decepção cutucou seu coração. Ela levou um momento para rastrear de onde tinha vindo.
Até o professor fechar a porta, ela tivera uma mínima esperança que Bill estivesse em sua primeira aula também.
O que ela tinha na próxima aula, francês?
Ela olhou para seu horário para checar em que sala era.
Bem então, um papel de avião deslizou por seu horário, errou sua carteira e caiu no chão perto de sua bolsa.
Ela checou para ver se alguém tinha notado, mas o professor estava ocupado acabando com um pedaço de giz enquanto escrevia algo no quadro.

Lucy olhou nervosamente para sua esquerda. Quando Tom olhou para ela, ele lhe deu uma piscadela e um acenozinho flertante que fez com que seu corpo todo ficasse tenso.
Mas ele não parecia ter visto ou ser responsável pelo avião de papel.
“Psiiiiu,” veio o baixo sussurro atrás dele. Era Samantha, que fez um movimento com seu queixo para que Lucy pegasse o avião de papel.
Lucy se abaixou para apanhá-lo e viu seu nome escrito em pequenas letras pretas na asa. Seu primeiro bilhete!

"Já está procurando pela saída?
Não é um bom sinal.
Estamos nesse inferno até o almoço."

Isso tinha que ser uma piada.
Lucy checou novamente seu horário e percebeu com horror que todas as suas três aulas eram nessa mesma sala 1 – e todas as três seriam lecionadas pelo mesmo Sr. Cole.
Ele tinha se desprendido do quadro-negro e estava atravessando sonolentamente a sala.
Não houve introdução para os novatos – e Lucy não conseguia decidir se estava ou não feliz por isso.
O Sr. Cole meramente jogou um roteiro de estudos em cada carteira dos quatro novos estudantes.
Quando o pacote grampeado pousou na frente de Lucy, ela se inclinou para frente, ansiosa para olhar.
História do Mundo, lia-se. Logrando a Ruína da Humanidade.
Hmmm, história sempre fora sua melhor matéria, mas logrando a ruína?
Um olhar mais apurado do roteiro de estudo foi tudo que precisou para Lucy ver que Samantha estava certa sobre ser um inferno: uma cara de leitura impossível, TESTE em letras garrafais e em negrito todo terceiro período, e um trabalho de trinta paginas sobre – sério? – o tirano fracassado de sua escolha.
Parênteses grosso e negros tinham sido desenhados com uma caneta preta para retroprojetor ao redor das tarefas que Lucy tinha perdido durante as primeiras semanas.

Nas margens, o Sr. Cole tinha escrito Venha me ver para uma Pesquisa Substituta.
Se houvesse um método efetivo de sugar a alma, Lucy estava assustada de descobrir.
Pelo menos ela tinha Samantha sentada ali atrás na próxima fila.
Lucy estava feliz por já ter sido estabelecido e precedente por passar notas de emergência. Ela e Kate costumavam mandar mensagens uma para a outra furtivamente, mas para sobreviver aqui, Lucy definitivamente teria que aprender a fazer um avião de papel.
Ela arrancou uma folha de seu caderno e tentou usar o da Samantha como modelo.

Após alguns minutos desafiadores fazendo origami, outro avião pousou em sua carteira.
Ela olhou de volta para Samantha, que balançou sua cabeça e girou os olhos de um modo você-tem-tanto-a-aprender.
Lucy desculpou-se dando de ombros e girou-se de volta para abrir o segundo bilhete:

"Ah, e até que esteja confiante na sua mira, é melhor não mandar qualquer mensagem relacionada ao Bill na minha direção. O cara atrás de você é famoso no campo de futebol americano por suas intercepções."

Bom saber. Ela nem ao menos tinha visto Georg, amigo de Bill, chegar por trás dela.
Agora ela se virava bem lentamente em seu assento, até vislumbrar seus cabelos lisos de canto de olho.
Ela ousou dar uma espiada no caderno aberto na carteira dele e captou seu nome todo. Georg Moritz Hagen Listing.

_ Nada de passar bilhetes, - o Sr. Cole disse severamente, fazendo com que Lucy virasse com tudo sua cabeça para prestar atenção.
_ Nada de plagiar, e nada de olhar para os trabalhos dos outros. Eu não fiz faculdade só para receber a atenção parcial de vocês.
Lucy assentiu em uníssono com os outros garotos estupefatos bem quando um terceiro avião de papel deslizou até parar no meio de sua carteira.

"Só mais 172 minutos!"
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giovana_caxias

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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeSeg Dez 06, 2010 12:35 am

Tô amando sua fic!
Você precisa postar mais! Very Happy
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeTer Dez 07, 2010 1:44 pm

CAPITULO QUATRO – BOLO DE CARNE!

Cento e setenta e três minutos torturantes mais tarde, Samantha guiava Lucy para a lanchonete.

_ Que cê acha? ela perguntou.
_ Você estava certa, - Lucy disse entorpecidamente, ainda se recuperando do quanto suas três primeiras horas de aula tinham sido sombrias.
_ Por que alguém lecionaria uma matéria tão deprimente?
_ Ah, o Cole já amolece. Ele coloca sua cara de nada-de-besteira toda vez que tem aluno novo.
De qualquer jeito, _ Samantha disse, cutucando Lucy, _ podia ter ficado com a Srta. Izabel.

Lucy olhou seu horário.
_ Eu estou com ela em biologia na parte da tarde, - ela disse com uma sensação de afundamento em seu estômago.
Enquanto Samantha cuspia uma gargalhada, Lucy sentiu um encontrão em seu ombro.
Era Tom,passando por elas no corredor a caminho do almoço.
Lucy teria caído estatelada se não fosse pela mão dele esticando-se para firmá-la.

_ Calma aí. - Ele lançou-lhe um rápido sorriso, e ela se perguntou se ele tinha trombado nela intencionalmente.
Mas ele não parecia tão juvenil assim.
Lucy olhou para Samantha para ver se ela tinha notado algo.
Samantha levantou suas sobrancelhas, quase convidando Lucy a falar, mas nenhuma delas disse coisa alguma.
Quando eles cruzaram as janelas interiores poeirentas separando o gélido corredor da lanchonete ainda mais gélida, Samantha tomou o braço de Lucy.

_ Evite o bife de frango frito a qualquer custo, - ela instruiu enquanto seguiam a multidão para o turvo refeitório.
_ A pizza é boa, o macarrão é bom, e o hambúrgueres na verdade não é ruim. Você gosta de bolo de carne?
_ Sou vegetariana, - Lucy disse.
Ela estava olhando pelas carteiras, procurando por duas pessoas em particular. Bill e Tom.
Ela simplesmente se sentiria mais a vontade se ela soubesse onde eles estavam, para que pudesse continuar seu almoço fingindo que não tinha visto nenhum dos dois.
Mas até agora, nada...

_ Vegetariana, hein? _ Samantha franziu seus lábios. _ Pais hippies ou sua própria tentativa miserável de rebelião?
_ Hãn, nenhum dos dois, eu simplesmente não–
_ Gosta de carne? - Samantha girou os ombros de Lucy noventa graus, para que ela olhasse diretamente para Bill, sentado em uma carteira do outro lado do cômodo.
Lucy soltou uma longa exalação.
Ali estava ele.

_ Agora, isso vale para qualquer carne? _ Samantha cantarolou altamente. _ Tipo, você não afundaria seus dentes nele?

Lucy bateu com força em Samantha e arrastou-a na direção da fila do almoço.
Samantha estava se matando de rir, mas Lucy sabia que ela estava corando violentamente, o que seria dolorosamente óbvio nessa iluminação fluorescente.

_ Cala a boca, ele te ouviu, - ela sussurrou.
Parte de Lucy se sentia feliz por estar brincando sobre garotos com uma amiga. Supondo que Samantha fosse sua amiga.
Ela ainda se sentia desapegada pelo que tinha acontecido essa manhã quando ela vira Bill.
Aquela atração na direção dele – ela ainda não entendia de onde viera, e ainda assim, aqui estava ela de novo.
Ela se forçou a afastar seus olhos dos olhos carregados de maquiagem dele, da linha suave de sua mandíbula. Ela se recusava a ser pega encarando.
Ela não queria dar-lhe qualquer razão para lhe mostrar o dedo do meio pela segunda vez.

