- Cloe, você precisa virar na praça! – Gritou Lizzie.
- Praça? Que praça? – Olhei pelo retrovisor. - Ah, aquela praça que passou tem uns cinco quarteirões?
- É, essa mesma ! VOLTA! VOLTA!
- POR ONDE?
- PELA CURVA!
- QUE CURVA? – Olhei desesperada pelos dois retrovisores procurando por uma curva, mas Lizzie acabou se jogando no meu colo e tomando controle sobre o volante, gritando alguma sobre eu ter quase batido em um carro no meio da rua. – Merda! Se pelo menos essa porcaria de cidade americana tivesse carros decentes que dirigissem pelo lado certo!
Lizzie soltou o volante e eu o peguei, seguindo em linha reta.
- Cloe, os carros nos Estados Unidos dirigem pelo lado certo! – Lizzie riu. –Você que está acostumada com o lado direito.
Eu revirei os olhos. Eu havia, literalmente, acabado de aprender a dirigir pelo lado direito. Foi quando Lizzie deu a louca (eu não a culpo, concordei com ela) de vir para Los Angeles morar com nosso querido pai, o Sr. Antonio Smith.
Então quem sofreu realmente com o volante fui eu!
Em uma revisão geral, eu me chamo Cloe, tenho dezenove anos e morava até então, com a minha irmã mais velha Lizzie, na Europa, com a nossa mãe. Nós sempre tivemos muitos conflitos e um deles mais recente, fez a Lizzie surtar, se demitir do trabalho de maquiadora e me carregar para aqui.
Bem, virei na praça. Pegamos um atalho seguindo o GPS maluco que falava em outra língua e estava tentando nos levar até a Universal, o estúdio de gravadora que meu pai era dono, onde ele havia marcado um encontro com a gente. Ele só se esqueceu de nos avisar como chegar lá; era ele quem estava abobado com os americanos, eu era uma completa lunática.
Pensei estar perdida por um momento, olhei para os lados, para trás e não via nenhuma droga de “prédio gigante”. O que foi ? Foi isso que o meu pai falou : “- É um prédio gigante escrito Universal”.
- Cloe, acho que chegamos ! - Liz disse já soltando o sinto de segurança.
- Porque razão você acha isso dona Lizzie ? Tá ficando louca ? Não to vendo nenhum prédio aqui. – disse olhando em volta.
- Cloe... – ela me fez virar pra si. – Olha para frente ! – prendeu o riso.
Olhei pra frente meio confusa, acho que a minha irmã ficou louca. Se tivesse algum prédio gigante na minha frente eu iria ver, certo ?! Errado ! Pior que tinha uma merda de um prédio na minha frente, com um “Universal” bem grande escrito na frente.
- Esqueça isso ! Sem comentários. – disse seguindo em frente com o carro.
Entramos no estacionamento. Estava feliz comigo mesma, não tinha batido em nenhum dos maníacos que dirigiam por essa cidade. Deveria agradecer pelos carros estarem parados. Assim não bato em nenhum, certo ?! Errei mais uma vez, deveria parar de reparar nas coisas boas, elas ficam ruins rápido demais.
E agora eu estava lá, dentro do carro, em choque, acho que bati em um carro. Observação... ele estava parado !
Lizzie saltou no carro quase morrendo, literalmente, de rir. Ela ficou apontando para o carro cinza com aquela cara de "você se fodeu, esse carro é caro e provavelmente trabalha com nosso pai" para cima de mim. Eu chutei o pneu, também rindo. Qual meu problema? Eu sou tão incapacitada e lunática a ponto de bater em um carro PARADO! PARADO PORRA!
- Que merda! O que eu faço, Liz?! - Grunhi, me descabelando.
- Agora? A gente entra correndo na Universal e tenta NÃO se atrasar mais do que esses quarenta minutos! E depois a gente resolve com o dono desse carro.
Olhei a placa do carro cinza.
- Liz, esse carro é incomum; está escrito "T.K." ao invés daqueles numerozinhos que deveriam ter.
- Cloe, ignora o carro cinza incomum! Vamos logo, sua vesga! - Liz me puxou e saímos correndo que nem ladras que acabaram de assaltar um banco, com as bocas abertas e os cabelos contra o vento. Entramos no prédio da Universal, passamos pelos seguranças rapidamente, pois já tínhamos nossos crachás com o sobrenome do dono da Universal, pegamos o elevador cheio de botões... que não tinham números, e sim nomes. Apertamos no andar "sala de reunião Smith". Deveria ser esse, não tem como errar.
A porta do elevador se abriu e eu e Lizzie já estavamos em linha de partida para sair correndo até achar um homem alto, meio barrigudo, alto e mais alto, o CEO do Universal, o nosso pai. Mas não foi bem assim, a porta do elevador se abriu e eu só não trombei com um grupo de quatro garotos estupidamente gigantes porque a Lizzie me segurou. Então eu fui ver, já estávamos na sala do Smith. Estavam todos lá.
