Sweet Temptation

Ela entrou na estação correndo a respiração ofegante e o coração palpitando com o medo que crescia dentro de si, o metrô estava vazio e ela pode ouvir os passos daquele que descia as escadas do metrô, eram passos tranqüilos e despreocupados, o medo que ela sentia era grande sua respiração estava alta e podia se ouvir mesmo de longe, escorregou graças aos seus saltos, olhou para trás e ele vinha em sua direção assoviando.
Levantou-se e tornou a correr em direção as pilastras de dentro do metrô, encontrou um esconderijo e ficou ali quieta enquanto esperava ele ir embora.

- Não pode se esconder querida! – Ele disse.

Seus passos ecoavam dentro da estação e ela escondida pode ouvi-lo soltar um palavrão ao ouvir um o bip de seu celular, então seus passos foram se afastando até tornarem-se inaudíveis, ficou ali por mais alguns minutos esperando para ver se ele retornava, porém não retornou.
Saiu de seu esconderijo alarmada, não havia sinal dele, nenhum barulho a não ser dos trilhos, que denunciavam a chegada dos vagões que deviam estar vazios, respirou fundo e decidiu que deveria esperar o metrô para descer na próxima estação, pois o sujeito deveria estar lá fora a aguardando.
O metrô foi chegando o barulho dos trilhos era ensurdecedor, qualquer um que ousasse derrubar algo ao chão não conseguiria competir com o barulho daquele trem, acalmou-se avistando o trem que agora estava mais lento parando, porém alguém tocou em seu ombro fazendo-a se virar, um disparo e ela caiu ao chão com sangue jorrando de sua cabeça, perdendo a vida na hora...


***

Acordei com meu celular tocando, olhei no relógio e eram 4 da manhã, devia ser alguma emergência, esfreguei meus olhos e peguei o celular com voz sonolenta de quem ainda estava acordando atendi:

- Qual o problema? – Bocejei.
- Michelle temos problemas venha pra cá agora! – Era Davi meu chefe com a voz preocupada.
- Qual foi o problema chefe?
- Assassinato, mulher aparentando 23 anos vestida com um vestido de seda amarelo, tiro na cabeça, morte instantânea!
- Onde?
- Metrô de St Michel.
- Certo estou a caminho. – Desliguei.

O caso parecia ser sério, como uma mulher que aparenta ter 23 anos poderia ter sido morta? Em plena estação de um metrô movimentado? Bem... Psicopatas é o que não faltam, e meu trabalho é colocá-los atrás das grades.
Me levantei depressa, fiz minha cama e entrei no banheiro, não podia demorar no banho então não enchi a banheira, entrei no chuveiro precisava de uma boa ducha para despertar, pois o dia seria longo, teria de procurar as mais diversas provas e supostos locais onde poderiam ter filmado a vitima antes do assassinato.
Troquei-me rapidamente, me maquiei rapidamente, vesti minha camisa social branca e um terno preto por cima, peguei meu distintivo e meu revolver, dei uma olhada no quarto de minha irmã, Mharcella dormia tranquilamente então sai de nosso apartamento, tomaria café na rua.
Chegando à estação havia muitos curiosos ao redor dela, o local estava lacrado, e meu chefe andava de um lado para o outro com o celular na mão, sai de meu carro e fui em direção à ele, muitos jornalistas estavam no local.
Cheguei perto dele e ele encerrou a sua ligação voltando-se para mim:

- Até que enfim chegou!
- Desculpe, o trafego não estava bom aqui perto, mas o que foi que houve?
- Venha vamos lhe mostrar, uma mulher foi morta com um tiro na cabeça a pericia está lá embaixo recolhendo analises pro laboratório, por enquanto o temos de fazer é esperar até o perito chefe vir falar conosco!
- Já têm algum suspeito em vista?
- Por enquanto estamos de mãos atadas até o perito liberar a primeira analise.
- Já descobriram quem era a moça?
- Sim, Elizabeth Musset, garota de programa!
- Bem isso justifica muita coisa, alguém que devia ter alguma coisa contra ela pode ter feito isso, já conseguiram as imagens das câmeras da estação?
- Estarão em nossas mãos às 09h00min da manhã, até lá teremos de esperar.

Descemos até o subsolo, onde o corpo ainda estava os peritos observavam tudo com cautela, fotografavam e anotavam tudo o que viam tudo precisava ser feito com cautela, qualquer detalhe que passasse despercebido aos olhos dos peritos seria um problema para a conclusão do caso, meus colegas vieram para nos contar detalhes da pericia, enquanto ainda aguardávamos o resultado da primeira analise de onde poderíamos partir para mais buscas.
Às 07:30 o perito chefe veio até nós com um saco lacrado contendo uma bala dentro, uma que não acertou a vitima.

