Shine bright like a diamond - II cap.

- Boa tarde, fala Tom Kaulitz. - Afirmou ofegante. - Gostaria de falar com Susana Villas.
- Um momento, vamos reencaminhar a chamada.

"Por favor rápido!" - Dizia para si mesmo. Estava a começar a ficar desesperado com tanta ansiedade.

- Sim Tom!? - Soou uma voz feminina muito baixinho.
- Susana eu sei que ficaste de me ligar caso houvesse novidades mas...
- Continuamos sem noticias da Sunny, Tom. - Disse ela sem o deixar acabar.
- Por favor, tenta lembrar-te, ela não te disse nada que pudesse dar a entender o motivo deste desaparecimento.
- Já te tinha dito que não. Eu sei que ontem disse para não ficares preocupado, mas neste momento até já eu estou a ficar nervosa. Ela estava a fazer este turno e não apareceu, não dormiu no quarto, desde ontem antes de ligares que ninguém a vê.
- Eu vou apanhar um avião para aí agora!

Desligou e desde logo começou a fazer um apanhado da situação.
Já não a via há mais de seis meses, desde que ele foi embora e lhe deixou a guitarra com a promessa que voltaria. Desde esse dia que sempre ligou para o hotel e Sunny nunca tinha falhado um telefonema. Susana, a sua companheira de quarto e trabalho não sabia nada sobre ela. Apenas tinha contactado com a mãe na esperança que tivesse ido visita-la mas a resposta foi a que Tom esperava. Algo de grave se estava a passar e ele tinha de ir para as Filipinas o mais depressa possível.

- TOOOOM!? - Assustou-se. Era o Bill que estava a bater à porta do seu quarto, provavelmente já tinha batido mais vezes.
- Já abro Bill! - Olhou em volta, o quarto estava todo desarrumando, havia roupa por todo o lado e malas abertas. Por fim olhou para a porta e apressou-se a abri-la.
- O que é que se passa contigo Tom? Desde ontem que não falas, temos um concerto daqui a quatro horas e tu... - Olhou-o de cima a baixo. - ... tu nem vestido estás Tom, temos de ir fazer os testes de som! - Exclamou irritado.
- Desculpa Bill mas não vai haver concerto. - Pegou nas calças que estavam em cima da cama, dobrando-as.
- Vá, não sejas tonto. - Disse em tom irónico. Enquanto isto Tom esvaziou a mala maior onde só tinha casacos para o chão e meteu lá as calças que tinha acabado de dobrar.
- Vou para as Filipinas Bill, a Sunny desapareceu. - Disse continuando a encher a mala.
- Tu NÃO PODES fazer isso Tom, nós temos três concertos seguidos durante a próxima semana e meia.
- Bill, eu desde que voltei que vos avisei, a ti, ao Gustav e ao Georg, que ia voltar para lá. Vim cumprir com os meus compromissos para com vocês os três e para com os fans, mas neste momento a Sunny está em primeiro lugar Bill, eu sinto que ela corre perigo.
- Não, tu não conseguias deixar-nos assim a poucas horas de um concerto Tom, tu não eras capaz.
- Desculpa Bill. - Olhou o irmão nos olhos e apressou-se a fechar a mala que durante a conversa foi enchendo com roupa. Pôs a mala em posição para lhe pegar e olhou o irmão outra vez, Bill estava em silêncio incrédulo também a olhar para ele. - Das-me um abraço? - Bill foi até ele lentamente e agarrou-o com força. - Espero que um dia vocês consigam perdoar-me.
- E eu sou lá capaz de me chatear contigo Tom? Eu percebo-te, mas a ideia do que se vai passar nas próximas horas com os fans assusta-me.
- Desculpa Bill, gostava que as coisas tivessem sido de outra maneira. Só te peço que não toques nunca em publico no nome dela, pelo menos até eu a encontrar. - Estas ultimas palavras fizeram eco na sua cabeça, ele ia encontra-la, tinha a certeza. Não se podia dar ao luxo de a perder.
- Boa sorte irmão! - Bill sentiu Tom aperta-lo com mais força, largando-o logo de seguida.