Lucy olhou para o outro lado da carteira, para o amigo de Bill, Georg. Ele estava olhando diretamente para ela.
Quando ele capturou seu olhar, ele agitou suas sobrancelhas de um jeito que Lucy não conseguia entender, mas que ainda a assustava um pouquinho.
Lucy se voltou para Samantha.

_ Por que todos nessa escola são tão esquisitos?
_ Vou escolher não me ofender com isso, _ Samantha disse, pegando uma bandeja de plástico e dando uma para Lucy.
_ E eu vou seguir explicando a fina arte de selecionar um assento na lanchonete. Veja, você nunca vai querer se sentar perto de – Lucy, cuidado!

Tudo que Lucy fez foi dar um passo pra trás, mas assim que ela o fez, ela sentiu o duro empurrão de duas mãos em seus ombros.
Imediatamente, ela sabia que iria cair.
Ela apalpou à sua frente por apoio, mas tudo que suas mãos encontraram foi a bandeja de almoço cheia de outra pessoa.
O negócio todo caiu junto com ela.
Ela pousou com uma pancada no chão da lanchonete, um prato cheio de macarrão em sua cara.
Quando ela limpou beterrabas esmagadas o bastante para que seus olhos vissem, Lucy olhou para cima.

A fadinha mais brava que ela já tinha visto estava parada sobre ela. A garota tinha cabelo oxigenado espetado, uma maquiagem estranha e um olhar mortal.
Ela arreganhou seus dentes para Lucy e sibilou,

_ Se a sua visão não tivesse arruinado meu apetite, eu faria você me comprar outro almoço.

Lucy gaguejou uma desculpa.
Ela tentou se levantar, mas a garota bateu o salto de sua bota preta de salto agulha no pé de Lucy.
Dor subiu por sua perna, e ela teve que morder seu lábio para não gritar.

_ Por que eu simplesmente não deixo pra próxima? - a garota disse.
_ Já chega, Molly, - Samantha disse friamente.
Ela se abaixou para ajudar Lucy a ficar de pé.
Lucy recuou.
O salto agulha definitivamente iria deixar uma marca.
Molly esquadrinhou seus quadris para encarar Samantha, e Lucy teve o pressentimento de que essa não era a primeira vez que elas trocavam faíscas.

_ Amizade rápida com a novata, eu vejo, _ Molly grunhiu. _ Esse é um comportamento realmente ruim, Ah. Você não deveria estar em condicional?

Lucy engoliu em seco.
Samantha não tinha mencionado nada sobre condicional, e não fazia sentido
que isso a proibiria de fazer novos amigos.
Mas a palavra fora o bastante para fazer Samantha fechar seu punho e mandar um gordo soco que acabou no olho direito de Molly.
Molly cambaleou para trás, mas foi Samantha quem chamou a atenção de Molly. Ela começou a ter convulsão, seus braços para cima e sacudindo no ar.
Era a pulseira, Lucy percebeu com horror.
Estava enviando algum tipo de choque pelo corpo de Samantha.
Inacreditável.
Essa era uma punição cruel e incomum, com certeza. O estômago de Lucy
revirou enquanto ela observava todo o corpo estudantil trepidar.
Ela se esticou para pegar Samantha bem quando ela afundava no chão.

_ Sam, _ Lucy sussurrou. _ Você está bem?
_ Ótima. - Os olhos negros de Samantha abriram-se vacilantemente, então se fecharam.
Lucy arfou. Então um dos olhos da Samantha abriu de volta.
_ Te assustei, não foi? Ai, que fofo. Não se preocupe, os choques não vão me matar, _ ela sussurrou. _ Eles só me tornam mais fortes. De qualquer jeito, valeu a pena para dar um olho preto praquela vaca, sabe?
_ Certo, afastem-se. Afastem-se, - uma voz rouca rugiu atrás deles.

Randy estava parada na entrada, o rosto vermelho e respirando violentamente. Era um pouco tarde demais para afastar qualquer coisa, Lucy pensou, mas então Molly estava inclinando-se na direção delas, seus saltos agulha fazendo um som seco no chão.
A garota não tinha vergonha.
Ela realmente iria dar uma surra na Samantha com Randy parada bem ali?
Felizmente, os braços fortes de Randy fecharam-se ao redor dela primeiro.
Molly tentou chutar para se libertar e começou a gritar.

_ É melhor alguém começar a falar, _ Randy latiu, apertando Molly até ela ficar frouxa.
_ Pensando melhor, todas as três apresentem-se para a detenção amanhã de manhã. Cemitério. Ao raiar do dia! _ Randy olhou para Molly. _ Já se acalmou?

Molly assentiu rigidamente, e Randy soltou-a.
Ela se abaixou para onde Samantha ainda estava deitada no colo de Lucy, seus braços cruzados sobre seu peito.
De primeira, Lucy achou que Samantha estava de mal-humor, como um cachorro bravo com um enforcador, mas então Lucy sentiu um pequeno choque do corpo de Samantha e percebeu que a garota ainda estava à mercê da pulseira.

_ Vamos, _ Randy disse, mais suavemente. _ Vamos te desligar.
Ela estendeu sua mão para Samantha e ajudou a puxar seu minúsculo corpo trêmulo, virando-se somente uma vez na entrada para repetir ordens para Lucy e Molly.

_ Raiar do dia!
_ Estou ansiosa por isso, - Molly disse docemente, abaixando-se para pegar o prato de bolo de carne que tinha deslizado de sua bandeja.
Ela balançou-o sobre a cabeça da Lucy por um segundo, então virou o prato de ponta-cabeça e amassou a comida em seu cabelo.
Lucy conseguia ouvir o esguicho de sua própria mortificação enquanto toda a Espada & Cruz teve uma visão da novata coberta por bolo de carne.

_ Impagável, - Molly disse, puxando a menor das câmeras prateada de um bolso traseiro em sua calça jeans.
_ Diga... bolo de carne, _ ela cantou, tirando algumas fotos de rosto. _ Ficarão ótimas no meu blog.”
_ Belo chapéu, - alguém zombou do outro lado da lanchonete.

Então, com trepidação, Lucy voltou seus olhos para Bill, rezando para que de algum modo ele tivesse perdido a cena toda.
Mas não.
Ele estava balançando sua cabeça. Ele parecia chateado.
Até aquele momento, Lucy pensava que tinha uma chance de se levantar e simplesmente chacoalhar o incidente – literalmente. Mas vendo a reação do Bill – bem, finalmente a fez entender.
Ela não choraria na frente de qualquer uma daquelas pessoas horríveis.
Ela engoliu duramente, levantou-se, e se mandou.
E se apressou na direção da porta mais próxima, ansiosa por sentir um ar frio em seu rosto.

Ao invés, a umidade de setembro encobriu-a, sufocando-a, assim que ela saiu.
O céu tinha aquela cor de nada, um marrom acinzentado tão opressivamente brando que era até mesmo difícil achar o sol.
Lucy diminuiu, mas foi até a beirada do estacionamento antes de parar completamente.
Ela ansiava ver seu velho carro demolido ali, afundar no assento de pano esfiapado, acelerar o motor, ligar o som, e dar o fora desse maldito lugar.
Mas enquanto ficava parada na quente calçada preta, a realidade assentou:
Ela estava presa aqui, e um par de portões elevados de metal separavam-na do mundo fora da Espada & Cruz.
Além do mais, mesmo que ela tivesse saída... para onde ela iria?

A sensação doentia em seu estômago lhe dizia tudo que ela precisava saber.
Ela já estava no fundo do poço, e as coisas estavam ficando bem sombrias.
Era tão deprimente quanto era verdade: a Espada & Cruz era tudo o que ela tinha.
Ela deixou seu rosto cair em suas mãos, sabendo que tinha que voltar.
Mas quando ela ergueu sua cabeça, o resíduo em suas palmas a lembrou que ela ainda estava encoberta pelo bolo de carne da Molly.
Eca.

Primeira parada, o banheiro mais próximo.
De volta lá dentro, Lucy entrou no banheiro das garotas bem quando a porta estava abrindo.
Gabbie, que parecia ainda mais loira e perfeita agora que Lucy parecia que tinha dado um mergulho no lixão, passou por ela se espremendo.

