Quanta gente
Então, essa fic veio e forma muito espontânea, então não sei se está muito boa. Eu pelo menos gostei muito.
Enfim, vou deixar que vocês leiam.
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CAPÍTULO ÚNICO
Palavras; Era apenas isso que nos faltava naquele momento. As únicas ditas foram para fazer o pedido de meu café – o qual deveria estar frio pelo fato de eu mexê-lo compulsivamente. Suas mãos grandes e pálidas repousavam sobre a mesa, e seus olhos fixavam-se em um único ponto, o qual eu não conseguia definir qual era. Em minha cabeça, um flashback corria; Desde o momento em que nos vimos pela primeira vez, passando pelos beijos, pelos abraços, pelas carícias e, finalmente, terminando com a separação. Distraída, inspirei profundamente, fazendo os olhos verdes mirarem para minha face.
Evitei a troca de olhares, e não me senti confortável percebendo que ele me observava. Eu impedia que a emoção transpassasse meu rosto, porém, tinha medo que ele percebesse algo mesmo assim. Eu sabia que não sentia mais nada por ele, e nem sabia ao certo o porquê estava ali sentada a menos de meio metro de seu corpo; Tampouco sabia o porquê havia concordado com este encontro.
- O tempo passou. – sua voz grossa irrompeu o silêncio.
Inspirei profundamente, arqueei os cantos da boca em um leve sorriso e concordei com a cabeça.
- É... – concordei com a voz baixa e carregada, mirando-o pela primeira vez. – O tempo passou.
Georg fez um meneio de cabeça, e olhou para baixo, deixando com que o silêncio reinasse entre nós novamente. Podia ouvir perfeitamente os ruídos de louça batendo na cozinha ali perto, e a voz baixa das pessoas conversando ao nosso redor. Beberiquei o gélido café, e meu estômago deu uma volta; Afastei-o discretamente, pensando se o beberia mesmo assim.
- A Sophia era para ser nossa... – ele começou.
- Georg, por favor, não comece. – pedi, levantando minha mão para que se calasse. – Você ama a Patricia, e a Sophia é fruto desse amor de vocês dois. Não queira mudar o que já aconteceu.
- Não quero mudar. – ele retrucou. – Estou apenas comentando.
Bufei, e abaixei a cabeça, bebericando novamente o café para não xingá-lo; Até que não estava tão ruim.
- Fazíamos tantos planos para o futuro... – ele começou novamente, o olhar perdendo-se em algum lugar que apenas ele conseguia ver. – Queríamos ter gêmeas, e depois um menino. Você sempre dizia que meu primeiro filho seria uma menina, e eu nunca te dei ouvidos... – uma risada baixa escapou de seus lábios, e ele abaixou a cabeça novamente. – Você se lembra?
- Não gostaria de lembrar, mas lembro. – minha voz saiu mais fria do que eu esperava.
- Foram tempos bons, pelo menos para mim. – ele confessou.
- Para mim também foram. – disse, dando o último gole no café e fitando-o diretamente nos olhos. – O único problema é que eu não costumo viver o passado.
- Algumas memórias são boas. – ele retrucou.
- Não gosto das minhas. – joguei em sua cara.
- Você não era assim. – ele reclamou.
- Eu simplesmente cresci, Georg. – soltei de uma só vez. – Não sou mais a garotinha iludida de dezesseis anos que abria sorrisos para qualquer futilidade.
E então, eu havia pegado pesado. Georg fechou os olhos e abaixou a cabeça, fazendo-me esfregar o rosto repetidas vezes.
- Desculpe. – eu nunca havia forçado tanto para emitir uma palavra tão simples. – Eu disse sem pensar.
- Tudo bem. – ele disse, expirando com força, sem mirar meu rosto.
Nenhuma palavra a mais foi dita, e eu ainda não sabia porque não havia ido embora. Terminei o restante de café de minha xícara e peguei minha bolsa, fazendo menção de levantar; Porém, sua mão segurou levemente meu braço, impedindo-me de fazê-lo. Olhei em seu rosto, e não havia mais nada além de carinho no mesmo.
- Eu só queria ser seu amigo. – ele disse, com o tom mais sincero que poderia ter.
- Não tenho nada contra você, Georg. – eu disse, e alisei sua mão com a minha. – Você sabe que pode contar comigo sempre que precisar. Não guardo mágoas de nada.