- Calibre 38. – Eu deduzi.
- Exatamente, a vitima foi morta com um tiro de calibre 38, não há sinal da arma do crime e nem sinal de violência anterior ao homicídio!
- Então... Tudo o que nos resta são as imagens da hora do crime!
- Exatamente.
- Chefe acabaram de ligar e as imagens já estão prontas, estarão aqui dentro de 15 minutos! – Lúcio um dos detetives veio nos avisar.
- Droga! 15 minutos são demais! Temos um assassino solto por ai e só daqui à 15 minutos teremos as imagens! – Davi se exaltou.
- Acalme-se chefe! – Pedi com gentileza. – Em quinze minutos podemos encontrar algo que nos indique onde começou isso tudo!
- Tem razão, tem razão!
- Bem... Vou ver o que encontro por ai, e aproveitarei pra tomar um café! – Disse ao meu chefe.
- Sim, vá verei o que mais temos aqui da analise!

Deixei Davi conversando com o perito subi as escadas e sai da estação, passei pela fita que cercava o local e avistei um sujeito suspeito, um cadilaque preto parado do outro lado da rua e junto do mesmo havia um homem, com roupas de rapper usando óculos escuros, seus cabelos eram trancinhas negras, ele observava tudo atento e ao mesmo tempo parecia perturbado, olhei-o por alguns momentos até o mesmo entrar em seu carro falando ao celular e sair de lá, achei aquele sujeito extremamente suspeito, mas não havia nada que ligasse um rapper a esse homicídio.

Tomei um café digamos que meio reforçado, estava faminta e precisava de energias extras pro longo do dia, passei a observar as pessoas na cafeteria que sorriam e conversavam tranquilamente, será que todas nunca se preocupam com o que vai lhes acontecer no dia seguinte ou até mesmo em segundos? E eu como uma federal estava ficando paranóica demais e precisa parar com isso, fazia alguns meses que eu não saia pra nada apenas trabalho, trabalho e trabalho, nem nas minhas folgas eu descansava sempre inventava uma desculpa pra trabalhar, Mharcella é mais velha que eu 1 ano, também é federal, hoje esta de folga mais sei que vai ficar furiosa quando souber que eu estou num caso “perigoso”, ela se preocupa demais comigo, isso é devido a morte de nossos pais, meu pai era uma agente federal que conquistou muitos inimigos e acabou morto assim como minha mãe, o tal assassino está atrás das grades graças a Davi que o prendeu pelo assassinato de seu melhor amigo e federal, minha irmã jurou em seu leito de morte que cuidaria de mim e que não deixaria nossa família que já estava em pedaços acabar de vez, então seguimos seus passos, nos tornamos duas federais, investigativas, esse é o primeiro caso em que sou chamada sem ela, mas eu preferia estar com a Mharcella junto neste caso, ela me passa segurança e não sei se serei capaz de descobrir sequer uma prova.
Meu celular começou a vibrar no bolso do casaco, então o tirei do bolso era Davi novamente, sem mais delongas eu atendi o celular:

- Alô.
- Michelle, preciso que venha até meu escritório, estou com as fitas do assassinato e há também um suspeito, uma pessoa presenciou uma briga entre essa mulher e dois homens.
- Já fizeram reconhecimento?
- Já sim, estamos com as caricaturas aqui, já sabemos quem são os sujeitos e não é nada bom o resultado, preciso que venha imediatamente!
- Já estou indo... – Ele desligou.

Levantei-me e paguei a conta, sai de lá às pressas indo em direção ao meu carro, entrei e segui para o departamento de policia em Champ – Elysées, ao chegar lá havia vários repórteres na porta e os mesmos barravam à todos que trabalhavam lá, com perguntas sobre a morte da garota de programa, ao subir as escadas fui rodeada por vários repórteres que me faziam várias perguntas.
Como não podia declarar nada os ignorei e entrei no departamento, subi direto pra sala de meu chefe.
Este por sua vez estava no telefone gritando, outros colegas estavam na sala sentados, parei na porta até que meu chefe se virou e fez um sinal para que eu entrasse e me sentasse, obedeci pois sabia da gravidade da situação e com o estresse que Davi devia estar sentindo eu preferi obedecer e deixar minhas opiniões para mim mesma pelo menos por enquanto.

- Que está havendo? – Perguntei para Albert.
- Você já vai saber.

Davi desligou o celular fechando o flip com violência estava tremendamente estressado com tudo aquilo, olhou para nós e prosseguiu.

- Bem agora que estamos todos aqui, podemos ver as imagens! – Pegou o controle e ligou o televisor.

As imagens que decorreram estavam com uma péssima imagem, pudemos ver as cenas do assassinato, porém o suspeito vestia uma jaqueta preta, usava uma touca no mesmo tom e suas calças eram tremendamente largas, não conseguimos ver seu rosto.