_ Oopa, licença, querida, - ela disse. Sua voz era doce, mas seu rosto se enrugou ao ver Lucy.
_ Ai céus, você está horrível. O que aconteceu?

O que aconteceu? Como se a escola toda já não soubesse. Essa garota provavelmente estava se fazendo de burra para que Lucy revivesse toda a cena mortificante.

_ Espere cinco minutos, _ Lucy replicou, com mais aspereza em sua voz do que pretendia.
_ Tenho certeza que fofoca se espalha como a praga aqui.
_ Quer a minha base emprestada? _ Gabbie perguntou, oferecendo um estojo de maquiagem azul-pastel. _ Você não se viu ainda, mas você vai –“
_ Obrigada, mas não. - Lucy a cortou, entrando no banheiro.
Sem se olhar no espelho, ela ligou a torneira.

Ela jogou água gelada em seu rosto e finalmente soltou tudo.
Lágrimas escorrendo, ela apertou o ministrador de sabonete e tentou usar um pouco do sabonete barato rosa empoado para tirar o bolo de carne.
Mas ainda havia o problema do cabelo. E suas roupas definitivamente já
tinham parecido e cheirado melhor.
Não que ela precisasse mais se preocupar em causar uma boa impressão.
A porta do banheiro se abriu e Lucy esbarrou contra a parede como um animal enjaulado.
Quando uma estranha entrou, Lucy endureceu e esperou pelo pior.
A garota tinha uma estrutura corporal fina mas, acentuada por uma quantidade anormal de camadas de roupa.
Seu rosto redondo era cercado por cabelo preto liso, e seu óculos roxo claro balançou quando ela fungou.
Ela parecia bastante modesta, mas também, aparências enganam.
Suas duas mãos estavam colocadas atrás de suas costas de um jeito que, depois do dia que Lucy tinha tido, ela simplesmente não podia confiar.

_ Sabe, você não devia estar aqui sem um passe, - a garota disse. Seu tom parecia ser sério.
_ Eu sei.
O olhar nos olhos dessa garota confirmou a suspeita de Lucy de que era absolutamente impossível fazer uma pausa nesse lugar.
Ela começou a suspirar em rendição.
_ Eu só–
_ Estou brincando. - A garota riu, girando seus olhos e relaxando sua postura.
_ Eu peguei shampoo do vestiário para você, _ ela disse, trazendo suas mãos para frente para mostrar duas embalagens plásticas de shampoo e condicionador de aparência inocente.
_ Vamos, _ ela disse, puxando uma cadeira de dobrar gasta. _ Vamos te limpar. Sente aqui.

Um barulho parcialmente de lástima e parcialmente de risada que ela nunca havia feito antes escapou dos lábios de Lucy.
Soava, ela achava, como alívio.
A garota realmente estava sendo legal com ela – não só legal do tipo colégio reformatório, mas legal do tipo pessoa normal!
Por razão alguma. O choque disso era quase grande demais para Lucy aguentar.

_ Obrigada? - Lucy conseguia dizer, ainda se sentindo um pouco cautelosa.
_ Ah, e você provavelmente precisa de uma muda de roupas, _ a garota disse, olhando para seu suéter preto e puxando-o sobre sua cabeça para expôr um suéter preto idêntico abaixo.
Quando ela viu o olhar de surpresa no rosto de Lucy, ela disse,
_ O quê? Eu tenho um sistema imunológico hostil. Eu tenho que usar muitas camadas.”
_ Ah, bem, você ficará bem sem essa? - Lucy se forçou a perguntar, mesmo ela fazendo quase tudo agora para tirar a capa de carne que estava usando.
_ É claro, _ a garota disse, dispensando-a. _ Tenho mais três debaixo dessa. E mais algumas no meu armário. Fique a vontade. Me machuca ver uma vegetariana coberta de carne. Sou muito empática.”
Lucy se perguntou como essa estranha conhecia suas preferências alimentícias, mas mais que isso, ela tinha que perguntar:
_ Hm, por que você está sendo tão legal?
A garota riu, suspirou, então balançou sua cabeça.
_ Nem todos na Espada & Cruz são vadias ou atletas.

_ Hein? - Lucy disse.
_ Espada & Cruz... Vadias e Atletas. Um péssimo apelido da cidade para essa escola. Obviamente não há nenhum atleta aqui. Eu não irei oprimir os seus ouvidos com alguns dos apelidos mais rudes que bolaram.”
Lucy riu.
_ O que eu quero dizer é que, nem todos aqui são uns completos babacas.
_ Só a maioria?
Lucy perguntou, odiando ela já soar tão negativa.

Mas fora uma manhã tão longa, e ela já tinha passado por tanto, e talvez essa garota não a julgasse por um ser um tantinho irritada.
Para sua surpresa, a garota sorriu.

_ Exatamente. E eles certamente dão ao resto de nós uma má reputação.
Ela estendeu sua mão.
_ Sou Pennywise Van Syckle-Lockwood. Pode me chamar de Penny.
_ Entendi, - Lucy disse, ainda irritada demais para perceber que, em uma vida passada, ela poderia ter encoberto uma risada por causa do nome dessa garota.
Mas também, havia algo digno de confiança em uma garota com um nome como esse que conseguia se apresentar com uma cara séria.

_ Sou Lucinda Price.
_ E todos te chamam de Lucy, _ Penny disse. _ E você se transferiu da Dover Prep, em Hamburg.
_ Como sabe disso?
Lucy perguntou lentamente.
_ Palpite de sorte? _ Penny deu de ombros. _ Estou brincando, eu li seu arquivo, dãh. É um passatempo.

Luce encarou-a sem expressão.
Talvez ela tenha sido precipitada demais com aquele julgamento de ser confiável. Como Penny poderia ter tido acesso ao seu arquivo?
Penny tomou conta de ligar a água. Quando ficou quente, ela fez um movimento para Lucy abaixar sua cabeça na pia.

_ Veja, o negócio é que, _ ela explicou, _ eu não sou realmente louca.
Ela puxou Lucy por sua cabeça molhada. _ Sem ofensa. _ Então a abaixou de volta.
_ Sou a única nesse colégio sem um mandado de corte. E você pode achar que não, mas ser legalmente sã tem suas vantagens. Por exemplo, eu sou a única em que confiam para ser ajudante no escritório. O que é idiotice deles. Tenho acesso a todo tipo de porcaria confidencial.
_ Mas se você não tem que estar aqui–
_ Quando o seu pai é o caseiro do colégio, eles meio que tem que deixar você frequentá-lo de graça. Então... Penny dissipou.

O pai de Penny era o caseiro? Pela visão do lugar, não tinha nem passado pela mente de Lucy que eles ao menos tinham um caseiro.

_ Eu sei o que está pensando, _ Penny disse, ajudando Lucy a limpar o fim de molho de carne de seu cabelo.
_ Que o lugar não é exatamente bem mantido?
_ Não, - Lucy mentiu.
Ela estava ansiosa a ficar de bem com essa garota, e queria mandar vibrações de seja-minha-amiga muito mais do que queria parecer que realmente se importava se aparavam a grama da Espada & Cruz frequentemente.
_ É, hm, bem bonito.
_ Papai morreu há dois anos, _ Penny disse silenciosamente.
_ Eles até colocaram o velho decadente Diretor Bob como meu guardião legal, mas, hãn, eles nunca realmente contrataram um substituo para o papai.
_ Sinto muito, _ Lucy disse, abaixando sua voz, também.

_ Tudo bem, _ Penny disse, espremendo condicionador em sua palma.
_ É na verdade um colégio realmente bom. Eu gosto bastante daqui.
Agora a cabeça de Lucy se levantou com tudo, mandando respingo de água pelo banheiro.
_ Tem certeza de que não é louca? - ela provocou.
_ Estou brincando. Odeio aqui. É uma porcaria total.
_ Mas você não consegue se forçar a ir embora, _ Lucy disse, inclinando sua cabeça, curiosa.
Penny mordeu seu lábio.
_ Eu sei que é mórbido, mas mesmo que eu não estivesse presa ao Bob, eu não conseguiria. Meu pai está aqui.
Ela gesticulou na direção do cemitério, invisível daqui.
_ Ele é tudo que eu tenho.
_ Então suponho que você tem mais do que outras pessoas nesse colégio, _ Lucy disse, pensando em Samantha.

