Schwarz (One- Shot)

Postamos ou não ? responda sim e durma com os anjos, ou prepare-se para o pesadelo.

Schwarz

Ela já estava lá a algum tempo, na sala de parto. Já estava ficando preocupado, eu acho que não é normal demorar tanto assim. Ou é? Bom, é um médico deve saber. Olhei a minha volta, procurando algum médico, e um passou por mim indo em direção à UTI.

- Com licença doutor, poderia me informar como está indo a cesariana de Luana Kaulitz? - Perguntei, o mais formalmente possível. Só assim eu conseguiria perguntar sem deixar transparecer meu nervosismo e ansiedade.

- O senhor é o que dela? - Ele me perguntou, com um ar de pena.

- Marido.

Ele engoliu em seco, e ainda com o ar de pena, disse: - Me acompanhe senhor Kaulitz.

Fui andando pelo hospital, deixando o homem me guiar, e chegamos a um lugar onde ficava uma parede de vidro, e lá dentro um bocado de bebês recém-nascidos. Ele apontou para uma bebê pequena, magrinha, e disse:

- Aquela, senhor Kaulitz.. - Ele olhou pra mim, tentando prever a minha reação, suponho - É a sua filha.

Meus olhos encheram de lágrimas. Me controlei para não chorar, eu precisava vê-la. Deve ser duro ficar num quarto de hospital, à base de soros, se recuperando de um parto, então eu não posso chegar lá chorando. Eu a conheço bem, isso a deixaria nervosa. Me contentei a sorrir. Acho que foi o sorriso mais alegre que eu já dei, é o melhor dia da minha vida!

- Onde ela está? - Perguntei, com animação. E essa animação logo desapareceu.

-Sua esposa...- Ele começou, o tom de voz dele era muito baixo, tinha que me esforçar para ouvi-lo - Sua esposa, ér...- ele repetiu.

-O que, que tem minha esposa doutor ? - Já estava preocupado e um tanto irritado com tanto mistério. Médicos, bah - Em que quarto ela está?

Um longo silêncio.

-Ela... - Ele começou, era como se ele tivesse que ter ensaiado antes de dizer, pois estava com uma certa dificuldade, fiquei encarando minhas mãos, e olhei para ele quando ele continuou - Nós fizemos de tudo...

Não! Eu já aquilo em filme antes, não. Não estava acreditando... ela...

- Fizemos de tudo, mas ela não resistiu...

Não conseguia pensar em nada naquele momento, nada, como se meu coração tivesse parado, e uma onde de flashback rondou minha cabeça.

Flash Back:

- Amor, eu estou com medo.- Ela apertava minha mão com força.

- Calma amor, sempre estarei ao seu lado, sempre.

-Prom...- Antes que ela terminasse de dizer, o médico a levou para a sala de parto.
Ela estava quase entrando quando eu disse:

-Prometo.- e ouvi a porta se fechar.

Flash back off.

- Em que sala ? Em que sala ela está ? - O médico ficou quieto, puxei ele pelo colarinho - QUE SALA ? ME FALA AGORA!
- 408 moço- eu comecei a correr - HEY! Você não pode entrar na sala de...- Tarde demais.

Encontrei ela imóvel, muito branca. Gelada. Aqueles infelizes..! Lágrimas teimaram em transbordar, minha maquiagem escura se borrando. A promessa que eu tinha feito não vai se quebrar, nunca. Eu prometi a ela.

- Lu, eu nunca vou te deixar. - Beijei seu rosto estático, chorando muito. - Você sempre estará em mim. E em nossa filha, pois ela vai saber como você foi uma mãe maravilhosa, durante os últimos 9 meses.

Eu segurava na mão dela, parece que ainda não tinha caído a ficha. Ela.. não resistiu. Se foi. Em meio a rios de lágrimas, colei meus lábios no dela, pela última vez. Vi o mesmo médico entrar no quarto.
-Eu...- O médico infeliz se aproximou de mim, e colocou uma mão no meu ombro- Só estava te polpando de ver-la nesse estado.

- Estava me poupando ? Me poupando de ver que seus enfermeiros, são um bando de incompetentes ? - minha voz já estava mais alta.

- Controle-se senhor, fale mais baixo aqui é um hospital.

- Acalmar-me ? Com a incompetência desse hospital ? - soltei uma risada de nervoso.

-Você está muito nervoso, acalme-se, eu sei que é dificil, mas tentamos de tudo.

-Tentasse o IMPOSSIVEL!

- Vou pedir para enfermeira trazer um copo de água com açúcar para o senhor, espere.
Não sei o que deu em mim. Uma raiva incontrolável subiu dos meus pés à minha cabeça. Saí correndo hospital afora, e decidi fazer uma coisa que não fazia desde que conheci Luana: beber. Procurei um bar próximo ao hospital, entrei e enchi a cara. E saí dirigindo. Carro. Dia chuvoso. Pista dupla. Um caminhão. Visão confundida. Bebida em excesso. No que isso poderia resultar? Não em uma coisa muito boa, com certeza. O caminhão bateu de frente com meu carro. A escuridão me dominou.

Eu me sentia flutuando. Cego. Inconsciente, mas consciente ao mesmo tempo. E fiquei pensando no que me levou a fazer isso. Pensei na nossa filha, cujo nome será Alexia, era o nome que Lu queria que o bebê tivesse se nascer menina. Pensei na Luana. Viver em um mundo sem ela não fazia sentido. Mas não desperdiçaria todo o amor e que estava dentro de mim, agora que teria que cuidar de Alexia. E não consigo acreditar que eu tive que sofrer um acidente para perceber isso, que agora esse bebê é a minha vida. Eu podia sentir meu coração batendo. Me lembro a cada momento, que mesmo separados nós estávamos juntos. Mas apenas uma coisa fazia meu coração se apertar, se contorcer de dor. Que fazia uma lágrima se escorrer sempre que eu pensava nisso: Eu sinto falta. Sinto falta dos beijos que foram negados, sinto falta até das briguinhas bobas que tivemos, por motivo nenhum. Sinto falta dela. E me arrependo de não ter dito um simples 'Eu te amo' antes de ela ter entrado naquela sala de parto.

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