KSTA.de: Tokio Hotel – O último pedaço de liberdade
Os irmãos gémeos Bill e Tom Kaulitz da banda Tokio Hotel são há alguns anos os músicos alemães de maior sucesso. Na entrevista, eles falam da falta de privacidade, do seu novo single e Angela Merkel.
Kölner Stadt-Anzeiger: Dois anos e meio já se passaram desde o último álbum. Tiveram uma boa pausa?
Bill Kaulitz: Não tivemos férias nenhumas, andámos em tour pela América do Norte e passámos aproximadamente um ano trabalhando no álbum. Mas aqui neste país, tentámos de forma consciente nos esconder um pouco.
KSA: Porquê?
Bill: Eu já não podia ver mais a minha imagem ou ouvir o meu próprio nome. Pensei ‘Por favor, pessoal, escrevam sobre outra pessoa para variar.’ Queria ter alguma paz e me concentrar em fazer música.
KSA: O que restou da vossa vida pessoal?
Bill: Nada.
KSA: De verdade?
Bill: É a verdade. De certa forma não temos vida privada. Comer um sorvete de vez em quando com a família – não podemos. Os únicos momentos do dia em que estamos sozinhos é no carro. Por isso sempre quisemos ter a carta de condução. Os nossos carros são o nosso último pedaço de liberdade, foi o que restou para nós.
KSA: Isso soa um pouco triste, dizer, ‘Apenas nos nossos carros podemos ser nós mesmos.’
Bill: Sim, exactamente. Apenas este ano, no qual não andámos em tour e estivemos unicamente no estúdio se tornou claro para nós tudo o que tivemos de deixar para trás. Apesar disso, não mudaríamos nada. Nesta altura das nossas vidas, não podemos ter as duas coisas. Também é necessário ter em conta que recebemos muito em troca. Por vezes estou no estúdio cantando e penso: “Espectacular, e ainda ganho dinheiro por isto.” Eu estou totalmente feliz. E não preciso fazer algo que não me interessa.
KSA: Como se ocupam no tempo livre?
Bill: Para dizer a verdade, a trabalhar. Nós rimos sempre quando lemos ” A máquina por trás dos Tokio Hotel”. É tudo tretas. Temos a nossa equipe, mas o Tom e eu fazemos praticamente tudo sozinhos. Nós é que reunimos pessoas que virtualmente são as nossas ferramentas. Mas é a nossa banda. O Tom e eu fundámos os Tokio Hotel, e eu não permito que ninguém decida o destino da banda.
KSA: ‘Automatic’ é o novo single. Do que trata a música?
Bill: Nós utilizamos essa palavra constantemente, montes de coisas nas nossas vidas acontecem de forma automática. Tirando o amor, que não deveria ser automático.
KSA: Muitas relações também funcionam em piloto automático.
Tom: Sim. Eu nem consigo imaginar isso, estar com uma pessoa durante tanto tempo. De qualquer forma eu tenho um problema com relações de longa duração e acho extremamente importante que te mantenhas interessado na outra pessoa e que a outra pessoa se mantenha interessada em ti. Eu não consigo me imaginar vivendo com uma mulher.
KSA: A sério que não?
Bill: Eu consigo. Quando estou apaixonado não quero saber de mais nada. Faria imediatamente as minhas malas e partiria para seu lado.
Tom: Esquece Bill. Vamos viver juntos o resto das nossas vidas.
Bill: Sim, mas para isso teremos de construir uma porta no meio do nosso apartamento. De um lado eu vivo com a minha namorada e do outro lado vive você.
KSA: Então vocês partilham a casa?
Bill: Sim. Eu não consigo imaginar de outra forma. Nós não conseguimos nos separar. Temos cada um o seu quarto e o seu banheiro , mas tirando isso estamos juntos todo o dia.
KSA: Bill, está apaixonado neste momento?
Bill: Não, apesar de desejar muito que isso aconteça. Já estou um pouco farto de dar sempre a mesma resposta. Mas de momento não existe ninguém. Eu queria muito estar apaixonado. Mas será provavelmente a coisa mais improvável de acontecer na minha vida.