Sua mente voltou para o jeito como Samantha tinha agarrado sua mão na quadra hoje, o olhar ansioso em seus olhos azuis quando ela fez Lucy prometer que iria passar no seu quarto no dormitório hoje à noite.

_ Ela vai ficar bem, _ Penny disse.
_ Não seria segunda-feira se Samantha não fosse carregada para a enfermaria após um ataque.
_ Mas não foi um ataque, - Lucy disse. _ Foi aquela pulseira. Eu a vi. Estava dando choques nela.
_ Nós temos uma definição muito ampla do que caracteriza um ‘ataque’ aqui na Espada & Cruz.
Sua nova inimiga, Molly? Ela já deu ataques legendários. Eles ficam dizendo que vão mudar a medicação dela. Com sorte você terá o prazer de testemunhar pelo menos um bom surto antes que ele mudem.

A inteligência de Penny era bastante notável.
Passou pela cabeça de Lucy perguntar qual era a história do Bill, mas a complicada intensidade de seu interesse nele era provavelmente melhor mantida a uma base de necessidade.
Pelo menos até que ela mesmo conseguisse entender.

Ela sentiu as mãos de Penny torcendo água de seu cabelo.
_ Essa foi a última, _ Penny disse. _ Acho que você está finalmente livre de carne.
Lucy olhou para o espelho e correu suas mãos por seu cabelo.
Penny estava certa.
Exceto pela cicatriz emocional e a dor em seu pé direito, não havia evidência de seu rolo na lanchonete com Molly.

_ Só fico feliz por você ter cabelo curto, - Penny disse.
_ Se ainda fosse comprido como era na foto no seu arquivo, essa teria sido uma operação bem mais comprida.
Lucy olhou embasbacada para ela.
_ Vou ter que ficar de olho em você, não vou?
Penny enlaçou seu braço no de Lucy e guiou-a para fora do banheiro.
_ Só fique de bem comigo e ninguém se machucará.
Lucy mandou a Penny um olhar preocupado, mas o rosto de Penny não demonstrava nada.
_ Você está brincando, certo? - Lucy perguntou.
Penny sorriu, repentinamente feliz.
_ Vamos, temos que ir para aula. Não está feliz por termos o mesmo horário de tarde?
Lucy riu.
_Quando você vai parar de saber tudo sobre mim?
_ Não no futuro próximo, _ Penny disse, empurrando-a pelo corredor e de volta na direção das salas de aula de bloco de cimento.
_ Você logo aprenderá a amar isso, eu prometo. Sou uma amiga muito poderosa a se ter.
_______________________________________________________________________________________________________
E ai? Continuo?
Comentem ^^,

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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeTer Dez 07, 2010 5:04 pm

Continua sim eu tô gostando!
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeTer Dez 07, 2010 7:28 pm

atrasada! Razz

muito bom essa fic,
minha cabeça se encheu de perguntas em relação a Penny, achei ela um pouco estranha, mas gostei.

mais...
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 08, 2010 12:42 pm

CAPITULO 05 - ATRAINDO ESCURIDÃO

Lucy serpenteou pelo frio e úmido corredor do dormitório em direção ao seu quarto, arrastando a sua mochila vermelha com a alça partida em sua trilha.
As paredes eram da cor de um quadro negro poeirento – e todo o lugar era estranhamente quieto, salvo pelo maçante zumbido das lâmpadas fluorescentes suspensas no teto recuado manchado por gotas de água.
Principalmente, Lucy estava surpresa em ver tantas portas fechadas.
Lá em Dover, ela sempre quis mais privacidade, um tempo das festas no corredor do dormitório que duravam horas.
Você não podia caminhar para o seu quarto sem se deparar com uma reunião de garotas sentando de pernas cruzadas em jeans iguais, ou um casal de lábios grudados pressionado contra a parede.
Mas na Espada & Cruz... bem, ou todo mundo já havia começado os seus artigos de trinta páginas... ou então a socialização aqui era mais do tipo atrás-das-portas.
Falando nisso, as portas fechadas era um sinal a ser notado.
Se os alunos da Espada & Cruz eram cheios de recursos com as violações do código de vestimentas, eles eram completamente engenhosos quando o assunto era personalizar seus espaços.

Lucy já havia caminhado por uma porta moldurada por uma cortina, e uma outra com um tapete de detecção de movimento que a encorajava a "dar o fora dali" quando ela passou por ele.
Ela parou na única porta em branco do prédio.
Quarto 63. Lar, amargo lar.
Ela tateou em seu bolso a procura de suas chaves no bolso da sua mochila, respirou profundamente e abriu a porta da sua cela.
Exceto que não era terrível. Ou talvez não fosse tão terrível como ela imaginava.
Havia uma janela de um tamanho decente que se abria para deixar entrar um ar noturno menos sufocante.
E além das barras de metal, a vista da porção da luz da lua era na verdade algo interessante, se ela não pensasse muito sobre o cemitério que ficava embaixo dela.
Ela tinha um closet e uma pequena pia, uma mesa para fazer seus trabalhos – pensando nisso, a coisa mais triste no quarto foi o vislumbre que Lucy capturou de si mesma no espelho de corpo inteiro atrás da porta.

Ela rapidamente desviou a visão, sabendo bem demais o que ela ia encontrar em seu reflexo. Seu rosto parecendo apertado e sonolento.
Seus olhos castanhos salpicados com estresse.
Seu cabelo como o pêlo do poodle Fifi histérico da sua família após uma tempestade.
O suéter de Penny caía nela como um pano de saco.
Ela estava tremendo.
Suas aulas da tarde não haviam sido melhores do que as da manhã, devido principalmente ao fato de seu maior medo ter se tornado realidade:
Toda a escola já havia começado a chamá-la de Bolo de Carne.
E infelizmente, muito como seu homônimo, o apelido parecia que ia grudar.

Ela queria desfazer as malas, transformar o genérico quarto 63 em seu próprio lugar, para onde ela podia ir quando precisava fugir e se sentir bem.
Mas ela somente conseguiu abrir o zíper da sua mochila antes de entrar em colapso na cama descoberta, derrotada.
Ela se sentia tão longe de casa. Só levava vinte e dois minutos de carro para sair das dobradiças soltas da porta traseira caiada da sua casa para os portões de ferro forjado enferrujado da Espada & Cruz, mas poderia muito bem levar vinte e dois anos.
Pela primeira metade da silenciosa viagem com seus pais essa manhã, a vizinhança parecera praticamente a mesma: subúrbio de classe média adormecido.
Mas então a rua foi sobre a marginal em direção à praia, e o terreno ficou mais e mais alagadiço.
Um aumento de árvores marcava a entrada na terra úmida, mas logo até essas diminuíram. Os últimos dezesseis quilômetros até a Espada & Cruz foram sombrios.
Castanho acinzentado, inexpressivo, abandonado. Lá em casa, Magdeburgo, as pessoas da cidade sempre brincavam sobre o estranho, memorável e embolorado fedor por aqui:
Você sabia que estava nos pântanos quando o seu carro começava a feder a lama.

Mesmo Lucy tendo crescido em Magdeburgo, ela não estava familiarizada com a parte mais oriental do condado.
Quando criança, ela sempre simplesmente presumira que era por nunca ter
razão para vir aqui – todas as escolas, lojas, e todos que sua família conhecia estavam do lado oeste.
O lado leste era simplesmente menos desenvolvido. Só isso.
Ela sentia falta dos seus pais, que grudaram um Pôster na primeira camisa da mala – Nós te amamos! Os Price nunca quebram.
Ela sentia saudade do seu quarto, que tinha vista para a plantação de tomates do seu pai.
Ela sentia saudade de Kate, que devia ter certamente mandando umas dez mensagens que nunca serão vistas.

Lucy virou-se e enterrou seu rosto na curva do seu braço. Ela passou meses em reabilitação, por sua má conduta e seu consumo de bebidas e drogas, que a levou a uma depressão profunda, procurando pelo desfecho de seu sofrimento, um suicídio, mau sucedido.
Deitada nesse quarto estranho, com as barras de metal cavando em sua pele
através do fino colchão, ela sentiu a egoísta futilidade disso tudo. Ela não teria motivos o suficiente para tentar tal atrocidade, apenas pensou que o mundo seria melhor sem ela.

