FASHION S.l.a.v.e (3° Capítulo-Nova Estagiária...)

Aquela tinha sido a nossa última briga. A definitiva. Sem volta.
Eu estava em um avião há 20 horas apenas no inicio de um voo para o Japão com a promessa de um bom emprego em uma revista famosa. Da qual eu não sabia o nome. Tudo fruto de uma breve entrevista e contatos da minha amiga maluca, Louise Mc’brook. Importante redatora do New York times.
Eu não podia ligar meu ipod, não tinha internet, no ar só pairava um cheiro de lasanha “plástica” e o som de tiros. Um filme policial se passava nas mini televisões embutidas na cabeceira dos assentos. As poltronas estavam reclinadas e uma em uma hora uma mulher falava em seis idiomas diferentes as mesmas instruções de segurança.
No momento passávamos por Taiwan. Optei por um plano sem escalas, não queria paradas. Tinha dois dias para me arrumar no Japão e depois partir pra entrevista.
Sustentava em minhas mãos um pequeno caderno de capa azul e um dicionário japonês. Eu havia feito um estudo aprofundado sobre a língua, a fim de aprender um pouco mais sobre ela. Japonês não era uma língua muito fácil de aprender, mas eu até que estava me saindo bem.
Até eu achava estranho à atitude que havia tomado. Ela terceira vez eu briguei com Tom, e finalmente cumpri o que havia lhe dito.
Eu disse que iria embora se ele não tomasse jeito. Eu disse que o deixaria se me magoasse de novo. Ele não me ouviu, então merece a dor. Se é que ele é capaz de sentir dor.

#Seis horas depois#

-Acorde... Acorde... -alguém me despertou suavemente.
Era um senhor idoso que sorriu quando viu meu semblante confuso. As luzes fortes do avião me cegaram.
-Todos já desceram. Só falta a senhora. -Disse o idoso.
Respirei fundo e estalei meu pescoço lentamente, apanhei meu casaco e minha bagagem de mão.
Assim que pus minha cabeça para fora do avião, uma brisa gélida tocou meu rosto e mexeu com meus cabelos, de maneira que ficassem ainda mais bagunçados. Uma onda de cachos castanhos sobrepôs minha visão e o perfume adocicado de amêndoas exalou.
Faltou-me coragem para descer as escadas até o chão, pisar no Japão. Só não esperava que fosse realizar esse sonho sozinha.
Espantei a lembrança do sorriso de Tom da minha mente. Não queria cometer o erro de ligar pra ele e dar algum tipo de satisfação. Acho que ele foi bem claro quando disse que estava tudo acabado. E mesmo que as lágrimas denunciassem. Preferi acreditar nas palavras proferidas por ele mesmo no momento da separação.
Eu não seria “o cão arrependido” dessa vez.

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Chato mas objetivo.
Postamos mais?

Yasmin P.D.V

[i]Eu estava sentada em uma sala de espera a mais de meia hora. Pelo jeito pontualidade não é a palavra chave da Runaway.
Respirei fundo e folheei uma revista japonesa novamente, entendendo poucas coisas. E absorvendo o máximo de moda possível. Não queria dar pinta de trouxa logo no primeiro dia. Alguma bola fora eu iria dar, e aquilo não era pessimismo. Era realismo.
As paredes eram tomadas por um roxo brilhante, que combinava com os quadros em honra ao Estilista e redator chefe: Bill Kaulitz.
Os tapetes cor de creme, felpudos estavam espalhados pela sala. Mesinhas de vidro suportavam o peso de vasos de cristal também roxos de murano. Flores “copo de leite” enchiam a visão.
Algumas mulheres estavam sentadas ao meu lado em pequenas poltronas de couro branco. Supus que eram concorrentes.
A porta de vidro fume abriu-se lentamente e entrou uma garota, trajada de preto.
Um vestido que se agarrava com graça ao seu corpo, magérrimo, diga-se de passagem. Uma loira de pele branca, de beleza rara. Broxante para pessoas comuns como eu.
Largou sua maxi bolsa e casaco também pretos sobre a mesa de vidro e contornou o caminho para trás da mesa. Sentou-se em sua cadeira e se pôs a digitar alguma coisa com rapidez.
Soltou um pigarro e levantou-se em sua posição de comando.
-Bom dia, estagiárias. -cumprimentou.
A voz era quase tão bonita quanto à pessoa que falava. Doce e ao mesmo tempo cheia de confiança.
Responderam em coro as estagiárias “bom dia”.
-Eu sou Natalie Franz. - apresentou-se sorrindo. -Sou secretária e braço direito do editor chefe dessa revista. Bill Kaulitz.
Algumas garotas riram e outras se manterão em silêncio como eu.
-Algumas já devem ter tido algum contato com ele. Ou pelo menos já deviam tê-lo visto na televisão e revistas.
Ops, não. Eu nem nunca tinha ouvido falar dessa criatura.
-De qualquer maneira, quero que tenham noção da dimensão desse trabalho. Não é só anotar recados, não é só organizar a agenda de alguém. É comandar mais de quarenta pessoas só nesse andar. É entrar de cabeça em tendências de moda, acompanhar o Sr.Bill Kaulitz em todos os eventos. Estar por dentro de tudo e mais um pouco sobre o mundo da moda.
Todos os presentes acenaram com a cabeça como se dissessem “sim claro”, pareciam até robôs muito bem programados. É pelo jeito trabalhar na Runaway era algo que te deixava completamente louco.
Eu senti um arrepio forte percorrer por todo meu corpo, isso de certo era coisa do ar condicionado do lugar, mas não... As grandes portas de vidro foram abertas e a presença daquele ser, era aquilo que estava me causando arrepios.
P.D.V Yasmin OFF