- Como podem ver não dá pra ver o rosto do sujeito! – Reclamou Davi.
- Mas um melhoramento de imagem ajudaria? – Perguntou Albert.
- Poderia até dar mais não seria de muita ajuda, as câmeras do sistema de segurança da estação são de péssima qualidade! – Disse Davi andando de um lado para o outro.
- E quanto à testemunha? – perguntei.
- Bem, a testemunha está na sala de interrogatório, já fez reconhecimento dos suspeitos e um se encaixa perfeitamente com o sujeito das imagens.
- E já sabem quem é o suspeito?
- Tom Kaulitz, um cafetão, chefe do narcotráfico, estamos atrás dele e do irmão há uns 2 anos!
- Então essa investigação será um prato cheio? – Indaguei.
- Será uma das melhores, imagine só, pegarmos os chefes de uma máfia e solucionar esse caso?
- Bem então, que faremos?
- Bom, ainda estamos investigando tudo e precisamos das imagens do restaurante pra confirmar mesmo se é realmente quem a testemunha afirmou.
- E quem é a testemunha?
- Um dos garçons do restaurante que a vitima estava antes de ser morta, disse que ela estava acompanhada de dois sujeitos, e que conversavam tranquilamente até a mulher começar a gritar, se levantou nervosa e saiu de lá, os dois saíram em seguida e depois mais tarde foi o assassinato da mesma.
- Talvez seja preciso uma investigação mais aprofundada! – Sugeri.
- Que está sugerindo Michelle?
- Bem talvez uma infiltração, caso não consigamos ter mais pistas até o fim da semana, ou até o mês isso facilitaria pra descobrir também o esquema deles no tráfico de mulheres e de drogas, seria mais fácil prende-los. – Disse eu.
-Não sei, talvez seja uma boa idéia, ou talvez não e quem sugere para ser o policial disfarçado?
- Bem... Eu poderia me infiltrar.
- Sob hipótese alguma Michelle!- Gritou. – Você entrou no departamento há apenas um ano, não seria louco de arriscar te colocar em uma investigação desse porte!
- Mas sou tão capaz como qualquer um aqui!
- Isso está fora de cogitação!
- Meu pai cumpriu o dever dele correndo perigo pelas pessoas que andam lá fora, por que eu não posso fazer o mesmo?
- É arriscado você não tem experiência nisso, poderia atrapalhar ao invés de ajudar!
- Então ponha alguém comigo! Sei que sou capaz disso.
- Não duvido de sua capacidade, mais estará lidando com pessoas que talvez sejam mais bem informados do que nós estará lidando com criminosos!
- Não é muito diferente do que lidamos todos os dias!
- Bem... Então está certo, você quer o caso? Você terá o caso mais que fique bem claro, quero tudo, absolutamente tudo que descobrir sobre eles ouviu?
- Sim, não vai se arrepender disso.
- Assim espero! – Bufou e em seguida pegou uma pasta atirando sobre a mesa. – Ai estão os perfis dos suspeitos, e também as caricaturas do reconhecimento da testemunha!
- Bill e Tom Kaulitz, 20 anos alemães?
- Sim, são alemães!
- Pais divorciados, passagens na policia alemã por perturbar os vizinhos? Isso não parece o perfil de grandes traficantes de drogas, armas e mulheres!
- Pare de reclamar Michelle continue lendo!
- Atualmente são procurados por tráfico de narcóticos, armas e mulheres. Grande progresso eles tiveram, de meninos bagunceiros passaram para traficantes! – Fiz uma pausa. – Mas por que não estão presos se já sabem de tudo o que eles fazem?
- Infelizmente, precisamos pegá-los com a boca na botija, e até agora as buscas que fizemos não levaram aos esconderijos deles, e suas boates e bordéis são legalizados, como conseguiram o feito não faço a menor idéia!
- Dinheiro, essa é a resposta mais obvia!
- Bom conseguiu o caso é seu, mandarei fazer sua nova identidade e tudo mais, mudará de nome e de aparência!
- Não vou mudar a cor do cabelo, e não quero mudar de nome!
- Mais que está dizendo? Quer morrer logo no primeiro minuto?
- Não, apenas não quero mudar o primeiro nome, o sobrenome pode mudar, e não vou mudar a cor de meus cabelos porque gosto deles pretos, e tenho minhas táticas para enganá-los sem precisar de esforço.
- É mais fácil você começar pelo rapper, ao que parece ele não pode ver um rabo de saia que já cai aos encantos da mulher!
- Então ele será o alvo mais fácil!
- Tome cuidado com o outro, Bill Kaulitz, ele não parece ser do tipo que confia nas pessoas, se ele descobrir sua verdadeira identidade acabará com você antes mesmo que desconfie.
- Não se preocupe, ele não vai descobrir.
- E tome cuidado!
- Eu tomarei.
- Bem tem o dia livre pra estudar o perfil dos suspeitos e se preparar quanto antes se infiltrar nessa máfia melhor, e mais rápido solucionaremos esse caso.
- Ok, até amanhã Davi.
- Até amanhã Michelle.

Me levantei e sai da sala de Davi, consegui meu primeiro caso, um de grande porte, será ótimo me passar por uma pessoa totalmente diferente de quem sou realmente, mas uma coisa me deixou intrigada como um homem com um rostinho tão lindo pode fazer todas essas coisas? Apesar de sua aparência não fazer meu estilo e nem me chamar à atenção, ele parece ser tão gentil, mais uma coisa aprendi nessa profissão, as aparências enganam.