Uma batida em sua porta fez Lucy pular da cama.
Como alguém poderia saber como encontrá-la aqui?
Ela andou nas pontas dos pés até a porta e a puxou até abrir. Então ela colocou a sua cabeça no vazio corredor.
Ela não havia nem ao menos ouvido passos ali fora, e não havia sinal de alguém ter acabado de bater.
Exceto pelo avião de papel preso com um alfinete com uma tacha de latão no centro do quadro ao lado de sua porta.
Lucy sorriu ao ver seu nome escrito em caneta preto ao longo da asa, mas
quando ela desdobrou o bilhete, tudo que estava escrito dento era uma seta negra apontando diretamente para o corredor.

Samantha havia convidado-a para essa noite, mas isso havia sido antes do incidente com Molly na cafeteria.
Olhando para o corredor vazio, Lucy questionou-se sobre seguir a seta enigmática.
Então ela olhou sobre o seu ombro para a sua gigante bolsa de pano duro, sua festa de auto-piedade a aguardando para ser desfeita.
Ela deu de ombros, fechou a porta, colocou a chave do seu quarto em seu bolso, e começou a caminhar.
Ela parou em frente a uma porta do outro lado do corredor para checar um pôster gigante dos Kings Of Leons, uma banda de pop/rock que ela sabia, pela coleção arranhada de cds de seu amigo.
Ela se inclinou para frente para ler o nome no quadro e percebeu com surpresa que estava em frente a porta do quarto de Georg.
Imediatamente, irritantemente, havia uma pequena parte do seu cérebro que começou a calcular as chances de que Georg podia estar passando o tempo com Bill, com apenas uma fina porta os separando de Lucy.

Um zumbido mecânico fez Lucy pular.
Ela olhou diretamente para uma câmera de vigilância pregada acima da porta de Georg.
Os vermelhos.
Dando zoom em cada um dos seus movimentos.
Ela se encolheu, embaraçada por razões que nenhuma câmera seria capaz de
discernir.
De todo modo, ela tinha vindo aqui para ver Samantha – cujo quarto, ela percebeu, pelo jeito era do outro lado do corredor em frente ao quarto de Georg.

Em frente ao quarto da Samantha, Lucy sentiu uma pequena pontada de doçura. Toda a porta estava lotada por adesivos - uns impressos, outros obviamente caseiros.
Havia tantos que eles se sobrepunham, cada slogan semi cobrindo e geralmente contradizendo o que o de cima dizia.
Lucy riu baixinho imaginando Samantha coletando adesivos indiscriminadamente

(PESSOAS MÁS SÃO DEMAIS... MINHA FILHA É UMA ESTUDANDO NOTA ZERO NA ESPADA & CRUZ... VOTE NÃO NA PROPOSIÇÃO 666) e então colando-os com um foco casual – mas compromissado – em seu território.

Lucy podia ter ficado entretida por uma hora lendo a porta de Samantha, mas logo ela se sentiu consciente de que estava em frente a um quarto de dormitório que ela estava somente meia certa de que havia sido convidada.
Então ela viu um segundo avião de papel. Ela tirou-o do quadro e desdobrou a mensagem:

"Minha Querida Lucy, Se você realmente apareceu para sairmos hoje à noite, parabéns! Nós vamos nos dar tããão bem!
Se você me deu um bolo, então... tire as suas garras da minha carta privada, GEORG! Quantas vezes eu tenho que te dizer isso? Jesus.
De qualquer modo: eu sei que disse pra você passar aqui essa noite, mas eu tive que correr da estação de descanço e recuperação na enfermaria (a cereja em cima do bolo do meu tratamento de arma de choque hoje) para fazer uma revisão de biologia com a Srt. Izabel Ou seja, fica pra próxima?
Sua psicoticamente, Sam."

Lucy ficou com a carta nas mãos, incerta sobre o que fazer a seguir.
Ela estava aliviada por Samantha estar sendo cuidada, mas ela ainda desejava poder ver a garota pessoalmente.
Ela queria ouvir a indiferença na voz dela, então ela saberia como sentir-se sobre o que houve na lanchonete.
Mas estando ali no corredor, Lucy estava cada vez mais incerta sobre como processar os eventos do dia.
Um pequeno pânico a invadiu quando ela percebeu que estava sozinha, depois
da escuridão, na Espada & Cruz.
Atrás dela, uma porta abriu-se.
Uma fatia de luz apareceu no chão abaixo do seu pé. Lucy ouviu música sendo tocada dentro do quarto.

_ O que cê tá fazendo?
Era Georg, parado no vão da sua porta com uma camisa branca e jeans.
Seus cabelos escorridos estavam presos em um elástico amarelo acima da sua cabeça e ele segurava uma gaita nos lábios

_ Eu vim ver a Sam, _ Lucy disse, tentando controlar-se para olhar através dele se havia alguém mais no quarto. _ Nós íamos—
_ Ninguém está em casa.
Ele disse, obscuramente.

Lucy não sabia se ele queria dizer Samantha, ou todas os outros no dormitório, ou o que.
Ele assoprou algumas notas na gaita, mantendo seus olhos nela o tempo todo. Então ele abriu a porta um pouquinho mais e ergueu suas sobrancelhas.
Ela não conseguia afirmar se ele estava ou não convidando-a para entrar.

_ Bem, eu só estava passando a caminho da biblioteca, - ela mentiu rapidamente, virando-se para o caminho de onde ela havia vindo.
_ Há um livro que eu preciso emprestar.
_ Lucy.
Georg chamou.
Ela se virou.
Eles não haviam se conhecido ainda oficialmente, e ela não esperava que ele soubesse o seu nome.
Seus olhos relampejaram um sorriso para ela e ele usou a gaita para indicar a direção oposta.

_ A biblioteca é para lá, _ ele disse. Ele cruzou os braços sobre o tórax.
_ Tenha certeza de checar as coleções especiais da parte leste. Elas são realmente boas.
_ Obrigada, - Lucy disse, sentindo-se realmente grata enquanto ela mudava de direção. Georg parecia tão real ali, acenando e tocando algumas notas na sua gaita enquanto ela saía.
_________________________________________________________________________________________________________
Esse capitulo foi só pra enrolar mesmo... mas mesmo assim se acharam digno comentem. ^^,
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 08, 2010 8:54 pm

Georg misterioso e ainda tocando gaita? Adoro!
Você tem que postar mais.
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQua Dez 08, 2010 10:36 pm

Nunca tinha imaginado o Ge desta maneira (adorei),
você descreve muito bem os lugares (imagino tudo aqui).
O que será que vai acontecer com a Lucy!!!!
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQui Dez 09, 2010 1:54 pm

CAPITULO 06 – COLEÇÕES ESPECIAIS.

Talvez ele só tenha feito-a sentir-se nervosa mais cedo por ela ter pensado nele como amigo de Bill.
Pelo que ela sabia, Georg podia ser uma boa pessoa, mesmo tendo uma expressão de brutalidade em seus olhos.
Seu humor se elevou enquanto ela caminhava pelo corredor.
Primeiro a carta de Samantha havia sido impertinente e sarcástica, depois ela teve
um encontro não-estranho com Georg; além do mais, ela realmente queria dar uma olhada na biblioteca.
As coisas estavam ficando boas.

Perto do fim do corredor, onde o dormitório fazia uma curva na direção da ala da biblioteca, Lucy passou pela única porta meio aberta do corredor.
Não havia nenhum estilo de decoração nessa porta, mas alguém tinha pintado-a completamente de amarelo.
À medida que ela se aproximava, Lucy podia ouvir o heavy metal raivoso tocando lá dentro. Ela nem teve que parar para ver o nome na porta.
Era a Molly.
Lucy acelerou os seus passos, de repente ciente de cada barulho da sua bota preta de montaria no chão.
Ela não havia percebido que tinha prendido a respiração até ela passar pelas portas de madeira com pontas de ferro da biblioteca e exalado.