P.D.V Bill
estava parado frente as grandes portas de metal do elevador, esperando que ele chegasse.
- 8... 7... 6... – bufei – quanto tempo vai demorar pra essa lata inútil chegar?
Revirei os olhos, tentando buscar um pingo de paciência dentro de mim, o que naquele lugar, era algo quase impossível de se encontrar.
Assim que o elevador chegou, as portas se abriram, várias pessoas saíram dele, desviando de mim.
Seis pessoas estavam atrás de mim,esperando o elevador com tanta pressa quanto eu.Mas eu fui o primeiro a entrar,atrás de mim não veio ninguém.
Encarreguei-me de apertar o número 10 do painel ao lado esquerdo do elevador, e vi o número piscar um pouco.Antes das portas de fecharem,guardei meu lenço dentro da bolsa e respirei fundo.
Existe trabalho mais sufocante e maldito do que esse?Bendita a hora que resolvi substituir minha mãe, seguir seus passos e de uma vez por todas assumir meu destino triste.
- Quando que isso vai chegar?! – urrei chutando a porta do elevador que parecia não se mover.
As portas se abriram e a minha frente.
- Finalmente – bufei saindo do elevador.
A minha frente estavam as portas de vidro, que me levariam ao meu santuário de trabalho. Duas garotas vestidas em roupas de couro preto abriram as portas sincronizadamente para que eu entrasse.
Assim que adentrei o lugar vi dezenas de garotas – muito mal vestidas por sinal -, sentadas olhando para mim como se eu fosse algo digno de espanto.
- Natalie... – chamei minha secretaria respirando fundo para não sair de meu autocontrole.
- Sim senhor, senhor Kaulitz – ela sorriu e parou em minha frente.
- Será que você, por favor, poderia me explicar porque meu casaco ainda não foi pendurado? E porque minha bolsa ainda não foi pega, e minha agenda checada? E mais importante, porque não estou com meu café nas mãos?
- É... Hm... Na verdade...
Foi só isso que aquela inútil soube me dizer.
- Vamos logo! Fale! Ou o gato comeu sua língua?
Ela ficou ali parada na minha frente, com as mãos um pouco tremulas, mas nada aconteceu. Tirei meus óculos do rosto, e os segurei entre um dedo e outro, joguei meu casaco sobre ela, esperando que ela tivesse logo uma idéia boa, e o pendurasse. Não entendo como uma pessoa que faz isso por mais de três anos seguidos, do nada esquece do dever. Paciência...
- Então? – olhei para todas à minha volta – o que diabos estão esperando?!
Elas se levantaram e começaram a falar muito rápido, andavam de um lado pro outro como uma porção de baratas tontas.
- Hoje só pode ser um pesadelo...
Atravessei aquela sala, e andei em direção as portas de vidro fume com detalhes em ouro puro. Descansei minha mão sobre a maçaneta dourada, respirei fundo e tentei esquecer o que tinha acabado de presenciar. Adentrei a sala, coloquei meus óculos sobre a mesa. Sentei na poltrona giratória de couro branco, virei para a grande vista que eu tinha atrás de mim. A grande Tóquio, uma paisagem linda. Meus pensamentos sempre voavam pra longe quando parava para admirá-la.
Milhares de coisas me viam a mente, mas no momento eu só consegui pensar em três coisas: Jada, Jason e Ashley, isso mesmo, minhas ex-mulher e meus dois filhos. Não sei por que tão de repente, mas não durou muito... Natalie entrou em minha sala me acordando de meus pensamentos.
- Se veio aqui pra pedir desculpas pelo o que aconteceu – permaneci na poltrona de costas -, pode dar meia volta e ir embora. Poupe-me de seu sentimento de culpa...
- Na verdade – Natalie respondeu firme. Virei minha poltrona e a fitei -, eu só vim avisar que aquelas eram suas estagiarias.
Gargalhei friamente ao ouvir aquilo.
- Elas? – me levantei – aqueles seres possuídos que devem ter saído das profundezas do inferno... -Você esta dizendo que elas, ou melhor, aquilo... São minhas estagiarias?
- Sim senhor.
- Você só pode estar brincando com a minha cara?!
Ela se manteve séria.
-Quem dera fosse uma brincadeira sr.Kaulitz.-pronunciou cautelosa. -Como o senhor sabe eu entro de...
-Por favor, me poupe dos detalhes da sua vida. Aonde você entra ou onde entram em você não é da minha conta.Então,peça que as estagiárias,venham conversar comigo...-falei calmamente.
-Mas...
-A-G-O-R-A!-ralhei assustando-a tanto que nem foi capaz de responder.Só deu meia volta e saiu porta fora.
O bom de ser Bill Kaulitz é que você assusta mesmo sem querer.
P.D.V Bill OFF


