NÃO ADIANTA ENGANAR A MORTE!!!
Era um grupo de quatro amigos.
Debora,Tom, sem contar os gêmeos, Bill, e Stefany – ou Steeh, como ela preferia ser chamada. Deviam ser colegiais, ou algo próximo, pelo menos.
Claro, eles não imaginariam que o destino e a morte iriam brincar com todos de maneira tão perigosa. Naquele dia, a chuva caia pesadamente, e então a única garota lokinha– e a mascote, afinal era a mais nova – deu-lhes a idéia de entrar na casa abandonada e esperar a tempestade passar.
A velha mansão estava fechada havia quase cinqüenta anos. Quando entraram na casa, ouviram o vento batendo pavorosamente nas janelas e nas velhas paredes de madeira. O som fez Tom agarrar o braço de Steeh, e ela o empurrou para longe, sentando-se numa poltrona empoeirada e coberta com um lençol.
-- Ei pessoal... – ela sibilou. Sua voz parecia o tilintar dos sinos. – Vocês conhecem um jogo chamado Hyaku Monogatari?
O irmão de Steeh sentiu seu corpo estremecer. – Nem vem com essa STEFANY!
Ela suspirou. – Aff, Bill! Vocês querem jogar?
Debora olhou os irmãos, o olhar voando de um para outro, então Tom falou. – E o que é isso, Steeh?
-- O jogo das 100 histórias de terror. É fácil, eu vou colocar uma bacia de água no canto do quarto, e uma vela na frente de cada um de nós. A gente conta cada um, uma historia de terror, e quando acabar apaga a vela.
-- Só isso? – Debora disse, mais calma quando ela assentiu.
-- Você esqueceu das assombrações, maninha.
-- Deixa disso, Bill. Que assombrações?
Antes que Bill pudesse retrucar, Tom falou. – Vamos jogar ou não?
A menina riu. – Vamos sim. Vem mano?
O Menino sentou-se entre Tom e a irmã, de forma que seria quem iria começar. – Bom, vamos lá. Sou o primeiro, certo? – Disse, começando a contar sua historia.
“O nome dele era Theo. Era um garoto doente, que morava em um orfanato, chamado Sétimo Sino. Como tinha saúde frágil, e era o mais novo do local, acabava sempre maltratado pelos meninos e meninas mais velhos. E as professoras não faziam nada, apenas ficam ali, assistindo,”
“Mas um dia, Theo se cansou. Enquanto todos dormiam, foi até o porão e pegou um machado, o qual havia encontrado tinha uns dias, enquanto fugia dos mais velhos. Pegou a ferramenta e seguiu para o primeiro quarto. Era o das professoras. Entrou, e fechou a porta, indo até a primeira cama. Era a de Amy. A única ali que o ajudara e o protegera.”
“Mas agora, ele não podia salvá-la. Mas podia ajudá-la. Foi rápido, um corte no meio do crânio e acabou. Todavia, as outras tiveram uma morte lenta e dolorosa. Assim como todos os outros que o machucaram.”
-- E ele continuou morando lá, o único lugar que seria sua casa. – Bill falou, apagando a vela. – E ai, quem é o próximo?
Tom engoliu em seco. – Eu... Acho...
“Minha historia fala sobre um professor de teatro chamado Kaio. Ele precisava de inspiração para suas historias. Então, resolveu viajar com a esposa, Suzuki, e os filhos Mary e Kouta, para o Japão, terra da mulher.”
“Hospedaram-se em um hotel famoso, mas Suzuki não gostou da idéia, queria fica no templo de sua família, e Kaio discordara.”
“Enquanto Mary e Kouta brincavam pelo hotel, o casal discutia. Então Kaio se zangou e pegou o punhal, o qual estava sempre com ele. Desferiu um golpe certeiro no peito de sua esposa, no mesmo momento em que Kouta entrava no quarto para pegar sua bola.”
“Quando viu a mãe no chão, banhada no próprio sangue, o garoto tentou fugir, mas foi pego pelo pai. Na hora em que lhe tirava a vida, uma camareira dobrou o corredor. E, claro, Kaio sentiu-se na obrigação de matá-la. Não podia deixar uma testemunha viva.”
-- E assim se seguiu, até sobrar apenas ele e a pequena Mary vivos. – Tom suspirou quando terminou. – Tenho que apagar a vela né? – disse, soprando a chama, que agora atingira um tom avermelhado.
-- Boa historia Tom. – Bill sorriu. – Sua vez, Debora.
O menina engoliu em seco. – Bom, a minha historia fala sobre a lenda da Bloody Mary,
“Eram quatro amigas, que se juntaram para jogar cartas. Como o jogo estava ficando muito entediante, resolveram que quem perdesse iria chamar a Bloody Mary. Emily foi a escolhida. A loura andou até o espelho da sala. Ficou encarando-o por alguns instantes, mas as outras começaram a provocar. Então ela finalmente falou: ‘Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary’. Esperou por uns segundos e se virou para as outras.”
“Quando as moças iam falar para Emily que nada aconteceria, uma menina de cabelos negros, pele alva e pés descalços apareceu, no mesmo lugar onde antes tinha um espelho. Quando Emily caiu morta no chão, a menina sumiu. Então as meninas se acalmaram por um tempo. Claro, até Marina morrer também.”
“As duas sobreviventes se desesperaram. Sentiam a morte próxima. Tentaram sair da casa, mas a porta estava trancada. E cada vez que quebravam vidros para tentar fugir, eles se reconstruíam.”