Tom pegou na mala, olhou para o irmão mais uma vez e saiu do quarto deixando tudo o que era seu para trás, apenas levando roupa que dava para pouco mais de uma semana.
Apressou-se a sair do hotel, pelas traseiras, pois a entrada principal estava repleta de fans. Olhou para todo o lado, e viu um taxi a aproximar-se, correu até ele, entrou rapidamente metendo a bagagem ao seu lado.

- Leve-me ao aeroporto por favor, o mais rápido que puder.

A viagem até lá demorou a passar, não em tempo, mas sim na sua cabeça. Rezava para quando chegasse conseguisse apanhar um avião em pouco tempo.
Assim que o senhor do taxi parou, já tinha o dinheiro preparado, saiu do taxi sem receber o troco e entrou no aeroporto rapidamente. Felizmente conseguiu, dali a uma hora estava a entrar para o avião em direcção às ilhas Filipinas onde tinha deixado Sunny há seis meses. Agora arrependia-se de a ter lá deixado sozinha, de não ter ficado com ela, de não ter aproveitado logo aquela paixão e ser ingénuo ao ponto que a história de amor deles os dois podia esperar até ter os seus assuntos que diziam respeito aos Tokio Hotel resolvidos.
Como é que ela estaria? Com quem? Em que condições? Porque desapareceu sem dizer nada? Com certeza tinha sido reptada, ou então caiu numa das suas voltas pela ilha e estava ferida, sem ninguém a descobrir, a desfalecer aos poucos, ou então podia estar morta. Não, morta é que não, ela não podia morrer, ela prometeu-lhe que esperava por ele e que iam ser felizes. Tom não suportava essa ideia, nem era hipótese a considerar, mas se por ironia do destino acontecesse, não ia aguentar o desgosto.

Chegou, depois de longas horas, para ele pareceram dias.
Estava sentado na cama do quarto a dar voltas à cabeça, a verdade é que nem sabia por onde começar a procurar. Tinha de reagir rápido, a final de contas ele estava ali para a encontrar.
Inclinou o corpo para trás deitando-se, começou a pensar em todos os bons momentos que tinham passado juntos, até que de repente se fez luz. Levantou-se, olhou ao seu redor confuso e saiu do quarto, foi até ao exterior do hotel e olhou para a praia, sabia que ela não ia lá estar mas tinha de confirmar. Correu até lá, correu a praia toda, até que se depara com um pequeno grupo de crinças e ficou a olhar para elas.

- Tom? - Perguntou a rapariga que estava com eles, era Susana, a amiga da Sunny. Olhou-a nos olhos sem conseguir dizer nada, tinha tantas perguntas para lhe fazer que nem sabia por onde começar. - Ainda não sabemos de nada da Sunny. - Disse com um ar desconsolado.
- Ajuda-me, por favor! - Foi a única coisa que conseguiu dizer.
- Acho que temos de falar. - Olhou para o grupo de quatro crianças que tinha ao redor. - Querem ir à água meninos?
- SIIIIM! - Responderam felizes.

Susana levantou-se e começou a caminhar até à beira da agua logo atrás das crianças que tinha ido a correr, sentou-se na areia a olhou para ele como quem diz "anda para aqui...". Tom foi e sentou-se ao lado dela ficando com os pés na agua. Ficaram os dois calados a olhar para os pequenos a brincar durante um bocado.