Yasmin P.D.V
Já estava ficando chato. Primeiro a entrada triunfal daquele camaleão sem educação, depois o ataque de choro da tal Natalie.
Era possível notar que Bill não ligava para nada nem ninguém além de si mesmo.
-Me perdoem... -pediu Natalie enxugando as lágrimas.
Algumas garotas cochicharam a respeito, mas logo ficaram em silêncio.
-Por ordem de chamada, me acompanhe, Alana Coleman até a sala do Sr.Bill. -pediu Natalie sorrindo de canto.
Respirei fundo e vi que o suplicio havia apenas começado.

#Três horas depois#
Eu estava observando os carros lá fora a muito tempo.Vi o sol se por lentamente,e fazer a cidade iluminar-se. Tão linda Toquio aquela noite.Ops,noite?!
Passei tanto tempo brisando que nem reparei que o tal andrógino mal educado tinha me deixado no vácuo!
Até Natalie estava impaciente,arrumara e dessarumara seus materiais pelo menos cinco vezes.
-PRÓXIMA!-ralhou o camaleão pela septuagésima vez naquele dia.
A garota que era a penúltima,saiu cabisbaixa e eu visivelmente mal humorada fui alertada por Natalie.
-Não bata de frente com ele.-advertiu a secretária.
Revirei os olhos e adentrei na sala escura.
Apenas um abajur,de design obviamente japonês.De tão estranho e ao mesmo tempo facinante.Era branco e sua lâmpada também.
Pelo jeito,o camaleão estava sentado em sua cadeira de couro branco.De costas pra mim.Entre seus dedos um cigarro L.A de menta queimava.Reconhecia o cheiro marcante,e a brasa em vermelho vivo.Era o mesmo cigarro que Tom fumava.
Espantei aquele pensamento e pigarrei.
-É incrível como as pessoas perdem tempo...-sussurrou Bill.
Não reconheci aquela voz tão mansa.
-Tentam me entender,tentam me rotular...-Continuou-mas não entendem que pessoas como eu,vão além do entendimento.Vão além de qualquer vontade de saber.
Não estava entendendo até onde ele queria chegar,mas deixei que ele prosseguisse.
-Sou Yasmin...-interrompi.-Yasmin Geller,morava em Nova York e sou formada em jornalismo...
-Sabe alguma coisa de moda,senhorita Geller?-indagou Bill virando-se para me fitar.-Sabe pelo menos que diabo é um rolex?
Engoli o seco.E ele me olhou de cima abaixo.
-Sei...
Ele riu.Uma risada seca,sem humor algum.
-ótimo.Está contratada.-respondeu me dando as costas novamente.
Nunca fiquei tão chocada.Alias chocada era pouco.
-Eu?
-Deu com a cabeça na parede,está usando drogas ou andando demais com a Natalie?-perguntou irônico.-está contratada.E vá antes que eu mude de ideia.Esteja aqui amanhã antes das dez.E traga meu café.-finalizou Bill.
Larguei meu currículo sob a mesa dele e sai da sala.De cabeça erguida.
Consegui...