Um sentimento quente envolveu Lucy à medida que ela olhou ao redor da biblioteca.
Ela sempre amou o fraco e doce cheiro bolorento que só uma sala cheia de livros cheirava.
Ela se sentiu confortável com o leve e ocasional som das páginas sendo viradas.
A biblioteca de Dover havia sido sempre o seu refúgio, e Lucy se sentiu quase oprimida de alívio ao perceber que essa poderia oferecer-lhe a mesma sensação de um santuário.
Ela dificilmente podia acreditar que este lugar pertencia a Espada & Cruz. Isso era quase... era na verdade... convidativo.
As paredes eram de um mogno profundo e os tetos eram altos.
Uma lareira com um console de tijolo descansava em uma parede.
Havia longas mesas de madeira iluminadas por lamparinas verdes antiquadas, e corredores de livros que continuavam mais longe do que ela conseguia ver.

O som de suas botas foi abafado por um grosso tapete Persa enquanto Lucy vagava pela entrada.
Alguns estudantes estavam estudando, nenhum que Lucy conhecesse pelo nome, mas até mesmo os com sua aparência mais punk pareciam menos ameaçadores com suas cabeças curvadas sobre os livros.
Ela se aproximou da mesa circular principal, que era uma estação grande e redonda no centro da sala.
Estava com pilhas de papéis e livros espalhados e tinha uma bagunça acadêmica
caseira que lembrava Lucy da casa de seus pais.
Os livros estavam empilhados tão alto que Lucy quase não viu a bibliotecária sentada atrás dela. Ela estava extirpando uma papelada com a energia de alguém separando o ouro.
Sua cabeça levantou à medida que Lucy se aproximou.

_ Olá!
A mulher sorriu – ela realmente sorriu – para Lucy.
Seu cabelo não era cinza, mas sim prata, com um tipo de brilho que cintilava até mesmo na suave luz da biblioteca. Seu rosto parecia velho e novo ao mesmo tempo.
Ela tinha uma pele pálida, quase incandescente, olhos pretos brilhantes e um pequenino e pontudo nariz.
Quando ela falou com Lucy, ela empurrou as mangas de seu suéter branco de lã, expondo amontoados e amontoados de braceletes de pérola decorando ambos seus pulsos.

_ Posso ajudá-la a achar algo? - ela perguntou em um sussurro feliz.
Lucy se sentiu imediatamente à vontade com essa mulher, e espiou a placa identificadora em sua mesa.
Sophia Bliss.
Ela desejou realmente ter um pedido bibliotecário.
Essa mulher era a primeira figura de autoridade que ela tinha visto o dia todo cuja ajuda ela realmente iria querer procurar.
Mas ela só estava perambulando aqui... e então ela de lembrou do que Georg dissera.

_ Sou nova aqui, _ ela explicou.
_ Lucinda Price. Você poderia me dizer onde fica a ala leste?
A mulher deu a Lucy um sorriso do tipo você-parece-uma-leitora que Lucy vinha recebendo de bibliotecários sua vida toda.
_ Bem por ali, _ ela disse, apontando na direção de uma fileira de janelas altas no outro lado do cômodo.
_ Eu sou a Senhorita Sophia, e se a minha lista de plantão está correta, você está no meu seminário de religião nas terças e quintas. Ah, vamos nos divertir! _ Ela piscou.
_ Enquanto isso, se precisar de qualquer outra coisa, estou aqui. Foi um prazer te conhecer, Lucy.

Lucy sorriu em agradecimento, disse alegremente à Senhorita Sophia que ela a veria amanhã na sala, e começou a ir na direção da janela.
Foi sé depois de ter deixado a bibliotecária que ela se perguntou sobre o jeito estranho e intimo pela qual a mulher lhe havia chamado por seu apelido.
Ela tinha acabado de passar pela área de estudo principal e estava passando pelas altas e elegantes estantes de livros quando algo sombrio e macabro passou por sua cabeça. Ela tampou os ouvidos e se agachou.

Não. Aqui não. Por favor. Deixe-me ter só esse lugar.
Quando as sombras vinham e iam, Lucy nunca tinha certeza absoluta onde elas acabavam – ou por quanto tempo elas ficariam longes.
Ela não conseguia entender o que estava acontecendo agora. Algo estava diferente.
Ela estava apavorada, sim, mas ela não sentia frio.
De fato, ela se sentia um pouquinho corada. A biblioteca estava quente por causa do fogo, mas não estava tão quente. E então seus olhos caíram em Bill.

Ele estava encarando a janela, suas costas para ela, inclinando-se sobre um palanque que dizia COLEÇÕES ESPECIAIS em letras brancas.
As mangas de sua jaqueta de couro gasta estavam empurradas para cima em torno dos seus cotovelos, e seu cabelo preto comprido brilhava sob as luzes.
Seus ombros estavam curvados, e novamente, Lucy teve o instinto de se dobrar dentro deles.
Ela tirou isso de sua cabeça e ficou na ponta dos pés para dar uma olhada melhor nele.
Daqui, ela não conseguia ter certeza, mas parecia que ele estava desenhando algo.
Enquanto ela observava o ligeiro movimento de seu corpo enquanto ele desenhava, o interior de Lucy parecia que estava queimando, como se ela tivesse engolido algo quente.
Ela não conseguia entender porque, contra toda a razão, ela tinha essa premonição selvagem de que Bill estava desenhando ela.

Ela não devia ir até ele. Afinal,ela nem ao menos conhecia ele, nunca tinha nem ao menos falado com ele.
Sua única comunicação por enquanto tinha incluído um dedo do meio e um par de
olhares feios.
Ainda assim, por alguma razão, parecia muito importante para ela que ela
descobrisse o que estava no caderno.
Então ela se tocou.
O sonho que ela tinha tido na noite anterior. O relampejo breve dele voltou para ela de repente.
No sonho, tinha sido tarde da noite – úmido e frio, e ela estava vestida em algo longo e flutuante.
Ela se inclinou contra uma janela com cortina em uma sala estranha.
A única outra pessoa ali era um homem... ou um garoto – ela nunca conseguiu ver seu rosto.
Ele estava desenhando a representação dela num bloco grosso de papel.
Seu cabelo. Seu pescoço. O traçado preciso de seu perfil.
Ela ficou de pé atrás dele, assustada demais para deixá-lo ciente de que ela estava observando, intrigada demais para se virar.
Lucy deu um saculejo para frente enquanto sentiu algo apertar a parte detrás de seu ombro, então flutuar sobre sua cabeça. A sombra tinha ressurgido. Era negra e tão grossa quanto uma cortina.
O martelar de seu coração ficou tão alto que encheu seus ouvidos, bloqueando o farfalhar sombrio da sombra, bloqueando o som de seus passos.

Bill olhou por cima de seu trabalho e pareceu levantar seus olhos para exatamente onde a sombra pairava, mas ele não se assustou do jeito que ela tinha se assustado.
É claro, ele não conseguia vê-las.
Seu foco estava fixo calmamente do lado de fora da janela.
O calor dentro dela ficou mais forte. Ela estava próxima o bastante agora que ela sentia que ele era capaz de sentir ele saindo de sua pele.
O mais silenciosamente que pode, Lucy tentou espiar seu caderno sobre seu ombro.
Por apenas um segundo, sua mente viu a curva de seu próprio pescoço nu desenhado em lápis no papel.
Mas então ela piscou, e quando seus olhos se fixaram novamente no papel, ela teve que engolir em seco.
Eram letras.
Bill estava escrevendo alguma coisa à vista do cemitério do lado de fora da janela. Lucy nunca havia visto algo que a deixara tão triste.
Ela não sabia porquê.
Era maluco –até mesmo para ela – esperar que sua intuição bizarra virasse realidade.
Não havia razão para Bill desenhá-la. Ela sabia disso.
Exatamente como ela soubera que não havia razão alguma para ele mostrar-lhe o dedo do meio essa manhã. Mas ele tinha.

_ O que você está fazendo aqui? - ele perguntou.
Ele tinha fechado seu caderno e estava olhando para ela solenemente. Seus lábios cheios estavam fixos numa linha reta e seus olhos castanhos amendoados pareciam opacos.
Ele não parecia nervoso, para variar; ele parecia exausto.