“Quando por um instante se distraíram, acabaram por se separar. A mais nova do grupo, Emma, começou a se desesperar. Andava sem rumo pela casa. Ela não soube por que entrou no banheiro, mas entrou. E encontrou Isabelle morta, como as outras amigas.”
“Ao perceber o ocorrido, a pequena debruçou-se sobre a falecida e começou a chorar. Chorou até cansar. Quando sentiu que suas lagrimas não caiam mais, calou-se e fechou os olhos.”
-- Ficou daquele jeito, esperando a morte, que não tardaria a chegar. – Concluiu Debora, apagando a vela.
-- Ai, cruzes. – Steeh reclamou. – E depois eu que sou sádica, né, Bill?
-- Mas você é. – Ele riu da careta da irmã.
Stefany apenas ignorou e começou a sua historia. – Seis estudantes resolveram fazer uma viagem. Escolheram um hotel mais afastado, o qual antigamente havia sido uma mansão. Eles ficaram no ultimo quarto do segundo andar.
“Na primeira noite, ouviram barulhos de pessoas arranhando a parede. Logo que amanheceu, foram até o gerente reclamar. O homem lhes respondeu que aquilo já havia acontecido antes. Foi então que um dos estudantes fez uma pergunta curiosa: ‘Se o segundo andar é igual ao primeiro, por que ele tem cinco quartos, um a menos que o andar de baixo?’. O gerente não soube responder. Estava assim desde que ele comprara o local. Pegou o telefone e ligou para os pedreiros. Ia descobrir que barulho era aquele.”
“No outro dia, quando os trabalhadores chegaram, os seis estudantes estavam juntos, para vê-los derrubar a parede. E o fizeram. Como o esperado, havia mais um quarto por trás da parede. Mas havia algo estranho. A porta estava fechada por tabuas de madeira, e tinha uma fina camada de argamassa tapando suas frestas. Mas então, os pedreiros derrubaram a porta.”
-- E dentro do quarto, ao olhar para as paredes, viram escrito ‘Papai, me tira daqui, por favor’, em letras vermelhas.
-- E depois diz que não é sádica. – Bill resmungou.
-- Nunca disse que não era. – a menina sorriu.
-- Mas a historia da Steeh foi a mais curta, só que a mais assustadora. – Tom elogiou.
-- Obrigada. – agradeceu, apagando a vela.
O que aconteceu depois, ninguém soube explicar. Os quatro começaram a ouvir um barulho ensurdecedor, como o de alguém arranhando uma parede. Quando ele parou Steeh pode jurar que vira uma menina no espelho, igual a Bloody Mary. Embora isso não tenha sido o mais estranho. Afinal, quando a menina sumiu, um punhal apareceu dentro da bacia de água, que estava esquecida no canto do quarto. E depois, Bill se viu pisando em uma poça de sangue, surgida do nada.
-- VIU AGORA O QUE VOCE FEZ, STEFANY KAULITZ?! – gritou.
Steeh sibilou um ‘me desculpe’ e depois de olhar para trás do irmão, gritou para todos fugirem.
Quando o gêmeo olhou para a pessoa que estava na sala, e ao percebê-lo indo até Tom, abraçou a irmã para que ela não visse o que aconteceria, o que não funcionou. Claro, somente por que Bill não foi rápido o suficiente para tapar os olhos dela, então Steeh vira o homem enfiar o punhal no peito de Tom.
A menina tentou falar algo, mas sua voz não saiu. O choque era maior. Lágrimas caiam descontroladas de seus olhos. Fechou-os e deitou a cabeça no peito do irmão. Até que sentiu um liquido quente tocar seu rosto. Antes que pudesse olhar, ouviu Bill dizer que a amava, e respondeu, falando que sentia o mesmo. Quando levou o olhar para o pescoço do irmão, entendeu o porquê do ‘eu te amo’ fora de hora: um corte fatal na jugular.
Debora gritou, chamando por ela. Assim que virou para olhá-lo, viu a menina parecida com a Bloody Mary de novo, mas dessa vez estava parada, atrás da amiga.
-- DEBI! – gritou.
Mas de nada adiantou. Debora caiu morta no chão. Bloody Mary matou-a, cortando sua respiração, com aquele ar mórbido que respirava. A pequena Stefany estava praticamente se afogando em suas próprias lágrimas. Caiu ajoelhada no chão, em cima de uma poça de sangue, do próprio irmão. Quando olhou para si, viu-se completamente banhada nesse liquido escarlate.
Levantou-se e foi até a porta. Talvez fosse ser considerada culpada, mas não ia ficar ali, esperando a morte. Bill morreu para protegê-la. Não ia fazer isso com ele. TINHA de viver. Tentou virar a maçaneta. Estava trancada, mas não se lembrava de tê-lo feito, assim como os garotos também não. Ela fora a ultima a entrar na casa.
Tentou as janelas, mas do mesmo modo que não abriam, não quebravam. Vasculhou a casa inteira, atrás de uma saída. A qual não encontrou. Sentou-se no chão, ao lado do corpo morto do irmão e pensou em seu pai. Ela e Bill eram os únicos que ela tinha. Afinal, a mãe havia fugido com um amante quando ela e Bill tinham apenas cinco anos.
Imagens de seu pai vieram a sua mente. Então, teve uma idéia. Hesitou um pouco, mas mergulhou a mão alva no sangue do irmão e foi até a janela. Tocou-a com os dedos sujos, e começou a escrever. Fê-lo em todas os vidros da casa, a mesma frase, esperando que alguém visse:
“Papai, me tira daqui, por favor”!!!
E AI GOSTARAM???