- Opa. Olá papai. - Sorri, meio super envergonhada. Meio super.
- Oi pai ! – Liz disse sorridente.
- Olá meninas ! – ele veio nos abraçar.
Eu não gostava muito de abraços, e vamos concordar que, os abraços mais apertados e melosos são os dos pais. Mas isso não impediu o meu pai de me apertar em um abraço bem meloso.
- Por que demoraram? – meu pai perguntou depois da sessão tortura de abraços carinhosos.
- Err... – olhei pra Lizzie como quem pede socorro, mas ela só riu, e silabou um “se vira” com a boca. Mas é uma filha da mãe mesmo! – Eu meio que me perdi.
- Foi só isso mesmo Cloe? – meu pai me olhou daquele jeito desconfiado dele que eu odeio.
- É Cloe, foi só isso mesmo? – Lizzie me “ajudou” a me ferrar, prendendo a risada.
- É que... sem querer... – enfatizei o “sem querer” – eu bati em um carro sabe... mas depois eu me resolvo com o dono. – estava falando bem baixinho, pra só meu pai ouvir, mas acho que todos estavam escutando.
- Como assim depois? Por que não falou com ele quando bateu o carro? – ele estava bem curioso viu.
- Porque a sua filha mais nova é vesga, e bateu em um carro parado. – Liz disse tentando conter o riso. Olhem bem, eu disse tentando, ela falhou na tentativa, porque caiu na gargalhada, e pude ver que meu pai estava se controlando pra não rir de mim também.
- Como é o carro Cloe? – meu pai perguntou. Sim, ele ainda estava tentando conter a risada.
- É um Audi R8 cinza, com “T.K.” escrito na placa. – respondi temendo sua reação. Mas ele apenas arregalou os olhos.
- VOCÊ BATEU NO MEU CARRO? – gritou um dos quatro garotos gigantes. Ele era estranho, usava roupas largas e trancinhas na cabeça, parecia uma imitação barata do Samy Deluxe, só que ele era branco. Hey! Espera aí, ele gritou comigo? Ninguém grita comigo!
- Com quem você acha que está gritando, rapper barato?! – Eu gritei de volta.
- Provavelmente com uma vesga que conseguiu bater em um carro parado!
- VESGA?! – Grunhi.
O rapper barato já estava quase voltando a discutir comigo, quando o outro alienígena gigante ao lado dele segurou seu braço e apontou para meu pai, o Sr. Smith, meio que sussurrando “filha dele”, e o garoto se calou, passando por mim com um esbarrão no meu ombro e entrou no elevador.
O senhor Smith estava olhando aquilo prendendo o riso. Bem, ele não é o tipo de pai serião, ele é divertido a maior parte do tempo.
- Sem comentários, papai. – Revirei os olhos. – Por que eu estou aqui mesmo? – Perguntei.
- Ah, é... eu já conversei com a filha do Peter Hoffmann, a Jessica. E com a filha do Patrick Benzer, a Nicolle. Elas aceitaram a proposta que fizemos á elas animadamente. Agora é com vocês. – meu pai disse, me deixando mais confusa do que estava.
- Explica melhor. – eu disse, fazendo meu pai soltar uma gargalhada por causa da minha cara de confusa.
- Que tal, vocês duas trabalharem para o Tokio Hotel? - meu pai propôs sorrindo - Liz como maquiadora e Cloe como estilista. – acrescentou. - Principalmente agora na turnê que eles vão fazer. Vão precisar muito de vocês.
- Tokio o que? – Eu perguntei.
- A gente. – O carinha gigante que parecia um ET acenou. Olhei para ele dos pés a cabeça e... PUTA QUE PARIU, EU AMEI AQUELAS BOTAS!
- Vocês sabem, um emprego fixo, um salário bem alto. – Continuou dizendo o Sr. Smith.
- Claro que sim! – Aceitei ao mesmo tempo em que Liz.
- Muito bem, Liz, Cloe, esse é o produtor executivo do Tokio, David Jost. – Disse papai, apresentando-nos a um cara alto, castanho, que parecia ser mais velho, e ainda assim mais novo. – E aqueles são Bill, Georg e Gustav.
- Aquele outro com um parafuso a menos é o Tom. Mas vocês tem muito tempo para se conhecer, já que agora o emprego de estilista e maquiadora é oficialmente de vocês. – Completou David.
- Por copos de vodkas, ela não! – ouvi alguém murmurar de olhos arregalados no elevador. Era aquele projeto de rapper. Acho que só eu ouvi.
Sorri. Pelo visto, esse trabalho vai ser
muito, mas
muito divertido.
Pelo menos pra mim!