KSA: Porque é que dizes isso?
Bill: Muitas pessoas me dizem isso. Eu não posso esperar que as pessoas me conheçam. Eu vou a algum lado e as pessoas vêem o Bill Kaulitz. A maior parte tem cifrões nos olhos e querem que eu os ajude em algo do tipo: ‘Eu sou designer, poderias vestir a minha camiseta?’ Isso revolta-me!
Tom: Nos últimos quatro anos não fizemos novos amigos. Primeiro porque não pode confiar nas pessoas à primeira vista, depois é tudo tão breve e rápido que fica tudo pelo contacto superficial.
Bill: Só muito raramente consigo conhecer alguém normal. Seria maravilhoso poder conhecer alguém que viveu 10 anos sem televisão, nas montanhas e que dissesse: ‘Os Tokio Hotel? Nunca ouvi falar deles.’ Assim eu poderia pensar: ‘Sim! Obrigado!’
KSA: Bill, muitas raparigas provavelmente pensam que não te interessas por elas mas sim por rapazes. Isso te irrita?
Bill: Não, não me irrita. Foi algo que aconteceu durante toda a minha vida. Mesmo na escola não era diferente.
Tom: As meninas raramente pensam que o Bill é gay. Ele tem sempre montes de ofertas. É mais certo que os rapazes a digam que ele é gay.
Bill: E muitos rapazes ficam mesmo chateados quando eu consigo as raparigas e eles não. Porque eu sou tão pouco masculino. Sempre foi um grande problema.
KSA: Os rapazes têm chances contigo?
Bill: Não, eu gosto de mulheres. Nunca tive nada com rapazes, nunca tive experiências com homens…
KSA:…mas pretende experimentar?
Bill: Até hoje ainda não tive interesses nessas direcções. *risos*
KSA: Vocês agora também têm muito sucesso nos EUA. São entendidos de formas diferentes lá e na Alemanha?
Bill: Sim, porque primeiro chegou a música e depois todas as restantes histórias. Na Alemanha a situação é ao contrário. Apesar de por vezes também falarem do facto do vocalista dos Tokio Hotel ser gay, mas primeiro ouvem as músicas e depois julgam.
KSA: Preocupam-se que a vossa carreira não dure?
Bill: Hmm. Aconteça o que acontecer nós aguentámos durante muito tempo e provámos muita coisa. No início, muita gente pensou que éramos uma banda de um único sucesso e mostrámos que estavam errados. No entanto, também penso que há altos e baixos. Já existiram momentos em que a nossa fama diminuiu um pouco. Até pode ser que ‘Humanoid’ não corra assim tão bem, mas o próximo pode correr. Não nos renderemos tão facilmente.
KSA: O que fazem com todo o vosso dinheiro?
Bill: Se quiser ser mesmo muito rico, tem que ser jogador de futebol ou piloto de carros. Esses fazem montes de dinheiro. No negócio da música é um exagero, fazem especulações ridículas sobre o dinheiro que ganhamos. Dos trinta euros que custa um bilhete para o nosso concerto nós ficamos com uma parte mínima. Mas temos despesas. Por exemplo, acabámos de gravar um vídeo na África do Sul que financiámos. Também pagamos à nossa equipe. As nossas despesas são extremas.
Tom: O Bill e eu ainda não conseguimos comprar uma casa, nem um terreno. Temos de pagar renda.
KSA: De aqui a pouco tempo serão as eleições parlamentares. Interessam-se por política?
Bill: Diria que de uma forma normal. Não nos envolvemos de forma excessiva, no entanto, não ficamos indiferentes.
KSA: Gostam da Angela Merkel?
Bill: Não quero influenciar as pessoas, mas sim, eu gosto da Angela Merkel. Até agora tem se comportado bastante bem. E ao contrário de outros tipos ela ainda é agradável. Ela age de uma forma maternal.
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