Dei um sorriso sincero, fazendo-o retribuir da mesma forma. Ao mesmo tempo, levantamo-nos da mesa e nos abraçamos, tornando reais as minhas palavras.
- Digo o mesmo a você, ok? – ouvi sua voz perto de meu ouvido, e concordei com um meneio de cabeça.
E então, Georg soltou-me, olhando diretamente para a porta; Segui seu olhar, e então vi a moça de pele clara, os cabelos castanhos e longos contrastando com os olhos levemente esverdeados; Em seu colo, uma menininha de no máximo um mês, a pele rosada chegando a se confundir com as roupas da mesma cor; Uma fina camada de cabelos louros cobria-lhe a cabeça, e os olhos verdes como os do pai destacavam-se em seu rostinho angelical. Não pude deixar de sorrir quando a vi.
- Ela é linda. – ouvi minha própria voz, enquanto as lágrimas tomavam conta de meus olhos.
Não prestei atenção na expressão de Georg, mas de certo, estava sorrindo. Então, ele dirigiu-se até a namorada, tomando a bebê cuidadosamente nos braços e voltando até mim.
- Segure. – disse-me, com um sorriso. – Deixe que ela te conheça também.
Mirei seu rosto, e com seu silencioso incentivo, peguei a bebê, acomodando-a em meu peito; Seus olhos fitavam meu rosto observando cada detalhe dele, e por um momento, senti como se Georg me olhasse; Era incrível sua semelhança com o pai.
Lentamente, corri a ponta de meu dedo em seu rostinho, sentindo sua pele macia e quente. Meu sorriso não conseguia desfazer-se, e limpei uma lágrima teimosa, acariciando lentamente seus cabelos em seguida.
- Você é linda, Sophia. – disse baixinho, depositando um suave beijo em sua cabeça.
Meu mundo havia parado naquela hora, e não sei exatamente por quanto tempo fiquei admirando sua exótica beleza. Por fim, entreguei-a novamente aos braços ansiosos do pai, dirigindo-lhe um sorriso em seguida.
- Parabéns, Georg. Ela é linda. – foi tudo o que consegui dizer.
O moço concordou com a cabeça, virou-se lentamente ajeitando a bebê em seu colo e seguiu para junto de Patricia novamente. Eu sabia que ela não ia com minha cara, porém, sorriu levemente para mim. Automaticamente retribui o sorriso, enquanto observava Georg aproximar-se dela e dar-lhe um beijo. Eles eram apaixonados, isso era explícito. E eu não tinha nada contra essa paixão.
Ambos miraram-me um último sorriso, e saíram do café pouco movimentado. Lentamente, segui para a porta, parando na soleira, vendo o jovem casal caminhar lentamente pela calçada, curtindo a nova bebê. Senti outra lágrima correndo por meu rosto, e não sabia bem ao certo o porquê dela. Limpei-a rapidamente, e então, senti dedos longos e delicados envolvendo minha cintura, enquanto um queixo se apoiava em meu ombro.
- Senti sua falta. – a voz sonora e delicada chegara aos meus ouvidos, fazendo-me sorrir.
- E eu sempre sinto a sua. – disse, virando-me de frente para Bill e enlaçando seu pescoço, dando-lhe um apaixonado beijo em seguida.
- Que tal irmos ao cinema? – ele sugeriu, colando sua testa na minha.
- Só se depois nós ficarmos juntinhos na nossa cama quentinha. – impus, acariciando-lhe a nuca.
- Sabe de uma coisa? – ele indagou. – Acho que sua sugestão é ainda melhor que a minha.
- Eu sei. – disse. – Sempre são.
- Convencida. – ele brincou, beijando-me novamente.
E então, era isso. Amores vêm e vão, e agora eu estava vivendo a fase mais feliz da minha vida, ao lado do homem a quem eu julgava ser minha alma gêmea e que entendia-me perfeitamente como nenhum outro alguém. E eu tinha certeza absoluta de que Georg também estava feliz, ao lado de alguém que o aceitasse da forma como ele era, além de possuir uma jóia rara e preciosa que lhe havia sido concedida.
"Sim, eu sei, era um tempo maravilhoso
Hey, eu sinto muito que isso tenha passado."
(Juli - Geile Zeit)
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