_ Eu vim pegar um livro das Coleções Especiais, _ ela disse em uma voz vacilante.
Mas a medida em que ela olhava ao redor, ela percebeu rapidamente seu erro.
Coleções Especiais não era uma seção de livros – era uma área aberta na biblioteca para uma amostra de arte sobre a Guerra da Secessão.
Ela e Bill estavam parados em uma minúscula galeria de bustos de bronze de heróis da guerra, caixas de vidro cheias com velhas notas promissórias e mapas da Confederação.
Era a única sessão da biblioteca em que não havia um único livro para emprestar.

_ Boa sorte com isso, _ Bill disse, abrindo seu caderno novamente, como se para dizer, preventivamente, adeus.
Lucy ficou sem saber o que falar e envergonhada e o que ela gostaria de ter feito era ter escapado.
Mas então, havia as sombras, ainda espreitando perto, e por alguma razão, Lucy se sentia melhor em relação a elas quando ela estava próxima de Bill.
Não fazia sentido – como se houvesse algo que ele pudesse fazer para proteger ela delas.
Ela estava presa, enraizada em seu lugar. Ele olhou para ela e suspirou.

_ Deixe eu te perguntar, você gosta quando é espreitada?
Lucy pensou nas sombras e o que elas estavam fazendo agora com ela. Sem pensar, ela balançou sua cabeça violentamente.

_ Está bem, então somos dois.
Ele limpou sua garganta e encarou-a, escancarando o fato de que ela era a intrusa.
Talvez ela pudesse explicar que estava se sentindo um pouco tonta e só precisava se sentar por um minuto. Ela começou a dizer,
_ Olha, posso – Mas Bill pegou seu caderno e ficou de pé.
_ Eu vim aqui para escapar, _ ele disse, cortando-a. _ Se você não vai embora, eu vou.
Ele enfiou seu caderno em sua mochila.
Quando ele passou, seu ombro roçou no dela.

Por mais breve que o toque tenha sido, mesmo através de camadas de roupas, Lucy sentiu um choque de estática.
Por um segundo, Bill ficou parado, também.
Eles viraram suas cabeças para olhar de volta um para o outro, e Lucy abriu sua boca.
Mas antes que ela pudesse falar, Bill tinha virado e estava andando rapidamente na direção da porta.
Lucy observou enquanto as sombras espreitaram sobre sua cabeça, serpentearam, fazendo um círculo, então se apressaram para fora da janela para a noite.
Ela estremeceu no frio do rastro delas, e por um longo tempo após isso, ficou parada na área de coleções especiais, tocando seu cotovelo onde Bill estava, sentindo o calor esfriar.
__________________________________________________________________________________________________

O que vocês acham, que o Bill não gosta dela, ou ele apenas tem vergonha?
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQui Dez 09, 2010 3:59 pm

Atrasada chegou!
Ahh eu sei porque Bill trata ela assim. Sei de tudo, e me sinto até frustrada por isso, mas enfim.
Continua vai Wink
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeQui Dez 09, 2010 10:20 pm

muito bom,
sinceramente não sei se ele não gosta dela ou se tem vergonha, acho que seria um pouco de cada misturado com um pouco de medo (?) sei lá,
o que Bill tem que é capaz de fazer as sombras se afastarem?
muito curiosa aqui....
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MensagemAssunto: Re: Envie - me um anjo.   Envie - me um anjo. Icon_minitimeSex Dez 10, 2010 1:19 pm

Essa fic tem alguns pontos do livro sim, mas a historia será totalmente diferente do livro.
Vamos dizer que não tem nada ver. Eu apenas me inspirei na historia para escrever essa fic.
Só espero estar agradando quem esta lendo. Ok.
Mais um capitulos. Espero que gostem ^^,

_________________________________________________________________________________________________________

CAPITULO 07 - TRABALHO NA MADRUGADA

Ahhh, terça-feira. Dia do waffle.
Desde que Lucy podia se lembrar, terças-feiras de verão significavam café fresco, tigelas cheias de framboesa com chantilly, e uma interminável pilha de waffles dourados e crocantes.
Mesmo este verão, quando seus pais começaram a sentir um pouco de medo dela, o dia do waffle era algo com que ela podia contar.
Ela podia rolar na cama na terça-feira, e antes de pensar em qualquer outra coisa, instintivamente ela sabia que dia era.
Lucy inalou, retomando lentamente a seus sentidos, então ela inalou de novo com um pouco mais de vontade.
Não, não havia nenhum leitelho, nada além do cheiro de vinagre da pintura
descascada.
Ela mandou o sono para longe e captou seu quarto de dormitório apertado.
Isso parecia como a foto de “antes” em um show de renovação de casa.
O longo pesadelo que foi a segunda-feira retornou à ela: eles tomarem seu celular, o incidente com o bolo de carne e os olhos brilhantes de Molly no refeitório, Bill expulsando-a da biblioteca.
O que foi que o fez ficar tão rancoroso? Lucy não tinha a menor ideia.

Ela sentou para olhar pela janela. Ainda estava escuro; o sol não tinha sequer saído pelo horizonte ainda.
Ela nunca tinha acordado tão cedo. Se duvidasse, ela realmente não achava que
conseguia se lembrar de já ter visto o nascer do sol.
Sinceramente, algo sobre assistir-o-nascer-do-sol como uma atividade sempre a deixava nervosa.
Eram os momentos de espera, os momentos logo-antes-do-sol-surgir-no-horizonte, sentada na escuridão olhando através das linhas das árvores. O horário nobre das sombras.
Lucy suspirou audivelmente com saudades de casa, um suspiro de solidão, o que a deixou com ainda mais saudade e solitária.
O que ela iria fazer durante as três horas entre o raiar do dia e a sua primeira aula?
Raiar do dia – por que essas palavras zumbiam em seus ouvidos? Ah. Droga.
Ela deveria estar na detenção.

Ela saltou para fora da cama, tropeçando em sua mala ainda-cheia, e arrancou um outro suéter preto tedioso do topo da pilha de suéteres pretos tediosos.
Ela colocou o jeans preto que usou ontem, estremeceu quando teve um vislumbre do desastre que estava sua cabeça, e tentou correr os dedos pelo seu cabelo enquanto corria pela porta afora.
Ela estava ofegante quando chegou aos portões de ferro forjado, da altura da cintura e complexamente esculpidos, do cemitério.
Ela estava engasgada com o cheiro esmagador de repolho e se sentindo muito sozinha com seus pensamentos.
Onde estavam os outros?
A definição de “início da manhã” deles era diferente da dela? Ela olhou para seu relógio. Já eram seis e quinze.

Tudo o que eles tinham dito a ela era para se encontrarem no cemitério, e Lucy tinha bastante certeza de que essa era a única entrada.
Ela estava na divisa, onde o asfalto áspero do estacionamento dava lugar a um terreno destruído cheio de ervas daninhas.
Ela notou um dente-de-leão solitário, e passou pela sua mente que uma Lucy mais jovem teria pulado sobre ele e então feito um desejo e soprado.
Mas agora os desejos dessa Lucy pareciam pesados demais para algo tão leve.
Os portões delicados eram tudo o que dividia o cemitério do estacionamento. Incrível para uma escola com tanto arame farpado em todo o lugar.
Lucy passou a mão ao longo dos portões, seguindo o padrão floral ornamentado com seus dedos.
Os portões deviam datar dos dias da Guerra da Secessão que Samantha falara, quando o cemitério era utilizado para enterrar os soldados caídos.
Quando a escola se juntou a ele, não era um lugar para loucos instáveis.
Quando o lugar todo era muito menos cheio e sombrio.
Isso era estranho - o resto do terreno era plano como uma folha de papel, mas de alguma forma, o cemitério tinha um formato côncavo, parecido com uma tigela. Daqui, ela podia ver a inclinação de toda a vastidão a partir dela.
Fileira após fileira de lápides simples alinhavam-se nas inclinações como espectadores em um estádio.
Mas em direção ao centro, no ponto mais baixo do cemitério, o trecho através do terreno se torcia em um labirinto de grandes túmulos esculpidos, estátuas de mármore, e mausoléus.
Provavelmente para oficiais da Confederação, ou apenas para soldados que tinham dinheiro.
Eles pareciam que eram bonitos vistos de perto. Mas vistos dali, o simples peso deles parecia arrastar o cemitério para baixo, quase como se todo o lugar estivesse sendo engolido por um ralo.
Passos atrás dela. Lucy girou ao seu redor para ver uma figura pequena, vestida de preto, surgir de trás de uma árvore.
Penny!
Ela teve de resistir ao desejo de jogar seus braços em volta da garota.
Lucy nunca tinha ficado tão contente em ver alguém - embora fosse difícil acreditar que Penny tivesse pego alguma detenção.