- Eu não te quis dizer nada porque pensei que não tivesse importância, mas a Sunny andava estranha... - Disse Susana interrompendo o silencio.
- Estranha? Porquê? Porque é que não me contaste isso antes?
- Não sei, andava assim há mais de uma semana, eu pensei que fosse uma fase, ela disse que estava cheia de saudades tuas, pensei que fosse por isso...
- Eu também tive muitas saudades dela sabes? - Disse com a voz tremula. - Ela não te disse mais nada?
- Agora que falas nisso... - Parou olhando para a frente repentinamente. - DUARTE, ANDA MAIS PARA AQUI! JÁ VOS AVISEI QUE NÃO QUERO QUE SE AFASTEM! - Voltou a olhar para Tom. - Ela disse que descobriu uma coisa sobre ti...
- Uma coisa?
- Ela pediu para eu não contar a ninguém... - Hesitou. - Ela sabe porque é que te foste embora e sabe também porque é disseste que não ias voltar tão cedo...
- Como é que ela sabe dos...? Ela contou-te?
- Ela só me contou que tu eras conhecido a nível mundial.
- Mas ela não me disse que sabia, como é que ela soube? Nunca ouvi falar dos Tokio Hotel aqui...
- Tokio Hotel?
- Sim é a minha banda... - Parou, fez-se luz na sua cabeça de novo. - Susana, dá-me a chave do vosso quarto!
- Para quê?
- Confia em mim, por favor!

Susana levantou-se, olhou para os miúdos, foi até à tolha com Tom sempre atrás, tirou a chave da sua bolsa e deu-lha.

- O meu turno acaba daqui nada, eu já lá vou ter contigo.
- Obrigado... - Começou a correr em direcção do hotel.
- SE TE DESPACHARES ANTES VEM AQUI DAR-MAS POR FAVOR!

Chegou ao quarto e parou para se concentrar, respirou fundo, olhou para tudo e começou então a dar volta a tudo, guarda- roupa, mesinhas de cabeceira, tudo... Encontrou o vestido branco, aquele que noutros tempos ela tinha vestido e ficavam a olhar um para o outro pela varanda. Cheirou-o e sorriu, era um sentimento agridoce aquele. Ia ficar com o vestido para si, então colocou-o ao ombro e virou-se para trás deparando-se com a sua guitarra, a que lhe tinha dado na promessa que voltaria, aproximou-se dela, pegou-lhe e quando deu por si estava a tocar qualquer coisa que nem sabia o que era. Qualquer coisa do género que tocava para ela, qualquer coisa que soava bem. Pousou a guitarra em cima da cama e olhou para todo lado, estava tudo o avesso, já tinha vasculhado por todo o lado e nem um sinal do desaparecimento súbito de Sunny. Voltou a cheirar o vestido, fechando os olhos que se enchiam de lágrimas, quando os voltou a abrir viu de novo a guitarra que tinha qualquer coisa lá dentro.
Abanou-a e deparou-se com três papeis dobrados todos da mesma maneira.
Abriu o primeiro, era o seu, aquele que tinha deixado dentro da guitarra antes de ir embora: "Adorei estes dias contigo, vou voltar e vai ser como nos contos de fadas porque tu mereces tudo princesa. Um dia vamos ser felizes para sempre!
Tom Kaulitz "

Agora sim, agora ele estava completamente de rastos, sentiu-se todo a desmoronar. Ele estava ali e ela não, porque é que tinha de ser assim?
Depois de ter chorado durante um bom tempo, lembrou-se que faltava abrir outros dois papeis, apressou-se a pegar-lhes e abrir um deles que dizia: "Vais render uma pequena fortuna". Incrédulo com o que leu, Tom apressou-se a abrir o outro: "Será que o teu querido Tom Kaulitz gosta mesmo de ti? Ou foste só mais uma na sua longa lista de mulheres como guitarrista dos Tokio Hotel? Estás perto de saber se ele se importa ou não contigo..."
Não, não, não, não... Não podia estar a acontecer, não podia... O que é que ele ia fazer agora? Dinheiro? Queriam dinheiro? Mas como é que ele podia chegar a quem tinha Sunny? Restava-lhe esperar... Ou então ir à policia... Não, policia não, eles podiam fazer-lhe mal... Bem mas já estavam a fazer-lhe mal... Em que condições é que ela estaria? Com que tipo de pessoas? Boas pessoas não seriam de certeza. Tom estava em pânico, sem saber para onde se virar, o que fazer, como agir... Deu por si a chorar e ainda nem se tinha apercebido, só deu por isso quando começou a soluçar de tão desgostoso que estava.