_ Você não está atrasada?
Penny perguntou, parando alguns metros à frente de Lucy e dando a ela um aceno divertido de sua-pobre-novata com a cabeça.
_ Eu estou aqui há 10 minutos, _ Lucy falou. _ Não é você quem está atrasada?”
Penny sorriu.
_ De jeito nenhum, eu sou apenas uma madrugadora. Eu nunca peguei detenção.
Ela deu de ombros.
_ Mas você pegou, junto com outras cinco almas infelizes, que provavelmente estão ficando mais irritadas a cada minuto que esperam por você lá embaixo.
Ela ficou na ponta dos pés e apontou para trás de Lucy, em direção a maior estrutura de pedra, que se levantava do meio da parte mais profunda do cemitério.
Se Lucy apertasse os olhos, ela poderia notar um grupo de figuras negras agrupadas em torno de sua base.

_ Eles apenas disseram para se encontrar no cemitério, _ Lucy disse, já se sentindo derrotada. _ Ninguém me disse para onde ir.
_ Bem, eu estou dizendo para você: monólito. Agora desça até lá, _ Penny falou. _ Você não vai fazer muitos amigos acabando com a manhã deles mais do que você já acabou.

Lucy engoliu em seco. Parte dela queria pedir a Penny para lhe mostrar o caminho.
Daqui de cima, aquilo parecia um labirinto, e Lucy não queria ficar perdida no cemitério.
De repente, ela ficou com aquela sensação nervosa, de estar longe de casa, e ela sabia que isso só iria piorar lá.
Ela estalou suas juntas, retardando.

_ Lucy?
Penny disse, dando um pequeno empurrão em seus ombros. _ Você ainda está parada aqui.

Lucy tentou dar a Penny um sorriso corajoso de agradecimento, mas teve que se contentar com um estranho tique facial.
Então ela correu para baixo da encosta para o coração do cemitério.
O sol ainda não tinha nascido, mas estava quase, e estes últimos momentos antes do amanhecer sempre eram os que mais a assustavam.
Ela passou rápido pelas fileiras de lápides simples.
Em um ponto elas deviam ter estado retas, mas agora elas eram tão velhas que a maioria delas tombava para um lado ou para o outro, dando ao lugar todo, uma aparência de jogo de dominó mórbido.
Ela passou com seu tênis Converse preto pelas poças de lama, esmagando folhas mortas.
Na hora que ela passou pela área mais simples e chegou até os túmulos mais ornamentados, a terra tinha mais ou menos sido achatada, e ela estava totalmente perdida.
Ela parou de correr, tentou recuperar o fôlego.
Vozes.
Se ela se acalmasse, ela poderia ouvir vozes.

_ Mais cinco minutos, então eu vou cair fora. - disse um rapaz.
_ Pena que a sua opinião não tenha valor, Sr. Listing.
Uma voz teimosa, uma que Lucy reconheceu de suas aulas de ontem. Sra. Isabel.
Após o incidente com o bolo de carne, Lucy tinha chegado tarde para a aula dela e não tinha dado exatamente a impressão mais favorável para a professora severa e esférica de ciência.

_ A não ser que alguém queira perder seus privilégios sociais esta semana - gemidos entre os túmulos – vamos todos esperar pacientemente, como se não tivéssemos nada melhor para fazer, até a senhorita Price decidir dar a graça de sua presença para nós.
_ Eu estou aqui.
Lucy arfou, finalmente contornando uma estátua gigante de um querubim.

Sra. Izabel estava com as mãos nos quadris, vestindo uma variação do vestido preto florido e solto de ontem.
Seu escasso cabelo cor castanho-rato estava puxado na sua cabeça e seus tediosos olhos castanhos mostravam apenas aborrecimento com a chegada de Lucy.
Biologia sempre foi difícil para Lucy, e até agora, ela não estava fazendo nenhum favor à sua nota na classe Sra. Isabel.

Atrás da Izabel estavam Samantha, Molly, e Georg, espalhados ao redor de um círculo de blocos que encaravam uma grande estátua central de um anjo.
Em comparação com o resto das estátuas, esta parecia mais nova, mais branca, mais grandiosa.
E encostado na coxa esculpida do anjo - ela quase não tinha percebido - estava Bill.

Ele estava vestindo a jaqueta de couro preta, sem maquiagem.
Lucy tomou conhecimento de seu cabelo preto desarrumado, que parecia não ter
sido penteado depois dele acordar... o que a fez pensar sobre como Bill ficava quando estava dormindo... o que a fez corar tão intensamente que, do momento que seus olhos fizeram o caminho da linha do cabelo para os olhos dele, ela estava completamente humilhada.
Nesse momento ele estava olhando fixamente para ela.

_ Sinto muito, _ ela deixou escapar. _ Eu não sabia onde deveríamos nos encontrar. Eu juro-
_ Pode parar, _ disse a Sra. Izabel, passando o dedo em sua garganta.
_ Você já desperdiçou bastante do tempo de todo mundo. Agora, eu tenho certeza que todos se lembram da indiscrição desprezível que vocês cometeram para estarem aqui nas próximas duas horas enquanto vocês trabalham. Se reúnam em pares. Vocês sabem o que fazer.


Ela olhou para Lucy e soltou sua respiração.
_ Ok, quem quer uma protegida?
Para o horror de Lucy, todos os outros alunos olharam para seus pés. Mas então, depois de um minuto torturante, um quinto aluno entrou no campo de visão ao virar a esquina do mausoléu.

_ Eu quero.
Tom.
Sua camiseta preta extremamente larga, caia como um lençol sobre seus ombros largos.
Ele era quase trinta centímetros mais alto do que Georg, que se deslocou para o lado quando Tom empurrou e passou, caminhando na direção de Lucy.
Seus olhos estavam grudados nela enquanto ele andava para frente, movendo-se suave e confiantemente, tão à vontade em sua roupa de escola reformatória quanto Lucy estava pouco à vontade.
Parte dela queria desviar seus olhos, porque era embaraçosa a maneira que Tom olhava para ela na frente de todos.
Mas por alguma razão, ela estava hipnotizada. Ela não poderia quebrar o seu olhar - até que Samantha pisou entre eles.

_ Primeiro, _ disse ela. _ Eu disse que vi primeiro.
_ Não, você não disse. - Tom disse.
_ Sim, eu disse, você não me ouviu seu galinha estranho?
As palavras se apressaram para fora de Samantha. _ Eu a quero.
_ Eu- Tom começou a responder.
Samantha inclinou a cabeça com expectativa.

Lucy engoliu em seco. Ele ia chegar e dizer que ele a queria também?
Eles não poderiam simplesmente esquecer isso? Fazer detenção com um grupo
de três?
Tom acariciou o braço de Lucy.

_ Vou encontrar com você depois, ok? - ele disse a ela, como se fosse uma promessa que ela lhe pediu para fazer.
Os outros garotos pularam dos túmulos nos quais eles tinham sentado e marcharam em direção a um galpão.
Lucy os seguiu, agarrando-se em Samantha, que sem dizer uma só palavra entregou-lhe um lencinho
.
_ Então. Você quer o anjo vingador, ou os amantes carnais abraçados?

Não houve menção sobre os acontecimentos de ontem, ou do bilhete da Samantha, e Lucy de algum modo não sentia que deveria puxar esse assunto com Samantha agora.
Em vez disso, ela olhou para cima e viu-se rodeada por duas estátuas gigantes. A mais próxima dela parecia um Odin.
Um homem nu e uma mulher estavam enlaçados em um abraço. Ela tinha estudado escultura Greco - Romana em Dover, e sempre pensou que as peças de Odin eram as mais magnificas.

Mas agora era difícil olhar para os amantes abraçados sem pensar em Bill.
Bill. Que a odiava.
Se ela precisasse de mais uma prova disso depois que ele basicamente fugiu da biblioteca à noite, tudo o que tinha que fazer era voltar a pensar no novo olhar fulminante que ela tinha ganho dele esta manhã.
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